Fundos de Investimento na nova lei de defesa da concorrência. 19 de outubro de 2012



Documentos relacionados
GRUPOS ECONÔMICOS E A ANÁLISE DA CONCENTRAÇÃO ECONÔMICA. José Marcelo Martins Proença marcelo.proenca@usp.br

Gun Jumping. Gilvandro Vasconcelos Coelho de Araújo. 30 de outubro de Conselheiro do CADE

POLÍTICA DE EXERCÍCIO DE DIREITO DE VOTO EM ASSEMBLÉIAS GERAIS. CAPÍTULO I Definição e Finalidade

POLÍTICA DE EXERCÍCIO DE DIREITO DE VOTO EM ASSEMBLÉIAS METODO ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS LTDA.

POLÍTICA CORPORATIVA BACOR CCVM. Página: 1 Título: Exercício de Direito de Voto em Assembleia

Aos Fundos exclusivos ou restritos, que prevejam em seu regulamento cláusula que não obriga a adoção, pela TRIAR, de Política de Voto;

Política de Exercício de Direito de Voto em Assembleia BBM INVESTIMENTOS

POLÍTICA DO EXERCÍCIO DE DIREITO DE VOTO EM ASSEMBLÉIAS

POLÍTICA DE EXERCÍCICO DE DIREITO DE VOTO EM ASSEMBLÉIAS GERAIS (POLÍTICA DE PROXY VOTING)

Gerenciamento de Riscos Risco de Liquidez

POLÍTICA DE EXERCÍCIO DE DIREITO DE VOTO EM ASSEMBLÉIAS GERAIS PAINEIRAS INVESTIMENTOS

Desafios Estratégicos para a Indústria de Fundos de Investimento. Marcelo Trindade mtrindade@trindadeadv.com.br Rio de Janeiro,

POLÍTICA DE EXERCÍCIO DE DIREITO DE VOTO EM ASSEMBLEIAS GERAIS POLO CAPITAL GESTÃO DE RECURSOS LTDA. CAPÍTULO I Definição e Finalidade

Política de Exercício de Direito de Voto em Assembleias Gerais Legal Brasil e Uruguai

POLÍTICA DE EXERCÍCIO DE DIREITO DE VOTO EM ASSEMBLEIAS

POLÍTICA DE TRANSAÇÕES COM PARTES RELACIONADAS BB SEGURIDADE PARTICIPAÇÕES S.A.

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 19 (R2) Negócios em Conjunto

Política Institucional

Fundos de Investimento Imobiliário (FII) David Menegon Superintendência de Relações com Investidores Institucionais 10 de março de 2015

INSTRUÇÃO CVM Nº 549, DE 24 DE JUNHO DE 2014

PUBLICADO EM 01/08/2015 VÁLIDO ATÉ 31/07/2020

ANÁLISE DO EDITAL DE AUDIÊNCIA PÚBLICA SDM Nº 15/2011 BM&FBOVESPA

Política de Exercício de Direito de Voto

Concorrência e Regulação no Setor de Saúde Suplementar

Concessão de Aeroportos Definição do Marco Regulatório

Política de Exercício de Direito de Voto

ASK GESTORA DE RECURSOS LTDA.

INSTRUÇÃO CVM Nº 539, DE 13 DE NOVEMBRO DE 2013

EXPLORITAS ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA LTDA POLÍTICA DE EXERCÍCIO DE DIREITO DE VOTO EM ASSEMBLÉIAS

POLÍTICA DE EXERCÍCIO DE DIREITO DE VOTO EM ASSEMBLEIAS POLÍTICA DE VOTO DTVM

RESOLUÇÃO Nº º Para efeito do disposto nesta Resolução: I - Unidades da Federação são os Estados e o Distrito Federal;

O artigo 51º do CIRC estabelece que os dividendos recebidos por sociedades portuguesas são totalmente excluídos de tributação sempre que:

POLÍTICA DE EXERCÍCIO DE DIREITO DE VOTO EM ASSEMBLEIAS

I. Da Descrição da Operação

Política de Exercício de Direito de Voto em Assembléias

POLÍTICA DE EXERCÍCIO DE DIREITO DE VOTO EM ASSEMBLEIAS

Política de exercício de direito de voto em Assembleias

Política de Exercício de Direito de Voto em Assembleias Março / 2014

POLÍTICA DE EXERCÍCIO DE DIREITO DE VOTO EM ASSEMBLÉIAS GERAIS GAP GESTORA DE RECURSOS LTDA. CAPÍTULO I Definição e Finalidade

POLÍTICA DE EXERCÍCIO DE DIREITO DE VOTO DEX CAPITAL GESTÃO DE RECURSOS LTDA.

