algumas reflexões Estarreja - 7 Dezembro 2016 João Faria Representação da Comissão Europeia - Lisboa
Uma Política da Coesão porquê? 1975 - FEDER Surge, na prática, com o objectivo de impedir que a contribuição do Reino Unido para o orçamento comunitário seja excessiva Anos 1980-86 Consagração da Política da Coesão Objectivo 92 - MERCADO ÚNICO As 4 Liberdades: mercadorias, pessoas, serviços e capitais Para contrabalançar os desequilíbrios que poderiam surgir com a conclusão do Mercado Único reforço das ajudas às regiões e países que não estavam preparados para fazer face aos novos desafios competitivos. 2
Convergência ou Divergência: um pouco de teoria EUROPA: o padrão centro-periferia existe, sendo as regiões mais pobres as que, em regra, estão mais distantes dos mercados O que é que acontecerá às regiões mais periféricas da Europa com o reforço da integração? A hipótese geral é a de que, dispondo o núcleo central europeu de um melhor acesso às regiões de baixos salários, as indústrias quererão deslocalizar-se para a periferia. Isto pode vir a verificar-se. Mas ( ) esta evolução não se verificará necessariamente: um acesso facilitado pode na realidade prejudicar, e não ajudar, as indústrias da periferia.
Convergência ou Divergência: um pouco de teoria e isto porque: A concentração das indústrias, uma vez existente, tende a reproduzir-se. Mas nada é eterno Se bem que a distribuição geográfica da produção possa ser estável durante longos períodos de tempo, também pode mudar rapidamente quer devido a condições objectivas quer devido por mudanças nas expectativas (que podem ser self-fulfilling )
Uma política da Coesão porquê? «A Europa vê o seu futuro como um equilíbrio entre concorrência e cooperação, procurando dirigir colectivamente o destino dos homens e das mulheres que aqui vivem. É fácil? Não. As forças do mercado têm muito peso. Se deixássemos as coisas seguirem o seu curso, a indústria estaria concentrada no Norte e as actividades de lazer no Sul. Mas estas forças do mercado, por mais poderosas que possam parecer, nem sempre vão na mesma direcção. O esforço e a aspiração política do homem é tentar desenvolver um território equilibrado.» Jacques Delors, 1989 5
Convergência ou Divergência: um pouco de teoria Em suma: MERCADO ÚNICO NOVOS DESAFIOS e OPORTUNIDADES POLÍTICA DA COESÃO Disponibilização de meios financeiros que potenciam as hipóteses de convergência Não é uma política de apoio ao rendimento (subsídios às regiões e/ ou famílias de mais baixos rendimentos) Mas que não conduzem necessariamente à convergência das regiões mais pobres É uma política de apoio ao desenvolvimento, à competitividade das regiões, explorando as suas vantagens comparativas 6
Progressos notáveis na fase inicial PIB per capita (PPC) 2º Relatório sobre a Coesão Económica e Social (2001) EUR 15=100 Irlanda Grécia Espanha Portugal Diferença PT-ES 1986 60,8 59,2 69,8 55,1 14,7 1990 71,1 57,4 74,1 58,5 15,6 1994 90,7 65,2 78,1 69,5 8,6 1996 94,1 66,9 79,5 71,1 7,5 1999 114,0 66,8 82,5 76,1 6,4 2000 (estimativa) 118,9 67,3 83,1 75,3 7
Do bom aluno à divergência 2001 method 2004 method Spain Portugal gap Spain Portugal gap 1996 79,5 71,1 8,4 80 66 14 1999 82,5 76,1 6,4 84 70 14 2002 87 71 16 2003 90 68 22 8
Visão comparada da convergência EUR4 10,0% crescimento do PIB versus média UE15 8,0% Irlanda 6,0% 4,0% 2,0% 0,0% -2,0% Grécia Espanha 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Portugal -4,0% Fonte: Eurostat
1980 1990 1995 2000 2001 2002 2003 1985 1990 1995 2000 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 1980 1990 1995 2000 2001 2002 2003 30 Anos de Adesão à UNIÃO EUROPEIA PORTUGAL: Os resultados notáveis REDE DE AUTOESTRADAS MORTALIDADE INFANTIL 1800 25 1600 1400 1200 1000 PORTUGAL 20 15 PORTUGAL 800 600 10 400 5 200 0 0 ESPERANÇA DE VIDA À NASCENÇA FREQUÊNCIA ENSINO SECUNDÁRIO 78 77 76 75 PORTUGAL 65 55 45 PORTUGAL 74 35 73 72 71 25 15 Fonte: OCDE e EUROSTAT
PORTUGAL: os problemas estruturais persistentes PIB pc PPS EU15=100 Produtividade (Hora/PPC/UE15=100) 75 63 70 65 60 PORTUGAL 62 61 60 PORTUGAL 55 50 1985 1990 1995 2000 2004 59 58 57 1995 2000 2002 Taxa de Desemprego Despesa I&D (%PIB, UE15=100) 10 9 45 8 7 6 PORTUGAL 40 35 PORTUGAL 5 4 30 3 1985 1990 1995 2000 2004 Fonte: INE e Eurostat 25 1990 1995 2000 2002
