PROMOÇÃO DE SAÚDE BUCAL EM ESCOLARES DE 6 A 10 ANOS DE UMA CIDADE SEM FLUORETAÇÃO NA ÁGUA DE ABASTECIMENTO PÚBLICO

Documentos relacionados
INTEGRAÇÃO ENTRE AGRONOMIA E ODONTOLOGIA PARA A PROMOÇÃO DE SAÚDE BUCAL DE UMA POPULAÇÃO DE BAIXA RENDA

EFEITOS DA ESCOVAÇÃO SUPERVISIONADA EM ESTUDANTES DA REDE PÚBLICA DE ENSINO DA CIDADE DE QUIXADÁ

ANEXO A. Figura 1 - Cromatograma / CLAE - EEP Ivinhema/MS Fonte: Pavanelli, 2006.

Unidade: A Cárie Dentária. Unidade I:

AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES BUCAIS REALIZADAS EM ALUNOS DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO EM PONTA GROSSA, PARANÁ, DURANTE O ANO DE 2015.

15. CONEX Resumo Expandido - ISSN PROMOÇÃO E PREVENÇÃO EM SAÚDE BUCAL PARA CRIANÇAS CARENTES EM PONTA GROSSA

Promoção de Saúde na Prática Clínica

Sandra Ulinski Aguilera

Orientaçõ es Gerais sõbre as açõ es de Saú de Búcal nõ Prõgrama Saú de na Escõla

A PREVALÊNCIA DE CÁRIE DENTÁRIA EM ADOLESCENTES DE 12 ANOS NO BRASIL

Carie dentaria entre crianças de creches publicas na faixa etária de 0 a 5 anos

ATIVIDADES EDUCATIVAS E PREVENTIVAS EM ESCOLARES E O RISCO DE CÁRIE DENTÁRIA. STEIN, Caroline¹; ROSA, Adrine Maciel¹; BIGHETTI, Tania Izabel²

VEROSSIMILHANÇA ENTRE O REAL E O RELATADO SAÚDE BUCAL DE ALUNOS DE UMA INSTITUIÇÃO DE PONTA GROSSA

TCC em Re-vista SOUZA, Talita Telles de. 19. Palavras-chave: escova dental; contaminação; microrganismos. PIMENTA, Bruna Medeiros.

ECOLOGIA BACTERIANA DA BOCA. Weyne, S.C.

Banca: Prof. Dr. Wilson Galhego Garcia - Orientador - (FOA/Unesp)

1.11 Equipe Executora Número de Docentes Número de Discentes Número de Técnicos Pessoal Externo

1.1 Identificação do Projeto: ENSINA SAÚDE: Mostra Itinerante de Anatomia Aplicada à

Aspectos microbiológicos da cárie dental. Conceitos Etiologia Profa Me. Gilcele Berber

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA ESCOLA TÉCNICA DE SAÚDE CURSO TÉCNICO EM SAÚDE BUCAL. Ficha da Subfunção/Componente Curricular

PROGRAMA DE MEDICINA PREVENTIVA. Saúde Bucal

Mecanismo de Ação do Flúor Revisão de literatura

AVALIAÇÃO DE CONHECIMENTOS E PRÁTICAS EM SAÚDE BUCAL DE RESPONSÁVEIS POR CRIANÇAS ACOMPANHADAS NA FACULDADE DE ODONTOLOGIA PELOTAS\RS

EDUCAÇÃO EM SAÚDE BUCAL NA ESCOLA: EDUCAR E TRANSFORMAR

A PROMOÇÃO DE AÇÕES ODONTOLÓGICAS PREVENTIVAS COMO CONSEQUÊNCIA DE LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO EM ESCOLARES DE PALMAS TO¹

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA ESCOLA TÉCNICA DE SAÚDE CURSO TÉCNICO EM SAÚDE BUCAL. Ficha da Subfunção/Componente Curricular

PLANO DE DISCIPLINA. Carga Horária Total / Teórica / Prática: 80h / 40h / 40h Dia da semana / horário: 3ª feira : 8h 10h (Teórica) 10h 12h (Prática)

Políticas de promoção de saúde Urubatan Medeiros Doutor (USP) Professor Titular UERJ/UFRJ

OBJETIVOS. Promoção à Saúde Bucal de Adolescentes carentes, inscritos no Programa do Adolescente-Florianópolis.

