CURSO DE DIREITO MARCELA DE AZEVEDO DOS SANTOS A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO COMO MEIO DE RESSOCIALIZAÇÃO DOS PRESOS

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Transcrição:

CURSO DE DIREITO MARCELA DE AZEVEDO DOS SANTOS A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO COMO MEIO DE RESSOCIALIZAÇÃO DOS PRESOS Brasília 2014

MARCELA DE AZEVEDO DOS SANTOS A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO COMO MEIO DE RESSOCIALIZAÇÃO DOS PRESOS Pré-projeto apresentado para participação do Programa PIBIC. Brasília 2014

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO... 4 2. PROBLEMÁTICA DE PESQUISA... 5 3. JUSTIFICATIVA... 6 4. OBJETIVOS... 7 4.1 OBJETIVO GERAL... 7 4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS... 7 5. REVISÃO DE LITERATURA... 8 5.1 O SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO... 8 5.2 O SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO SEGUNDO ALGUNS PESQUISADORES... 10 6. METODOLOGIA... 14 6.1 UNIVERSO DE PESQUISA... 14 6.2 PROCEDIMENTOS DE COLETA... 14 6.3 PLANO DE ANÁLISE... 15 8. CRONOGRAMA... 17 9. BIBLIOGRAFIA... 18

4 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho tem por finalidade apresentar a realidade do sistema penitenciário brasileiro quanto ao descaso do Estado em relação às medidas de políticas públicas de educação para ressocialização dos presos. Nesse contexto, analisaremos as políticas públicas adotadas atualmente no sistema penitenciário, bem como os projetos em vigor observando sua eficácia e aplicabilidade; apontaremos as falhas e negligências do Estado na prestação das políticas de ressocialização por meio da educação; examinaremos a recepcionalidade e aceitação da educação quanto a sua implementação no complexo penitenciário, nas perspectivas dos presos, funcionários e direção; apresentaremos as necessidades do público carcerário quanto ao oferecimento da educação e por fim apontaremos os resultados atuais das políticas públicas em vigor na sociedade penitenciária bem como proporemos outras formas para viabilização da prestação do ensino básico, fundamental, médio e superior através da educação a distância. Buscar-se-á, diante disso, responder o seguinte questionamento: quais são as consequências e efeitos na sociedade carcerária quanto à negligência do Estado em relação ao cumprimento efetivo das políticas públicas de educação dentro do sistema penitenciário brasileiro? Para a atual pesquisa, determinou-se como objetivo geral analisar os efeitos na sociedade carcerária quanto ao descaso do Estado em relação ao cumprimento efetivo das políticas públicas sobre o direito de educação dentro do sistema prisional brasileiro. O método de abordagem a ser adotado na presente pesquisa será o de indução, através dos resultados estatísticos levantados por meio de pesquisa de campo, sendo o universo de pesquisa a sociedade penitenciária, tais como detentos, funcionários e diretores. Como resultado espera-se identificar as falhas do Estado quanto aos métodos de ressocialização por meio da educação adotados atualmente, apontar as necessidades da sociedade carcerária no âmbito de políticas públicas educacionais, bem como propor medidas e meios para viabilizar tais políticas de ressocialização através da educação a distância, de forma a apresentar sua eficácia e viabilidade.

5 2 PROBLEMÁTICA DE PESQUISA Atualmente, é fato e notório o descaso do Estado quando falamos em políticas públicas para a ressocialização dos presos no âmbito do sistema penitenciário brasileiro. A precarização dos meios disponibilizados atualmente para a ressocialização dentro do complexo penitenciário conduz ao incentivo para que o detento saia da prisão mais capacitado à criminalidade do que no momento de sua prisão. São inúmeras as normatizações que prevêem a educação no sistema penitenciário, dentre elas a Resolução nº 03 de 11 de março de 2009 do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária do Ministério da Justiça (CNPCP), o Decreto nº 7.626 de 24 de novembro de 2011 que trata do Plano Estratégico de Educação no âmbito do sistema prisional, a Lei de Execução Penal nº 7.210/84, o projeto Educando para Liberdade de parceria do Ministério da Educação, Ministério da Justiça e UNESCO, dentre outros. Tais regulamentos não muito recentes são meras utopias em face da realidade da ressocialização no âmbito da implementação da política pública de educação no sistema carcerário, tendo em vista resultados apontados pelo próprio Ministério da Justiça no ano de 2009, onde na ocasião o país possuía 469.546 de população carcerária, sendo metade dessa população jovens entre 18 e 29 anos de idade, sendo estes 270.000 analfabetos, e somente 39.653 destes detentos utilizavam a alternativa da educação na prisão. Mediante esses dados oferecidos por um dos órgãos mantenedores da educação no sistema prisional, questiona-se: Quais são as conseqüências e efeitos na sociedade carcerária quanto à negligência do Estado em relação ao cumprimento efetivo das políticas públicas de educação dentro do sistema prisional brasileiro?

