198 Livros recém lançados. RBSE 10 (28): 198-202 ISSN 1676-8965, abril de 2011. http://www.cchla.ufpb.br/rbse/index.html Livros Recém Lançados Esta sessão contempla livros recém lançados e enviados para o acervo do GREM Grupo de Pesquisa em Antropologia e Sociologia das Emoções. BROOKS, Ann & DEVASAHAYAM, Theresa, Editors. Gender, Emotions and Labour Markets - Asian and Western Perspectives (Routledge Studies in Social and Political Thought), London/ New York, Routledge, 2011, 160 p. Esta coletânea parte do princípio de que a questão das relações entre emoções e trabalho é configurada a partir de contextos sócio-culturais específicos, não havendo um princípio único de configuração em termos mundiais, como parece ser usado na literatura acadêmica de base americana e européia. Essa discussão se caracteriza através da análise de como e de que maneira o trabalho emocional caracteriza ambientes de trabalho formal e informal nos países da Ásia e do Ocidente. Os principais temas abordados incluem: questões de direitos humanos e equidade de gênero em contextos de trabalho formal e informal na Ásia e no Ocidente; homens, masculinidade e trabalho emocional; o impacto sobre o equilíbrio trabalho-vida de mulheres profissionais em contextos asiáticos e ocidentais; o impacto da "feminização da migração" na prestação de serviços profissionais; o impacto da nova economia e os constrangimentos organizacionais sobre os mercados de trabalho e os padrões demográficos como a fertilidade, a procriação, o casamento e o divórcio, nos contextos asiáticos e ocidentais. CONNOR, James. The Sociology of Loyalty. 2ª edição, New York, Springer, 2010, 161 p. Lealdade e fidelidade são conceitos que apesar de fazerem parte de toda interação humana ainda continua subteorizados. Neste livro, o conceito de lealdade é explorado através da sociologia das emoções e parte do princípio de que a lealdade é uma emoção social. Ao estabelecer a lealdade como uma emoção social em pé de igualdade com a esperança, a confiança e a vergonha, o autor explora uma variedade de modelos teóricos sobre emoções e sociedade e como compreendem o conceito de fidelidade. O autor demonstra que a fidelidade contribui para orientar a ação e opera em vários níveis, pressupondo a existência de lealdades concorrentes. Isso é RBSE Revista Brasileira de Sociologia da Emoção, 10 (28): abril de 2011
199 mostrado através de uma série de estudos de casos que incorporam exemplos de análises macro e microssociológica, e discutem desde lealdades nacionais (lealdade à nação em tempos de guerra e de como os imigrantes estabelecem uma lealdade nacional), até a lealdade familiar e a lealdade no esporte, para mostrar como a lealdade, como conceito sociológico, funciona. É um livro essencial para o entendimento da noção de lealdade e sua teorização, e de grande importância para os estudiosos da sociologia e da antropologia das emoções ou de áreas afins. DAVIES, James and SPENCER, Dimitrina, Editors. Emotions in the Field: The Psychology and Anthropology of Fieldwork Experience. Stanford, Stanford University Press, 2010, 288 p. Este livro explora a idéia de que as emoções não são antitéticas ao pensamento ou razão, mas, em vez disso, é uma fonte inexplorada de introspecção que pode complementar os métodos mais tradicionais de pesquisa antropológica. Como um novo quadro metodológico re-humanizado, este livro mostra como certas reações e experiências constantemente evocadas no trabalho de campo, quando tratadas com o rigor intelectual e com as exigências do trabalho empírico, podem ser traduzidas em dados significativos. Emoções no Campo traz á consciência antropológica não apenas a viabilidade e a necessidade da esfera emocional negligenciadas no trabalho de campo, mas também alguns princípios orientadores do seu uso. DOVELING, Katrin; Christian VON SCHEVE and Elly A. KONIJN, editors. The Routledge Handbook of Emotions and Mass Media, (Routledge Handbooks). London/New York, Routledge, 2011, 448 p. Este Manual aborda diversas áreas do conhecimento que vão das ciências sociais a psicologia, e da comunicação social até as novas tecnologias das relações comunicativas e sociais, adotando um caminho interdisciplinar para o estudo das emoções dentro de um contexto de mídia. Temas sobre emoções no processo de comunicação de massa, violência na mídia, mídia e medo, política e emoções, as formas e funções das emoções no processo social comunicativo, as novas tecnologia de mídia e as emoções, são abordados nos trabalhos constantes deste Manual, fazendo dele uma ferramenta de referência para estudiosos da mídia nas ciências sociais contemporâneas. DURKHEIM, ÉMILÈ. Educação e Sociologia. São Paulo, Editora Hedra, 2011. Coletânea de ensaios do autor, publicado pela primeira vez em 1922, após a sua morte, onde discute a posição da pedagogia no quadro mais amplo da sociologia. Nos ensaios presentes, Durkheim discute a necessidade de uma educação laica e universal que deve ser gerida pelo Estado, e faz uma distinção entre educação e pedagogia, segundo a idéia de que a educação é a ação exercida sobre as crianças pelos pais e professores, enquanto a pedagogia não consiste em ações, mas em
