Relatório Técnico-Executivo Referente aos Serviços Prestados pela UNESP/FEG através Empresa JR. ENG Este relatório tem como objetivo apresentar as atividades executadas pelo grupo de pesquisa da Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá (Empresa Jr. - FEG/UNESP) durante os meses de julho a dezembro de 2010, no âmbito do termo de cooperação técnica solicitado pela Associação Corredores Ecológicos do Vale do Paraíba (ACEVP). 1. Etapas do Projeto Conforme a proposta de trabalho firmada entre as partes, as principais tarefas aqui descritas compreendem as seguintes etapas: Planejamento estratégico de atuação; Atividades de campo; Pesquisas sócio-ambientais; Análise dos resultados; Produção do workshop. Todas estas etapas geraram produtos durante seu desenvolvimento, os quais podem ser consultados nos documentos detalhados que estão apresentados no Anexo deste relatório. 1.1 Planejamento estratégico de atuação Antes das atividades começarem efetivamente, foi necessário uma série de tarefas para que se pudesse otimizar ao máximo o trabalho de campo e, conseqüentemente, os posteriores trabalhos realizados em escritório. Neste âmbito, o primeiro passo remete-se a seleção dos alunos, realizada pelos professores que compuseram a equipe técnica do trabalho. Foram selecionados 8 (oito) alunos da graduação da FEG, dos cursos de Engenharia de Materiais, Civil e Produção além de uma aluna do curso de Biologia da UNITAU. Para também compor o grupo, 3 (três) alunos do mestrado em Engenharia Civil e Ambiental da UNESP foram convocados para coordenar as equipes para o trabalho de campo e colaborar nas demais atividades.
Figura 1 Alunos da graduação e mestrado que participaram do projeto. Visando o melhor compreendimento por parte dos alunos da graduação e a capacitação dos mesmos, foi dado a eles um treinamento básico sobre os principais temas que seriam abordados no decorrer do período das atividades, a saber: geoprocessamento, conceitos ambientais, código florestal, ecologia da paisagem, utilização de GPS e apresentação da Associação Corredor Ecológico do Vale do Paraíba. A partir da definição e nivelamento dos alunos da graduação, o trabalho seguiu para a parte de organização e levantamento dos dados referentes a área de atuação: o Médio Vale do Paraíba do Sul. Esta etapa consistiu no estudo de informações encontradas na literatura, bem como na estruturação do banco de dados espaciais que foi utilizado no decorrer do projeto. Além disso, todas as pessoas envolvidas nesse trabalho, juntamente com o Sr. Paulo Valladares Soares, fizeram, durante um dia todo, uma visita de reconhecimento a diversos locais do Médio Vale do Paraíba (Piquete, Campos de Cunha, Santa Lucrécia, Silveiras entre outros), enfatizando como as atividades de campo deveriam ser feitas, como e quais aspectos deveriam ser analisados e ressaltando também a questão da segurança pessoal em campo. 1.2 Atividades em Ambiente SIG Os trabalhos em ambiente SIG (Sistema de Informações Geográficas) constaram, inicialmente, em obter a informação cartográfica digitalizada disponível e organizá-la em um banco de dados composto por arquivos em shapefile e geodatabse. O ambiente de análise geoespacial foi o software ArcGIS 9.3, particularmente a sua extensões Spatial Analyst. Em seguida, selecionou-se os layers (mapas) considerados pertinentes ao estudo em questão, a saber: Densidade de Drenagem, Densidade de Estradas, Geomorfologia e Ocupação do Solo. Alguns destes layers tiveram que ser elaborados, tomando como base outros já existentes. Detalhes da parte metodológica referente as tarefas executadas especificamente para cada
caso pode ser encontrada no ANEXO I (Metodologia aplicada na Ponderação de Mapas na Identificação de Áreas Potenciais para a Inserção de Corredores Ecológicos no Vale do Paraíba). O cruzamento das informações cartográficas a fim de gerar um mapa de potencialidades para a inserção de corredores ecológicos foi feito através da técnica conhecida como Álgebra de Mapas, também utilizando o software ArcGIS. Detalhes desta etapa também podem ser encontrados no ANEXO I e no ANEXO II, que se refere ao artigo publicado no XV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto. Figura 2 Layers trabalhados que foram utilizados para a geração do mapa de potencialidade e sua hierarquização. Figura 3 - Mapa de Potencialidade gerado para a implementação de corredores ecológicos.
1.3 Atividades de Campo Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" As atividades de campo corresponderam a uma série de viagens até locais que, através do mapa apresentado na Figura 3, foram considerados potenciais para a implementação dos corredores ecológicos. Desta forma, todas as 3 (três) equipes - formadas por 1 (um) coordenador de mestrado e 3 (três) alunos de graduação puderam analisar os melhores caminhos a serem percorridos, cruzando as informações adquiridas na etapa de escritório com as imagens do Google Earth, como pode ser observado no exemplo da Figura 4. Figura 4 Cruzamento das informações obtidas em ambiente SIG com o Google Earth. Traçadas as principais rotas de acesso para analisar as áreas e os fragmentos importantes na construção das linhas de conectividade, as equipes foram à campo. Nesta etapa uma série de informações foram coletadas e georreferenciadas. Para isso, contaram com um check-list como base para analisar diversos parâmetros, tais como: estado de conservação do fragmento, qualidade da água dos corpos d água no entorno, análise expedita do solo, indicadores de degradação ou conservação do solo, entre outros. Figura 5 - Alunos durante o trabalho de campo.