6 3 JUSTIFICATIVA Considerando a precarização do sistema carcerário brasileiro, bem como a ineficácia da política de ressocialização, faz-se relevante, nos dias atuais, abordar sobre a ineficácia da política educacional no âmbito prisional como meio de ressocialização. Dados nacionais demonstram que muito embora a implementação da política de ressocialização dentro do cárcere tenha saído da invisibilidade da sociedade e dos órgãos governamentais, há muito de se avançar, sobretudo no âmbito normativo a fim de se atingir de fato a consolidação das diretrizes nacionais para a política de educação no sistema de privação de liberdade. O que o Estado atualmente justifica como políticas educacionais no sistema penitenciário são meramente projetos isolados, sem qualquer perspectiva de continuidade, aperfeiçoamento e abrangência para a população nacional carcerária. No tratar mais detalhado deste tema, para o estudo do Direito Penal falaremos do descaso do Estado na implementação da política de ressocialização por meio da educação, contrariando a Constituição quanto a garantia dos direitos fundamentais e sociais assegurados a todos, inclusive aos apenados. Na oportunidade, tratar-se-á sobre a oferta do ensino a distância como meio de viabilização e democratização da educação no ambiente penitenciário, analisando sua efetividade, recepcionalidade nas esferas internas da administração carcerária, bem como a perspectiva do preso na implementação de tal política.

7 4 OBJETIVOS 4.1 OBJETIVO GERAL Analisar os efeitos na sociedade carcerária quanto à negligência do Estado em relação ao cumprimento efetivo das políticas públicas sobre o direito de educação dentro do sistema prisional brasileiro. 4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 4.2.1 Apresentar as políticas públicas de educação adotadas no âmbito do sistema penitenciário brasileiro. 4.2.2 Verificar as falhas do Estado quanto à negligência na prestação da educação ao público carcerário. 4.2.3 Examinar a recepcionalidade da implementação da educação no complexo penitenciário. 4.2.4 Apresentar as necessidades do público carcerário quanto ao oferecimento da educação no complexo penitenciário. 4.2.5 Apontar os resultados atuais das políticas já implementadas na sociedade penitenciária e nos egressos. 4.2.6 Oferecer propostas a viabilizar a prestação das modalidades de ensino (básico, fundamental, médio e superior) no sistema penitenciário através da educação à distância.

8 5 REVISÃO DE LITERATURA 5.1 O SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO No âmbito mundial o Brasil é o terceiro país com a maior população carcerária do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, com 2,3 milhões de presos e da China, com 1,7 milhões de presos. De acordo com o portal do Ministério da Justiça/DEPEN, a população carcerária brasileira, no ano de 2013 registrou um total de mais de 574.027 presos abrigados em 1.482 estabelecimentos. Desses detentos, 537.790 estão submetidos ao Sistema Penitenciário e 36.237 estão encarcerados nas Delegacias de Polícia de todo país, já que as penitenciárias e os cadeiões não comportam os detentos e não possuem a infra-estrutura necessária, vivendo a realidade das super lotações e condições sub humanas em suas instalações. Quando falamos nas garantias e nos direitos fundamentais dos detentos nas prisões, a realidade é bem mais cruel do que se imagina. A ONG Human Rights Watch apresentou um relatório sobre as condições das prisões no Brasil em relação aos direitos humanos, constatando que o sistema carcerário brasileiro é regido pela política da desumanidade, tornando-se um local de tortura, tanto física como psíquica, apresentando frequentemente sinais de violência, superlotação, sem o mínimo de higiene sanitária, sem ventilação, com dormitórios precários, muitas vezes sem colchão para a maioria dos detentos, quando estes não dormem no chão, ocasionando na proliferação de inúmeras doenças, atenuando com a falta de assistência médica. Além de todo esse descaso, faz-se relevante ressaltar a precariedade referente aos programas assistenciais de ressocialização no que tange ao trabalho e educação, que quando ocorrem, são realizados de forma espaça, sem atingir a totalidade da comunidade carcerária, sendo que para o detento ser beneficiado de tais programas é analisado o seu grau de periculosidade, contradizendo totalmente a verdadeira proposta democrática que visa a ressocialização. Segundo o eminente penalista Cesar Roberto Bittencourt, as deficiências mais apresentadas das prisões são: a) Maus tratos verbais ou de fato (castigos sádicos, crueldade injustificadas, etc.); b) Superlotação carcerária (a população excessiva reduz a privacidade do recluso, facilita os abusos sexuais e de condutas erradas);

