AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO ENTRE FORÇA PREENSÃO E ESTÁGIO MENOPAUSAL: UM ESTUDO TRANSVERSAL BASEADO NA COMUNIDADE

Documentos relacionados
AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO ENTRE COMPOSIÇÃO CORPORAL E ESTÁGIO MENOPAUSAL: UM ESTUDO TRANSVERSAL BASEADO NA COMUNIDADE

FATORES RELACIONADOS À CIRCUNFERÊNCIA DA CINTURA EM MULHERES DE MEIA-IDADE: UM ESTUDO TRANSVERSAL BASEADO NA COMUNIDADE.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

RELAÇÃO ENTRE SINTOMAS CLIMATÉRICOS E QUALIDADE DE VIDA COM O DESEMPENHO FÍSICO EM MULHERES DE MEIA IDADE

A RELAÇÃO ENTRE O AUTORRELATO DE SAÚDE E A FUNÇÃO FÍSICA EM MULHERES DE MEIA-IDADE E IDOSAS DO NORDESTE BRASILEIRO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO FUNCIONAL DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS

ASSOCIAÇÃO ENTRE NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E O AUTORRELATO DE SAÚDE EM MULHERES DE MEIA-IDADE E IDOSAS

INFLUÊNCIA DO EXCESSO DE PESO NA FORÇA MUSCULAR DE TRONCO DE MULHERES

AVALIAÇÃO DA FRAGILIDADE, DESEMPENHO FUNCIONAL E SATISFAÇÃO COM A VIDA DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS

IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS: AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA

1 Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Formação de Professores. 2 Faculdade Medicina do ABC, Santo André.

Índice de massa corporal e prevalência de doenças crônicas não transmissíveis em idosos institucionalizados

EXCESSO DE PESO E FATORES ASSOCIADOS EM IDOSOS ASSISTIDOS PELO NASF DO MUNICÍPIO DE PATOS-PB

RELAÇÃO ENTRE FORÇA DE PREENSÃO MANUAL E FORÇA DE MEMBRO INFERIOR EM MULHERES DE MEIA IDADE: UM ESTUDO TRANSVERSAL

AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA DE IDOSOS FREQUENTADORES DE UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE

Promoção da saúde e prevenção: resultados da investigação. Beatriz Fernandes

QUEDAS EM MULHERES NA PÓS-MENOPAUSA E A ASSOCIAÇÃO COM A FORÇA MUSCULAR, MOBILIDADE FUNCIONAL E FLEXIBILIDADE.

09/07/2014. Alterações musculoesqueléticas: Diagnóstico e manejo. Definições das alterações musculares. Origem das alterações musculares

Idosos Ativos, Idosos Saudáveis

ESTADO NUTRICIONAL E FORÇA DE PREENSÃO MANUAL DE IDOSAS PARTICIPANTE DO PROJETO DE EXTENSÃO LONGEVIDADE SAUDÁVEL: EXERCÍCIO FÍSICO*

COMPARAÇÃO DA FORÇA DE PREENSÃO MANUAL ENTRE A MÃO DOMINANTE E A MÃO NÃO DOMINANTE EM SEDENTÁRIOS RESUMO

Resumo. Palavras-chave Força muscular; Mulheres; Membros inferiores; Envelhecimento. Keywords Muscle Strength; Women; Lower Limbs; Ageing.

AVALIAÇÃO DA FUNCIONALIDADE DE ADULTOS E IDOSOS COM SÍNDROME DE DOWN: DADOS DE UM ESTUDO PILOTO.

