03.02.2009 NOTA INFORMATIVA ÁREA DE PRÁTICA DE DIREITO DO TRABALHO MEDIDAS EXCEPCIONAIS DE APOIO AO EMPREGO E À CONTRATAÇÃO PARA O ANO DE 2009 Como forma de reacção à actual conjuntura económica e financeira mundial e na sequência da Iniciativa para o Investimento e o Emprego, aprovada pelo Conselho de Ministros a 13 de Dezembro de 2008, foi publicado, no passado dia 30 de Janeiro de 2009, um conjunto de diplomas que visa melhorar os níveis de empregabilidade, combater a precariedade no emprego e estimular a reinserção no mercado de trabalhadores que se encontrem em situação de desemprego e combater. Os referidos diplomas são os seguintes: Portaria n.º 126/2009, de 30 de Janeiro, que cria o Programa Qualificação-Emprego, que consiste num programa conjuntural que visa aproveitar os períodos de redução ou suspensão da actividade nas empresas para melhorar, através de formação profissional, a qualificação dos trabalhadores; Portaria n.º 127/2009, de 30 de Janeiro, que cria e regula o funcionamento dos gabinetes de inserção profissional, como estrutura de apoio ao emprego; Portaria n.º 128/2009, de 30 de Janeiro, que regula as medidas Contrato empregoinserção e Contrato emprego-inserção+, as quais visam a prestação de trabalho socialmente necessário por parte de desempregados; e as Portarias n.º 129/2009 e 131/2009, ambas de 30 de Janeiro, que regulamentam, respectivamente, o programa Estágios Profissionais e o programa de Estágios Qualificação-Emprego, os quais são desenvolvidos em parceria e sob a alçada do Instituto de Emprego e Formação Profissional, I.P.. Foi também publicada a Portaria n.º 130/2009, de 30 de Janeiro, que veio estabelecer um conjunto de medidas excepcionais de apoio ao emprego e à contratação para o ano de 2009, as quais, pela importância que assumem, passaremos a analisar: Os apoios previstos, de carácter transitório, assumem a forma de isenção ou redução contributiva para a Segurança Social ou de apoios directos à contratação, e os destinatários são (i) as micro e pequenas empresas 1, (ii) os jovens à procura de primeiro emprego, (iii) os desempregados de longa duração, (iv) os trabalhadores com mais de 45 anos de idade e (v) os trabalhadores precários, todos vistos como sendo os grupos mais vulneráveis e/ou que enfrentam maiores dificuldades no actual mercado de trabalho. 1 Ainda que o objectivo primordial desta Portaria seja travar o agudizar do impacto da situação económica sobre LISBOA PORTO Av. das Forças Armadas, 125 12º 1600-079 Lisboa Portugal Tel. +351 21 723 18 00 Fax. +351 21 723 18 99 Rua S. João de Brito, 605 E - 4º, 4.1 4100-455 Porto Portugal Tel. +351 22 605 64 00 Fax. +351 21 600 18 16 MADEIRA Rua Dr. Brito da Câmara, 20, 9000-039 Funchal Portugal Tel. +351 291 209900 Fax. +351 291 209920 LISBOA PORTO MADEIRA ANGOLA (EM PARCERIA) LISBOA / PORTO
o emprego, os apoios nela previstos conhecem alguns limites não só não são cumuláveis com outros incentivos de apoio ao emprego (como a dispensa temporária do pagamento de contribuições), como não são aplicáveis às entidades empregadoras que tenham trabalhadores abrangidos por esquemas retributivos com taxas inferiores à estabelecida para a generalidade dos trabalhadores por conta de outrem 2 e/ou trabalhadores abrangidos por esquemas contributivos com bases de incidência fixadas em valores inferiores ao indexante de apoios sociais, em valores inferiores à remuneração real ou convencionais. Acresce ainda que uma das formas de apoio previstas o apoio directo à contratação surge condicionada às disponibilidades financeiras [do Instituto de Emprego e da Formação Profissional] orçamentadas para estes apoios. De todo o modo, é de salientar a possibilidade de entidades empregadoras que não têm a respectiva situação contributiva regularizada poderem concorrer a grande parte destes apoios que, ainda assim, só serão concedidos depois de regularizada a situação voluntariamente. Como o presente