9 c) Falta de higiene (grande quantidade de insetos e parasitas, sujeiras nas celas, corredores); d) Condições deficientes de trabalho (que pode significar uma inaceitável exploração do recluso); e) Deficiência dos serviços médicos ou completa inexistência; f) Assistência psiquiátrica deficiente ou abusiva (dependendo do delinquente consegue comprar esse tipo de serviço para utilizar em favor da sua pena); g) Regime falimentar deficiente; h) Elevado índice de consumo de drogas (muitas vezes originado pela venalidade e corrupção de alguns funcionários penitenciários ou policiais, que permitem o trafico ilegal de drogas); i) Abusos sexuais (agravando o problema do homossexualismo e onanismo, traumatizando os jovens reclusos recém ingressos); j) Ambiente propicio a violência (que impera a lei do mais forte ou com mais poder, constrangendo os demais reclusos). Todo esse descaso vindo do Estado, principal responsável pelo atual caos que se encontra o sistema penitenciário brasileiro reflete no grande índice de reincidência dos detentos, onde a taxa atualmente chega em torno dos 70%. Já que no ambiente prisional os presos não recebem ao longo de suas penas nenhum apoio efetivo à sua reeducação, tanto profissional quanto intelectual, e quando chega na ocasião de sua liberdade a maioria retorna ao crime, mais capacitados para tal trazendo consigo uma bagagem dotada de requinte de crueldade adquiridos ao longo dos anos na prisão. Tal situação tornou-se um ciclo vicioso e recorrente, onde o Estado recolhe o infrator das ruas, alojando-o em uma penitenciária qualquer, ocasião em que esse indivíduo terá diariamente que conviver com as experiências mais cruéis e desumanas possíveis, sem oferecer-lhe nenhuma alternativa de aperfeiçoamento, e no momento de sua liberdade, ao retornar para a sociedade, volta a transgredir crimes semelhantes ou mais qualificados, retornando a estaca zero, quando será novamente apreendido pelo Estado. Esse lamentável diagnóstico, retrata a negligência do Estado em relação a precariedade de assistência na ressocialização dos presos dentro do sistema carcerário, tanto na esfera profissional, quanto na educacional. Essa realidade é comprovada com os dados

