Jingle Anuncie no Rádio 1 Bluesvi SANTOS 2 Vivian Santos Feitoza SILVA 3 Mario Cesar Pereira OLIVEIRA 4 Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE Resumo Este trabalho tem como principal objetivo descrever o processo de criação, produção e pós-produção do jingle produzido na disciplina de Produção Audiovisual para a Publicidade II da Universidade Federal de Sergipe. O jingle Anuncie no Rádio tinha como meta levar ao conhecimento dos ouvintes, principalmente anunciantes em potencial, a importância do rádio para fins mercadológicos quando se trata de tornar públicos serviços, produtos ou marcas. A demanda de criação de um jingle para vender o rádio enquanto mídia fez do exercício de criação uma reflexão sobre as próprias características do rádio. Palavras-chave: jingle, mídia, música, publicidade, rádio. INTRODUÇÃO Esse paper aborda o processo de composição, arranjo e gravação de um jingle realizado como um dos exercícios laboratoriais da disciplina Produção Audiovisual para a Publicidade II da Universidade Federal de Sergipe sobre a orientação do Professor Mario Cesar Pereira Oliveira, cujo intuito acadêmico tinha por fim ensinar por meios teóricos, técnicos e principalmente práticos aos discentes o processo de criação publicitária de peças voltadas para os meios audiovisuais. Na disciplina foram criados diversos trabalhos para esses meios, principalmente, para TV e Rádio. Este jingle é um dos trabalhos oriundos desse processo. O rádio, já foi no passado, a mídia que recebia os maiores investimentos publicitários, sua era de ouro teve fim com o surgimento e posterior massificação da televisão que fez essas verbas migrarem para a nova mídia e o rádio teve que se adaptar a sua nova realidade financeira. No entanto, ao invés, de sumir, o rádio é, ainda hoje, 1 Trabalho submetido ao XXI Prêmio Expocom 2014, na Categoria Publicidade e Propaganda, modalidade Jingle (avulso). 2 Aluno líder do grupo e estudante do 9º Semestre do Curso de Publicidade e Propaganda, email: bluesvi@gmail.com 3 Estudante do 9º Semestre do Curso de Publicidade e Propaganda, email: vivian-aju@hotmail.com 4 Orientador do trabalho. Professor do Curso de Publicidade e Propaganda, email:. mariocesar@infonet.com.br 1
uma mídia publicitária de grande alcance, baixo custo e com grande segmentação de público, encontrando assim um espaço próprio nesse novo contexto. A criação em rádio para ser eficaz deve articular de forma adequada os elementos de sua linguagem. Segundo Meditsch: A linguagem auditiva do rádio pode ser delimitada teoricamente, como um sistema semiótico complexo, composto por subsistemas tais como a palavra, a música e os efeitos sonoros ou ruídos. O funcionamento do sistema como um todo, assim como a definição e o papel de cada um dos subsistemas dentro delem obedece a uma série de convenções que o tornam manejável, socialmente compartilhável, e desta forma eficaz e inteligível (MEDITSCH apud HERNANDES, 2006, p. 99). O jingle tem uma grande importância na história do rádio e é uma peça publicitária que faz parte da história desse meio. Tem características marcantes como uma ligação direta com o ouvinte, podendo criar um envolvimento emocional com a mensagem, além de ter uma curta duração e ainda contar com rimas pra facilitar a memorização do ouvinte. É uma peça do rádio que exige maior tempo de produção e possui um baixo custo comparado ao spot, porém, o alto índice de memorização torna o jingle uma das peças publicitárias mais eficientes. O jingle Anuncie no Rádio é resultado de uma atividade laboratorial para um cliente fictício, intitulado Associação Brasileira de Rádios, que tinha como intuito proporcionar um exercício de criação que permitisse o estudo e a reflexão sobre as características da mídia radiofônica. OBJETIVO O jingle produzido tem como objetivo principal chamar a atenção dos anunciantes para uma valorização do rádio levando em consideração os atributos que o tornam uma ótima opção no processo de veiculação de campanhas e anúncios. Com uma campanha voltada diretamente para o anunciante, outro importante objetivo era trabalhar o lado mercadológico, mas, sem esquecer o emocional, para que essa mídia tão importante não caísse em desuso, muito disso por conta de meios mais interativos. JUSTIFICATIVA 2
