Texto revista BIOFUTUR no. 302 de Setembro de 2009. Tradução de Roseli Rocha dos Santos. Texto de Aline Aurias aurias@lavoisier.fr



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Transcrição:

Texto revista BIOFUTUR no. 302 de Setembro de 2009 Tradução de Roseli Rocha dos Santos Texto de Aline Aurias aurias@lavoisier.fr Iniciado em abril de 2005, o projeto europeu Co-Extra está terminando. Inserido na prioridade européia Qualidade e segurança alimentar. O projeto tinha como objeto de interesse a coexistência e a rastreabilidade das cadeias de produção OGM e não OGM destinadas à alimentação animal e humana. O desejo da Comunidade Européia (CE), de oferecer a todos, do agricultor ao consumidor final, a possibilidade de produzir e de consumir com ou sem OGM impõe a necessidade de rastrear as cadeias produtivas convencionais, orgânicas e OGM, como condição material da coexistência. Essencialmente pluridisciplinar, este caso particular da biotecnologia traz questões ao mesmo tempo científicas, técnicas, sociais, econômicas, jurídicas... Foi com o objetivo de fornecer respostas a essas questões que foi lançado em junho de 2005 em Paris, o projeto de pesquisa europeu Co-Extra. Coordenado pelo INRA (Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica), mais precisamente na pessoa do pesquisador Yves Bertheau, da unidade de Fitopatologia e métodos de detecção, esse projeto integrado do 6º. Programa Quadro de Pesquisas teve um orçamento de 22 milhões de Euros, dos quais 13,5 milhões financiados pela Comunidade Européia. Cada uma dos campos de pesquisa cobertos pelo projeto teve um grupo de trabalho, que funcionou em interação com os outros grupos de temas próximos e também com o Comitê Executivo.

Grupo 0: dirigido pelo INRA Transfert; Grupo 1: dirigido pelo Centro Federal Alemão de Pesquisa Biológica da Agricultura e da Silvicultura, tinha a tarefa de avaliar e desenvolver as ferramentas biológicas e métodos que permitissem escolher o tipo de cultura, minimizando os riscos de misturas de produtos OGM, convencionais e orgânicos; Grupo 2: dirigido pelo INRA, descreveu e modelizou as estruturas das cadeias produtivas alimentares com o objetivo de propor uma organização que permitisse a coexistência;

Grupo 3: dirigido pelo Instituto Dinamarquês de Pesquisa em Economia Alimentar, teve a missão de avaliar os custos e benefícios gerados pela coexistência e rastreabilidade; Grupo 4: Dirigido pelo Centro Comum de Pesquisa da CE, na Itália, teve como objetivo desenvolver métodos de amostragem adequados para a detecção dos OGM; Grupo 5: dirigido pelo Instituto Esloveno de Biologia, desenvolveu métodos e ferramentas de detecção dos táxons 1 OGM com a melhor relação qualidade/preço; Grupo 6: dirigido pelo Instituto Nacional Veterinário da Noruega, trabalhou a respeito da concepção de novas tecnologias para a detecção de OGM desconhecidos ou em desenvolvimento; Grupo 7: dirigido no Reino Unido, pelo Instituto Sheffield de Ética e Leis Biotecnológicas, foi encarregado de integrar os resultados dos grupos de trabalho nas ferramentas de decisão política, de definir as estruturas informativas apropriadas à eficácia da rastreabilidade documental e de garantir a confiabilidade dos sistemas de coexistência e de rastreabilidade fora da UE; Grupo 8: dirigido por Genius-Biotech AG, agência especializada em comunicação, aconselhamento científico e estratégico nas áreas de biotecnologias vegetais, de economia agrícola e da segurança alimentar. Seu papel era desenvolver o diálogo com os diversos stakholders por meio de oficinas de discussão e de informá-los dos resultados dos grupos de trabalho. Modelos sem receita milagrosa A partir dos resultados dos trabalhos dos diferentes grupos de trabalho do Co-Extra e da experiência de estudos anteriores, indicam que numa paisagem fragmentada como a da Europa, para preservar a agricultura orgânica ou convencional será necessário estabelecer grandes distâncias de isolamento ou mais provavelmente se orientar pela criação de zonas especificamente dedicadas a cada tipo de agricultura. Nesse caso, quem decidirá sobre as regiões que cultivarão OGM ou orgânicos? Com base em quais critérios? O princípio europeu de subsidiaridade implica que cada Estado decida livremente sobre sua política agrícola, mas a legislação garante também a livre escolha do agricultor. O Co-Extra aconselha, portanto, o estabelecimento de uma estrutura jurídica para cada Estado membro, o 1 Na Biologia, cada grupo de classificação é chamado de táxon - de onde vem o nome taxonomia.