PORTUGAL alguns progressos intangíveis Uma lógica de planeamento e programação pluri-anual Por comparação com os fundos nacionais, p. exemplo PIDDAC, os Fundos Estruturais introduziram Transparência na afectação de recursos Incorporação de novos domínios de política avaliação sistemática dos impactos ambientais
PORTUGAL traços da evolução de 2 décadas da economia Um problema persistente: Baixos progressos ou mesmo regressão na produtividade não explicados por um nível baixo de FBCF ou falta de investimento na educação e formação Queda acentuada do peso da indústria / Viragem global para os BNT Evolução negativa da produtividade nos BNT txs crescimento anual 1991-2000 PIB 2,8% BNT 4% BT 2,4%
PORTUGAL Fundos Estruturais, Infraestruturas e Governança Convergência inter-regional em equipamentos bem-estar mas não de competitividade (evolução insustentável!) A disponibilidade de fundos permitiu: Modernizar sem reformas de governança Financiar equipamentos que serão dificilmente sustentáveis no futuro (os fundos pagam investimento e não o funcionamento)
AUTOESTRADAS - Um exemplo de claro sobredimensionamento Nível de dotação em Autoestradas População 2012 (milhões) Área total Km2 (1000) 30 Anos de Adesão à UNIÃO EUROPEIA 2008 Autoestradas Km Km autoestrada / 1000 Km2 Km autoestrada / 10.000 hab. PIB (1000 M ) Km AE / 1000 M de PIB EU 15 401 3.241 61.504 19,0 1,53 10.918 5,6 Belgium 11,1 31 1.763 57,8 1,59 339 5,2 Denmark 5,6 43 1.128 26,2 2,02 223 5,1 Germany 81,8 357 12.645 35,4 1,55 2.397 5,3 Ireland 4,6 70 423 6,0 0,92 160 2,6 Greece 11,3 132 1.103 8,4 0,98 233 4,7 Spain 46,2 505 13.515 26,8 2,93 1.054 12,8 France 65,3 550 11.042 20,1 1,69 1.907 5,8 Italy 60,8 301 6.629 22,0 1,09 1.521 4,4 Luxembourg 0,5 3 147 56,8 2,80 38 3,9 Netherlands 16,7 42 2.637 63,5 1,58 572 4,6 Austria 8,4 84 1.696 20,2 2,01 274 6,2 Portugal 10,5 92 2.623 28,5 2,49 168 15,6 Finland 5,4 338 739 2,2 1,37 171 4,3 Sweden 9,5 450 1.855 4,1 1,96 293 6,3 United Kingdom 63,0 245 3.559 14,5 0,57 1.568 2,3
PORTUGAL - como chegámos aqui: que responsabilidades na afectação dos Fundos Estruturais Peso excessivo assumido pelos investimentos no sector dos BNT Que também radica numa deficiente cultura de gestão e em preconceitos generalizados na sociedade portuguesa Errada percepção quando à dotação em equipamentos dos nossos congéneres europeus mais desenvolvidos Crença beata no efeito multiplicador das infra-estruturas (the cargo effect) Não tomada em consideração do efeito da escala no dimensionamento adequado Não tomada em consideração dos custos de funcionamento e manutenção (os Fundos Estruturais pagam o investimento, não pagam os custos de funcionamento!)
PORTUGAL - como chegámos aqui: olhando para além dos Fundos Estruturais Os perigos dos processos de convergência 30 Anos de Adesão à UNIÃO EUROPEIA Dutch disease: Entrada de capitais exógenos e declíneo dos sectores tradicionais A adesão ao Euro deveria ter implicado uma atenção redobrada Os efeitos do fim do instrumento taxa de câmbio eram óbvios, mas subestimou-se os efeitos do fim de uma política monetária autónoma, p ex, na arbitragem poupança /investimento (receava-se uma taxa juro demasiado alta, não demasiado baixa) Alargamento a Leste, Globallzação Ásia Com efeitos muito relevantes mesmo nos mercados da zona euro e pondo fim a um ciclo de IDE / deslocalização produção de massa no nicho tecnologia média/alta Mesmo sem erros na condução das políticas estaríamos numa situação difícil
Que instrumentos para o futuro 30 Anos de Adesão à UNIÃO EUROPEIA Não há taxa de câmbio Não há na União europeia um orçamento federal com a dimensão e as características dos orçamentos que normalmente existem numa união económica e monetária Necessidade de rigor acrescido na utilização dos poucos instrumentos disponíveis FUNDOS ESTRUTURAIS Programas «Concorrenciais»: HORIZON 2020 FUNDO EUROPEU PARA INVESTIMENTOS ESTRUTURAIS (Plano Juncker)
O Próximo Período - ESTRATÉGIA 20-20 June 2010- European Council 2020 Strategy for Smart, Sustainable and Inclusive Growth November 2011- European Commission The Urban and Regional Dimension of Europe 2020 30 Anos de Adesão à UNIÃO EUROPEIA EUROPE 2020 puts forward three mutually reinforcing priorities: Smart growth: developing an economy based on knowledge and innovation. Sustainable growth: promoting a more resource efficient, greener and more competitive economy. Inclusive growth: fostering a high-employment economy delivering social and territorial cohesion.
