Fatores que interferem no Controle das Helmintoses de Bovinos Walter dos Santos Lima 1

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Transcrição:

1 Fatores que interferem no Controle das Helmintoses de Bovinos Walter dos Santos Lima 1 RESUMO O controle de forma econômica das helmintoses gastrintestinais dos bovinos é possível, mesmo na presença de um baixo nível de infecção, o que é inevitável na cria ção de bovinos a pasto. Assim, deve-se ter como meta reduzir os níveis de contaminação das pastagens para assegurar que a população parasitaria não exceda níveis compatíveis com o retorno da atividade. Para alcançar estes objetivos é necessário o conhecimento da epidemiologia que estuda os vários fatores que influenciam no número de parasitas dentro do hospedeiro e dos seus estádios de vida livre no meio ambiente. È fundamental o conhecimento do agente, do seu ciclo biológico, da dinâmica da infecção nos animais, da variação estacional das larvas nas pastagens, das variações climáticas da região e de fatores do hospedeiro como, idade, estado fisiológico, raça, espécies de helminto, manejo dos animais, numero de animais por hectare, época do nascimento, desmame, imunidade e fisiopatologia dos parasitos. Alem disso da existência de resistência dos parasitos a anti-helmínticos, que são fatores que podem influenciar na população de parasitos no hospedeiro e nas pastagens. PALAVRAS-CHAVE: Bovinos, helmintos gastrintestinais, controle. ABSTRACT The control of gastrointestinal helminthes of the cattle in economical way is possible, even in the presence of a low infection level, what is inevitable. In this way, a goal is the reduction of pasture contamination levels to assure that the parasite population doesn't exceed compatible levels with the return of the activity. To reach these objectives it is inside necessary a detailed knowledge of parasite epidemiology as the several factors that influence the parasite burden in cattle and free stages in the soil. Is also necessary knowledge of parasite life cycle, the dynamics of the host infection, availability of infective larvae on pasture and factors related to seasonality. Is important 1 Departamento de Parasitologia, Instituto de Ciências Biológicas. Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Avenida Presidente Antônio Carlos, 6627, Caixa Posta: 486. Campus Pampulha. CEP: 31270-910. Belo Horizonte, MG, Brasil. Wlima@icb-ufmg.br

2 the knowledge of characteristics of the host age, physiologic state, cattle breeds, parasites levels, feeding and management, number of animals per hectare, time of the birth and wean, immunity, and physiopathology of the parasites. Furthermore is necessary to consider the anthelmintic resistance that can influence the parasite burden in cattle and the availability of larvae on pasture. Keywords: Cattle, Gastrointestinal Helminthes, Control INTRODUÇÃO A pecuária brasileira vive atualmente um período de otimismo devido ao aumento da exportação de carne e às boas perspectivas do setor. Um número cada vez maior de pecuaristas brasileiros tem procurado adequar-se ao mercado, praticando um gerenciamento profissional, investindo em nutrição, melhoria genética e sanidade dos animais, o que tem refletido diretamente no aumento da produtividade do rebanho e incremento da produção de leite e carne. Para atender a esta demanda, tem se observado uma exploração mais intensiva, com aumento do número de animais por hectare. Como conseqüência aumentam os problemas sanitários, dentre eles as parasitoses, causadas por hemoparasitos, ectoparasitos e helmintos gastrintestinais e pulmonares. No Brasil, nos animais mantidos a pasto é comum a ocorrência simultânea desses parasitos, o que torna difícil avaliar os efeitos deletérios de uma infecção única. Em função das condições climáticas brasileiras, a maioria dos bovinos encontra-se parasitados durante todo o ano por helmintos gastrintestinais. A erradicação desses parasitos é praticamente impossível, sobretudo devido à sua capacidade de multiplicação e adaptação ao meio ambiente. Esses parasitos são sócios indesejáveis, permanentes do criador e pelo fato de não provocarem grande mortalidade ou doença aguda, vão paulatinamente, minando a economia do pecuarista. Helmintoses gastrintestinais e pulmonares As helmintoses ou verminoses representam um grupo de doenças infecciosas causadas por várias espécies de helmintos ou vermes, que afetam clinicamente, sobretudo animais jovens. Podem ser classificadas em: helmintose pulmonar ou broncopneumonia verminótica e helmintose gastrintestinal. A helmintose pulmonar é comum em algumas regiões, e caracteriza-se por tosse, corrimento nasal, respiração ofegante e taquicardia.

