Propriedades Térmicas de Materiais. prof. Rafael Salomão prof. Vera Lúcia Arantes

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Propriedades Térmicas de Materiais prof. Rafael Salomão prof. Vera Lúcia Arantes 2014

Expansão térmica Calor específico e capacidade calorífica Condutividade térmica Choque térmico

São as propriedades relacionadas à resposta dos materiais à uma mudança de temperatura Mudança de temperatura? Transferência de energia (cinética e potencial) entre dois pontos

1. O que acontece quando um material é aquecido? Primeira pergunta a ser feita: Que tipo de material é esse? Mudança na frequência e amplitude das vibrações na posição de equilíbrio

Com temperatura: Efeito da assimetria em relação ao valor médio da r T1 E1 r1 T1<T2 E2 r2 T2<T3 E3 r3 T3<T4 E4 r4 T4<T5 E5 r5 distância inter-atômica

Dilatômetro moderno instrumentado Sensor de posição Temperatura (T 0 a T Mas ) Regulador de dimensões Controle de atmosfera Amostra

Dimensão normalizada ([Instantâneo Inicial]/Inicial, ((L L0)/L0, adimensional) (Li -L0) L0 T L/L 0 Temperatura (un)

Utilizando-se a variação volumétrica Utilizando-se a variação volumétrica:

Expansão térmica Coeficiente de expansão térmica linear é uma medida da variação de comprimento sofrida por um material quando o mesmo é submetido a uma variação unitária de temperatura, ou seja, quando a temperatura do material é elevada em 1 K. l/ l 0 = L T

2003 Brooks/Cole, a division of Thomson Learning, Inc. Thomson Learning is a trademark used herein under license. Relação entre o coeficiente de expansão térmica linear e ponto de fusão para metais

Introdução à Ciência e Engenharia de Materiais SMM0300 Expansão térmica de trilhos Trilhos contínuos: não cabem no espaço original (empenamento) Juntas de expansão

Concorde, Mach 1.3 (1.345 km/h), 150ºC, ligas de alumínio e fibra de carbono Dimensionamento de peças deve levar em conta a expansão: Concorde era extremamente barulhento por dentro até 800 km/h Acima disso: com aquecimento, as peças se encaixavam com precisão

Como abrir um vidro de champignons com elegância?

Expansão & contração: Cabos de cobre não devem tocar o chão no calor, nem se esticar no frio Solução: balancear comprimento segundo a amplitude térmica ou T

Materiais cerâmicos também se dilatam/contraem Juntas de expansão

Cerâmicas refratárias isolantes à base de fibras de Al 2 O 3 ou lã de rocha Al 2 O 3 : elevado α na direção da fibra Fibras randomicamente dispersas α Médio quase nulo (~ 0) Baixa condutividade térmica

Peças em contato que possuem movimento relativo entre si: Durante o serviço (em funcionamento!) ocorre aquecimento devido ao atrito, ocasionando variações dimensionais nos componentes; um coeficiente de dilatação térmica distinto nas peças em contato acarreta desajuste dimensional. Resultado: engripamento, vibrações e ruído; desgaste acelerado em pontos específicos.

2. Quanto calor um material é capaz de absorver (e quanto tempo leva para que isso ocorra)? Sólido sendo aquecido absorção de energia térmica

Capacidade calorífica C= Q/ T (J/kg.K)

Como os materiais absorvem calor? Fónon- pacote de ondas elásticas. Caracteriza-se por sua energia, comprimento de onda ou frequência, capaz de transferir energia pelo material..

Fónon- pacote de ondas elásticas. Caracteriza-se por sua energia, comprimento de onda ou frequência, capaz de transferir energia pelo material.. Calor específico quantidade de energia necessária para elevar a temperatura de um material de 1K.

Influência da temperatura C v =AT 3, onde T é a temperatura absoluta. Temperatura de Debye D:temperatura acima da qual o valor de C v se estabiliza e se iguala a 3 R.

2003 Brooks/Cole, a division of Thomson Learning, Inc. Thomson Learning is a trademark used herein under license. Calor específico de alguns metais e cerâmicas em função da temperatura

2003 Brooks/Cole, a division of Thomson Learning, Inc. Thomson Learning is a trademark used herein under license. Efeito da temperatura no calor específico do ferro.