O Acordo de Haia Relativo ao Registro. Internacional de Desenhos Industriais: Principais características e vantagens

MANUAL DE GESTÃO DE LIQUIDEZ

GARDEN CITY PARTICIPAÇÕES E GESTÃO DE RECURSOS LTDA. POLÍTICA DE EXERCÍCIO DE DIREITO DE VOTO EM ASSEMBLÉIAS DEZEMBRO/2013

POLÍTICA DE EXERCÍCIO DE DIREITO DE VOTO EM ASSEMBLÉIAS GERAIS. CAPÍTULO I Do Objetivo

POLÍTICA DE VOTO 1.1. INTRODUÇÃO E OBJETIVO

ROBSON ZANETTI & ADVOGADOS ASSOCIADOS AS HOLDINGS COMO ESTRATÉGIA DE NEGÓCIOS, PROTEÇÃO PATRIMONIAL E SUCESSÃO FAMILIAR

Pesquisa sobre o Perfil dos Empreendedores e das Empresas Sul Mineiras

POLÍTICA DE EXERCÍCIO DE DIREITO DE VOTO EM ASSEMBLÉIAS GERAIS OCEANA INVESTIMENTOS ADMINISTRADORA DE CARTEIRA DE VALORES MOBILIÁRIOS LTDA.

GUIA DE ANÁLISE ECONÔMICA DE ATOS DE CONCENTRAÇÃO VERTICAL

CEAHS CEAHS. Grupo Disciplinas presenciais Créditos Mercado da Saúde Ética e aspectos jurídicos 1

Cotas de Fundos de Investimento em Ações FIA

Carlos José da Costa André Diretor de Gestão

RESOLUÇÃO Nº º Para efeito do disposto nesta Resolução, as Unidades da Federação são os Estados e o Distrito Federal.

Curso Extensivo de Contabilidade Geral

Gestão do Conhecimento A Chave para o Sucesso Empresarial. José Renato Sátiro Santiago Jr.

Aumente sua velocidade e flexibilidade com a implantação da nuvem gerenciada de software da SAP

INSTRUÇÃO CVM Nº 506, DE 27 DE SETEMBRO DE 2011

EDITAL DE AUDIÊNCIA PÚBLICA SDM Nº 10/14 Prazo: 1º de dezembro de 2014

Fundos de Investimento Imobiliário Workshop para jornalistas. Nov 2011

Política de Exercício de Direito de Voto em Assembleia Trinus Capital

LEVY & SALOMÃO A D V O G A D O S

POLÍTICA DE EXERCÍCIO DE DIREITO DE VOTO EM ASSEMBLÉIAS GERAIS LANX CAPITAL INVESTIMENTOS LTDA. CAPÍTULO I Definição e Finalidade

POLÍTICA DE EXERCÍCIO DE DIREITO DE VOTO EM ASSEMBLEIAS

O art. 90, IV, da Lei : Contratos Associativos e Joint Ventures SAUDADES DO ART. 54? IBRAC 18º Seminário Internacional de Defesa da Concorrência

Empresariado Nacional e Tecnologias de Informação e Comunicação: Que Soluções Viáveis para o Desenvolvimento dos Distritos?

P O L Í T I C A D E E X E R C Í C I O D E D I R E I T O D E V O T O E M AS S E M B L E I AS

Senise, Moraes & Maggi Sociedade de Advogados surgiu da união de advogados com diversos anos de experiência e sólida formação jurídica que perceberam

Política de Exercício de Direito de Voto em Assembléias Gerais

Zero Parte 1. Licenciamento

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA. RESOLUÇÃO Nº 12, de 11 de março de 2015

La Supervisión de los Custodios en Brasil. Aspectos Legales

POLÍTICA DE EXERCÍCIO DE DIREITO DE VOTO EM ASSEMBLÉIAS GERAIS GRADIUS GESTÃO DE CARTEIRAS DE VALORES MOBILIÁRIOS LTDA.

Política de Exercício de Direito de Voto em Assembléias

O VALOR DO CONTROLE PARTE 2

Política de Exercício de Direito de Voto

POLÍTICA DE EXERCÍCIO DE DIREITO DE VOTO EM ASSEMBLÉIAS GERAIS KRON GESTÃO DE INVESTIMENTOS LTDA.