3 A helmintose gastrintestinal é muito freqüente em todos os sistemas de criação de bovinos. Normalmente, todos animais criados a pasto estão ou já estiveram parasitados por uma ou mais espécies de helmintos. Na região sudeste, estima-se que o índice de mortalidade provocado pelas helmintoses em bezerros esteja entre 5 e 10%, principalmente, em rebanho leiteiro. Apesar da alta prevalência das verminoses, a maioria dos animais apresenta uma infecção subclínica, cujos efeitos passam despercebidos para a grande parte dos técnicos e criadores. O animal, aparentemente saudável, não atinge seu potencial máximo de produtividade, ocasionando perdas de peso e aumentando o período de abate em até um ano. Geralmente, os sintomas tornam-se aparentes quando fatores como escassez de alimentos (principalmente no período da seca, quando ocorre diminuição da quantidade e qualidade das pastagens), desmame, alta lotação das pastagens e infecções concomitantes se integra, levando a um quadro clínico caracterizado por abdômen distendido, diarréia, mucosas pálidas e edema subma ndibular. Principais helmintos encontrados em bovinos no Brasil No quadro abaixo, estão relacionados os principais helmintos encontrados nos bovinos do Brasil. A prevalência destas infecções varia segundo a região, devido a fatores como clima, idade, raça, tipo de exploração (leite, corte ou misto), manejo, pastagens, tipo de criação (intensiva ou extensiva) e épocas do ano. Classe/Ordem Nome Científico Localização Distribuição Geográfica Trematoda Prosostomata Cestoda Cyclophillidea Nematoda Rhabdiasidea Strongylidea Schistosoma mansoni Eurytrema coelomaticum Fasciola hepatica Paramphistomum spp. Balanorchis anastroplus Moniezia benedeni Moniezia expansa Cystucercus tennuicollis Cysticercus bovis Cisto hidático Rhabditis spp. Tricephalobus oticola Micronema spp. Mammonogammus laryngeus Gongylonema pulchrum Haemonchus contortus Sistema circulatório Ductos pancreáticos Ductos biliares Rúmen Rúmen Fígado e Mesentério Músculos e Vísceras Fígado e Pulmões Conduto Auditivo Conduto Auditivo Conduto Auditivo Laringe Esôfago PE, MG MS, MG, PR, RS, RJ, SC, SP RS, PR, SP, RJ, SC, MG RS MT, MS, RS BA, GO, MA, MT, MS, MG, PR, PI, RS, RJ, SP, PE BA, GO, MA, MT, MS, MG, PR, PI, RS, RJ, SP, PE BA, MG, PE, RS DF, MT, MS, MG, PR, PE, PI, RS, RJ, SC, SP BA, MT, MS, MG, SP, SC, PR, PE, RS, RJ MG, DF DF MG, DF BA, MT, RJ, RS, MS, MG, PA, PR, PE RS BA, CE, DF, GO, MA, MS, MT, MG, PA, PR, PE, PI, RS, RJ, SC, S

4 Haemonchus placei Haemonchus similis Ostertagia circuncincta Ostertagia lyrata Ostertagia ostertagi Trichostrongylus axei Agriostomum wryburgi Bunostomum phlebotomum Cooperia curticei Cooperia macmasteri Cooperia oncophora Cooperia pectinata Cooperia punctata Cooperia spatulata Gaigeria pachycelis Nematodirus spatigher RS, RJ, MG BA, CE, DF, GO, MT, MS, SP, SC, RO, RJ, RS, MG, PA, PR, PI, R MA, MG, RS, SC RS, RJ, SC,MG RS, RJ, SC, MG BA, CE, GO, MA, SP, SC, MS, MT, MG, PA, PI, RS, RJ, RO, RN BA, DF, GO, MS, MG, RS, RJ, NR, SP BA, DF, GO, MA, MG, MS, MT, RJ, RN, RO, SC, SP BA, MA, PA, PI, RS, RJ, RO, SC, SP RS, SC DF, GO, MG, RS, SC BA, CE, DF, GO, MT, MS, MG, PA, PI, RS, RN, RJ, RO, SP MG,MS, PA, PI, PR, RN, RS, RJ, RO, SC, SP MG, RJ, SC, SP DF, GO, MG, RS, SC, BA, CE, MT, MS, PA, PI, RS, RJ BA, CE, DF, GO, MT, MS, MG, PA, PI, RS, RN,SP MG, MS, PA, PI, PR, RN, RS, RJ, RO, SC, SP MG, RJ, SC, SP SP, RS, RJ, SC, MG Trichuridea Capillaria bovis CE, MG, PA, RS Ascarididea Toxocara vitulorum BA, CE, MA, MG, MS, MT, PE, PR, RS, PI, PA, RJ Rhabdiasidea Strongyloides papillosus BA, DF, GO, MS, MT, MG, PA, PI, RN, RS, RJ, SC, SP, CE Strongylidea Oesophagostomum radiatum Intestino Grosso BA, CE, DF, SP, SC, RO, RN, RJ, RS, GO, MA, MS, MT, MG, P