diploma pretende ser, por excelência, um incentivo ao emprego, a tónica dos apoios nele previstos está virada para os contratos cujos efeitos se iniciam durante 2009. Os grandes objectivos são: 1. Fomentar a contratação sem termo A contratação sem termo (i) de jovens à procura do primeiro emprego, (ii) de desempregados de longa duração inscritos no centro de emprego, (iii) de desempregados com, no mínimo, 55 anos de idade, inscritos no centro de emprego há mais de 6 meses, ou (iv) de beneficiários de rendimento social de inserção, beneficiários de pensão de invalidez, ex-toxicodependentes e ex-reclusos, tem como efeito, para a entidade empregadora, a isenção do pagamento de contribuições que seriam normalmente devidas à segurança social durante 36 meses. Em alternativa, a entidade empregadora pode beneficiar de apoio directo à contratação, no montante de 2.000,00, em acumulação com a isenção do pagamento de contribuições a seu cargo por 24 meses. No entanto, para evitar situações de fraude à lei e porque o objectivo é criar novas oportunidades de emprego efectivas, não poderão beneficiar destes apoios as contratações por empresa ou grupos empresariais com quem os trabalhadores tenham mantido, nos últimos 3 anos, uma relação de trabalho, de prestação de serviços ou de estágio, com algumas excepções. 2
Como forma de apoio à redução da precariedade no emprego dos jovens, ficará também isenta do pagamento de contribuições a seu cargo para a segurança social durante 36 meses, a entidade empregadora que: a) Converta em contrato de trabalho sem termo o contrato vigente de prestação de serviços ou de trabalho a termo, de um jovem até 35 anos, inclusive; b) Contrate sem termo jovem até 35 anos, inclusive, que já havia estado vinculado à entidade empregadora por contrato de prestação de serviços ou de trabalho a termo; c) Celebre contrato sem termo com jovem até 35 anos, inclusive, que lá esteja a efectuar ou tenha estado a efectuar estágio, de qualquer natureza; d) Contrate sem termo jovem até 35 anos, inclusive, que esteja ou já esteja ou haja estado vinculado à entidade empregadora por contrato de trabalho temporário. Em alternativa à isenção acima referida, a entidade empregadora pode beneficiar de apoio directo à contratação, no montante de 2.000,00, em acumulação com a isenção do pagamento de contribuições a seu cargo por 24 meses. 2. Apoiar a manutenção e contratação de trabalhadores mais velhos Como forma de fomentar a manutenção e a contratação de trabalhadores com idade superior a 45 anos, foram estabelecidas as seguintes medidas: a entidade empregadora que seja micro ou pequena empresa beneficia, até 31 de Dezembro de 2009, de uma redução de 3% da taxa contributiva a seu cargo relativa aos trabalhadores ao seu serviço que tenham 45 ou mais anos; e a entidade empregadora que celebrar contrato a termo certo com desempregado com 55 ou mais anos, inscrito como tal no centro de emprego há mais de seis meses, ou com beneficiário do rendimento social de inserção, beneficiário de pensão de invalidez, ex-toxicodependente ou ex-recluso, beneficia da redução de 50% da taxa contributiva a seu cargo. 3. Apoio à redução da precariedade no emprego 3 A par do apoio supra mencionado, que, entre outras situações, possibilita a entidade empregadora de beneficiar da isenção do pagamento de contribuições a seu cargo para a segurança social, durante 36 meses, no caso de contratação de jovem até 35 anos, inclusive, vinculado através de contrato de prestação de serviços, é ainda estabelecido que a entidade empregadora que converter os contratos de prestação de serviços a empresa ou grupo empresarial em contratos de trabalho sem termo e a termo completo (sem qualquer limite de idade relativamente ao prestador de serviços), beneficia da redução de 50% da taxa contributiva para a segurança