NUT-154 NUTRIÇÃO NORMAL III. Thiago Onofre Freire

OBESIDADE SARCOPÊNICA EM IDOSOS RESIDENTES NA COMUNIDADE 1 SARCOPENIC OBESITY IN ELDERLY RESIDENTS IN THE COMMUNITY

Saúde Coletiva Editorial Bolina ISSN (Versión impresa): BRASIL

ANÁLISE DO EQUILÍBRIO POSTURAL EM IDOSOS COM DIFERENTES NÍVEIS DE CAPACIDADE COGNITIVA

CORRELAÇÃO ENTRE ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA E NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA DE IDOSOS EM UMA CIDADE DO NORDESTE BRASILEIRO

PERFIL DA FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA E FORÇA DE PREENSÃO PALMAR DE SUJEITOS DE UM PROJETO DE EXTENSAO DO MUNICIPIO DE SANTA CRUZ/RN

EFEITOS DE UM PROGRAMA DE EXERCÍCIOS EM DUPLA-TAREFA SOBRE O EQUILÍBRIO E A COGNIÇÃO DE MULHERES IDOSAS

ESTADO NUTRICIONAL DE IDOSOS DE ACORDO COM DIFERENTES INDICADORES

6ª Jornada Científica e Tecnológica e 3º Simpósio de Pós-Graduação do IFSULDEMINAS 04 e 05 de novembro de 2014, Pouso Alegre/MG

RELAÇÃO ENTRE DEPENDÊNCIA FUNCIONAL E SÍNDROME METABÓLICA EM IDOSOS RESIDENTES EM FLORIANÓPOLIS SC

RESUMO INTRODUÇÃO: Pessoas com sintomas de ansiedade apresentam maiores níveis de pressão arterial. A presença de ansiedade está associada com as

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

ASSOCIAÇÃO ENTRE PRESSÃO ARTERIAL E CAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSOS DE UM CENTRO DE ESPECIALIDADES MÉDICAS DE BELO HORIZONTE-MG

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DEM FISIOTERAPIA

FATORES ASSOCIADOS À DESISTÊNCIA DE PROGRAMAS MULTIPROFISSIONAIS DE TRATAMENTO DA OBESIDADE EM ADOLESCENTES

Lista de Tabelas. Tabela 1 Estrogênios: doses e vias de administração

Plano de Estudos. Escola: Escola de Ciências e Tecnologia Grau: Mestrado Curso: Exercício e Saúde (cód. 398)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

COMPORTAMENTO DA FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA EM IDOSAS ATIVAS E SEDENTÁRIAS

Capacidade Funcional e Bomba Muscular Venosa na Doença Venosa Crónica

O IMPACTO DE CONDIÇÕES CRÔNICAS NA QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À SAÚDE (SF-36) DE IDOSOS EM ESTUDO DE BASE POPULACIONAL ISA-SP.

ESTUDO EPEPP III CONGRESSO PORTUGUÊS DE DEMOGRAFIA. ESDUDO do PERFIL de ENVELHECIMENTO da POPULAÇÃO PORTUGUESA. Metodologia

Alterações no sistema músculo esquelético com o envelhecimento. Prof. Dra. Bruna Oneda

Prevalência da Asma em Portugal:

PARÂMETROS ANTROPOMÉTRICOS E MUSCULARES RELACIONADOS À CAPACIDADE FUNCIONAL EM IDOSOS

ÍNDICE. Resumo Agradecimentos Índice Geral Índice de Tabelas Índice de Anexos CAPÍTULO I 1 1. INTRODUÇÃO 1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Adriane Machado (GRR ) Cinthia Zamin Cavassola (GRR ) Luiza Hoffelder da Costa (GRR )

TÍTULO: COMPARAÇÃO DO DESEMPENHO COGNITIVO E ESTADO EMOCIONAL CONFORME CLASSIFICAÇÃO DO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL EM IDOSOS DA COMUNIDADE.

Aula prática 4 Parte I - Correlação e regressão linear simples

DIFERENÇAS NA COMPOSIÇÃO CORPORAL DE ALUNOS DE ESCOLAS PÚBLICAS E PARTICULARES RESUMO

O ÍNDICE DE MASSA CORPORAL PODE PREDISPOR AO AUMENTO DE QUEDAS EM IDOSOS COMUNITÁRIOS?