PR, PE, PI Trichuridea Trichuris discolor Intestino Grosso BA, DF, GO, MT, MS, MG, PA, PI, RS, RJ, SP, RN, RO, SC Strongylidea Dictyocaulus viviparus Brônquios BA, DF, GO, SP, SC, RJ, RS, PI, PE, PR, PA, MG, MA, MT, MS Fillariidea Setaria cervi Onchocerca gutturosa Cavidade Peritoneal Ligamento Cervical BA, CE, DF, RJ, RS, GO, MT, MS, MG, PA, PE, PI MS, PA, MG, SP Fatores que interferem no controle O controle de forma econômica das helmintoses gastrintestinais dos bovinos é possível, mesmo na presença de um baixo nível de infecção, o que é inevitável na criação de bovinos a pasto. Assim, deve-se ter como meta reduzir os níveis de contaminação das pastagens para assegurar que a população parasitaria não exceda níveis compatíveis com o retorno da atividade. Para alcançar estes objetivos é necessário o conhecimento da epidemiologia que estuda os vários fatores que influenciam no número de parasitas dentro do hospedeiro e dos seus estádios de vida livre no meio ambiente. È fundamental o conhecimento do agente, do seu ciclo biológico, da dinâmica da infecção nos animais, da variação estacional das larvas nas pastagens, das variações climáticas da região e de fatores do hospedeiro como, idade, estado fisiológico, raça, espécies de helminto, manejo dos animais, numero de animais por hectare, época do nascimento e desmame, imunidade, e fisiopatologia dos parasitos. Alem

5 disso da existência de resistência dos parasitos a anti-helmínticos, que são fatores que podem influenciar na população de parasitos no hospedeiro e nas pastagens. Ciclo biológico dos principais helmintos de bovinos Será descrito o ciclo biológico dos nematóides estrongilídeos, por serem os helmintos de maior prevalência e a maioria apresentar semelhanças entre si, apesar dos gêneros terem suas particularidades As fêmeas dos parasitos realizam, diariamente, no tubo digestivo dos bovinos, a postura de centenas de ovos que atingem o meio exterior junto com as fezes. Em condições ideais de umidade e temperatura (20-30ºC) origina-se dentro do ovo uma larva de primeiro estádio (L1), que eclode e se desenvolve no bolo fecal até larva de terceiro estádio (L 3). A L 3 migra do bolo fecal para a pastagem adjacente, onde são ingeridas pelos bovinos. a L 3 penetra na parede do abomaso ou intestino, ou permanece entre as vilosidades onde realiza duas mudas e transforma-se em vermes adultos. As fêmeas iniciam a postura, dependendo do gênero e da imunidade do hospedeiro, 3 a 4 semanas após a ingestão da L 3. Larvas nas pastagens O tipo de solo, de pastagem, a temperatura, a umidade, a oxigenação e a ocorrência de predadores no ambiente, influenciam diretamente a disponibilidade de L 3 nas pastagens. O micro clima formado dentro do bolo fecal é a fonte de larvas para contaminação das pastagens. A umidade do bolo fecal recém eliminado (75-85%), permite a ocorrência e o desenvolvimento embrionário dos ovos de nematóides, durante todo o ano, mesmo nas épocas que não ocorre precipitação pluvial. As L 3 migram do bolo fecal para as pastagens, principalmente na parte da manhã e no final da tarde, quando a intensidade de luz é menor. As L 3 não migram todas ao mesmo tempo e sim em forma de onda e esta migração está diretamente relacionada à umidade (chuvas, orvalho). No período da seca, a maioria das L 3 fica no bolo fecal ou próximo a ele, na base das plantas. No período das chuvas as L 3 podem migrar em torno de 90cm do bolo fecal. A maioria das L 3 de Cooperia, Haemonchus, Oesophagostomum, Trichostrongylus e Bunostomum são recuperadas do bolo fecal até 4 meses após a contaminação das pastagens, entretanto, algumas L 3 podem permanecer viáveis até 7 meses. Dinâmica das infecções helmínticas Bezerros