social a seu cargo, pelo período de 3 anos. Este apoio aplica-se a situações em que exista forte dependência económica dos prestadores de serviços à entidade beneficiária, sendo aquela aferida, nos termos e para os efeitos do presente diploma, pela emissão à mesma entidade empregadora ou grupo empresarial de, pelo menos, dois recibos, em impresso de modelo oficial, de rendimentos da categoria B e pelo facto de, pelo menos, 50% da facturação do contrato ter sido feita à mesma empresa ou grupo empresarial. 4. Requisitos No que refere aos requisitos a cumprir pelas entidades empregadoras para acederem aos apoios supra mencionados, estes variam de medida para medida destacando-se os seguintes: (i) obrigatoriedade de manutenção do contrato de trabalho criado pelo período de tempo que for concedido o apoio; (ii) necessidade de assegurar que, no mês anterior ao da contratação, o número global de trabalhadores ao serviço da entidade empregadora é igual ou superior ao verificado a 2 de Fevereiro de 2009; e (iii) verificação de criação líquida de emprego, anualmente e por períodos de tempo variáveis mas que podem ir até 3 anos, por referência ao nível de emprego 3 verificado a 2 de Fevereiro de 2009. A cessação do contrato de trabalho por iniciativa do empregador com base em despedimento sem justa causa, despedimento colectivo, extinção do posto de trabalho e por inadaptação, são entendidos como incumprimento das condições de atribuição ou manutenção dos apoios e tornam imediatamente exigível o pagamento das contribuições relativas ao período durante o qual tenha vigorado a dispensa. Acresce que a entidade empregadora fica ainda obrigada a restituir os montantes recebidos do Instituto do Emprego e Formação Profissional, com a agravante de que não terá direito à concessão de novos apoios ao emprego nos 12 meses seguintes à cessação do contrato de trabalho naqueles termos. 4 De olhos postos na anterior legislação sobre esta matéria, percebe-se que muitas destas medidas não constituem novidade na medida em que já se encontravam previstas. Porém, assiste-se a um alargamento dos requisitos exigidos para a obtenção dos apoios em apreço a título de exemplo, o conceito de jovem à procura do primeiro emprego previsto no Decreto-Lei n.º 89/95, de 6 de Maio, definido como os trabalhadores, com idade compreendida entre os 16 e os 30 anos, que nunca hajam prestado a sua actividade ao abrigo de contrato de trabalho por tempo indeterminado é, para efeitos do diploma em análise, alterado, aumentando-se o limite de idade de 30 para 35 anos mas fixando-se novos pressupostos antes não exigidos, na medida em que se considera integrado nesta qualificação a pessoa com idade até aos 35 anos, inclusive, com o mínimo do ensino secundário completo ou nível 3 de qualificação ou a frequentar um processo de qualificação conducente à obtenção desse nível de ensino ou qualificação, e que não tenha tido contrato de trabalho sem termo.
1 Empresas que, respectivamente, empreguem até 10 trabalhadores ou entre 10 e 50 trabalhadores. 2 Com excepção das entidades cuja redução da taxa resulte do facto de serem pessoas colectivas sem fins lucrativos ou por pertencerem a sectores economicamente débeis, nos termos do Decreto-Lei n.º 199/99, de 8 de Junho, como ocorre, a título de exemplo, com o sector agrícola. 3 Para efeitos do diploma em análise, considera-se que existe criação líquida de emprego quando se verifica a admissão de trabalhador com contrato sem termo que exceda, em pelo menos um, o número global de trabalhadores ao serviço da entidade empregadora por relação a um determinado período de referência. Para mais informações, visite o nosso site em www.abreuadvogados.com ou envie-nos um email para apdt@abreuadvogados.com 5 Esta Nota Informativa contem informação e opiniões expressas de carácter geral, não substituindo o recurso a aconselhamento jurídico para a resolução de casos concretos. Para mais informações, por contacte-nos através do email info@abreuadvogados.com. ABREU ADVOGADOS 2009