HUMANIZAR-TE: construindo sujeitos e processos educativos na humanização da assistência à Saúde

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Transcrição:

HUMANIZAR-TE: construindo sujeitos e processos educativos na humanização da assistência à Saúde Prof. Ms. Halline Iale Barros Henriques Faculdade de Integração do Sertão (FIS) Introdução Ato ou efeito de humanizar. Humanizar é tornar humano, dar condição humana a, humanar. Dicionário Aurélio O significado exposto acima pelo dicionário Aurélio (FERREIRA, 2009) sobre o que seria humanização estabelece uma relação no mínimo contraditória entre o ideal e o real nas relações humanas. É, sobretudo, diante dessa impressão que se encontrou motivação para o desenvolvimento da atividade extensionista em questão. Esta é perpassada por um lema - humanizar a ti mesmo através da arte (Humanizar -te) e tem como prerrogativa o desenvolvimento de atividades lúdicas em contextos institucionais através de processos educativos. Trata-se de um projeto de extensão, com estudantes do curso de fisioterapia e enfermagem da Faculdade de Integração do Sertão (FIS) em contextos institucionais como hospitais, abrigos, creches, escolas, dentre outros, envolvendo a arte na política de humanizar ambientes, relações e atendimentos. Trata-se de uma proposta em andamento, desenvolvendo suas ações atualmente na ala de pediatria de um hospital regional do sertão pernambucano. Tem como objetivo geral desenvolver concepções teóricas e práticas de estudantes sobre o conceito de arte e humanização enquanto processos educativos. E como objetivos específicos: implantar um grupo de estudo e pesquisa sobre humanização e processos artísticos; desenvolver atividades lúdicas envolvendo a arte e a política de humanizar; aplicar as atividades desenvolvidas em ambientes institucionais promovendo trocas solidárias e produção de saúde, subjetividade e educação.

O enfoque atual é o desenvolvimento de atividades lúdicas no contexto hospitalar envolvendo crianças, pais, profissionais e extensionistas. Para tanto, as atividades foram fundamentadas teoricamente a partir do Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH ) e da Política Nacional de Humanização (PNH), bem como da noção do brincar como ferramenta lúdica e terapêutica, conforme aponta estudos desenvolvidos por teóricos como, Oliveira e Oliveira (2008), Azevedo (2008), Furtado (1999), Melo (2007). Além das articulações entre o ensino e a pesquisa, atividade extensionista se justifica pela existência de algumas situações de risco no que concerne ao atendimento humanizado, haja vista a pouca aplicabilidade de sua política. Outra situação merecedora de atenção é com relação às alas de pediatria nos hospitais públicos que carecem de maiores recursos humanos e lúdicos imprescindíveis para o desenvolvimento afetivo e cognitivo de crianças hospitalizadas. Contudo, além da relevância social, identifica-se também importância acadêmica e pessoal na vida dos extensionistas, além da visibilidade de atividades como essa na comunidade acadêmica como um todo. Assim, a extensão tem proporcionado publicações e participações em eventos, como o Congresso Internacional de Humanidades e Humanização em Saúde em 2014; bem como os primeiros contatos teóricos e práticos destes, no campo da humanização. No Brasil, as iniciativas para melhoria de atendimentos, troca de saberes e relações sociais na saúde foi dada pela implantação do Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH) criado em 1999, seguido da Política Nacional de Humanização (PNH) constituído em 2003. Tais propostas atuam por meio de diversos dispositivos que promovem mudanças nos modelos de atenção e gestão, incentivando a criação de espaço coletivos, organizados e democráticos que propõem, além da implantação dos princípios e diretrizes do HumanizaSUS, a troca de saberes e conscientização, entre profissionais de diferentes categorias, gestores e usuários. Cabe enfatizar que a concepção sobre humanização adotada vai além da compreensão desta como um simples programa. E sim como uma política transversal que se faz no cotidiano, envolvendo processos de resistência e criatividade, desconstruindo o argumento naturalizante e organicista do modelo médico-hospitalar sobre o que é saúde e doença.

