EMPREGO E RENDA 2003 UM ANO DE DESEMPREGO E DE QUEDA ACENTUADA DO RENDIMENTO NOS GRANDES CENTROS URBANOS Em dezembro, a pesquisa de emprego do IBGE registrou uma taxa de desocupação de 10,9%. Como é normal para a época de fim de ano, a taxa de desocupação melhorou frente aos outros meses do ano, porém ficou acima daquelas observadas em dezembro de 2001 e 2002. Em média, a taxa de desocupação em 2003 foi de 12,3%, superior a do ano anterior. Já o montante de pessoas ocupadas vem crescendo. Contudo, esse incremento tem ocorrido com condições mais precárias de trabalho, consumada no maior número de pessoas ocupadas sem carteira assinada. Tal aspecto influiu no rendimento médio mensal e na massa de rendimentos da população das grandes regiões metropolitanas do Brasil. Houve queda de 12,3% e 7,9% em relação ao ano anterior, respectivamente, do rendimento médio mensal das pessoas ocupadas e da massa de rendimentos. Taxa de Desemprego 2003 termina de forma preocupante no tocante ao desemprego. A taxa de desocupação estimada pelo IBGE para as seis grandes Regiões Metropolitanas brasileiras atingiu 12,3% no ano (taxa média). Tal patamar é atribuído principalmente ao segundo semestre, cuja taxa média foi de 12,5%, a despeito do declínio que a mesma observou ao longo da metade final de 2003. Em dezembro último, tal indicador ficou em 10,9%, o mais baixo de 2003, porém devendo-se ressalvar que a taxa em questão costuma melhorar no final do ano devido às ocupações geradas pelas festividades desse mês. Ademais, essa cifra ficou acima do observado nos meses de dezembro de 2001 e 2002 (10,6% e 10,5%, respectivamente). Por sinal, na comparação entre meses de 2003 e seus equivalentes do ano anterior, somente em fevereiro, março e abril, 2003 experimentou taxas de desocupação melhores. No Recife e em Salvador, regiões metropolitanas do Nordeste, e em São Paulo, a indicação é que a taxa de desemprego tenha evoluído mais do que a média das seis regiões metropolitana pesquisadas. Emprego e Renda 2003: Um Ano de Desemprego e de Queda Acentuada do Rendimento nos Grandes Centros Urbanos 1
13 Taxa Média de Desemprego Aberto Média dos Resultados Mensais (%) 12 12,1 11,7 12,2 12,5 12,3 11,3 11 10 9 8 1º sem/02 2º sem/02 2002 1º sem/03 2º sem/03 2003 14 Taxa Média de Desemprego Aberto (%) 13 12 11,7 11,5 12,9 12,5 12,5 11,9 11,9 11,6 11,7 11,5 11,6 12,4 12,1 12,8 13,0 12,8 13,0 12,9 12,9 12,2 11 10,6 11,1 11,2 11,2 10,9 10,5 10,9 10 9 8 out/01 nov/01 dez/01 jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 dez/02 jan/03 fev/03 mar/03 abr/03 mai/03 jun/03 jul/03 ago/03 set/03 out/03 nov/03 dez/03 Emprego e Renda 2003: Um Ano de Desemprego e de Queda Acentuada do Rendimento nos Grandes Centros Urbanos 2
18 17,0 Taxa Média de Desemprego Aberto Média dos Resultados Mensais (%) 16 15,0 14 12 10 12,5 13,8 10,8 10,8 10,1 9,2 12,7 14,1 8,8 9,7 11,7 12,3 8 6 4 2 0 Recife Salvador Belo Horizonte Rio de Janeiro São Paulo Porto Alegre Total 2002 2003 Comparando as Taxas de Desemprego Cabe observar que o ano que há pouco terminou foi difícil também para outros países no que tange à geração de empregos. Além do Brasil, em economias como a Alemanha, Coréia do Sul, França Irlanda e o conjunto dos países que formam a Zona do Euro, as taxas de desemprego referentes ao o último mês disponível em 2003 foram maiores do que aquelas para o mesmo mês do ano anterior. Ainda assim, Espanha, Estados Unidos, Japão e Reino Unido experimentaram uma discreta queda na taxa de desemprego, segundo a mesma base comparativa. Emprego e Renda 2003: Um Ano de Desemprego e de Queda Acentuada do Rendimento nos Grandes Centros Urbanos 3
