Internationaljoint Conference RADIO 2014 Gramado, RS, Brazil, Augustl 26-29, 2014 SOCIEDADEBRASILEIRA DEPROTEÇÃO RADIOLÕGICA - SBPR AVALIAÇÃO DA ATENUAÇÃO DE AVENTAIS PLUMBÍFEROS COM DIFERENTES EQUIVALÊNCIAS DE CHUMBO PARAUSO EM SERVIÇOS DE RADIOLOGIA Juliana Pimentel ', William Mello Borgonhi ' e Stefânia Vanni 1 Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) Av. Ipiranga, n 6690, Jardim Botânico 90610-000 Porto Alegre - RS - Brasil i uliana. pimentel( >,pucrs. br 2 Instituto Pró Universidade Canoense (IPUC) Av. Guilherme Schell, 5000, Centro 92310-000, Canoas, - RS - Brasil borgonhi( >,gmail.com, iupimentel.física( >,gmail.com 3 AFIM Assessoria em Física Médica (AFIM) Av. Ipiranga, n 6681, Prédio 96E, Sala 218, Partenon 90619-900, Porto Alegre, - RS - Brasil borgonhi(,gmail.com; stevanni87(,gmail.com RESUMO Este trabalho tem como intuito avaliar a atenuação de vestimentas de proteção individual de borracha plumbífera com equivalência de 0,25 e 0,50 mmpb, à radiação espalhada. Utilizouse, como emissor de radiação, um equipamento de raios X da marca GE modelo XR6000 com tensão máxima de 150 kvp, corrente elétrica máxima de 630 ma. Como objeto espalhador foi utilizado um simulador de acrílico cilíndrico com medidas de 32 cm por 15 cm. Para coleta das medidas foi utilizada câmara de ionização de marca Fluke Biomedical modelo Victoreen 451B-DE-SI. As vestimentas de proteção individual avaliadas foram dois aventais de borracha com equivalência de 0,25 e 0,50 mmpb. Para realização do experimento foi posicionado o simulador na mesa do equipamento alinhado com o feixe primário com distância foco-filme de um metro. Foram utilizados como parâmetros de exposição 85 kvp, 80 ma e 2,5 s. Foram realizadas aquisições nas distâncias de 50 a 250 cm, variando de 25 em 25 cm. Para cada distância foram feitas quatro medidas no ar e quatro medidas com cada VPI à frente do medidor, verificando a taxa de dose equivalente e tabelando os valores obtidos. Para os aventais com equivalência de 0,25mmPb a atenuação média obtida foi de 94,05%, com desvio padrão de 1,36. Já para os aventais com 0,50mmPb a atenuação atingida foi de 97,6%, com desvio de 0,75. A partir dos resultados obtidos com essa avaliação, fica evidente a importância das vestimentas de proteção radiológica nas rotinas de indivíduos ocupacionalmente expostos aos raios X. 1. INTRODUÇÃO
Os serviços de radiologia vêm crescendo em larga escala anualmente. Segundo dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), existem hoje no Brasil 81.206 [1] equipamentos de diagnóstico por imagem que utilizam raios X. O uso das radiações ionizantes para fins diagnósticos é uma grande ferramenta utilizada pela medicina, possibilitando a detecção de tumores e fraturas (na radiologia convencional, tomografia computadorizada, mamografia) [2]. Porém, a radiação ionizante também pode causar efeitos biológicos nos seres humanos, alguns com manifestação em curto prazo e outros com manifestação tardia, mesmo décadas após a exposição [3]. Estes efeitos podem ser denominados determinísticos e estocásticos. Os efeitos determinísticos são os efeitos decorrentes da exposição a altas doses de radiação e são diretamente proporcionais a exposição, como por exemplo, a morte celular, a esterilidade e a ocorrência de cataratas. Os efeitos estocásticos manifestam-se após meses ou anos à exposição, não permitindo assim, estabelecer uma relação clara de "causa e efeito". Estes estão relacionados a baixas doses de radiação como as decorrentes de exposições frequentes às quais os profissionais que trabalham com radiação estão sujeitos [4]. Em vista disso, normas de proteção radiológica foram estabelecidas para controlar a exposição tanto do público, quanto do trabalhador ocupacionalmente exposto. Três princípios regem as rotinas de Proteção Radiológica: Justificação, Otimização e Limitação de Dose [5]. A Justificação garante que nenhuma exposição é realizada sem necessidade, uma