200 teorias. É um livro a muito em falta na prateleira dos clássicos da sociologia no Brasil. FRANGELLA, Simone Miziara Corpos Urbanos Errantes - Uma etnografia da corporalidade de moradores de rua em São Paulo. São Paulo, Editora Fapesp/ Annablume, 2010. O presente livro busca apreender o universo corporal dos moradores adultos em situação de rua na cidade de São Paulo. Seu propósito é, por meio da observação etnográfica das práticas e representações corporais de homens e mulheres de rua, compreender que tipo de relação se constrói entre o espaço urbano e o corpo na situação de morar nas ruas. O argumento central é que a construção da corporalidade na rua é uma resposta contingente a ordenações urbanas imperativas, ora marcadas pela vulnerabilidade aos processos violentos de repressão e exclusão física e simbólica, ora resistindo, por meio de novas adequações corporais, à sua extinção na cidade. HARDING, Jennifer and PRIBRAM, E. Deidre, editors. Emotions: A Cultural Studies Reader. London/New York, Routledge, 2009, 432 p. Esta coletânea reúne trabalhos recentes sobre as emoções nos estudos culturais e disciplinas relacionadas. O livro caracteriza e distingue tradições teóricas e os modos de compreender a emoção em relação à subjetividade, cultura e poder para, assim, mapear um novo território acadêmico e proporcionar uma visão sucinta da relação entre cultura, sociedade e emoções. A coletânea fornece uma ampla visão do debate acadêmico contemporâneo dentro das ciências sociais sobre o lugar das emoções na cultura e na sociedade. HOPKINS; Debra Helmut Kuzmics, Helena Flam and Jochen Kleres, editors. Theorizing Emotions: Sociological Explorations and Applications. New York, Campus Verlag, 2009, 343 p. Theorizing Emotions reflete a recente virada para as emoções na academia, não apenas na sociologia, mas também na psicologia, na biologia evolutiva e na neurociência. Baseando-se em estudos clássicos de Max Weber, Erving Goffman e Norbert Elias, vários estudiosos europeus apresentam as suas conclusões sobre o papel das emoções em várias facetas da sociedade. KARSTEDT, Susanne; Ian LOADER and Heather STRANG, editors. Emotions, Crime and Justice. London, Hart Publishing, 2011, 322 p. Este livro reúne criminologistas e sociólogos de todo o mundo para uma conversa sobre como recalibrar a razão e a emoção contemporâneas sobre o crime e a justiça. As contribuições vão desde a microanálise das emoções em confrontos violentos, até os paradoxos e tensões surgidas a partir da emocionalização da justiça penal na esfera pública. O resultado é um conjunto de ensaios originais que oferece uma perspectiva nova e oportuna para os problemas da
201 criminalidade e da justiça em democracias liberais contemporâneas. LE BRETON, David. As Paixões Ordinárias: Antropologia das Emoções. Petrópolis, Vozes, 2009. Este livro faz uma abordagem antropológica das emoções e das culturas. As percepções sensoriais, ou a experiência, e a expressão das emoções parecem emanar da intimidade mais secreta do sujeito; entretanto, elas também são social e culturalmente modeladas. Os gestos, que sustentam a relação com o mundo e que colorem a presença, não provêm nem de uma pura e simples fisiologia, nem unicamente da psicologia, mas, ambas se incrustam em um simbolismo corporal que lhes confere sentido, nutrindo-se da cultura afetiva em que o sujeito vive. LE BRETON, David. Antropologia do Corpo e Modernidade. Petrópolis, Vozes, 2011. Este estudo consiste em uma abordagem antropológica e sociológica do mundo moderno, que toma o corpo como fio condutor. O corpo é um tema particularmente propício para a análise antropológica, porquanto pertence de pleno direito à estirpe identificadora do homem. Sem o corpo, que lhe dá expressão, o homem não existiria. RIEBER, Robert W. editor. The Individual, Communication, and Society: Essays in Memory of Gregory Bateson (Studies in Emotion and Social Interaction). Cambridge, Cambridge University Press, 2010, 360 p. Esta coleção de ensaios foi escrita por estudiosos em homenagem ao trabalho de Gregory Bateson. É um esforço para avançar o estudo de diversos problemas que envolvem a comunicação através das fronteiras disciplinares convencionais que Bateson se envolveu em sua vida. Esse livro irá beneficiar sociólogos, antropólogos, psicólogos e psiquiatras interessados na análise de comunicação, bem como estudantes de pós graduação de todas estas áreas. SANTOS, Jody. Daring to Feel: Violence, the News Media, and Their Emotions. London, Lexington Books, 2010, 118 p. Como os cientistas sociais, os jornalistas devem ser imunes, e até mesmo alheios a dor e ao sofrimento nos contextos que trabalham. Este livro lança desafios ao trabalho jornalístico, especialmente no que se refere ao tema da violência emocional. Este livro entrevista jornalistas que cobriram algumas das piores tragédias da história da nossa nação, e, ao assim fazê-lo, mostra o que acontece quando a mídia se atreve a sentir. WHITTIER, Nancy. The Politics of Child Sexual Abuse: Emotion, Social Movements, and the State. Oxford, Oxford University Press, 2011, 272 p. Este livro é o primeiro estudo sobre o mavimento contra o abuso sexual infantil, e busca traçar o seu surgimento nos esforços do feministas até a sua entrada nos meios de
202 comunicação e de políticas públicas. O livro faz um relato comovente, e tira lições poderosas sobre o potencial transformador da política terapêutica, e a sua ligação com instituições e com os processos de mudança sociais que caracterizam a política americana hoje.
203 RBSE Revista Brasileira de Sociologia da Emoção, 10 (28): abril de 2011