Efeitos do ph e de Níveis de Fósforo no Crescimento Inicial de Erva-de- São-João (Hypericum perforatum L.).

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Transcrição:

Efeitos do ph e de Níveis de Fósforo no Crescimento Inicial de Erva-de- São-João (Hypericum perforatum L.). Alexandra G. de Souza 1 ; Cassandro V. T. do Amarante 1 ; Paulo Roberto Ernani 1 1 CAV/UDESC, C. Postal 281, 88.502-970, Lages-SC. RESUMO Este trabalho objetivou avaliar os efeitos de níveis de ph e de fósforo do solo no crescimento inicial de erva-de-são-joão (Hypericum perforatum L.). O experimento foi conduzido em Lages, SC, no período de julho a dezembro de 2003, em casa de vegetação. Foi utilizado o delineamento experimental inteiramente casualizado, segundo um esquema fatorial 4x3, correspondente a quatro níveis de ph (4,1, 5,5, 6,0 e 6,5) e três doses de fósforo (0, 50 e 100 mg kg -1 de solo), com quatro repetições. Cada repetição correspondeu a um vaso (1,0 kg de solo) com duas plantas. Foram avaliados a massa seca da parte aérea e o número de glândulas escuras presentes nas folhas, cinco meses após o plantio das mudas. O efeito do P no rendimento de massa seca variou com o ph: no solo sem P, a massa seca aumentou até ph 5,5; naquele com 50 mg kg -1 de P, até ph 6,0, e no tratamento com 100 mg kg -1 de P, até ph 6,5. No solo sem calagem (ph 4,1) e com ph 6,5 a massa seca aumentou com a aplicação de P; nos tratamentos com ph 5,5 e 6,0 a aplicação de P não influenciou a massa seca. Na ausência de P, o número de glândulas escuras aumentou com a calagem, até ph 5,5; quando o solo recebeu P (50 e 100 mg kg -1 ), o número de glândulas escuras nas folhas não foi influenciado pela calagem. No solo sem calcário (ph 4,1), a aplicação de P aumentou o número de glândulas escuras; quando o solo recebeu calcário, independente da dose, a adição de P não afetou o número de glândulas. A produção de massa seca respondeu a adubação fosfatada e a calagem. O número de glândulas escuras na planta aumentou sem a necessidade da aplicação de P quando o solo recebeu calagem. Palavras-chave: Hypericum perforatum L., planta medicinal, nutrição. ABSTRACT This work was conduced to investigate the effects of ph and phosphorus levels in the soil on initial growth of St. John s wort (Hypericum perforatum L.). The experiment was carried out in Lages, SC, from July until December of 2003, in greenhouse conditions. The experiment followed a completely randomized factorial design (4x3), with four levels of ph (4.1, 5.5, 6.0, and 6.5) and three doses of phosphorus (0, 50, and 100 mg kg -1 of soil), and four replicates.