O termo inglês jingle faz parte do vocabulário brasileiro com a mesma grafia e significado, com o objetivo de ser uma música de fácil assimilação, tem fins mercadológicos por ser uma peça publicitária com interesse de promoção de serviços, produtos ou ideias. A propaganda é uma tática mercadológica, um instrumento de vendas. Pode parecer óbvio, mas é uma obviedade que precisa ser constantemente revista porque a atividade publicitária é tão complexa e rica em dimensões humanas e tecnológicas que frequentemente seus profissionais desviam-se do objetivo de mercado. A propaganda trabalha com a arte, criatividade, raciocínio, moda, cultura, psicologia, tecnologia, enfim, um complicado composto de valores e manifestações da capacidade humana (RIBEIRO, 1985, p. 57). No Jingle, a união entre melodia e letra deve ser uma das preocupações principais, pois o intuito é ser agradável e de fácil memorização por parte do público. Assim como a música popular, o jingle faz uso de refrães de fácil memorização, seu estilo musical depende, no entanto, do público-alvo que pretende atingir. Criar é tornar interessante um assunto que às vezes não é. É aparecer simplesmente mais que estar presente num espaço de televisão, jornal ou outras mídias. Criativa é a campanha que consegue que o consumidor não fique indiferente, que ele se emocione, ria, sorria ou fique com água na boca e, principalmente, que tenha vontade de comprar (RIBEIRO, 1985, p. 112). O briefing prescrevia a criação de peças publicitárias voltadas para a propagação da mensagem para um público-alvo composto majoritariamente por publicitários, para que incentivem seus clientes a veicular no rádio, e também por anunciantes, para que reconheçam o potencial do rádio como mídia para divulgar suas marcas. Nesse sentido, um público tão segmentado, possibilitou a criação de letra e arranjo mais sofisticados, sem esquecer, porém, o lado sentimental desse público. O jingle, enquanto peça mais elaborada foi a opção ideal para atingir esse objetivo. As informações necessárias para a criação do jingle estavam todas no briefing que era fechado, com um objetivo específico, então foi necessário pensar em algo efetivo, que trouxesse o apelo auditivo, sem deixar de ser agradável e, especialmente, sem adotar um tom melancólico, pois não poderia ser percebida como uma peça de cunho derrotista por conta da gradativa redução histórica de anunciantes no rádio. Optou-se por apelos que pudessem levantar o conceito do rádio e fazer com que os ouvintes recordassem da sua época de ouro. A importância do rádio para muitos indivíduos ainda é muito grande por conta do seu contexto histórico e a sua presença ainda é muito forte no imaginário de grande parte da população. O rádio ainda se 3
destaca por ser um meio de fácil acesso presente em uma ampla diversidade de ambientes. MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADAS A partir do briefing foram destacadas as características da mídia radiofônica que seriam trabalhadas no conteúdo da letra. O processo de composição optou pelo country por ser um estilo musical com uma bagagem histórica muito importante, acreditando na possibilidade de identificação do público-alvo com a peça publicitária. O jingle foi realizado no Estúdio Acadêmico de Rádio da Universidade Federal de Sergipe. O único instrumento musical utilizado na gravação foi uma guitarra stratocaster Parker P-30 que foi utilizada em várias faixas para compor o arranjo final do jingle. Não foi aplicado nenhum efeito sobre a voz ou a guitarra. O processo de captura foi feito com uma placa M-audio Fast Track Pro e o programa Reaper. Após a captação foi realizada uma atividade de edição em sala de aula para a execução da edição pelos próprios estudantes. Nessa etapa foi feito o nivelamento do vocal e das três faixas gravadas com a guitarra para atingir o resultado esperado. O primeiro passo foi a composição vocal unindo letra e melodia. No segundo momento foi feito o processo da criação harmônica e a harmonia foi escrita em formas de cifras. No terceiro momento foram criados os arranjos, integrando a melodia vocal, ritmo e harmonia, nessa etapa decisões importantes foram tomadas e o jingle começou a tomar forma. Alguns testes com diferentes arranjos de preenchimento foram feitos com a guitarra, entre estes foram escolhidos duas guitarras