ASSISTÊNCIA INTEGRAL À MULHER NO CLIMATÉRIO

CLIMATÉRIO E AUMENTO DE PESO

PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES CLÍMATÉRICAS ATRAVÉS DO MÉTODO PILATES: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

CAPITULO III METODOLOGIA

_Influência dos fatores socioeconómicos no excesso de peso e obesidade na população portuguesa em 2014

O EFEITO DO EXERCÍCIO FÍSICO EM MULHERES NA MENOPAUSA: UMA REVISÃO DE LITERATURA

J. Health Biol Sci. 2016; 4(2):82-87 doi: / jhbs.v4i2.659.p

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

Disciplinarum Scientia. Série: Ciências da Saúde, Santa Maria, v. 17, n. 1, p , Recebido em: Aprovado em:

Conjugalidade, contextos e planejamento da gravidez.

AVALIAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR E ÍNDICE DE MASSA CORPORAL EM PARTICIPANTES DO PROJETO UNINASF NO MUNICÍPIO DE VIÇOSA-MG.

PREVALÊNCIA DE SARCOPENIA EM IDOSOS NO BRASIL: UMA REVISÃO DE LITERATURA 1

NUT-154 NUTRIÇÃO NORMAL III. Thiago Onofre Freire

Evento: XXV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

AUTOCONCEITO E CAPACIDADES FÍSICAS DE IDOSOS PARTICIPANTES DE UM PROGRAMA DE PRÁTICAS CORPORAIS DE LONGA DURAÇÃO.

DISSERTAÇÃO Mestrado

TÍTULO: ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL E AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS DO QUESTIONÁRIO HOLANDES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR

Portugal é caracterizado por uma alta prevalência de excesso de peso e obesidade nas mulheres, sendo que o aumento de peso acontece mais abruptamente

TÍTULO: ANÁLISE DO CONTROLE POSTURAL ENTRE IDOSAS COM E SEM DECLÍNIO COGNITIVO POR MEIO DO SHORT PHYSICAL PERFORMANCE BATTERY: UM ESTUDO TRANSVERSAL

AGILIDADE E EQUILIBRIO DINÂMICO EM ADULTOS E IDOSOS

Stefanie Louise Candioto Vivianne Reis de Castilho Stival Profº. Msc. Fulvio Clemo Santos Thomazelli, Orientador, FURB

Prevalência de sarcopenia em idosos: resultados de estudos transversais amplos em diferentes países

16 de Setembro de V. Pinheira 1,2 ; A. Pinto 3 ; A. Almeida 3.

ESTADO NUTRICIONAL DE MULHERES NO PERÍODO DO CLIMATÉRIO 2017 E NUTRITIONAL STATUS OF WOMAN IN THE CLIMATERIC PERIOD 2017 E 2018

RELAÇÃO ENTRE A DINAMOMETRIA E A MASSA MUSCULAR PELA BIOIMPEDÂNCIA ENTRE MULHERES: UM ESTUDO TRANSVERSAL

CE071 - Análise de Regressão Linear

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA EM IDOSOS PRATICANTES E NÃO PRATICANTES DA ATIVIDADE FÍSICA

18º Congresso de Iniciação Científica EFEITO DA ORIENTAÇÃO NUTRICIONAL SOBRE A REDUÇÃO DA SARCOPENIA VISANDO A MELHORA DA QUALIDADE DE VIDA DE ADULTOS

AVALIAÇÃO DA MUSCULATURA DO ASSOALHO PÉLVICO E DE SINTOMAS URINÁRIOS EM MULHERES CLIMATÉRICAS.