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 35 (R1) Demonstrações Separadas

FAQ S PORTARIA DE CERTIFICAÇÃO DE SOFTWARE - ÓPTICA DO UTILIZADOR-

POLÍTICA DE EXERCÍCIO DE DIREITO DE VOTO EM ASSEMBLÉIAS GERAIS MÁXIMA ASSET MANAGEMENT LTDA. CAPÍTULO I Definição e Finalidade

Política de Gestão de Negócios e de Relacionamento

POLÍTICA ANTITRUSTE DAS EMPRESAS ELETROBRAS. Política Antitruste das Empresas Eletrobras

Seção I. Do pedido de Aprovação de Atos de Concentração

Banco Mercedes-Benz RISCO DE MERCADO E LIQUIDEZ Base: Janeiro 2014

Política de Exercício de Direito de Voto em Assembleias Gerais

FORMULÁRIO DE INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES

INSTRUÇÃO CVM Nº 554, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2014, COM AS ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS PELA INSTRUÇÃO CVM Nº 564/15.

Transcrição:

Fundos de Investimento na nova lei de defesa da concorrência 19 de outubro de 2012

Preocupações concorrenciais como em qualquer AC Concentração horizontal Relações verticais Troca de informações F F Q1 Q2 A F A A C C B C Fundo (F) adquire participação em A, que é concorrente de A F adquire participação em B. Empresas A e B atuam em mercados verticalmente relacionados Q2 passa a ser quotista de F. Q1 e Q2 controlam, respectivamente, empresas C e C concorrentes no mesmo mercado de C.

Preocupações concorrenciais (cont.) Existência de fundos especializados que por isso sejam capazes de organizar setor Preocupação é válida também para os fundos que não exercem controle. Impactos concorrenciais de participação minoritária Possibilidade de influência relevante Alteração nos incentivos à competição (participação nos resultados do concorrente) Acesso à informação

Análise de ACs: questões específicas sobre fundos Quais os agentes econômicos envolvidos na operação? Definição de grupo econômico para fins de cálculo de faturamento (determinação de obrigatoriedade de notificação) Entidades cujas informações devem ser prestadas no formulário de notificação (interesse concorrencial) E o papel do gestor?

Jurisprudência do Cade Análise da influência relevante dos quotistas no fundo e do fundo nas empresas para definição de grupo Necessidade de análise do regulamento do fundo para estabelecer necessidade de notificação Insegurança jurídica Descompasso com prática internacional

Resolução n 2 Resolução n 2: tentativa de estabelecer critérios mais objetivos para definição de faturamentos a serem considerados 20% de participação: definição de coligadas Fundos submetidos à regra geral (independente do tipo para evitar arbitragem)

Resolução n 2: definição de grupo para fundos de investimento Grupo do Fundo QUOTISTA GESTOR 20% controle A F1 20%B 20% F2 F3 F4 Participação societária Gestão comum 2 No caso dos fundos de investimento, são considerados integrantes do mesmo grupo econômico, cumulativamente: I os fundos que estejam sob a mesma gestão; II o gestor; III os cotistas que detenham direta ou indiretamente mais de 20% das cotas de pelo menos um dos fundos do inciso I; e IV as empresas integrantes do portfolio dos fundos em que a participação direta ou indiretamente detida pelo fundo seja igual ou superior a 20% (vinte por cento) do capital social ou votante.

Críticas mais frequentes Não existem regras para cálculo do faturamento dos fundos Desnecessidade de inclusão do faturamento de quotistas de fundos não relacionados Independência do gestor elimina necessidade de analisar quotistas Devem ser considerados todos os tipos de fundos? Como avançar especificação dos critérios da Resolução n 2?

Fundos Operações de mero investimento? Mero veículo para investimento em portfolio? Meio para exercício de controle/influência? Dificuldade de estabelecer critérios para diferenciar ambas as situações a priori Alguns países estabelecem isenção genérica para operações de mero investimento (ex: EUA) Também é possível discutir a criação de critérios específicos para fundos a partir de características específicas (ex: existência de conselho de quotistas, fundos passivos etc.)

Formulário de notificação Particularidade da indústria de fundos: necessidade de informação com relação a um número maior de agentes Dificuldades na obtenção das informações é desafio também em outros países: reforma recente nos EUA para introdução do conceito de associate Objetivo foi abarcar informações sobre: gestores, administradores, outros fundos em que administradores e gestores associados tomam decisões de investimento Participações minoritárias detidas pelas pessoas mencionadas acima em empresas atuantes no mesmo setor da empresa alvo

Agenda Resolução n 2 é um avanço com relação à jurisprudência passada, mas... Discussões com entidades representativas do setor com vistas a sanar dúvidas: Refinar critérios de notificação para considerar diversidade dos fundos existentes? Revisão do formulário?

Obrigado Carlos Ragazzo Superintendente Geral do Cade