Each replicate corresponded to a pot (1,0 kg of soil) with two plants. Plants were harvested and assessed for top dry matter and number of dark glands on the leaves five months after plants transplantation to the pots. The effect of P on top dry matter was dependent on ph. On treatments with P levels of 0, 50, and 100 mg kg -1, the top dry matter increased when the ph increased up to 5.5, 6.0, and 6.5, respectivelly. On soils with ph values of 4.1 and 6.5 the top dry matter increased with increasing doses of P, while on soils with ph values of 5.5 and 6.0 the addition of P did not affect the plants top dry matter. With no addition of P to the soil, the number of dark glands on the leaves increased with the increase of ph value up to 5.5, while this attribute was not affected by ph when P was applied to the soil at the doses of 50 and 100 mg kg -1. Only on soil with ph value of 4.1, the increase of P level increased the number of dark glands on the leaves. The plants top dry matter increased with the increment of ph and P levels in the soil. The number of dark glands increased without the need of P application when the soil ph was 5.5 or higher. Keywords: Hypericum perforatum L., medicinal plant, nutrition. A erva-de-são-joão (Hypericum perforatum L.) é uma planta herbácea, perene, pertencente à família Hypericaceae, originária da Ásia, Europa e norte da África (POUTARAUD et al., 2000). Atualmente é cultivada em muitos outros países, e utilizada como planta fitoterápica no tratamento de depressão leve a moderada, que afeta de 3 a 5% da população mundial (POUTARAUD et al., 2000). A planta contém um grande número de metabólitos secundários, como os flavonóides, ácidos fenólicos, taninos e os derivados antraquinônicos (hipericina, iso, proto e pseudo hipericina). Estas últimas são substâncias típicas do gênero Hypericum responsáveis pela ação antidepressiva do extrato da planta (BRISKIN et al., 2000; SOUTHWELL & BOURKE, 2000; CELLOROVA et al., 1994; CURTIS & LERSTEN, 1990). Diversos fatores ambientais podem afetar a biossíntese e o acúmulo da hipericina na planta (BRISKIN et al., 2000; SOUTHWELL & BOURKE, 2000), necessitando de estudos visando avaliar os seus impactos na qualidade fitoterápica das plantas. O teor de hipericina na erva-de-são-joão está relacionado diretamente com a presença de glândulas escuras nas folhas, flores e botões (BRISKIN et al., 2000), e esta, pode variar de acordo com as condições ambientais as quais a planta está submetida (SOUTHWELL & BOURKE, 2000). O presente estudo avaliou o efeito do ph e do suprimento de fósforo na produção de glândulas escuras nas folhas e no crescimento inicial de erva-de-são-joão.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em casa de vegetação no Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV/UDESC), em Lages, SC, no período de 22 de julho a 19 de dezembro de 2003. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, seguindo um fatorial 4 x 3, correspondendo a quatro níveis de ph (4,1, 5,5, 6,0 e 6,5) e três doses de fósforo (0, 50 e 100 mg kg -1 ), com quatro repetições, cada repetição correspondendo a um vaso (1,0 kg de solo) contendo duas plantas. Foi utilizado um Cambissolo Húmico Álico, coletado de 5-15 cm de profundidade, com um teor inicial de fósforo de 6,0 ppm, corrigido com doses equivalentes a 0, 15, 21 e 29 t ha -1 de calcário dolomítico, para atingir valores de ph de 4,1 (ph natural do solo), 5,5, 6,0 e 6,5, respectivamente. Para suprir as doses de fósforo 0, 50 e 100 mg kg -1 de solo foi utilizado fosfato de potássio monobásico (KH 2 PO 4 ) e sulfato de potássio (K 2 SO 4 ) para a correção do potássio. As plantas foram colhidas cinco meses após o plantio das mudas. Para a avaliação da produção de matéria seca, a parte aérea das plantas foi seca a 60-65 o C durante 72 h em estufa com circulação forçada de ar. A determinação do número de glândulas escuras presentes nas folhas foi feita por contagem manual com auxílio de uma lupa, em quatro folhas por planta, totalizando oito folhas por vaso, contadas no quinto e sexto pares de folhas a partir do ápice. Os dados foram expressos como número médio de glândulas escuras por folha. Os dados foram analisados usando-se o programa SAS (SAS Institute, Inc.) e as médias comparadas pelo teste LSD (P < 0,05). RESULTADOS E DISCUSSÃO A produção de massa seca da parte aérea aumentou com a aplicação de fósforo. No tratamento sem fósforo, a massa seca teve incremento com ph até 5,5; Com 50 mg kg -1 de solo de fósforo houve incremento até ph 6,0 e com100 mg.kg -1 de solo o incremento foi até ph 6,5 (Tabela 1). No solo sem calagem (ph 4,1) e com ph 6,5 a aplicação de fósforo causou aumento na produção de massa seca. Nos tratamentos com ph 5,5 e 6,0 as doses de fósforo não afetaram a produção de massa seca (Tabela 1). Com ph baixo (4,1), grande parte do fósforo presente no solo está fortemente retido nas cargas positivas da fase sólida e na forma de precipitados de fosfato de ferro e de alumínio (ERNANI et al., 2000) permanecendo indisponível a planta. A elevação do ph aumenta as cargas negativas do solo e diminui a solubilidade do ferro e do alumínio e com isso, aumenta a disponibilidade de fósforo na solução do solo (ERNANI et al., 2000), não havendo, portanto, o efeito da