Multimorbidade e medidas antropométricas em residentes de um condomínio exclusivo para idosos

Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia ISSN: Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

RELAÇÃO ENTRE O NOVO ÍNDICE DE ADIPOSIDADE CORPORAL COM O ÍNDICE DE MASSA CORPORAL EM CRIANÇAS. Ivair Danziger Araújo

COMPARAÇÃO DO NÍVEL DE APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA EM MULHERES DE DIFERENTES FAIXAS ETARIAS

INDICADORES BIOQUÍMICOS DA FUNÇÃO RENAL EM IDOSOS

PREVALÊNCIA DE CEFALEIA EM ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO DA REDE PÚBLICA ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE CARUARU-PE

DISFUNÇÕES HORMONAIS: OSTEOARTROSE

FIEP BULLETIN - Volume 82 - Special Edition - ARTICLE I (

RELAÇÃO ENTRE CIRCUNFÊRENCIA DE PESCOÇO E OUTRAS MEDIDAS INDICADORAS DE ADIPOSIDADE CORPORAL EM MULHERES COM SOBREPESO E OBESIDADE.

24/09/17. O que é uma hipótese? Testes de hipótese. Três tipos básicos de perguntas. E qual é a sua hipótese? Três tipos básicos de perguntas

FORMULÁRIO PARA CRIAÇÃO DE DISCIPLINAS

ESTUDO COMPARATIVO DA FORÇA DE PREENSÃO MANUAL EM IDOSAS PRATICANTES DE YOGA E GINÁSTICA MULTIFUNCIONAL DO SESC/SANTOS

PERFIL MOTOR DE ESCOLARES SOBREPESOS E OBESOS DE AMBOS OS SEXOS NA FAIXA ETÁRIA DE 9 E 10 ANOS

Transcrição:

AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO ENTRE FORÇA PREENSÃO E ESTÁGIO MENOPAUSAL: UM ESTUDO TRANSVERSAL BASEADO NA COMUNIDADE Autor: Laize Gabriele de Castro Silva (SILVA, L.G.C)¹, Co-autores: Máyra Cármem Silva de Medeiros (MEDEIROS, M. C. S.)¹, Rayssa Silva do Nascimento (NASCIMENTO, R. S.)¹, Saionara Maria Aires da Câmara (CÂMARA, S. M. A.)², Álvaro Campos Cavalcanti Maciel (MACIEL, A. C. C.)³. 1- Discentes do curso de Fisioterapia, Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi. 2- Docente do curso de Fisioterapia, Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi. 3- Docente do curso de Fisioterapia, Departamento de fisioterapia. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, laize_castro@outlook.com INTRODUÇÃO O processo de envelhecimento é caracterizado pela feminização, ou seja, há maior proporção de mulheres idosas que homens nas idades mais avançadas, e essas possuem maior expectativa de vida ao nascer. Concomitantemente ao maior tempo vida, as mulheres têm tendência a apresentar uma maior dependência e incapacidade funcional durante o envelhecimento, comparadas aos homens. Além disso, as alterações de força e massa muscular começam a se tornar mais evidentes em idades mais precoces para as mulheres, especificamente, ainda na meia-idade¹. Dentre os vários fatores que podem explicar uma maior debilidade física feminina durante idades mais avançadas, a menopausa tem ganhado a atenção de pesquisadores por se tratar de um marco na importante na vida da mulher que acrescentam implicações ao processo de envelhecimento ². No entanto, ainda se questiona se a relação entre as alterações de massa e força muscular nas mulheres são relacionadas às alterações hormonais decorrentes da menopausa ou se estão relacionadas ao próprio envelhecimento fisiológico, uma vez que resultados divergentes têm sido encontrados na literatura 3 4 5.