6 Já na primeira semana de vida, é possível encontrar ovos de Strongyloides papillosus nas fezes de bezerros, devido à infecção transplacentária ou à ingestão de L3 presentes no colostro ou leite. Sendo que o pico máximo de eliminação de ovos ocorre entre o 2º e o 4º mês de idade. A partir do 6º mês de idade os bezerros desenvolvem uma imunidade efetiva contra este parasito e poucos animais apresentam infecção residual, que pode persistir até o 10 mês de idade.em algumas propriedades, também pode ser encontrados ovos de Toxocara vitulorum nas fezes de bezerros e búfalos com menos de 1 mês de idade. Na Região Sudeste, tem sido observado, que os bezerros que mantém contato com as pastagens, começam a eliminar nas fezes ovos de Cooperia, seguidos por ovos de Haemonchus e Trichostrongylus, a partir dos 2-3 meses de idade e ovos de Oesophagostomum e Bunostomum, após o 3 ou 4 mês. Há aumento gradativo do numero de ovos por gramas de fezes (OPG) desses parasitos até o 12-14 mês de idade, em animais de rebanho de corte e até 16-18 mês, em animais de rebanho de leite. Após esse período, há um decréscimo até o 24 mês e a partir de então as contagens de OPG mantém baixa. Este fato deve-se a imunidade que os animais adquirem, à medida que, vão ficando mais velhos e que entram em contato constante com as L 3 nas pastagens. Animais jovens são altamente susceptíveis às infecções helmínticas, durante o primeiro ano de pastejo. No segundo ano, são capazes de desenvolver uma imunidade parcial. Animais adultos geralmente apresentam infecção subclínica, mantendo baixa infecção e também contaminando continuamente as pastagens. Em algumas condições como: aumento de lotação, degradação das pastagens e ocorrência de doenças concomitantes que afetam o sistema imunológico, os bovinos adultos podem adquirir altas cargas parasitárias e apresentar sintomatologia clínica. Vacas em Gestação e Lactação Trabalhos realizados em algumas regiões do Brasil com vacas gestantes das raças Gir, Nelore e Girolanda, demonstraram que no peri-parto há aumento transitório das contagens de OPG, o que leva a maior contaminação das pastagens. Este fato, deve-se a imunossupressão neste período, tornando as vacas mais susceptíveis às infecções helmínticas. Os animais apresentam aumento nas contagens de OPG em torno de 4 semanas pré-parto, com pico de contagem de OPG entre a 1ª e a 4ª semana pós-parto. Após esse período até o final da lactação, as contagens baixam a valores semelhantes aos de antes do parto Ação sobre o hospedeiro

7 Sob condições naturais, normalmente ocorrem infecções mistas por estrongilídeos. Os danos causados por helmintos podem ser classificados por: Ação mecânica: obstruções de órgãos como brônquios e bronquíolos, por exemplo, pelo parasitismo por Dictyocaulus viviparus. Larvas e adultos de helmintos gastrintestinais destroem a mucosa gastrintestinal e causam a formação de úlceras e instalação de infecções secundárias. Ocorre a substituição do tecido funcional por fibroso, impedindo a absorção de nutrientes e a produção de enzimas, alterando o metabolismo de proteína, energia, mineral e balanço hidrico. Consequentemente, interferindo na condiçao corporal ou seja na qualidade da carcaça. Ação espoliativa: Haemonchus e Bunostomum, por exemplo, alimentam-se de sangue e injetam substância anticoagulante no local de sucção, que causa pequena hemorragia gastrintestinal por 5 a 6 minutos após terem se alimentado. Ação Inflamatória: as lesões diretas na mucosa gastrintestinal; excreções e secreções das glândulas esofagianas dos helmintos; e o líquido liberado nas mudas de L 3 até L 5, causam reações inflamatórias das mucosas gástrica e intestinal com forte edema e presença de grande número de linfócitos, eosinófilos, mastócitos e