Disciplina de Odontologia em Saúde Coletiva I

COMPARAÇÃO DE ÍNDICE DE CEO-d EM CRIANÇAS DE 5 ANOS DE ESCOLAS PÚBLICAS E PARTICULARES

PALESTRA EDUCATIVA NA PROMOÇÃO DE SAÚDE BUCAL COM ALUNOS DA CRECHE-ESCOLA RAINHA DA PAZ DE QUIXADÁ-CE

AVALIAÇÃO QUALITATIVA COM TÉCNICOS EM SAÚDE BUCAL SOBRE ESTRATÉGIAS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DE PROCEDIMENTOS PREVENTIVOS CONTRA A CÁRIE DENTÁRIA

EBOOK ODONTOPEDIATRIA

Prevalência de cárie dentária em crianças de uma instituição pública do município de Cascavel PR, Brasil

CURSO DE ODOONTOLOGIA Autorizado pela Portaria no 131, de 13/01/11, publicada no DOU no 11, de17/01/11, seção 1, pág.14

EFEITO DE UM PROGRAMA EDUCATIVO-PREVENTIVO NA HIGIENE BUCAL DE ESCOLARES

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA ESCOLA TÉCNICA DE SAÚDE CURSO TÉCNICO EM SAÚDE BUCAL. Ficha da Subfunção/Componente Curricular

AVALIAÇÃO DO ÍNDICE DE PLACA VISÍVEL EM CRIANÇAS PRÉ-ESCOLARES

PLANO DE DISCIPLINA. Carga Horária Total / Teórica / Prática: 80h / 40h / 40h Dia da semana / horário: 3ª feira : 8h 10h (Teórica) 10h 12h (Prática)

Saúde Bucal e Demência Prevenção e Tratamento

Sorria, mostre o que você tem de melhor!

Saúde bucal na escola: Um estudo sobre atividades de educação em saúde para estudantes. RESUMO

SAÚDE BUCAL. Cuidados Problemas Tratamento Dicas

de Odontologia da Universidade do Grande Rio UNIGRANRIO, Campus Duque de Caxias Rio de Janeiro e do Pró-Saúde/UNIGRANRIO.

A Relação da Dieta com Periodontia e Cárie

Companhia Dentes Brilhantes

Educação e Motivação em Saúde Bucal: Manual prático para Saúde Bucal de pré-escolares

HAERTEL, Camila da Fonseca¹; SANTOS, Francine da Silva²; PARKER, Bárbara Pereira 2 ; Krüger, Marta Silveira da Mota 2 ; VALLE, Sandra Costa 3

TÍTULO AUTORES: INSTITUIÇÃO ÁREA TEMÁTICA OBJETIVOS Objetivo Geral: Objetivos Específicos:

X Encontro de Extensão

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA ESCOLA TÉCNICA DE SAÚDE CURSO TÉCNICO EM SAÚDE BUCAL. Ficha da Subfunção/Componente Curricular

COMPARAÇÃO DA EFETIVIDADE DA HIGIENE BUCAL COM ESCOVA MANUAL E ELÉTRICA EM DEFICIENTES VISUAIS EM UBERLÂNDIA, MINAS GERAIS

Prevalência e Prevenção da Cárie Dental: Um relato de Experiência

(22) Data do Depósito: 25/02/2015. (43) Data da Publicação: 20/09/2016

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE MÃOS DE MANIPULADORES, MÁQUINAS DE MOER CARNE E FACAS DE CORTE, EM SUPERMERCADOS DA CIDADE DE APUCARANA- PR

Biofilmes bucais. Biofilmes bucais/placa bacteriana. Hipótese ecológica da placa. Colonização. microflora. hospedeiro. ambiente

EXAME CLÍNICO, DIAGNÓSTICO E PLANO DE TRATAMENTO

PALAVRAS-CHAVE Educação em Saúde. Odontologia preventiva. Extensão comunitária.