Diante disso, acredita-se que os procedimentos lúdicos e artísticos enquanto processos educativos, se constituem como recursos de transformação no ambiente, nas relações entre usuários, profissionais e gestores e na produção de saúde e subjetividade. Atualmente, muitos estudos são dedicados à compreensão do lúdico e das brincadeiras, como fator fundamental ao desenvolvimento humano, assim sendo, o ato de brincar, torna-se objeto de inúmeros estudos que comprovam sua importância. De acordo com Oliveira e Oliveira (2008) brincar é tão importante para a criança quanto provê-la de boa alimentação, sono tranquilo, ambiente adequado de moradia, segurança, carinho e respeito. Assim, as brincadeiras passam a serem vistas não apenas como algo que proporcionam lazer e divertimento, mas como algo imprescindível na infância. Toda criança possui uma cultura lúdica, e, desta forma, o brincar pode proporcionar uma nova realidade, própria e singular, possibilitando à criança a oportunidade de vir a expressar seus sentimentos, costumes, experiências, medos e preocupações. Neste contexto, o ato de brincar consegue suprir as necessidades cognitivas e emocionais da criança (OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2008). Considerando que a atividade do brincar é de suma importância no período da infância, acredita-se que as instituições de um modo geral podem utilizar deste recurso vital, pedagógico e de fins terapêuticos com profissionais habilitados a seu uso. Nesse sentido, intervenções lúdicas envolvendo a humanização e a arte, como as que se destinam neste projeto é de suma importância para o desenvolvimento de crianças em contextos hospitalares, em escolas, postos de saúde, dentre outros. A aplicação de recursos lúdicos no âmbito hospitalar transforma-se em um potencializador no processo de promoção e produção de saúde na criança, diante de limitações que ocorrerão a partir do momento em que ela é internada. Desse modo, é possível pensar sobre a possibilidade do brincar enquanto estratégia adequada e produtora de efeitos para o enfrentamento da hospitalização, já que o ambiente por si só isola, limita movimentos e a dinâmica própria da infância. Material e Metodologia O local de desenvolvimento das ações até o presente momento foi o Hospital Regional de Serra Talhada (HOSPAM). Os materiais utilizados exigem

criatividade, afetividade e empatia por parte de quem o executa, além de recursos como: jalecos com bottons coloridos ou proteção de TNT; som portátil ou violão/música; pasta de maquiagem colorida, apropriadas a este uso e acessórios de variados tipos. Também foi levado ao ambiente de ação, recursos práticos e acessíveis ao ambiente hospitalar, como: lápis de cor, massa de modelar, tinta, papel e brinquedos de pequeno porte com finalidade sócio-educativa. As etapas foram distribuídas por ordem cronológica em cinco momentos, que aconteceram entre novembro de 2013 até junho de 2014. O Primeiro momento: encontros de divulgação do projeto de extensão com estudantes do curso de fisioterapia que concluíram ou que estavam em fase de conclusão das disciplinas Psicologia Aplicada à Saúde e Humanização. A etapa de divulgação também aconteceu através de redes sociais como o facebook entre alunos e coordenação, ampliando assim, o envolvimento de estudantes de outros cursos. Segundo momento: divisão de grupos, organização de cronograma e planejamento de atividades. Terceiro momento: oficinas de maquiagem e criação uma Home Page (https://www.facebook.com/humanizarte.fis) para divulgação do projeto e comunicação entre os integrantes. Quarto momento: execução de ações lúdicas e criativas no ambiente hospitalar junto às crianças, pais e profissionais com duração de duas horas, uma vez por semana para cada grupo. Quinto momento: rodas de conversa sobre as experiências compartilhadas e avaliação. Este momento acontece na faculdade e tem a finalidade de troca, bem como de produção de conhecimento através de indicações de leitura e filmes que abordem os temas humanização, arte e processos educativos. A metodologia das rodas de conversa prioriza discussões em torno de uma temática, de modo a dar visibilidade às práticas relacionadas à interação cotidiana (MÉLLO, et. al, 2007). As atividades planejadas variam de exercícios físicos à aplicabilidade de recursos lúdicos enquanto proposta pedagógica e terapêutica com o intuito de desenvolver de ações reflexivas e lúdicas no contexto hospitalar, entre outros espaços que perpassem o campo do afeto.