neutrófilos. Com freqüência ocorre perda de albumina plasmática através de mucosa edemaciada, o que pode alterar a pressão oncótica vascular, e o animal apresentar edema submandibular. Baixa Resistência: pode ocorrer em animais parasitados, aumento da suscetibilidade às infecções secundárias. Anorexia: Animais com helmintose gastrintestinais, mesmo na infecção subclínica, ingerem menos alimentos que animais não parasitados devido ao aumento dos niveis de gastrina e colecitoquinina, consequentemente ganham menos peso. Controle dos Nematóides Parasitos de Bovinos O controle das helmintoses baseia-se no rompimento dos elos envolvidos no Ciclo de Vida dos parasitos. Assim, é fundamental o conhecimento epidemiológico das parasitoses e dos mecanismos envolvidos em seu controle, dentre os quais se pode destacar o emprego de quimioterápicos. Deste modo, o emprego do produto apropriado, na época correta, aumenta os benefícios do tratamento, levando ao melhor retorno econômico. O controle deverá ter como alvo a fase de vida livre (nas pastagens) e a fase parasitária (no hospedeiro). Estádios Pré-parasitários ou de Vida Livre

8 As L 3 dos nematóides gastrintestinais podem permanecer viáveis por vários meses no bolo fecal ou na pastagem. Isso dificulta o seu controle, uma vez que, é inviável o controle químico no solo. O controle biológico utilizando coleópteros e fungos nematófagos oferece uma alternativa na redução das populações de L 3 nas pastagens. A presença de coleópteros, minhocas, aves e mamíferos que alimentam-se de invertebrados existentes nas fezes, pode levar ao rompimento do bolo fecal, permitindo dessecação mais rápida. Isso vai interferir diretamente no desenvolvimento das larvas dos helmintos gastrintestinais, que são sensíveis a dessecação e ação direta dos raios solares. No controle das fases pré-parasitárias de nematóides, devem ser empregadas algumas práticas de manejo que visem diminuir a contaminação ambiental e dos animais, tais como: A utilização de cochos e bebedouros devidamente calçados ou cascalhados. O emprego de biodigestores e esterqueiras, principalmente em rebanhos leiteiros, reduz o número de larvas infectantes, pois, a elevação da temperatura (em torno de 60 C), devido a fermentação das fezes, elimina larvas de helmintos. Pastagens: O manejo das pastagens delineado para prevenir a infecção por nematóides gastrintestinais requer tempo e, sobretudo planejamento. Isto porque fatores como: densidade populacional, idade dos animais, taxa de lotação e tempo de descanso da pastagem estão diretamente relacionados com a profilaxia das verminoses. Nas pastagens irrigadas, a atenção deverá ser redobrada, pois as condições ambientais são extremamente favoráveis à evolução dos estádios de vida livre dos parasitos Contaminação das pastagens: Para estimar a contaminação das pastagens deve-se conhecer a contagem de OPG, o número de vezes que defecam/dia e a quantidade de fezes eliminadas. Uma vaca defeca cerca de 8 vezes ao dia e um bezerro 6 vezes. A quantidade de fezes eliminada, por defecação, é proporcional à idade, ao tipo de alimentação e ao peso do animal, podendo variar entre 1,6 e 3%. Por exemplo: uma vaca com 540 kg elimina cerca de 2 kg de fezes por defecação e um bezerro com 200kg de peso vivo, cerca de 600 gramas. Se a média dos dois animais for de 50 OPG teremos: Vaca = 8 x 2000g x 50 OPG = 800.000 ovos/dia Bezerro = 6 x 600g x 50 OPG = 180.000 ovos/dia Em conclusão, esta vaca e o bezerro podem contaminar as pastagens com quase 1 milhão de ovos de helmintos por dia. Entretanto, somente cerca de 30% dos ovos originam larvas infectantes. Baseando-se nesses dados, pode-se observar o potencial de contaminação, dependendo do número de animais do rebanho.