qual deverá definir as zonas de produção com base em critérios agronômicos (vales, agrupamento de tipos de agricultores) e fornecer aos agricultores os instrumentos para que eles possam decidir, provavelmente no âmbito de sua cooperativa. Continuará existindo o problema das zonas de bordaduras : os agricultores se baseiam sobre os resultados das colheitas da América do Sul e as previsões meteorológicas dos próximos meses para escolher as culturas. Nesse contexto, o risco de desaparecimento progressivo dos agricultores orgânicos é alto. É o que o projeto constatou na Espanha, onde as colheitas foram contaminadas e onde o princípio do poluidor/pagador, previsto pela lei de 2008, não foi ainda concretizado. E como não existe ainda companhia de seguro especializada nesse tipo de risco, os agricultores convencionais e orgânicos devem arcar sozinhos com as despesas de analises e as contaminações pelos OGM. Uma das críticas aos estudos e modelos de coexistência propostos por estudos anteriores, levantadas pelas associações de ecologistas que se preocupam com o comportamento dos OGM a longo prazo, é que não garantem de forma alguma o que se poderia passar em caso de eventos climáticos fora do normal. Eles provocariam variações nos fluxos de disseminação, mutações acarretariam uma modificação na composição genética dos OGM... As coletas das pesquisas de campo na verdade revelaram muito mais contaminação do que os modelos haviam previsto. Coloca-se igualmente a questão política de determinar o que se chama sem OGM. Segundo Arnaud Apoteker, membro do Alto Conselho de Biotecnologias (HCB) e responsável pela campanha OGM do Greenpeace da França, Co-Extra teve o mérito de dizer que se o HCB estima que sem OGM é abaixo de 0,01% de contaminação, então as condições de coexistência exigirão que não se cultive mais milho na França. Se o limite for de 0,01%, as condições de cultura serão extremamente difíceis e implicarão em zonas especiais. Determinar um limiar prático A coexistência e a rastreabilidade das cadeias produtivas, assim como seu modo de gestão são bem conhecidas pelas empresas européias. Isso é devido à legislação alimentar, mas também pelas estratégias de segmentação de mercado, que valorizam os produtos rastreados. A singularidade da coexistência OGM/não OGM está, além dos aspectos sociais, no limite de rotulagem relativamente baixo (0,9%) para uma cadeia produtiva de qualidade, mas claramente menor do que os de segurança alimentar definidos para os alergênicos, por exemplo, que devem ser registrados desde que exista um risco de traços (nenhum limite ainda foi definido pela CE). O valor limite dos OGM fixado pela CE, é de fato um intermediário entre os hábitos de qualidade e de segurança das empresas. Mas na realidade, os industriais do setor agroalimentar exigem para suas matérias primas um limite contratual dito prático, que se situa entre o terço e o décimo desse valor de rotulagem, com um predomínio em torno do 0,1%. Isso é, segundo Yves Bertheau, muito clássico, constatado em todas as cadeias produtivas, cada intermediário se precavendo contra as incertezas das amostragens e das medidas de análise.

