A DITADURA MILITAR E O ENSINO DE HISTÓRIA: LIVRO DIDÁTICO DURANTE E DEPOIS DO GOLPE DE 1964

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Transcrição:

A DITADURA MILITAR E O ENSINO DE HISTÓRIA: LIVRO DIDÁTICO DURANTE E DEPOIS DO GOLPE DE 1964 Manoel Gomes Neto Universidade Estadual da Paraíba Neto.connect@hotmail.com.br Viviane Edna Vieira Patrício Ve.patricio@bol.com.br Viviane de Fátima Aquino Viviane.f.aquino@gmail.com Wellerson Almeida de Sousa Wellersonalmeida7@gmail.com Introdução No Brasil, iniciou-se uma busca, por parte da elite intelectual brasileira, o desejo de construção de uma identidade para o Brasil. Neste sentido foi criado Instituto Histórico Geográfico Brasileiro (IHGB), onde seriam realizados estudos que fundamentaria a identidade do Brasil. As disciplinas de história por muito tempo foi o perfeito canal para consolidar tal projeto perante toda a população (FONSECA, 2011). O ensino de história caracterizou-se, por muito tempo, pela exaltação dos grandes nomes, pelos heróis da pátria. Após a instauração do regime militar no Brasil, tal ensino continuou a ser implementado, mas com uma certa ênfase no lado social, porém exigindo uma interpretação dos [...] fatos sociais, não de maneira analítica e reflexiva, mas deformando a história no campo de saber, diluindo-a nos Estudos Sociais [...] (FONSECA, 2011, p. 58). O golpe militar que se deu no Brasil foi marcante por uma série de transformações concernentes ao processo educacional dos alunos inseridos nas escolas do país, bem como pela demonstração de força perante um ensino que foi modificado de forma a atender a demanda de um Estado que se utilizou de um longo aparato ideológico para defesa própria e no sentido de não apenas fortalecer-se, mas também manter-se.

Na época tinha-se um ensino que se voltou à industrialização, por uma inspiração liberalista, isso fez com que as ciências humanas consideradas suspeitas e subversivas fossem banidas do 1 grau, a história e a geografia forram diluídas em Estudos Sociais incluindo o ensino de Moral e Cívica, em uma educação voltada claramente para a subjetivação do indivíduo que se queria para a sociedade brasileira da época. Um ensino que era voltado para a formação moral do indivíduo. O objetivo deste trabalho é tratar como se deu a formação do professor de história e o ensino desta disciplina durante a ditadura militar, buscando enxergar como se constituía o livro didático de Estudos Sociais e livro de História hoje; se houve e como se deu as rupturas a partir da redemocratização. Metodologia Para a realizaçãodeste trabalho utilizamos a metodologia da pesquisa bibliográfica comparada, isto é, alguns autores que trataram do tema ensino de história e formação do professor de história, foram estudados, de forma a que pudéssemos chegar a uma conclusão graças a leitura dos mesmos. Outro aspecto deste trabalho - para se chegar a alcançar os objetivos - foram a análise de dois livros didáticos diferentes: um de Estudos Sociais e outro de história (do ano de 2007), em que foi buscado observar as diferenças entre os mesmos no que se refere aos seus conteúdos e formas de escritas. Resultados e Discussão Com a vigência do regime militar no nosso país, verificou-se mudanças na formação de professores. A Lei N 5692, de 1971, determinou que Os professores de História e Geografia poderiam atuar na área de Estudos Sociais, mas foram criados cursos de licenciatura curta para a formação daquele que seria o profissional específico para a área o professor de Estudos Sociais (NEVES, 2003, p. 43). Esta mesma Lei citada a cima estabeleceu a obrigatoriedade da disciplina de Estudos Sociais nas séries correspondentes da 5ª à 8ª séries do então primeiro grau. Dessa forma [...] a prática do civismo e a adequação ao meio social eram seus principais objetivos (ABUD, 2004, p. 112). Perdeu -se o caráter crítico. Não