9 Pastagem desconta minada: É raro obtermos uma pastagem totalmente livre de contaminação por helmintos, a não ser quando se usa pastagem com vários meses de descanso, recém formada, queimada ou restos de cultura como milho, soja, etc. Taxa de lotação: Altas taxas de lotação determinam maior quantidade de fezes eliminadas e maior índice de contaminação das pastagens. Normalmente, os bovinos são seletivos, evitando pastar próximo a bolos fecais. Entretanto quando um número elevado de animais é colocado numa pastagem, por longo período, esta seleção é impossível e a pastagem é geralmente consumida até próximo ao solo, levando uma maior quantidade de ingestão de larvas, pois cerca de 80% das L 3 se alojam nos primeiros 15 centímetros da vegetação próxima ao bolo fecal e próximas ao solo. Rotação de Pastagens: A rotação de pastagens, visa o aproveitamento máximo do potencial das forrageiras. O período de permanência dos bovinos em cada piquete da área explorada pode ser de um dia, uma semana, uma quinzena, etc. A prática otimiza o aproveitamento da área e assim, uma área que abrigava 2 animais/ha, por exemplo, pode passar a suportar 8 ou mais animais. Assim, a produtividade de carne e leite nesta mesma área é aumentada. Porém, esta mesma pastagem que proporciona aumento da produtividade, também pode oferecer aumento da oportunidade de transmissão de helmintos aos animais, se não for bem manejada. Estádios parasitários, no bovino Algumas práticas de manejo também devem ser aplicadas em relação aos estádios parasitários nos bovinos como: Nutrição: A ingestão de quantidades adequadas de vitamina A, vitaminas do complexo B e seus precursores (por exemplo, o cobalto, precursor da vitamina B12 nos ruminantes), proteína e minerais, está diretamente relacionada ao aumento da resistência dos animais a parasitas gastrintestinais. A suplementação alimentar (silagem, feno, ração balanceada, bancos de proteínas) em períodos críticos do ano, também mostra benefícios, pois melhora os índices produtivos e a própria resistência dos animais aos parasitos. Desmame: Geralmente, após o desmame os bezerros adquirem altas cargas parasitárias, pois os animais são forçados a ingerirem mais pasto, aumentando a chance de ingerirem mais L 3. Além disso, pode ocorrer o estresse da separação dos bezerros de suas mães. Faixa etária: Animais jovens devem ser colocados em pastagens com menor índice de contaminação, evitando-se baixadas, especialmente as localizadas abaixo dos currais.