EXEMPLOS C P Água ~ 4000 J/Kg.K C P Cobre = 386 J/Kg.K Para apagar um incêndio: Tira O 2 (comburente) Tira combustível e/ou Tira calor do sistema Cobre tem C P e muda de temperatura usando muito pouca energia Resultado: não tiraria calor do combustível

No litoral, de dia o vento sopra em direção ao mar; à noite, em direção à terra. Vento = ar quente sobe, ar frio toma seu lugar (convecção) C p Sílica = 740 J/Kg.KC p Água ~ 4000 J/Kg.K Dia: sol fornece energia para a terra e a água do mar Terra tem menor CP e se aquece mais rapidamente Água tem maior CP e demora a se aquecer Terra aquece o ar sobre ela, gerando vendo vindo do mar (+ frio) Noite: a terra e a água do mar dissipam calor para o ar Terra tem menor CP e se resfria mais rapidamente Água tem maior CP e demora a se resfriar O mar mantém o ar aquecido gerando vendo vindo da terra (+ fria) Ar frio toma seu lugar (vento) Terra Ar quente sobe

3. Como os materiais conduzem calor?

Área do fluxo Face quente Face fria Direção do fluxo (x) Como calor pode ser propagar de um ponto quente a um outro ponto frio? (= reduzir T) Convecção: movimento de um fluido (ar, água) Ex.: Vento Condução através do sólido Ex.: trocadores de calor Irradiação: emissão de radiação infravermelha Ex.: calor do sol

Área do fluxo Face quente Face fria Direção do fluxo (x) dt (diferença de temperatura) dx (distância) q k dt dx q = fluxo de calor por área = Q/A k = condutividade térmica dt/dx = gradiente de temperatura (em estado estacionácio = não depende do tempo) Condutividade térmica é a dificuldade que um material impõe à passagem de um fluxo de calor por sua estrutura

2003 Brooks/Cole, a division of Thomson Learning, Inc. Thomson Learning is a trademark used herein under license.

Componentes da condução térmica: k Fônons + k elétrons Vibrações elásticas da rede cristalina Pouco eficientes, mas abundantes Espalhamento dificulta condução: Defeitos cristalinos (contornos de grão, trincas, discordâncias...) Outras ondas ( T) Elétrons móveis Altamente eficaz, mas presente apenas nos metais) Também podem ser espalhados: Defeitos, átomos estranhos... Outros elétrons ( T)

Aumento da [elementos de liga em metais]: maior espalhamento dos elétrons, menor condutividade térmica

O aumento na quantidade de fônons com temperatura dificulta a condução Então k não deveria sempre cair com temperatura?

Condutividade térmica: fônons em cerâmicas Cerâmicas cristalinas (óxidos, principalmente) Por que k diminui e depois cresce com o aumento da temperatura? R: Diferentes mecanismos de condução de calor Acima de 1000ºC: emissão de grande quantidade de radiação infravermelha = condução por irradiação Condução por fônons deixa de ser a mais importante

Fônons em polímeros Por serem semi-cristalinos ou amorfos: Grande dificuldade para propagar os fônons: a) Cadeias flexíveis b)capazes de rotação para acomodar o estado mais energético Materiais intrinsecamente isolantes térmicos

Materiais porosos (isolante térmicos) Presença de vazios fechados (não conectados): a) Ajudam a espalhar fônons b) Porção de material com k baixíssimo c) Não contribuem com condução por convecção Valores de k muito, muito baixos

Condutividade térmica é uma propriedade altamente anisotrópica (depende da direção analisada) Fônons se propagam mais rapidamente nas direções mais densas do material (densidade linear e densidade planar)

2003 Brooks/Cole, a division of Thomson Learning, Inc. Thomson Learning is a trademark used herein under license.

2003 Brooks/Cole, a division of Thomson Learning, Inc. Thomson Learning is a trademark used herein under license.

Trocadores de calor

Condutividade térmica em metais Podem causar aquecimento do interior / exterior de máquina térmicas

Condutividade térmica: polímeros Espumas poliméricas: Isolantes térmicos por excelência: kpolímeros + kar + espalhamento de fônons

Condutividade térmica de cerâmicas Refratários Isolantes Reduzem consumo de energia

Tensões térmicas Tensões térmicas tensões introduzidas devido a diferenças de expansão e contração que ocorrem em um material devido à variações de temperatura. =E. L T

Choque térmico Resistência ao choque térmico medida da resistência do material à fratura causada pela exposição a uma variação de temperatura Para cerâmicas: RCT= f. k/e. L

2003 Brooks/Cole, a division of Thomson Learning, Inc. Thomson Learning is a trademark used herein under license. Efeito do choque térmico no módulo de ruptura do sialon