havia espaços para o questionamento. Um governo autoritário não iria permitir que seus alunos tivessem aulas onde o senso crítico fosse estimulado. A disciplina Educação Moral e Cívica tinha esse dever de moldar o indivíduo a se tornar esse bom cidadão (NEVES, 2003). Na realidade, a formação de professores e a educação básica foram profundamente modificadas com os objetivos ideológicos do regime militar. No que se refere a material didático das escolas da época, é possível perceber por meio da análise de obras de Estudos Sociais, o quanto é notável que o livro seguia a risca os conteúdos selecionados pelos autores, reproduzindo um modelo de história factual, uma história positivista que engrandecia grandes feitos, construindo ícones e heróis que deveriam ser lembrados, um ensino voltado para memorização e datas consideradas importantes. Uma passagem para exemplificar o quanto esses livros eram voltados enquanto armas ideológicas está presente claramente, vejamos uma passagem que demonstra isso: O novo Presidente procurou restabelecer as liberdades que haviam sido limitadas no governo anterior, pelos Atos Institucionais n. 1 e n. 2. Todavia, essa atitude democrática foi mal interpretada pelos elementos contra - revolucionários (principalmente os comunistas), os quais pensaram que poderiam aproveitar-se da situação para retomar o poder. Assim, considerando o crescimento da agitação antigovernamental, e tendo em vista a necessidade de assegurar a continuação da Revolução de 1964, Costa e Silva, em 13 de dezembro de 1968, baixou o Ato Institucional n. 5. (NETO. Et al. 1975, p. falta a pagina). Vale salientar ainda que o golpe militar propriamente dito é tratado enquanto Revolução de 31 de Março, para além disso, é observável que tais obras eram voltadas para criação de exaltação de ícones no cenário nacional, pessoas que guiariam os rumos da história, uma historiografia vista por uma perspectiva cronológica linear e progressistas dos acontecimentos. Dessa maneira, era retirado dos livros o papel crítico da História, essa se resume mais a memorização e reprodução dos acontecimentos, retirando do aluno o papel de refletirem e construírem suas opiniões.

Com o fim da ditadura, o ensino de história vai se modificar. Na década de 90 começam-se as discussões acerca de novas formas de se ensinar história com a incorporação de recursos tecnológicos e outras linguagens que pudessem vir a auxiliar o aluno na compreensão dos assuntos. Os livros didáticos mais recentes tratam de forma mais crítica o mesmo acontecimento que foi discutido nos parágrafos acima, discute-se não apenas o golpe militar precisamente dito, mas também as restrições às liberdades individuais que foram implantadas com a implantação do regime. Mas a face mais dura do regime militar constituiu na instalação de inquéritos contra os opositores. Na investigação desses inquéritos, prisões e torturas tornaram-se práticas comuns. Os principais alvos da repressão efetuada pelos militares eram estudantes, os líderes das ligas Camponesas e os dirigentes dos sindicatos. (APOLINÁRIO, 2007) Percebe-se por meio desta citação que há uma mudança na forma de se observar os fatos históricos, com uma visão menos ufanista e mais crítica dos acontecimentos, além disso levam-se em consideração não apenas personagens ícones, criados enquanto heróis nacionais, mas abordasse outros agentes como por exemplo os estudantes e aqueles ligados ao campo. Considerações Finais. O período da chamada ditadura militar foi longo, durando 21 anos e consigo trouxe mudanças no ensino de história, nesse sentido, foi possível perceber por meio da análise de obras da época e de livros didáticos mais recentes que mudanças se operaram na maneira de se organizar os currículos de história, passando de uma história puramente positivista para um viés mais cultural. Além disso, é importante lembrar que as restrições sofridas na disciplina refletem até hoje na forma como os alunos veem o ensino da mesma, uma vez que essa vem perdendo cada vez mais espaço para outras. Referências. ABUD, Katia Maria. História nossa de cada dia: saber escolar e saber acadêmico na sala de aula. In: Ensino de história: sujeitos, saberes e práticas. Rio de Janeiro: ManuadX :Faperl, 2007.

APOLINÁRIO, Maria Raquel. Projeto Araribá: História. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2007. DEL PRIORI, Mary. Uma Breve História do Brasil. São Paulo: Planeta do Brasil, 2010. FONSECA, Thais Nívea de Lima e. História e ensino de história. 3. Ed. Belo Horizonte: autêntica Editora, 2011. MICHALANY, NETO, PACHECO, RAMOS. Estudos Sociais. Como você precisa. 32. ed. São Paulo: Michalany S/A. NEVES, Joana. A formação do professor de história no Brasil. In: Educação e história no Brasil contemporâneo. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 2003.