vez que é validada pelo solicitante, assim a exposição só será realizada se trouxer benefício líquido para o indivíduo. Otimização ocorre quando se atinge e utiliza doses baixas de radiação, garantindo a qualidade da imagem que será usada no diagnóstico. A Limitação de Dose, por fim, busca a constante redução das doses oferecidas aos pacientes através da revisão das rotinas, das tecnologias e dos protocolos utilizados. A legislação brasileira através da Portaria MS453/98[6] e da NR6[7] estabelece que as instituições de saúde que possuem equipamentos emissores de raios X ofereçam Vestimentas de Proteção Individual (VPI) tanto aos seus funcionários, quanto para pacientes e acompanhantes quando possível e/ou necessário. Essas VPLs devem ter no mínimo a espessura de borracha equivalente a 0,25mm de chumbo (mmpb), de modo a proteger o tronco, incluindo a tireóide e gônadas[2]. Estas vestimentas devem ser capazes de reduzir a exposição à radiação ionizante recebida pelo usuário através da atenuação do material, neste caso a borracha com equivalência ao chumbo. Nessa linha, o objetivo desse trabalho é avaliar a atenuação de VPFs de borracha plumbífera com equivalência de 0,25 mmpb e 0,50 mmpb à radiação espalhada usando um simulador. 2. METODOLOGIA 2.1. Coleta de Dados Este estudo foi realizado dentro de uma Unidade de Pronto Atendimento do Sistema Único de Saúde. RADIO 2014, Gramado, RS, Brazil.
Para a coleta de dados foi utilizado como emissor de radiação um equipamento de radiologia convencional da marca GE Healthcare, modelo XR6000, com tensão máxima de 150 kv, corrente elétrica máxima de 630 ma, ponto focal de 1,2 mm para foco grosso e 0,6 para foco fino, filtração total de 2,3 mmal e gerador de alta frequência. Como objeto espalhador foi utilizado um simulador cilíndrico de abdômen adulto de acrílico com medidas de 32 cm de diâmetro por 15 cm de espessura. Para medir a taxa de dose equivalente foi usada uma câmara de ionização da marca Fluke Biomedical, modelo Victoreen 451B-DE-SI. Este equipamento oferece automaticamente a taxa de dose equivalente medida em mili Sievert por hora (msv/h). Para a coleta de dados foram utilizados dois aventais de borracha plumbífera, contendo equivalência de 0,25 e 0,50 mmpb, da marca Konex. Ambos produzidos seguindo os critérios exigidos pela NBR IEC 61331 da ABNT [8]. Para a realização do experimento posicionou-se o simulador na mesa de exames do equipamento alinhando com o feixe primário. O tubo de Raios X foi posicionado com distância foco-filme de um metro resultando em uma distância foco-pele de 80 cm. Foi utilizado como protocolo de aquisição 85 kvp, 80 ma e 2,5 s. O medidor de radiação foi posicionado de forma perpendicular ao feixe primário e na altura do centro do espalhador. Foram realizadas aquisições nas distâncias de 0,5; 0,75; 1,0; 1,25; 1,5; 1,75; 2,0; 2,25 e metros. Para cada distância foram realizadas quatro medidas, inicialmente sem o avental e em seguida com os aventais com equivalência de 0,25 e 0,50 mmpb. Os valores obtidos foram tabelados para análise. 2.2. Análise dos Dados A análise dos dados consiste em uma comparação entre os valores obtidos para cada equivalência em relação às medidas obtidas no ar. A partir desta análise, foi possível estimar a atenuação correspondente a cada avental. Para análise dos dados foi utilizado o software MS Excel para construção de tabelas e gráficos. As tabelas a seguir apresentam as medidas obtidas em msv/h, com e sem avental, para as diferentes distâncias. Tabela 1. Medidas obtidas no ar sem a presença do avental plumbífero. DISTÂNCIA (m) 0,50 0,75 1,00 1,25 1,50 1,75 2,00 2,25 MEDIDA 1 137,0 66,0 37,0 26,0 17,6 13,0 9,7 MEDIDAS SEM AVENTAL MEDIDA 2 MEDIDA 3 MEDIDA 4 137,0 137,0 137,0 66,0 66,0 66,0 37,0 37,0 37,0 26,0 26,0 26,0 17,5 17,4 17,6 13,0 13,0 13,0 9,5 9,0 9,7 MÉDIA (msv/h) 137,00 66,00 37,00 26,00 17,53 13,00 9,48 0 0 DESVIO PADRÃO 0,08 0,29 Radio 2014, Gramado, RS, Brazil.