Dessa forma, o objetivo do estudo é avaliar a relação entre os estágios menopausais e o desempenho físico em mulheres de meia-idade do nordeste brasileiro. METODOLOGIA Este trabalho trata-se uma pesquisa do tipo observacional transversal, realizado no município de Parnamirim/RN. A população foi constituída pelas mulheres residentes desse município, que possuíam entre 40 e 65 anos. A amostra foi composta por conveniência após divulgação do projeto nas Unidades Básicas de Saúde do Município, totalizando um N=389 mulheres. Os critérios de inclusão para o estudo foram: mulheres com idade entre 40 e 65 anos, que não tivessem realizado o ooforectomia bilateral, nem histerectomia, não fumantes e que aceitassem participar do estudo. Além disso, as mulheres não podiam apresentar doenças neurológicas e degenerativas como Parkinson, acidente vascular encefálico (AVE), doenças degenerativas medulares, fratura nos membros, processos dolorosos, ou qualquer outra condição que pudesse comprometer a mensuração dos dados. A desistência ou impossibilidade de qualquer natureza em realizar qualquer uma dos procedimentos do protocolo de pesquisa foram consideradas como critérios de exclusão. Inicialmente foram coletados dados sociodemográficos e medidas antropométricas. Para classificação do estágio menopausal, foi utilizado o padrão de menstruação autorrelatado, seguindo as orientações do STRAW 6 onde as mulheres puderam ser alocadas em um dos 3 grupos: pré-menopausa (menstruação regular), perimenopausa (atrasos nos ciclos superior a sete dias e inferior a um ano) e pós-menopausa (amenorreia de um ano ou mais). Para a avaliação da força de preensão manual, foi utilizado um dinamômetro Jamar que fornece registro da força muscular na unidade de quilogramas/força (Kgf). A medição foi realizada como recomendado pela Sociedade Americana de Terapeutas de Mão 7.

Análise dos dados: inicialmente foi realizada a estatística descritiva, apresentando médias e desvios-padrão para as variáveis quantitativas e frequências relativas para as categóricas. Em seguida, os valores médios de força de preensão manual foram comparados entre os grupos da menopausa e demais variáveis independentes por meio de teste t de Student e ANOVA com post-hoc de Tukey. Por fim, foram criados modelos de regressão linear múltipla para avaliar a relação entre a força e a menopausa ajustada pelas covariáveis. Os dados foram analisados no programa estatístico SPSS, versão 20.0 e em todas as etapas foi considerado p<0,05 e intervalo de confiança (IC) de 95%. RESULTADOS E DISCUSSÃO: A média de idade das voluntárias foi de 49 anos. Destas, 42% relataram ter estudado até o ensino fundamental e 69,6 % relataram ter renda familiar inferior a 3 salários mínimos. Em relação ao IMC, 37% foram consideradas obesas. A tabela 01 mostra as médias da variável de força de preensão manual de acordo com cada uma das categorias das variáveis independentes. Houve diferença significativa entre diferentes grupos de estágio menopausal, com maiores valores de força de preensão manual para as mulheres da pré-menopausa comparadas às demais. Diferentes médias de força de preensão também foram encontradas de acordo com as variáveis socioeconômicas, com melhores resultados para aquelas com melhor nível de escolaridade e maior renda familiar. Maior força de preensão manual também foi encontrada entre as mulheres com maior IMC (obesas em relação a mulheres com IMC normal). Tabela 1: Relação entre a força de preensão manual e as variáveis dependentes (N=389), Parnamirim/RN, 2013. Fatores Força de preensão manual (Kgf) p valor

Média (±DP) Amostra total 25.74 (5.54) Estágio menopausal <0.001 a Pré-menopausa 27.50 (5.97) Perimenopausal 25.44 (5.39) Pós-menopausa 24.66 (5.04) Renda familiar 0.016 < 3 MW 25.28 (5.51) 3 MW 26.75 (5.49) Escolaridade 0.064 Menos que ensino fundamental 25.01 (5.25) Entre fundamental e médio 26.46 (5.78) Ensino médio ou mais 25.61 (5.49) IMC (kg/m 2 ) 0.007 c 18.5-24.9 (peso normal) 24.23 (4.63) 25.0-29.9 (sobrepeso) 25.88 (5.82) 30.0-34.9 (Obeso I) 25.75 (5.94) 35.0 (Obeso II e III) 27.67 (4.55) Caminhada por semana (min / semana) 0.834 <90 25.67 (5.38) 90 25.79 (5.74) kgf: quilogramas-força. IMC: Índice de Massa Corporal a: pré-menopausa perimenopausa; pré-menopausa pós-menopausa b: menos de educação básica secundário ou mais c: peso normal obesos II e III