Segundo as conclusões do projeto, o limite de 0,1% é facilmente atingível porque a pressão OGM é muito fraca na Europa e os produtos GM encontrados aí são na maior parte importados de explorações agrícolas extensas. Para a soja argentina, por exemplo, cultivada sobre milhares de hectares, a preocupação de contaminação pelo vizinho não existe. Mas qualquer aumento de área dos cultivos OGM, principalmente na Europa, multiplica os riscos de mistura entre produções transgênicas e não transgênicas, em particular no transporte, armazenamento e no processamento. Uma solução é a cadeia produtiva não OGM dita hard IP (identidade preservada), que instaura controles regulares ao longo de toda a cadeia de suprimentos, a fim de responder às altas exigências quanto à presença fortuita dos derivados de OGM. O transporte se faz em containers, com um limite de presença fortuita de OGM de 0,01%, que é o limite dos métodos de detecção atuais. Mas essa exigência de pureza tem evidentemente, um custo considerável. Para que a coexistência entre cadeias produtivas se mantenha, particularmente numa situação de uma pressão por OGMs crescente na Europa, o Co-Extra recomenda que esse limite contratual seja levado em conta. O limite aceitável para as sementes deverá portanto ser alinhado com esse 0,1% majoritariamente utilizado, o que implica, por um efeito dominó clássico, que os sementeiros apliquem também uma margem de segurança, trabalhando em torno de 0,1%. Quem vai pagar e quanto? Segundo Bernhard Koch, professor de Direito em Innsbruck (Áustria), integrante do grupo de trabalho sobre os aspectos jurídicos, é preciso garantir uma melhor distribuição dos custos dessa segregação nas cadeias produtivas aplicando um princípio essencial: os que introduzem uma nova tecnologia devem encarregar-se dos custos de segregação, do campo até ao consumidor. Os pesquisadores do projeto Co-Extra fizeram análises custo/benefício e pediram diretamente às empresas do setor agroalimentar para conhecer os custos adicionais e os benefícios que pensavam obter de uma coexistência entre OGM e não OGM. Como ironiza Yves Bertheau: ouvindo essas empresas, só existem custos adicionais que podem ser previstos com uma coexistência. Resposta clássica segundo ele, talvez ligada à vontade de não considerar as outras estruturas regulatórias além do regulamento 178/02, que torna obrigatória a rastreabilidade documental, ou a uma ausência de reciprocidade de conhecimentos das práticas das cadeias produtivas com valor agregado ou de segurança dos alimentos. Tem-se a impressão que no caso dos OGM, a cada vez, é alguma coisa que se acrescenta ao que já está estabelecido. Nunca há custos menores, é sempre cada vez mais caro, lamenta. A maioria dessas empresas, com exceção das PME, já tem os instrumentos de rastreabilidade e segundo as pesquisas do grupo 3, as análises efetuadas nessas cadeias produtivas são feitas na maioria, senão exclusivamente, em produtos pouco ou não processados. Assim, não se justificaria, no estado de coisas atual, um custo adicional para a produção sem OGM, a não ser em termos de transporte e armazenamento. Além disso, a rastreabilidade atual é essencialmente documental e o número real de análises é pequeno. Entretanto, se a pressão

pelos OGM crescer na UE, uma reorganização produtiva poderia efetivamente acarretar um custo adicional. Seria então necessário pensar em cadeias produtivas ou locais exclusivos, ou em uma alternância no processamento de produtos GM e não GM, implicando numa limpeza cuidadosa das máquinas a cada vez. Valorizar para coexistir Em 2005, um estudo do PG Economics Ltd. 2 dizia: Para os agricultores brasileiros, a soja transgênica traz um ganho de 23 /ha a 56 /ha em relação à soja convencional, ou seja, entre 10 e 24 / tonelada. A única solução para que eles continuem a produzir soja convencional seria de pensar numa valorização da produção permitindo-lhes de vender sua colheita não OGM de 4,2% a 10,5% mais cara do que a colheita transgênica. A análise do Co-Extra enfatiza, efetivamente, a necessidade de um princípio de equidade para estabelecer uma coexistência perene: se uma produção pode ser valorizada de certa forma, é preciso que as outras também possam. Isto implica em particular que os animais não alimentados com os OGM ou seus produtos derivados possam ser diferenciados dos seus homólogos alimentados com OGM. O valor agregado que resultaria permitiria justificar um custo adicional para o consumidor final. Nem a favor nem contra, muito pelo contrário O objetivo do projeto Co-Extra não é de convencer os anti-ogm, insiste François Houiller, diretor da unidade INRA Plantas e produtos vegetais. A abordagem que foi feita nesse projeto quis explicitar os resultados, apresentar o estado atual dos conhecimentos, nossos objetivos de pesquisa e nossas modalidades de trabalho. É com essa condição que um mínimo de confiança poderá ser atingido entre as partes. Além disso, existem questões que suscitam opiniões e posições pessoais. O relatório final do projeto será enviado à Comissão no final de outubro. Daqui até lá, ainda é preciso fazer as conclusões, validar certos métodos e concluir a redação de algumas publicações. Os resultados apresentados em junho não evoluirão. Ainda resta um último trabalho: os pesquisadores do Co-Extra quiseram verificar se as culturas não OGM continuam apesar de tudo, a receber melhoramentos genéticos convencionais. Efetivamente, desde que o preço do Round-up e dos OGM explodiram na Argentina, certos agricultores quiseram voltar às sementes convencionais, mas face à suspensão do seu melhoramento, eles não puderam voltar atrás. Se esta tendência se verificar em todos os países cultivando OGM, será necessário garantir esse melhoramento para assegurar o princípio da reversibilidade. 2 www.pgeconomics.co.uk/pdf/global_gm_market.pdf