Tabela 2. Medidas obtidas utilizando a vestimenta de proteção com equivalência em 0,25 mmpb. DISTÂNCIA (m) 0,50 0,75 1,00 1,25 1,50 1,75 2,00 2,25 MEDIDA 1 8,90 4,10 2,80 1,62 1,46 0,58 0,64 0,30 0,26 MEDIDAS COM AVENTAL DE 0,25mmPb MEDIDA 2 MEDIDA 3 MEDIDA 4 MÉDIA (msv/h) 8,70 8,90 9,50 9,000 3,90 3,80 4,10 3,975 2,80 2,90 2,80 2,825 1,69 1,78 1,63 1,680 1,34 1,49 1,42 1,428 0,77 0,77 0,61 0,683 0,49 0,45 0,54 0,530 0,29 0,29 0,30 0,295 0,25 0,27 0,26 0,260 DESVIO PADRÃO 0,30 0,13 0,04 0,06 0,06 0,09 0,07 Tabela 3. Medidas obtidas utilizando a vestimenta de proteção com equivalência em 0,50 mmpb. DISTÂNCIA (m) 0,50 0,75 1,00 1,25 1,50 1,75 2,00 2,25 MEDIDA 1 1,69 1,61 0,83 0,36 0,27 0,20 0,14 0,09 MEDIDAS COM AVENTAL DE 0,5mmPb MEDIDA 2 MEDIDA 3 MEDIDA 4 MÉDIA (msv/h) 3,00 3,00 2,20 2,675 1,69 1,84 1,59 1,703 1,47 1,50 1,49 1,518 0,96 0,79 0,76 0,835 0,40 0,37 0,38 0,378 0,26 0,26 0,26 0,263 0,20 0,21 0,24 0,213 0,16 0,15 0,14 0,145 0,10 0,10 0,09 0,096 DESVIO PADRÃO 0,34 0,09 0,05 0,08 0,02 A partir das médias dos valores obtidos para cada amostra, foi calculado o valor estimado da atenuação de cada avental dividindo a média das medidas sem avental pela diferença das médias dos valores com e sem avental. Finalmente, multiplica-se o valor obtido para cada avental por cem. 3. RESULTADOS A partir da análise dos dados foi possível chegar a uma atenuação estimada de 94,05% para o avental plumbífero com equivalência de 0,25 mmpb com desvio padrão de 1,36. Para o avental plumbífero com equivalência de 0,50 mmpb obteve-se uma atenuação estimada de 97,6% com desvio de 0,75. As figuras a seguir mostram os gráficos com as medidas realizadas no ar com e sem avental demonstrando o comportamento da atenuação de cada VPI. RADIO 2014, Gramado, RS, Brazil.