10 Anti-helmínticos: O uso destes medicamentos proporciona soluções pontuais, que não diminuem o risco de reinfecção por longo período, na maioria das formulações. Todavia, oferece resposta rápida e eficaz no controle do parasitismo clínico e subclínico. O sucesso do tratamento anti-helmíntico depende da dose utilizada, do espectro de ação, eficácia sobre os diversos estádios parasitários e do período de persistência de controle da droga ou formulação escolhida. Assim a escolha da droga deve ser baseada no período de controle efetivo proporcionado, em sua capacidade de agir sobre os diversos estádios evolutivos do parasito no hospedeiro, inclusive sobre as larvas hipobióticas, e não somente baseada no preço ou na propaganda. A aplicação de anti-helmínticos na época correta contribui para reduzir as perdas subclínicas, prevenir casos clínicos e diminuir a infecção nas pastagens por larvas de nematóides gastrintestinais e pulmonares. A utilização isolada de vermífugos em épocas epidemiologicamente erradas, propicia apenas alívio temporário, devido a possibilidade de rápida reinfecção, caso o rebanho permaneça numa área de pastagem contaminada. Os tratamentos anti-helmínticos podem ser classificados em quatro tipos principais: 1. Tratamento Curativo: apresenta função terapêutica, sendo realizado no s animais com sintomatologia clínica como: edema submandibular, caquexia, pêlos secos e arrepiados, conjuntivas pálidas, diarréia etc. 2. Tratamento Estratégico: requer conhecimento epidemiológico das infecções helmínticas envolvidas. Objetiva o uso mais racional dos medicamentos, controlando o nível de infecção dos animais e diminuindo a contaminação na pastagem. Inclui a aplicação de anti-helmínticos em épocas pré-determinadas, nos animais de cria e recria, independente da presença ou não de sintomatologia clínica. 3. Tratamento Tático: Também envolve conhecimento epidemiológico, especialmente dos fatores que favorecem a dinâmica das infecções helmínticas (chuvas em épocas secas, introdução de animais no rebanho, utilização de pastagens novas ou queimadas, etc). 4. Tratamento Intensivo: Empregam-se aplicações quinzenais ou mensais de anti-helminticos. Embora possa apresentar aspectos positivos como prevenir a mortalidade e contaminação das pastagens, apresenta alto custo e retarda o desenvolvimento da resposta imunológica que os bezerros adquirem naturalmente. É fator potencial na seleção de parasitas resistentes aos antiparasitários usados e, além disso, na maioria das vezes, a diferença no ganho de peso não é significativa comparando-se ao Tratamento Estratégico.

11 Outras considerações no controle dos parasitos de bovinos Melhoramento genético do rebanho Várias informações evidenciam a existência de diferenças genéticas associadas à resistência e à susceptibilidade de bovinos a diferentes agentes. Tal dife rença manifesta-se entre raças ou entre indivíduos de uma mesma raça. O estudo genético de animais resistentes a nematóides gastrintestinais é uma estratégia potencial e valiosa para redução dos níveis de infecção dos rebanhos e redução dos gastos com a utilização de drogas anti-helmínticas, uma vez que animais resistentes irão requerer uma menor freqüência de tratamentos que os animais susceptíveis. Estudos estão em andamento, visando identificar genes que conferem resistência a infecções helmínticas e ge nes relacionados a características específicas do rebanho e sua localização no genoma de bovinos, assim como marcadores genéticos que possam ser utilizados em testes diagnósticos rápidos e econômicos, com o propósito de tornar possível a seleção de tais características. O desenvolvimento e utilização destas técnicas permitirão a seleção de cruzamentos e ampliação dos rebanhos aumentando de sobremaneira a produtividade. Infelizmente esta é uma tecnologia ainda em desenvolvimento e com custos elevados. Portanto a utilização dos conhecimentos disponíveis sobre a biologia, epizootiologia e epidemiologia dos nematóides gastrintestinais, associada a medidas de manejo do rebanho e utilização estratégica dos quimioterápicos, ainda é a melhor escolha