de preenchimento além da guitarra guia. Para a gravação foi realizada uma primeira rodada, que resultou em uma guia com a voz e guitarra base, depois, separadamente, foram gravadas as versões finais da voz e das guitarras. DESCRIÇÃO DO PRODUTO O rádio, por ser um veículo de comunicação popular, possui, entre outras, uma linguagem cujo uso normalmente tem tom coloquial, a linguagem falada. E é através da construção intencional com abordagens simples, objetivas e com tom coloquial, através da qual o ouvinte se abre à possibilidade de contemplar as informações de uma forma mais proveitosa e íntima com o meio. O rádio faz com que o receptor desfrute de uma 4
relação diretamente interligada com o imaginário de cada um. Isso acontece porque tem a capacidade de dialogar com a imaginação de cada ouvinte, que acessa suas próprias memórias visuais enquanto escuta os elementos da linguagem radiofônica: as palavras, as músicas e os sons. Para Mcleish (2001) a redação do texto publicitário é o coração do anúncio e, nesse sentido, devem ser considerados dois aspectos: primeiro, as palavras devem ser bem escolhidas, e a segunda é a de que o rádio, como já aqui explicitado, cria imagens nas mentes dos seus receptores. Essas características são claramente positivas e eficazes quando o objetivo é anunciar no rádio, pois se o desejo é o de encontrar uma forma que faça com que todos os ouvintes ouçam e guardem o que foi dito do seu produto, é mais conveniente falar com eles da forma como eles falam. É mais adequado procurar desprover de termos ou linguagens que possam acarretar em dificuldades no momento de compreensão da mensagem, e que talvez possam causar algum tipo de apatia entre o veículo e o ouvinte. O ideal é criar laços com o receptor, aproximando-se dele com naturalidade, quer seja um jingle, ou outro tipo de informe publicitário, pois, se o rádio é quase sempre considerado um companheiro para muitos, justamente por causa das suas características, é sobre estas que se deve sempre procurar desenvolver produções para o rádio. Essas são algumas das afirmações que ressaltam o modo como devemos lidar na construção de um bom anúncio, quando se trata da linguagem radiofônica, porque é evidente que a construção de um bom anúncio para o rádio envolve todo um sistema de técnicas e mecanismos que quando aplicados geram bons resultados. A criação do jingle foi guiada por esse método de articulação de linguagem comumente aplicado nos spots: a sensação de linguagem falada. E como o produto a ser vendido através do jingle seria o próprio rádio como meio massivo, a ideia seria utilizar características da própria mídia, que, quando resumidas a palavras e frases pudessem ser enaltecidas a partir do momento que fossem rimadas e aplicadas a uma melodia. No momento de construção, o trabalho não fora apenas pensado como mais uma atividade de sala de aula, pelo contrário, foi pensado de um ponto de vista profissional, no esforço de trazer certas características que se aproximassem de algo verdadeiramente vendável. Desta forma, a inserção das rimas a partir da perspectiva da abordagem da linguagem coloquial e persuasiva foi de encontro à preocupação de como o ouvinte se portaria quando se deparasse com o anúncio. Foi levada em conta a capacidade do jingle 5
em inscrever na memória tanto a melodia quanto a letra. O jingle também procurou despertar reações emocionais por parte do ouvinte. A criação do jingle também se apoiou em alguns recursos que poderiam reforçar a sua estrutura, por exemplo, pra um jingle ser bom ele não precisa de palavras em excesso, subtraindo qualquer palavra desnecessária de sua letra, optou-se por uma abordagem que fosse direto ao ponto. Outra preocupação se deu com relação ao uso da repetição como artifício retórico. No refrão são repetidas quatro vezes a palavra venha, por ser um verbo de ação, a palavra soa enérgica e torna mais enfático o objetivo principal do jingle que é o de convencer o anunciante a escolher o rádio para anunciar. A utilização das rimas é imprescindível na construção de jingles e tem muita utilidade, pois permitem que o jingle seja mais eloquente, fazendo com que seu consumidor tenha facilidade para assimilar as palavras e possa guardá-las. Em relação à música, foi decidida a criação da própria melodia através de