Universidade de São Paulo Faculdade de Odontologia

OdontoPrev. Sorria: você está sendo bem cuidado.

PERCEPÇÃO E CUIDADOS EM SAÚDE BUCAL DE MORADORES DA COMUNIDADE CAFUNDÓ DE CHORÓ, CEARÁ

Sheila Cavalca CORTELLI Profa. Adjunta de Periodontia Faculdade de Odontologia da Universidade de Guarulhos UnG

Guia da Família para a Saúde Bucal

CÁRIE E DIETA ALIMENTAR

EDUCAÇÃO EM SAÚDE BUCAL PARA ESCOLARES: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DE ALUNOS DO CURSO DE ODONTOLOGIA DA UNICATÓLICA

EDUCAÇÃO EM SAÚDE: ORIENTAÇÕES NO CUIDADO DA CAVIDADE BUCAL NO TMO DA CRIANÇA. Com foco na mãe multiplicadora

SAÚDE E CIDADANIA TRANSFORMANDO A ESCOLA EM PROMOTORA DE SAÚDE DA COMUNIDADE

CONSUMO ALIMENTAR DE ESTUDANTES DE EDUCAÇÃO BÁSICA 1

Apresentado por: Sheyla Márcia Dias Lima. Odontologia Hospitalar HMA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL CURSO DE BACHARELADO EM DESENVOLVIMENTO RURAL

TÍTULO: PROJETO NUTRIR PARA CRESCER: ANÁLISE ANTROPOMÉTRICA DE PRÉ-ESCOLARES

Pet com hálito fresco melhora até seu consultório.

Cárie Dental Conceitos Etiologia Profa Me. Gilcele Berber

Grupo de Saúde Bucal - Atendimento de Crianças de 0 a 10 anos no CS Saco Grande.

PREFEITURA MUNICIPAL DE IBIRITÉ

A PREVALÊNCIA DE CÁRIE DENTÁRIA EM 1 MOLAR DE CRIANÇAS DE 6 A 12 ANOS: uma abordagem no Novo Jockey, Campos dos Goytacazes, RJ

Cobertura Odontológica

RESTAURAÇÃO DE MOLAR DECÍDUO COM RESINA COMPOSTA DE ÚNICO INCREMENTO RELATO DE UM CASO CLÍNICO

Departamento. 4as feiras 18:30hs. Local. CCS - Sala 901

Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS

CATÁLOGO DE FORMAÇÃO /

THE PREGNANT PROFILE FROM PRENATAL in the MATERNITY OF NOVA FRIBURGO

OFICINA SOBRE OS 10 PASSOS PARA UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL REALIZADA PARA UM GRUPO DE IDOSOS, UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA EDUCAÇÃO PRECOCE EM SAÚDE BUCAL E DO USO DE DENTIFRÍCIOS FLUORETADOS SOBRE A PREVALÊNCIA DE CÁRIE DENTÁRIA NA

Odontopediatras e Médicos Pediatras: os benefícios dessa Integração

CÁRIE CONCEITO CONCEITO CONCEITO CONCEITO 06/04/15. X remineralização

ODONTOLOGIA PREVENTIVA. Saúde Bucal. Como cuidar do sorriso de seus filhos

PERFIL NUTRICIONAL DE ESCOLARES DA REDE MUNICIPAL DE CAMBIRA- PR

UFRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO IMPPG - INSTITUTO DE MICROBIOLOGIA PAULO DE GÓES CURSO - ODONTOLOGIA

TUDO O QUE VOCÊ DEVE SABER SOBRE: SAÚDE BUCAL

LIGA ACADÊMICA DE PEDIATRIA: AÇÕES MULTIPROFISSIONAIS EM PROL DA SAÚDE DA CRIANÇA RELATO DE EXPERIÊNCIA

PROGRAMA DE PREVENÇAO INFANTIL QS KIDS SORRISO SAUDÁVEL PRA VIDA INTEIRA

TCC em Re vista FERREIRA, Marília Alves 17. Palavras-chave: dente molar; coroa dentária; dentição permanente; dentição decídua.