para um controle eficiente destes parasitos de bovinos. resistência a anti-helmínticos A resistência dos helmintos de bovinos Principalmente de Haemonchus, Cooperia e Oesophagostomum, é um fato real, que está ocorrendo em varias regiões, particularmente em Minas Gerais, frente as avermectinas que é o endectocidas mais utilizado pelos pecuaristas Atualmente, os pecuaristas encontram no mercado dezenas de marcas de produtos que podem ser utilizados no controle das endo e ectoparasitoses. A maioria deles apresenta baixa toxidade e fácil praticidade ao diversos sistemas de criação. Este fato tem levado vários criadores à ilusão de um produto de seguro e perene, fazendo com que fatores importantíssimos fossem negligenciados, como, a atividade do médico-veterinário como consultor em saúde animal e o próprio diagnóstico. Estes dados foram corroborados em uma pesquisa realizada em Minas Gerais, em 2003, onde foram entrevistados 3.000 proprietários rurais. Somente 5,6% informaram que não utilizavam anti-helmínticos e apenas 15% realizavam tratamento estratégico sob orientação de técnicos. Os demais criadores realizavam uma a 12 aplicações nos animais durante o ano. As avermectinas eram as drogas

12 mais utilizadas seguidas pelos benzimidazóis. O preço e a indicação dos vendedores e de outros criadores sempre eram importantes segundo os entrevistados. Provavelmente, este fato esteja ocorrendo em outras regiões do Brasil. Certamente, o uso errado e equivocado dos anti-helmínticos é um dos fatores que nos coloca como testemunhas, nas ultimas décadas, da resistência parasitária aos diversos grupos químicos. A resistência é um fenômeno esperado quando se usa uma determinada droga, pois iniciase um processo de seleção dentro da população alvo. É um processo gradativo e caso não seja diagnosticado precocemente, somente o será, quando os animais apresentarem sintomatologia clínica que irá interferir na produtividade do rebanho. Portanto, a resistência coloca em risco todas as drogas anti-parasitárias existentes, interferindo diretamente na exploração pecuária, como vem ocorrendo em pequenos ruminantes ovinos e caprinos, em várias partes do mundo. Em relação aos bovinos, é necessário que se unam esforços de pesquisadores, técnicos laboratórios, pecuarista e principalmente do médico veterinário para que não atinja a níveis semelhantes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARANTE, F.T. Controle Integrado de Helmintos de Bovinos e Ovinos.Rev. Bras. Parasitol.Vet, 13,suplemento 1,68-71.2004 ARAUJO, J.V.; GUIMARÃES, M.P.; LIMA, P.A.S. AND LIMA, W.S.,1992. Avaliação de tratamentos anti-helmínticos em bezerros de bacia leiteira de Muriaé, MG. Pesq. Agropec. Bras., 27(1):7-14. BECK, A.A.H.; BECK, A.A.; ROSA, O.; SILVA, J.H.S. Efeito do tratamento antihelmíntico injetável em terneiros manejados em pastagens artificial com rotação de potreiros tipo voision. Rev. Cent. Cienc. Rurais, Santa Maria, 3(1/4):23-8, 1973. BIANCHIN, I.; HONER, M.R.; CURVO, J.B.E.. Produção de ovos de nematódeos gastrintestinais em vacas Nelore, durante o período periparto. Pesqui. Agropecu. Bras., Brasília,, 22(11/12):1239-43, Nov./Dez., 1987. CARNEIRO, J.R.; CALIL, F.; PEREIRA, E. & LIMA, W.S. Comportamento das infecções helmínticas em bovinos de diferentes faixas etárias em região do cerrado do estado de Goiás - Brasil. Arq. Bras. Med. Vet. Zool., 39(3):415-22, 1987. COSTA, H.M.A.; LEITE, A.C.R.; GUIMARÃES, M.P. & LIMA, W.S. Dis trib uição de helmintos parasitos de animais domésticos no Brasil. Arq. Bras. Med. Vet. Zoot., 38(4):465-579, 1986. FURLONG, J.; ABREU, H.G.L.; VERNEQUE, R.S. Parasitoses dos bovinos na região da Zona da Mata de Minas Gerais, comportamento estacional de nematódeos gastrintestinais. Pesqui. Agropecu. Bras., Brasília, 20(1):143-53, Jan. 1985. GENNARI, S. M. ; BLASQUES, L S ; RODRIGUES, A A R ; CILENTO, M. C. ; SOUZA, S L P ; FERREIRA, F. Determinação da contagem de ovos de nematóides no período peri-parto em vacas.. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, São Paulo, v. 39, n. 1, p. 32-37, 2002.

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