COMPARAÇAO ENTRE MEDIDAS SEM AVENTAL E COM AVENTAL DE 0,25 mmpb SEMAVENTAL 0,25mmPb «- 0,50 0,75 1,00 1,25 1,50 1,75 2,00 2,25 Distâacia (m) Figura 1. Comparação entre medidas sem avental e com avental de 0,25 mmpb. > SL ü 03 > \ H u x s Q u a «Í< rz - 160 140 120 100 RO 60 40 JU ü COMPARAÇAO ENTRE MEDIDAS SEM AVENTAL E COM AVENTAL DE 0,50 mmpb 0,50 0,75 1,00 1,25 1,50 1,75 2,00 2,25 Distâüda (m) SEMAVENTAL 0,50mmPb Figura 2. Comparação entre medidas sem avental e com avental de 0,50 mmpb. 4. DISCUSSAO O uso das radiações ionizantes é uma importante fenamenta para o diagnóstico médico. Todavia, é preciso estar consciente que além dos múltiplos benefícios do diagnóstico por imagem, a utilização das radiações pode trazer riscos tanto para os usuários quanto para os trabalhadores expostos em sua rotina de trabalho. Para tanto medidas de proteção de radiológica devem ser utilizadas como, citado na Portaria MS 453/98 [6], entre elas estão Radio 2014, Gramado, RS, Brazil.
blindagem e distância, contempladas neste trabalho. Neste documento, também é recomendado o uso de vestimentas de proteção individual, a fim de atenuar a exposição à radiação ionizante. 5. CONCLUSÃO Neste trabalho, foram avaliados dois tipos de avental com equivalência em chumbo de 0,25 e 0,50 mmpb. Os dados obtidos evidenciam a importância da utilização das vestimentas para a proteção radiológica, uma vez que as atenuações obtidas superaram 90%. Dentre os aventais avaliados, o correspondente a 0,50 mmpb foi o que obteve maior atenuação, sendo este o recomendado a exposições à radiação primária. REFERÊNCIAS 1. [1] Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde - CNESnet. Secretaria de atenção à saúde. [acessado em 05 de julho de 2014]. Disponível em: http://cnes.datasus.gov.br/mod_ind_equipamento.asp?vestado=00. 2. [2] F. A. P. Soares et al., "Utilização de vestimentas deproteção radiológicapara redução de dose absorvida: uma revisão integrativa da literaturd\ Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por imagem, 2011; Mar/Abr;44(2):97-103 3. [3] A. G. Pereira, F. A. P. Soares, "Desenvolvimento de teste de integridade para vestimenta de proteção radiológica" Caderno de publicações acadêmicas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina, v. 2, p. 55-60, 2010. 4. [4] G. DTppolito, R. B. Medeiros, "Exames Radiológicos na Gestação", Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem, 2005; 38 (6): 447-450. 5. [5] M. C. Seares, C. A. Ferreira, "A importância do conhecimento sobre radioproteção pelos profissionais da radiologia", CEFET/SC Núcleo de Tecnologia Clínica, Florianópolis, Brasil, 2007. 6. [6] Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. "Diretrizes de proteção radiológica em radiodiagnóstico médico e odontológico", Portaria n 453, de I o de junho de 1998. Brasília, DF: Diário Oficial daunião, Brasil, 2 dejunho de 1998. 7. [7] Ministério do Trabalho. Portaria MTB n 3.214, de 08 de junho de 1978. Aprova as normas regulamentadoras - NR - do Capítulo V, Título II, da consolidação das leis do trabalho, relativas à segurança e medicina do trabalho, "NR-6 - Equipamento de proteção individual - EPF. Portaria SIT/DSST n 194, de 07 de dezembro de 2010. Brasília, DF: Diário Oficial da União, Brasil, 08 de dezembro de 2010. 8. [8] Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, "Dispositivos de proteção contra radiação Xpara fins de diagnóstico médico". ABNT NBR IEC 61331. Rio de Janeiro, RJ: Associação Brasileira de Normas Técnicas; 2004. RADIO 2014, Gramado, RS, Brazil.