Esta é uma metodologia de caráter inventivo flexível a mudanças, suscetível às necessidades do momento, não se tratando, por isso, de uma metodologia fechada. A proposta inicial do projeto é contemplar os serviços de saúde do município de Serra Talhada. No entanto, como já exposto a proposta pode ser ampliada para outras instituições que despertem o desejo de serem parceiras, adaptando assim os recursos artísticos a cada ambiente. Resultados e Discussões O projeto de extensão conta com a participação de 16 estudantes entre os cursos de fisioterapia e enfermagem, formando três grupos de trabalho, sendo eles: Companhia da Alegria Humanizar-te SOSH Foram realizadas até o presente momento duas oficinas de maquiagem, três encontros de cada grupo, totalizando nove participações na pediatria do hospital regional de Serra Talhada, bem como três encontros de rodas de conversa e partilha sobre as experiências vivenciadas. As rodas de conversa têm identificado resultados importantes, como: o envolvimento dos integrantes com o projeto de extensão, o interesse de outros estudantes de outros cursos em participar das ações, a criação da Home Page tem contribuído para o processo de divulgação e comunicação entre os extensionistas, assim como entre a comunidade de uma forma geral que acompanha o desenvolvimento de ações através desta rede social. A proposta tem ganhado expansão para outros campos, os próprios extensionistas encontram-se motivados a desenvolverem as ações junto a idosos hospitalizados e idosos que vivem em instituições de longa permanência, como o abrigo.

Conclusão Acredita-se que o projeto de extensão tem atingido os seus objetivos e proporcionado uma boa comunicação entre ações humanizadoras e a construção de arte, pois os processos de fantasiar, contar histórias, criar personagens, pintar, brincar, desenhar têm transformado a vida de estudantes, crianças, pais e acompanhantes, bem como de profissionais que observam e participam de maneira direta ou indireta deste momento criativo que se inicia antes da entrada destes estudantes na instituição. Verifica-se que o processo de personificação que configura o momento de preparação para a ação, ou seja, da pintura da maquiagem, das vestimentas escolhidas para aquele dia, assim como dos materiais e brinquedos que serão levados. Contudo a proposta de humanizar a ti mesmo vem funcionando, ao passo em que, os grupos estão comparecendo ao ambiente de ação. Referências AZEVEDO, D. M. de. O brincar enquanto instrumento terapêutico: opinião dos acompanhantes. Revista Eletrônica de Enfermagem. vol. 10, nº1, pp.137-144, 2008. BRASIL, Ministério da Saúde. Política Nacional de Humanização: documento base para Gestores e Trabalhadores do SUS. Brasília: janeiro/2004. BRASIL, Ministério da Saúde. Política Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar. Brasília: 2000. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 4. ed. Curitiba: Ed. Positivo, 2009 FURTADO, M. C. de C. Brincar no hospital: subsídios para o cuidado de enfermagem. Rev. Esc. Enf. USP, v. 33, n. 4, pp. 364-9, 1999. MELO, A. J. de. A terapêutica artística promovendo saúde na instituição hospitalar. Rev. Ibérica. Ano I, n. 3, Juiz de Fora, 2007. MÉLLO, R.P. et al. Construcionismo, práticas discursivas e possibilidades de pesquisa em psicologia social. Psicologia & Sociedade. v. 19. n. 3, 2007. OLIVEIRA, R. R. de; OLIVEIRA, I. C. S. Os doutores da alegria na unidade de Internação Pediátrica: experiências da equipe de enfermagem. Escola Anna Nery Rev. Enferm. v.12, n. 2, pp. 2.