uma composição rítmica que valorizasse a letra e que pudesse ser memorável e cativante ao ouvinte. Na letra foi definida a utilização de termos que fizessem alusão direta aos objetivos que deveriam ser atingidos por tudo que foi identificado como importante no briefing. Pensando em ser agradável para os ouvintes, a letra, a melodia e a voz, deveriam ter um casamento perfeito, segundo Henry o rádio não tem aquele sentido crucial, que é a visão, você tem que compensar isso concentrando-se ainda mais no lado sonoro das coisas (HENRY apud AITCHISON, 2009, p. 107). Pensando nisso, foi trabalhada uma ideia convidativa e de entendimento direto, atrelada a uma voz feminina e suave, que junto com a melodia, são elementos que fazem referência direta aos anos de ouro do rádio, retomando esteticamente na percepção do ouvinte a nostalgia da força do rádio como mídia nesse período. A letra traz ainda, informações muito importantes como o custo acessível do anúncio no rádio, a velocidade de veiculação por conta dos diversos pontos de acesso disponíveis aos ouvintes e o alcance do rádio em lugares com difícil localização geográfica, características para as quais os seus concorrentes diretos são limitados, principalmente a internet. Além desses elementos, o rádio é uma mídia que trabalha sobre a imaginação dos ouvintes, Aitchison destaca que Calvin Soh define o rádio como a mídia mais econômica e imaginativa que existe (AITCHISON, 2009, p. 119). Levando em conta todos esses importantes elementos e os argumentos necessários para o desenvolvimento de um apelo comunicativo através de uma peça, foi 6
criado o jingle Anuncie no Rádio. A peça teve todos os processos de produção feitos no Estúdio Acadêmico de Rádio da Universidade Federal de Sergipe. Ficha Técnica: Nome do Jingle: Anuncie no Rádio Intérprete Vivian Feitoza Duração: 45 Arranjos Bluesvi Santos Local Estúdio Acadêmico de Rádio da Universidade Federal de Sergipe LOC 1 LOC 2 C F G C SE VOCÊ PROCURA UMA MÍDIA PARA ANUNCIAR C F G C DE FORMA MAIS BARATA E SELETIVA C C B Bb A NÃO DEMORE MUITO PARA PERCEBER Dm G QUE O RÁDIO É A MELHOR OPÇÃO PRA VOCÊ C VENHA ANUNCIAR Am VENHA PERCEBER Dm G QUE O RÁDIO É MELHOR C VENHA ANUNCIAR Am VENHA PERCEBER Dm F G C QUE NA COMUNICAÇÃO ELE É MAIS VELOZ ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE RÁDIOS 7
CONSIDERAÇÕES O jingle Anuncie no Rádio exprime em todos os aspectos da linguagem musical a identificação com um público-alvo altamente segmentado, composto por publicitários e anunciantes. No que se refere ao ritmo, o Country traz para o jingle uma pegada rápida, porém, sem perder uma característica de canção, tendo um tom elegante guiado pela doce voz feminina que faz alusões as cantoras da era de ouro rádio, relembrando esteticamente a força do rádio no passado. Reforçando todos esses apelos, conta também com uma melodia marcada pela sofisticação e elegância. A sua harmonia possui várias nuances e variações que reforçam esse ar sofisticado. A letra do jingle reforça as características principais que se pretende transmitir ao seu público-alvo. Sua letra fala na terceira pessoa do singular, de forma pessoal, íntima, convidando o público-alvo a aproximar-se do rádio. A música abre com uma condicional se você procura uma mídia para anunciar, criando uma possibilidade de identificação por parte do cliente. O refrão é composto por uma séries de convites venha anunciar..., venha perceber.... Dentre as principais características destacadas da mídia radiofônica no jingle estão o seu preço acessível, sua velocidade, alcance e alto potencial de segmentação de públicos. REFERÊNCIAS AITCHISON, Jim. A propaganda de Rádio do século XXI. Tradução Isa Mara Lando. São Paulo: Bossa Nova, 2009. CESAR, Cyro. Rádio: inspiração, transpiração e emoção. 2. ed. São Paulo: IBRASA, 1999. HERNANDES, Nilton. A mídia e seus truques: o que o jornal, revista, TV, rádio e internet fazem para captar e manter a atenção do público. São Paulo: Contexto, 2006. MCLEISH, Robert. Produção de rádio: um guia abrangente de produção radiofônica. 1ª edição. São Paulo: Editora Summus, 2001. 8
REIS, Clóvis. Propaganda no rádio: os formatos de anúncio. Blumenau, EDIFURB, 2008. RIBEIRO, Julio. Tudo que você queria saber sobre propaganda e ninguém de paciência de explicar. São Paulo: Atlas, 1985. 9