E S P E C I A L I Z A Ç Ã O EM O D O N T O P E D I A T R I A A P C D A R A Ç A T U B A

GUSTAVO GUIMARÃES DE PAULA

PROCESSO SELETIVO RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE DA FAMÍLIA CONTEÚDO PROGRAMÁTICO CONHECIMENTOS GERAL

PALAVRAS-CHAVE Redes de Atenção Materno-infantil; Saúde Bucal; Cuidado da criança.

Transcrição:

25 a 28 de Outubro de 2011 ISBN 978-85-8084-055-1 PROMOÇÃO DE SAÚDE BUCAL EM ESCOLARES DE 6 A 10 ANOS DE UMA CIDADE SEM FLUORETAÇÃO NA ÁGUA DE ABASTECIMENTO PÚBLICO Paula Marino Costa 1, Danúbia Calgaro 2, Marcelo Augusto Amaral 3, Maria Paula Jacobucci Botelho 4 RESUMO: A cárie dentária é uma doença amplamente prevalente na infância, multifatorial e para sua prevenção deve-se tentar englobar o maior número de fatores etiológicos envolvidos. O objetivo do trabalho foi avaliar o impacto de medidas preventivas sobre o padrão de higiene bucal e a severidade de cárie em escolares do município de Sarandi-PR, que não possui flúor em sua água de abastecimento público. Este trabalho se caracterizou por ser um estudo transversal sobre a experiência de cárie dentária, índice de placa (IP) e estudo laboratorial da saliva de 27 escolares de ambos os sexos de 6 a 10 anos pertencentes ao Programa de Erradicação do Trabalho Infantil. Foram realizadas orientações sobre dieta e higiene bucal, adequação do meio bucal, e IP de Greene & Vermillion no início e a cada três meses, para a verificação do impacto destas medidas preventivas. Após a realização de tais orientações observou-se redução no IP dos escolares de 1,80 para 0,63. Realizou-se também a coleta de lactobacilos, sendo que a média inicial de Unidades Formadoras de Colônias (UFC) foi de 37,08 e a final de 23,08. A média encontrada inicialmente para os escolares com alto risco, ou UFC acima de 100.000 totalizavam 81,82%, e após a realização da intervenção de prevenção somente 18,18% ainda continuaram como sendo de alto risco a doença cárie. O ceo-d médio encontrado foi de 4,87 e o CPO-D médio de 2,26. Conclui-se que medidas preventivas simples têm efeito significativo na reversão do risco à cárie de populações mais vulneráveis a esta doença. PALAVRAS-CHAVE: Promoção da saúde; Saúde Bucal; Suscetibilidade à Cárie Dentária. 1 INTRODUÇÃO A fluoretação das águas de abastecimento público é uma importante medida para a saúde pública. É um método que controla o aparecimento de lesões de cárie dentária ao mesmo tempo em que age diminuindo a velocidade de progressão de novas lesões. Para que o fluoreto possa interferir na dinâmica de formação da lesão cariosa, é necessário que ele esteja presente constantemente no meio bucal em contato com a superfície dentária (BUZALAF, 2008; BRASIL, 2009). Por meio de dados analisados em 2008 e 2010, das águas de Sarandi constatouse a ausência de flúor na água. A população de Sarandi, além de não contar com o 1 Acadêmica do Curso de Odontologia do Centro Universitário de Maringá Cesumar, Maringá PR. Programa de Bolsas de Iniciação Científica Cesumar (PROBIC-Cesumar). paula.maarino@hotmail.com 2 Graduada no Curso de Odontologia do Centro Universitário de Maringá Cesumar, Maringá PR. Programa de Bolsas de Iniciação Científica Cesumar (PROBIC-Cesumar). calgaro_dani@hotmail.com 3 Orientador, docente do Curso de Odontologia do Centro Universitário de Maringá Cesumar, Maringá PR. amaral@cesumar.br 4 Co-orientadora, docente do Curso de Odontologia do Centro Universitário de Maringá Cesumar, Maringá PR. paulajacobucci@hotmail.com