Este levantamento foi feito para toda área de interesse, que corresponde a região que vai de Guaratinguetá até Queluz, e teve duração 2 (duas) semanas. Todos os participante tiveram suas despesas pagas, bem como um seguro contra acidentes pessoais e aluguel do veículo. Todos os pontos coletados e analisados, bem como os diários de bordo de todas as idas a campo, foram organizados em forma de relatório por cada uma das equipes. Estes documentos podem ser observados no ANEXO III. Ao fim das atividades de campo, além da experiência adquirida por cada um dos integrantes, um acervo fotográfico e um banco de dados espaciais foi gerado, correspondente a todos os pontos notáveis encontrados durante o levantamento (Figura 6). Desta forma, foi possível acrescentar informações do meio físico consideradas relevantes, em escala real, ao banco de dados. Estes dados são importantes nas etapas seguintes, pois são eles, juntamente com os estudos prévios realizados, que vão nortear as tomadas de decisão quanto à elegibilidade das áreas potenciais para as ações de reflorestamento. Figura 6 Exemplo de alguns pontos notáveis coletados em campo (em azul) inseridos no Google Earth e uma das fotos do acervo fotográfico. 1.4 Detalhamento das Linhas de Conectividade A partir da complementação de informações obtidas em campo, partiu-se para o detalhamento das linhas de conectividade. Esta etapa compreende em análises feitas em cima das áreas potenciais identificadas anteriormente (Figura 3), utilizando a experiência adquirida em campo, juntamente com os conceitos da Ecologia da Paisagem. Os produtos gerados nesta etapa foram elaborados no próprio Google Earth, e correspondem a um conjunto de linhas
que interligam os fragmentos de mata nativa, áreas de silvicultura, passando pelas áreas que necessitam de algum tipo de intervenção, visando o reflorestamento. Um exemplo destes resultados está apresentado na Figura 7, onde as linhas continuas ilustram como as conexões entre os fragmentos podem ser feitas. Figura 7 - Exemplo do traçado detalhado das linhas de conectividade. Do canto superior esquerdo, um zoom mostrando a solução encontrada para ultrapassar a dificuldade no trajeto (gasoduto). 1.5 Análise Sócio-Institucional O levantamento sócio institucional deste trabalho surgiu em virtude da necessidade de conhecer e classificar a realidade dos municípios envolvidos. Trata-se de um levantamento de indicadores sociais, institucionais, econômicos e ambientais, onde foi possível traçar um perfil de cada município através da definição de níveis de interesse (alto, médio e baixo) destes indicadores. São eles: IDH; Taxa de Urbanização; Tipo da Fonte de renda; Existência de Plano Diretor; Tipo de Ensino; Tipos de Turismo; Existência de UCs; Existência de SEAMAs; Existência de Conselhos de MA;
Existência de Projetos Ambientais; Associações Envolvidas; Existência de Legislação Ambiental; Existência de ZEIAs; Taxa de esgoto tratado; Após o levantamento e classificação através de níveis de interesse, procurou-se somar todos estes indicadores. O resultado desta soma reflete os diferentes cenários em que os municípios se encontram, propiciando traçar estratégias de atuação diferenciadas para cada caso, pensando na melhor forma para viabilizar parcerias para as ações de reflorestamento. Tendo em mãos uma base de dados espaciais com a divisão política do vale, foi possível também implementar todas estas informações em ambiente SIG aos municípios, de forma que o perfil de cada um deles pode ser analisado de forma espacial. Figura 8 Quadro ilustrativo dos procedimentos realizados no levantamento sócio-institucional. Este tipo de análise é inédito para esse tipo de projeto e sua finalidade. Foi feita através de pesquisas em internet e prefeituras dos municípios envolvidos, buscando informações também nas secretarias. 1.6 Workshop Como forma de divulgar o trabalho executado, a última etapa corresponde a elaboração de um Workshop, intitulado Planejamento estratégico para otimização de investimentos na recuperação da Mata Atlântica no Vale do Paraíba Paulista, que ocorreu na própria UNESP (FEG), contando com a participação de todos os envolvidos.
Nesta apresentação, foram convidados membros da sociedade civil, professores, empresas da região, a mídia, ONG s, institutos e representantes do poder público, com o intuito de não só divulgar os resultados obtidos, mas também de apresentar os ideais da ACEVP e envolvê-los nas questões ambientais. Após aproximadamente uma hora de apresentação, foi dada a oportunidade dos ouvintes participarem realizando perguntas, opinando, fazendo sugestões e dando depoimentos pessoais, propiciando o envolvimento de todos. Figura 9 Fotos do Workshop realizado na UNESP/FEG. 2. Considerações Finais Com a conclusão das etapas realizadas pelo grupo de pesquisa da Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá (Empresa Jr. - FEG/UNESP) descritas anteriormente, pode-se dizer que a ACEVP não só consolidou um banco de informações importantes para as ações de reflorestamento no Vale do Paraíba, como também deu um grande passo em direção a sustentabilidade. A participação dos diversos setores da sociedade e da economia, agindo de forma conjunta na estruturação deste grande projeto, é considerada essencial para que as ações futuras sejam otimizadas cada vez mais. Por fim, cabe ressaltar que este trabalho serve de base para todas as ações de reflorestamento realizadas pela ACEVP e também de modelo para todas as parcerias que vão sendo consolidadas ao longo do tempo.