Países Selecionados - Taxa de Desemprego Mensal (%) Comparação 2002-2003, Último Mês Disponível Alemanha (nov) 8,9 9,3 Brasil (dez) 10,5 10,9 Canadá (nov) 7,5 7,5 Coréia do Sul (set) 3,2 3,8 Espanha (nov) 11,5 11,3 Estados Unidos (dez) 6,0 5,7 França (nov) 9,0 9,5 Irlanda (nov) 4,4 4,6 Japão (nov) Reino Unido (set) 5,3 5,2 5,2 4,9 Área do Euro (nov) 8,6 8,8 2002 2003 Fonte: Brasil: IBGE PME Nova Metodologia; Estados Unidos - Bureau of Labour Statistics; Demais países: OCDE - Standardised Unemployment Rates, 07/2003. Elaboração própria. Países Selecionados - Taxa de Desemprego Mensal (%) Comparação 2002-2003, Média do Ano Alemanha* 8,6 9,3 Brasil 11,7 12,3 Canadá* 7,6 7,6 Coréia do Sul** 3,3 3,5 Espanha* 11,3 11,3 Estados Unidos 5,8 6,0 França* 8,8 9,4 Irlanda* 4,4 4,6 Japão* Reino Unido** 5,4 5,3 5,1 5,0 Área do Euro* 8,4 8,8 acum-02 acum-03 Fonte: Brasil: IBGE PME Nova Metodologia; Estados Unidos - Bureau of Labour Statistics; Demais países: OCDE - Standardised Unemployment Rates, 07/2003. Elaboração própria. * Em 2003, refere-se à média das taxas até novembro. ** Em2003, refere-se à média das taxas até setembro. Emprego e Renda 2003: Um Ano de Desemprego e de Queda Acentuada do Rendimento nos Grandes Centros Urbanos 4
Pessoal Ocupado No Brasil um dado favorável já constatado no primeiro semestre de 2003 repetiu-se no segundo semestre: o aumento no total de pessoas ocupadas nas grandes aglomerações urbanas brasileiras. Tomando-se a nova série do IBGE, iniciada em março de 2002, em dezembro de 2003 presenciou o maior número de indivíduos ocupados de todo o intervalo: 18,9 milhões. Embora o gráfico abaixo transpareça esse ponto positivo, ressalta também um aspecto negativo, também observado quando do encerramento da metade inicial do ano. É que tal incremento da população ocupada vem ocorrendo em atividades sem carteira assinada, que somou cerca de 10,7 milhões de trabalhadores nessa situação. Tal fato aponta claramente para o aumento da informalização do trabalho. No centro econômico do País, São Paulo, a informalidade parece ter tido uma elevação particularmente expressiva em 2003: o percentual das pessoas ocupadas com carteira assinada, que era de 49,7% em 2002, cai para 47,1% em 2003. Na média das regiões metropolitanas, a redução é de 45,6% para 44,2%. 118 Brasil: Pessoal Ocupado Total e Assalariados 116 114 Índice Mar/2002 = 100 112 110 108 106 104 102 100 98 mar-02 abr-02 mai-02 jun-02 jul-02 ago-02 set-02 out-02 nov-02 dez-02 jan-03 fev-03 mar-03 abr-03 mai-03 jun-03 jul-03 ago-03 set-03 out-03 nov-03 dez-03 Total Ocupados Com Carteira Sem Carteira Emprego e Renda 2003: Um Ano de Desemprego e de Queda Acentuada do Rendimento nos Grandes Centros Urbanos 5