O Próximo Período - Desafios específicos para Portugal METAS PORTUGAL ESTRATÉGIA 2020 INDICADORES Situação actual 2013 Meta PT 2020 Investimento em I & D % do PIB Taxa de abandono escolar precoce % da população com ensino superior ou equiparado entre 30-34 anos 1.5% 2.7% - 3,3% 19,2% 10% 29,2% 40% Emissões de gases de Efeito de estufa (variação % face a 2005 em emissões CELE) % de energias renováveis no consumo de energia final Eficiência energética (ganho % no consume de energia primária face a 2015) Taxa de emprego (população 20-64 anos) Pessoas em risco de pobreza / exclusão social (variação face a 2008) +1% -12% 24.6 % 31 % 24,6% 20% 65.6% 75% - 92.000-200,000
O Próximo Período - Desafios específicos para Portugal Desequilíbrio externo Desequilíbrio orçamental Retoma do crescimento Criação de emprego sustentável
Decisões já tomadas - I AP PORTUGAL 2014-2020 M PO Competitividade e Internacionalização 4.414 PO Eficiência de recursos e Sustentabilidade 2.253 PO Capital Humano 3.096 PO Inclusão Social e emprego 2.130 POR NORTE 3.379 POR CENTRO 2.155 POR ALENTEJO 1.083 POR LISBOA 833 POR ALGARVE 319 POR AÇORES 1.140 POR MADEIRA 403 PO FEADER CONTINENTE 3.583 PO FEADER AÇORES 295 PO FEADER MADEIRA 179 PO FEAMP 392 PO AT 138 25.792
Decisões já tomadas - II ACORDO DE PARCERIA Milhões PORTUGAL 2014-2020 TOTAL % OT 1 Reforçar a investigação, o desenvolvimento tecnológico e a inovação 2.329 9,1% OT 2 Melhorar o acesso às TIC, bem como a sua utilização e qualidade 295 1,2% OT 3 OT 4 OT 5 OT 6 OT 7 Reforçar a competitividade das PME e dos sectores agrícola das pescas e da aquicultura 6.010 23,4% Apoiar a transição para uma economia com baixas emissões de carbono em todos os sectores 1.992 7,8% Promover a adaptação às alterações climáticas e a prevenção e gestão de riscos 1.190 4,6% Proteger o ambiente e promover a eficiência dos recursos 3.058 11,9% Promover transportes sustentáveis e eliminar estrangulamentos nas redes de infra-estruturas 845 3,3% OT 8 Promover o emprego e apoiar a mobilidade laboral 1.904 7,4% OT 9 Promover a inclusão social e combater a pobreza 2.570 10,0% OT 10 Investir no ensino, nas competências e na aprendizagem ao longo da vida 4.327 16,9% OT 11 Reforçar a capacidade institucional e uma administração pública eficiente 250 1,0% AT 747 2,9% RUP 116 0,5% 25.633 100,0%
Notas finais - questões críticas A importância do COMO: o essencial dos problemas já estava identificado em 2007 Equilíbrios macro económicos e política regional crescimento e desequilíbrio externo Efeitos nos orçamentos públicos futuros Instrumentos de apoio à decisão: Análises Custo Benefício mais rigorosas para grandes projectos; Critérios para a concessão de apoios a projectos de base municipal e supramunicipal (oportunidade dos investimentos e sustentabilidade financeira)
Notas finais - questões críticas: as visões simplistas
Notas finais - questões críticas: as visões simplistas
Notas finais - questões críticas: as visões simplistas
Notas finais - questões críticas: as visões simplistas
Notas finais - questões críticas: as visões simplistas
Notas finais - questões críticas: as visões simplistas
Notas finais - questões críticas: as visões simplistas
Notas finais - questões críticas: as visões simplistas
Notas finais - questões críticas Objectivos realistas e rigorosos Forma de organização territorial do Estado e Desenvolvimento O Futuro da União Brexit e futuro da Política Regional Os Fundos Estruturais não são um substituto para uma gestão macroeconómica sã e mecanismos de governação adequados ao nível regional e local
algumas reflexões OBRIGADO Estarreja - 7 Dezembro 2016 João Faria Representação da Comissão Europeia - Lisboa