benefício da fluoretação das águas de abastecimento público, tem dificuldade de acesso ao serviço odontológico. Além disso, para um desenvolvimento dentário favorável, é necessário que o indivíduo faça uma alimentação balanceada, favorecendo hábitos alimentares saudáveis. A adoção de hábitos alimentares saudáveis na infância contribui para o pleno crescimento e desenvolvimento da criança e para a prevenção de doenças, refletindo na qualidade de vida familiar. A identificação de fatores coletivos de risco à cárie dentária, representados pelos condicionantes sociais, econômicos e culturais, surge como forte instrumento para possibilitar à prática odontológica o entendimento do processo saúde-doença em grupos sociais (BATISTA; MOREIRA; CORSO, 2007). Outro fator a ser observado refere-se à higienização dentária. O hábito de escovação deve ter início antes de um ano de idade; a família e a criança precisam estar motivadas para fazer uma higiene bucal adequada, estabelecendo uma técnica favorável e de fácil manuseio, para eliminar o biofilme dentário (SANTOS et al., 2007). Assim, foram aplicados conhecimentos adquiridos nas disciplinas de Odontopediatria e Saúde Pública e Prevenção para a redução na prevalência da cárie dentária através de medidas como adequação do meio bucal, instruções de higiene bucal e de dieta, aplicações tópicas de fluoretos de acordo com o risco de cárie de cada criança, bem como conhecimentos adquiridos na disciplina Agentes Infecciosos: Microbiologia e Biossegurança, pela coleta e análise de microrganismos e identificação do padrão de higiene bucal pelo Índice de Placa Simplificado (sub-índice de Green e Vermillion). Este estudo pretende avaliar o impacto de medidas educativas e preventivas em relação à cárie dentária em uma população sem acesso à água fluoretada. Com objetivo de verificar a prevalência de cárie, o número de microrganismos cariogênicos (estreptococos do grupo mutans e lactobacilos) e o padrão de higiene bucal dessas crianças antes e após a instituição de medidas educativas e preventivas; além de proporcionar a aplicação de conceitos teóricos aprendidos desde o primeiro ano de Odontologia até o quarto ano. 2 MATERIAIS E MÉTODOS Antes da realização de qualquer procedimento metodológico, este projeto foi submetido à avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário de Maringá (Cesumar) e recebeu parecer favorável 259/2010 e os responsáveis legais foram esclarecidos sobre a natureza do trabalho e também sobre a necessidade da obtenção de uma autorização de acordo com o Código de Ética Profissional de Odontologia e orientações contidas na Resolução 196 de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde, para pesquisas envolvendo seres humanos. Após a explicação a respeito dos riscos e benefícios dos procedimentos, todos os envolvidos assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido autorizando, portanto, a realização do exame bucal, coleta de saliva, modificações na dieta e higiene bucal, aplicações de fluoretos e adequação do meio bucal. O estudo se caracteriza por ser de delineamento transversal sobre a experiência de cárie dentária, índice de placa bacteriana e do padrão de dieta em crianças de ambos os sexos de 6 a 10 anos pertencentes ao Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) da cidade de Sarandi PR, que é uma cidade sem fluoretação em suas águas de abastecimento público. Foram feitas orientações sobre dieta e higiene bucal, adequação do meio bucal, e índice de placa no início do estudo e periodicamente (a cada dois meses), após as medidas de dieta e higiene terem sido implementadas, para a verificação do impacto destas medidas.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO A cárie dentária é uma doença infecciosa em que quatro fatores deverão obrigatoriamente participar: hospedeiro suscetível, bactérias cariogênicas, dieta e tempo (KRASSE, 1988; WALTER; FERELLE; ISSAO, 1996). As crianças apresentam algumas particularidades que as tornam mais suscetíveis a esta doença: alta frequência alimentar, dificuldade de higienização e alto consumo de sacarose (WALTER; FERELLE; ISSAO, 1996). Além disso, a população por nós pesquisada reside em uma cidade sem flúor na água de abastecimento. A pesquisa foi realizada com 27 crianças de, no mínimo, seis anos e, no máximo, 10 anos de idade, contados no início das atividades. Foi observada uma média do índice de placa inicial de 1,80 (considerada como um padrão regular de higiene bucal). Com o monitoramento da escovação e com o uso de dentifrício com flúor (dados para as crianças no primeiro dia de visita ao PETI), realizado toda semana durante três meses encontramos uma melhora na média do índice de placa, sendo o índice de placa final de 0,63 (considerado como bom) (Tabela 1). Foi feita a coleta inicial de lactobacilos em 26 crianças e final em 24 crianças, sendo que a média inicial de Unidade Formadora de Colônias (UFC) foi de 37,08 e a final de 23,08, havendo grande dispersão dos dados em relação à média (Tabela 1). A contagem, tanto de S. mutans quanto de lactobacilos, foi realizada com o auxílio de um contador eletrônico de colônias (Figura 1). Esta contagem de lactobacilos é considerada como uma classificação de baixo risco. Durante os procedimentos, as crianças eram interrogadas a respeito de hábitos alimentares que possuíam fora do PETI e os dados eram anotados na ficha para posterior classificação quanto ao risco de cárie (Figura 2). Tabela 1: Medidas descritivas das variáveis Idade, IP inicial, IP final, UFC inicial e UFC final de Lactobacilos. Variáveis N Média Mediana Desviopadrão Mínimo Máximo CV Idade 27 8,00 8,99 1,24 6,00 10,00 15,50 IP inicial 27 1,80 2,00 0,56 0,50 2,66 30,92 IP final 27 0,63 0,50 0,44 0,00 1,50 70,36 UFC inicial 26 37,08 18,50 37,04 0,00 127,00 99,90 UFC final 24 23,08 1,00 41,08 0,00 150,00 177,98 Figura 1: Placa com os lactobacilos no contador eletrônico de colônias.