A tabela 02 apresenta os resultados da análise de regressão linear múltipla para a relação entre o estágio menopausal e a força de preensão manual. Observa-se que as mulheres na pré-menopausa apresentam força significativamente maior que as mulheres da pós-menopausa, mesmo no modelo ajustado pelas covariáveis (idade, renda familiar, escolaridade, IMC, paridade e idade ao primeiro filho). Tabela 02: Modelos de regressão múltipla para a relação entre estágio menopausal e força de preensão manual (N=389), Parnamirim-RN, 2013. Modelos Variáveis β Inferior IC 95% Superior P valor Não ajustado Estágio Menopausal Pré-menopausa 2,845 1,442 4,247 0,000 Perimenopausa 0,778-0,497 2,052 0,231 Pós-menopausa 0 Ajustado* Pré-menopausa 2,226 0,361 4,091 0,019 Perimenopausa 0,292-1,180 1,765 0,697 Pós-menopausa 0 IC: Intervalo de Confiança. *Ajustado por idade, renda familiar, escolaridade, índice de massa corporal, paridade e idade ao primeiro filho. A relação entre a força de preensão manual e o estágio menopausal encontrada no presente estudo pode ser explicada pela hipóstese de que a transição menopausal e o subsequente declínio no estrógeno devem levar a alterações na massa e força muscular das mulheres. Tem sido sugerido que o estrógeno tenha um efeito anabólico sobre o

músculo pela estimulação dos receptores de IGF-1 e que receptores de estrógenos estejam presentes em músculos humanos 8. Além disso, alguns fatores importantes, não específicos à menopausa, mas que podem ser exacerbados pelas alterações no estágio menopausal pode contribuir para o declínio da massa e força muscular nesse período, como por exemplo, inatividade física, menor ingestão de proteína e maior estresse oxidativo 8 9. CONCLUSÃO: O presente estudo mostrou que a transição na menopausa está associada ao desempenho físico em uma população de mulheres de meia idade de uma cidade do nordeste Brasileiro, uma vez que uma força de preensão mais fraca foi encontrada entre as mulheres na peri e pós-menopausa em comparação às mulheres na pré-menopausa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1. Murray ET, Hardy R, Strand BH, Cooper R, Guralnik JM, et al. Gender and life course occupational social class differences in trajectories of functional limitations in midlife: findings from the 1946 British birth cohort. J. Gerontol. A. Biol. Sci. Med. Sci. 2011; 66(12):1350 1359. 2. Grundy E, Read S, Frans E, Carey J, Qiang L. Pathways from fertility history to later life health : Results from analyses of the English Longitudinal Study of Ageing Table of Contents. Demogr. Res. 2015; 32:107 46. 3. Bassey EJ. Lack of variation in muscle strength with menstrual status in healthy women aged 45-54 years: Data from a national survey. Eur. J. Appl. Physiol. Occup. Physiol.1996; 73(3-4):382 386. 4. Cooper R, Mishra G, Clennell S, Guralnik J, Kuh D. Menopausal status and physical performance in midlife: findings from a British birth cohort study. Menopause. 2008; 15(6):1079 85.

5. Cheng MH, Wang SJ, Yang FY, Wang PH, Fuh JL. Menopause and physical performance--a community-based cross-sectional study. Menopause.2009; 16(5):892 6. 6. Harlow SD, Gass M., Hall JE, et al. Executive summary of the Stages of Reproductive Aging Workshop + 10: addressing the unfinished agenda of staging reproductive aging. Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism. 2012; v. 97, n. 4, p. 1159-1168. 7. Fess E. Grip Strength. Chicago: American Society of Hand Therapists; 1992, n. 4. 8. Maltais ML, Desroches J, Dionne IJ. Changes in muscle mass and strength after menopause. J Musculoskelet Neuronal Interact.2009; 9(4):186 197. 9. Messier V, Rabasa-Lhoret R, Barbat-Artigas S, Elisha B, Karelis AD, et al. Menopause and sarcopenia: A potential role for sex hormones. Maturitas.2011; 68(4):331 336.