aplicação de fósforo, uma vez que o fornecido naturalmente pelo solo é suficiente para aumentar a produção de massa seca. Com a elevação do ph para 6,5, há novamente uma redução no teor de fósforo na solução do solo, devido a adição de calcário, que gera um grande aumento na quantidade de cálcio no solo, favorecendo a precipitação do fósforo na forma de fosfato de cálcio (AKINREMI & CHO, 1991). Assim, torna-se necessário a aplicação de fósforo quando o ph for igual ou superior a 6,5. Na ausência de fósforo no solo, o número de glândulas escuras aumentou com a calagem até ph 5,5. Com a aplicação de fósforo, o número de glândulas não foi influenciado pela calagem (Tabela 2), demonstrando o efeito da calagem quando não é feita aplicação de fósforo. No solo sem calcário, a aplicação de fósforo (50 mg kg -1 de solo) causou aumento na produção do número de glândulas. No entanto, quando o solo foi calcariado a adição de fósforo não afetou o número de glândulas escuras produzidas na folha (Tabela 2), indicando que a elevação do ph acima de 5,5 favorece a liberação suficiente de fósforo pelo solo, para o suprimento da planta. Além de outros benefícios, o aumento do ph até certo nível (acima de ph 6,5 há formação de fosfato de cálcio), diminui a retenção de fósforo no solo. Desta forma, a elevação do ph até 5,5, causa liberação suficiente de fósforo para que a planta responda a produção de glândulas escuras, não havendo a necessidade da aplicação de fósforo quando o ph estiver entre 5,5 e 6,0. Com relação a massa seca produzida pela erva-de- São-João, tanto a calagem como a aplicação de P geram aumento de produção. Tabela 1. Produção de massa seca da parte aérea de erva-de-são-joão em função do ph e de níveis de fósforo no solo. Os valores representam a média de quatro repetições.

Massa seca da parte aérea (gramas vaso -1 ) Dose de P (mg kg -1 ) ph 0 50 100 Média 4,1 0,75 bb 1 1,43 ac 1,37 ad 1,18 C 5,5 2,59 aa 3,07 ab 3,10 ac 2,92 B 6,0 3,04 aa 3,57 aab 3,94 ab 3,51 A 6,5 2,80 ba 4,29 aa 4,76 aa 3,95 A Média 2,29 b 3,09 a 3,29 a 2,89 C.V. (%) 45,44 38,77 41,95 43,79 1 Médias seguidas da mesma letra, minúscula nas linhas e maiúscula nas colunas, não diferem entre si pelo teste LSD (P 0,05). Tabela 2. Produção de glândulas escuras nas folhas de erva-de-são-joão em função do ph e de níveis de fósforo no solo. Os valores representam a média de quatro repetições. Número de glândulas folha -1 Dose de P (mg kg -1 ) ph 0 50 100 Média 4,1 4,50 bc 1 8,88 aa 8,88 aa 7,42 C 5,5 11,75 aab 8,13 aa 9,13 aa 9,67 AB 6,0 8,50 ab 10,13 aa 7,26 aa 8,63 BC 6,5 12,50 aa 11,00 aa 10,75 aa 11,42 A Média 9,31 a 9,53 a 9,00 a 9,28 C.V. (%) 40,74 25,59 29,88 32,05 1 Médias seguidas da mesma letra, minúscula nas linhas e maiúscula nas colunas, não diferem entre si pelo teste LSD (P 0,05). LITERATURA CITADA AKINREMI, O. O.; CHO, C. M. Phosphate transport in calcium-saturated systems: II Experimental results in a model system. Soil Sci. Soc. Am. J., v. 55, p. 1282-1287, 1991. BRISKIN, D. P.; LEROY, A.; GAWIENOWSKI, M. C. Influence of nitrogen on the production of hypericins by St. John s Wort. Plant Physiol. Biochem., n. 38, p. 413-420, 2000. CELLOROVA, E.; DAXNEROVA, Z.; KIMAKOVA K.; HALUSKOVA, J. The variability of the hipericin content in the regenerants of Hypericum perforatum L. Acta Biotechnol, v. 14, p. 267-274, 1994. CURTIS, J. D.; LERSTEN, N. R. Internal secretory structures in Hypericum perforatum L. and H. balearicum L. New Phytol., v. 144, p. 571-580, 1990.

ERNANI, P. R.; NASCIMENTO, J. A. L.; CAMPOS, M. L.; CAMILLO, R. J. Influência da combinação de fósforo e calcário no rendimento de milho. Revista Brasileira de Ciência do Solo, n. 24, p. 537-544, 2000. POUTARAUD, A.; GREGORIO, F. D. ; TIN, V. C. F.; GIRARDIN, P. Effect of light on hypericins in fresh flowering top parts and in an extract of St. John s Wort (Hypericum perforatum). Internet: http://www.medline.com.br., 2000. SOUTHWELL, I. A.; BOURKE, C. A. Seasonal variation in hypericin content of Hypericum perforatum. L. Biochemical Systematics and Ecology, n. 56, p. 437-441, 2000.