55 Pessoas, de 10 anos ou mais de idade, empregadas com carteira de trabalho assinada - % do total de pessoas ocupadas na semana de referência, no trabalho principal 50 49,7 45 47,0 45,4 47,1 45,6 44,3 41,0 41,0 40 35 36,9 35,9 30 25 20 Recife Belo Horizonte Rio de Janeiro São Paulo Total 2002 2003 Rendimento e Massa de Rendimentos Como seria de esperar do quadro até aqui delineado, os dados de rendimento médio e de massa de rendimentos mensais foram desalentadores. Apesar do rendimento médio mensal efetivamente recebido pelas pessoas ter crescido desde outubro, não houve um mês sequer de 2003 com resultado melhor do que o de seu correspondente em 2002. Ademais, apenas em janeiro e em dezembro do ano em foco, quando parte representativa da população se beneficia do décimo-terceiro salário e/ ou do período de férias, o rendimento médio mensal ultrapassou a casa dos R$ 900,00 (valores de 12/2003, segundo o INPC). Desta forma, o maior número de pessoas ocupadas não foi suficiente para que a massa de rendimentos de dezembro último superasse a do mesmo mês de 2002. Ressalte-se que, em dezembro de 2003, havia cerca de 800 mil pessoas ocupadas a mais do que no último mês de 2002. Emprego e Renda 2003: Um Ano de Desemprego e de Queda Acentuada do Rendimento nos Grandes Centros Urbanos 6
1.200 Rendimento Médio Mensal Efetivamente Recebido pelas Pessoas Ocupadas (R$ de Dez/2003) 1.100 1.000 900 800 700 600 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 dez/02 jan/03 fev/03 mar/03 abr/03 mai/03 jun/03 jul/03 ago/03 set/03 out/03 nov/03 dez/03 Nota: O dado de dezembro de 2003 é uma estimativa própria. 21.000 Massa de Rendimentos Efetivamente Recebida pelas Pessoas Ocupadas (R$ Milhões de Dez/2003) 19.000 17.000 15.000 13.000 11.000 9.000 7.000 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 dez/02 jan/03 fev/03 mar/03 abr/03 mai/03 jun/03 jul/03 ago/03 set/03 out/03 nov/03 dez/03 Nota: O dado de dezembro de 2003 é uma estimativa própria. Emprego e Renda 2003: Um Ano de Desemprego e de Queda Acentuada do Rendimento nos Grandes Centros Urbanos 7
Estimando-se as variações do rendimento real médio e da massa real de rendimentos de um ano para outro, nota-se uma forte deterioração ao longo do tempo. Desde 1999, o rendimento médio mensal vem caindo, sendo a queda maior justamente a observada em 2003, declinando 12,3%. No acumulado desse período, a estimativa é de queda de 22,4%. No tocante à massa real de rendimentos, após uma significativa redução em 1999 e posterior crescimento registrado em 2000, tem encolhido substancialmente. No biênio 2001-2002, a redução foi de 2,3% em cada um desses anos. Em 2003, a retração foi de 7,9%, mesmo com o incremento no número de pessoas ocupadas. Desde 1999, a queda acumulada é de 14%. Isto tem repercussões importantes na indústria e na economia, pois a massa de rendimentos das pessoas ocupadas é a base do mercado interno consumidor. Por isso, o consumo de massas e o segmento produtor dos bens e serviços para satisfazer esse consumo vêm caindo no Brasil. O segmento industrial produtor de bens não duráveis é um exemplo de setor que vem acumulando nos últimos anos uma contínua retração. Rendimento e Massa de Rendimentos - Média dos Dados Mensais Variação em Relação ao Ano Anterior (%; Preço = Dez/2003) 8,74 9,94 2,49 1,30 1,18 3,67-0,61-2,09-1,65-2,32-2,32-4,03-5,46-4,29-7,87-12,27 1996* 1997* 1998* 1999* 2000* 2001* 2002* 2003 Rendimento Massa de Rendimentos Fonte: IBGE PME Nova Metodologia e Série Anterior. Elaboração própria. * Calculados pela série anterior. Nota: Os dados da série nova foram ajustados para o cálculo da variação 2003/ 2002. Emprego e Renda 2003: Um Ano de Desemprego e de Queda Acentuada do Rendimento nos Grandes Centros Urbanos 8