Figura 2: Ficha utilizada para coleta de conhecimentos sobre dieta e índice de higiene bucal para verificar o risco das crianças. 4 CONCLUSÃO Sabendo que a cidade de Sarandi -PR ainda não apresenta fluoretação nas águas de abastecimento público e que esta é uma importante medida para a redução dos índices de cárie dentária, que a população desta cidade tem dificuldade de acesso aos serviços odontológicos, e, também, que uma parte da população tem renda familiar baixa, destaca-se a necessidade de implementação de medidas de promoção de saúde bucal em caráter emergencial. Conclui-se que esta é uma população de altíssimo risco à cárie pelo somatório de fatores de risco encontrados, mas que tem uma resposta positiva às ações de saúde que são disponibilizadas. É importante dar continuidade a este projeto e conseguir o engajamento de pessoas do poder público para poder melhorar a dieta e prover os instrumentos básicos para a manutenção de um bom padrão de higiene bucal (escovas, dentifrícios e fio dental). Além disso, é fundamental que a fluoretação das águas torne-se uma realidade nesta cidade. REFERÊNCIAS

BATISTA, L.R.V.; MOREIRA, E.A.M.; CORSO, A.C.T. Alimentação, estado nutricional e condição bucal da criança. Revista de Nutrição, v.20, n.2, p.191-196, Campinas, Março/Abril 2007. BRASIL. Guia de recomendações para o uso de fluoretos no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. BUZALAF, M.A.R. Fluoretos e saúde bucal. São Paulo: Santos, 2008. KRASSE, B. Risco de cáries: guia prático para controle e assessoramento. São Paulo: Quintessence, 1988. SANTOS, A.P.P.; SÉLLOS, M.C.; RAMOS, M.E.B.; SAVIERO, M.B. Oral hygiene frequency and presence of visible biofilm in the primary dentition. Brazilian Oral Research, v.21,n.1, p.64-69, São Paulo, Janeiro/Março 2007. WALTER, L.R.F.; FERELLE, A.; ISSAO, M. Odontologia para o bebê: do nascimento aos 3 anos. São Paulo: Artes Médicas, 1996.