10 fornecidos pelo IFOPEN, onde a maioria dos presos não tiveram a educação de nível fundamental completa e por volta de 236.519 informaram ter o ensino fundamental incompleto, enquanto que 64.879 completaram o ensino fundamental. Dentre esses, apenas 41.311 frequentaram os bancos escolares até a conclusão do ensino médio e o ínfimo número de 2.153 representa a quantidade de presos que informaram ter completado o ensino superior. A efetividade da ressocialização no âmbito carcerário está longe de ser uma realidade, já que estudos apontam que aproximadamente 76% dos presos ficam ociosos na prisão e em todo país apenas 17% dos presos estudam na prisão, ou seja, participam de atividades educacionais de alfabetização, ensino fundamental, ensino médio e supletivo, sendo que o estudo na prisão diminui as chances de reincidência ao crime em até 40%. Sem deixar dúvidas, a ressocialização através da educação é um dos métodos mais eficazes para o Estado combater a reincidência ao crime dos detentos e egressos. Através da educação, é possível promover a esse indivíduo o retorno à sua dignidade dantes perdida durante sua passagem na prisão, reinserindo-o novamente no contexto social de forma igualitária e democrática, de forma que este indivíduo se sinta igual aos demais e integrante pertencente da sociedade, capaz de retomar sua vida com competência e qualificação. 5.2 O SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO SEGUNDO ALGUNS PESQUISADORES Segundo artigo publicado pelos pesquisadores Elionaldo Fernandes Julião e Adeum Hilário Sauer no Seminário Educação nas Prisões, realizado em Brasília no ano de 2012, a Câmara de Educação Básica (CEB), do Conselho Nacional de Educação (CNE), em sua agenda dos últimos cinco anos, tem destacado como prioritária a atualização ou elaboração de novas diretrizes nacionais para os diferentes níveis e modalidades da educação básica no país, destacando tais diretrizes em áreas até então invisíveis para a sociedade, como é o caso da educação de jovens e adultos em situação de privação de liberdade no país. (p. 1) Neste sentido, o CNE promoveu o Seminário Educação nas Prisões, com a participação dos atores sociais, das diferentes esferas e poderes da federação, responsáveis pela efetivação da educação nos estabelecimentos penais: representantes da União, dos Estados, do Distrito Federal (Ministério da Educação; Ministério da Justiça; Secretaria Nacional de Direitos Humanos; Conselho Nacional de Justiça; Conselho Nacional de Política

11 Criminal e Penitenciária; Conselho Nacional de Educação; Ministério Público Federal, Ministério Público dos Estados; Secretarias Estaduais de Educação; Secretarias Estaduais de Segurança Pública; Conselhos Estaduais de Educação); representantes de entidades da sociedade civil, com atuação na área, como a Ordem dos Advogados do Brasil e outras. (p. 2) No avanças da discussão, propõe-se sobre o direito à educação no cárcere para a prática de políticas de oferta de educação no sistema penitenciário, conforme as normas aprovadas. Como estratégia, defende o conhecimento e a disseminação de boas experiências e práticas já existentes, em contextos de encarceramento, no Brasil e em outros países da América Latina, para estimular o processo de trocas e de formas de colaboração entre os que atuam na área (p. 2) Os Ministérios da Educação e da Justiça, reconhecendo a importância da educação para este público, iniciaram em 2005 uma proposta de articulação nacional para implementação do Programa Nacional de Educação para o Sistema Penitenciário [...] (p. 2) Além desses projetos e programas, uma série de atividades vem sendo desenvolvidas no sentido de estruturar tal política, destacando-se, dentre outras, a decisão dos dois Ministérios de investir, por meio de convênios com Estados, na construção de políticas estaduais de educação para os jovens e adultos em situação de privação de liberdade e do repasse de recursos financeiros visando à melhoria das condições de atendimento em nível local. (p. 2) Vale também ressaltar que as discussões sobre a educação de jovens e adultos em espaços de privação de liberdade vêm alcançando, nos últimos anos, contornos internacionais. No transcurso do desenvolvimento do Projeto Eurosocial, alguns países Latinos Americanos, dentre eles o Brasil, membros fundadores do Consórcio Educacional, introduziram a temática da educação no contexto de encarceramento como uma das questões substantivas do Projeto Eurosocial/Educação, criando, em 2006, a Rede Latino-americana de Educação em Contexto de Encarceramento REDLECE. (p. 3) campo normativo. De acordo com Julião (2012), mesmo com avanços, ainda precisa melhorar o Necessitamos principalmente investir na consolidação das diretrizes nacionais para a política de educação em espaço de privação de liberdade. Não é mais concebível que estados ainda não possuam uma política regulamentada para estas ações no cárcere, evidenciando-se, em várias unidades, projetos isolados, sem fundamentação teóricometodológica, sem qualquer continuidade administrativa,

12 beirando o total improviso de espaço, gestão, material didático e atendimento profissional. (p. 4) Somente através da institucionalização nacional de uma política de educação para o sistema penitenciário, principalmente privilegiando as ações educacionais em uma proposta político-pedagógica de execução penal como programa de reinserção social, se conseguirá efetivamente mudar a atual cultura da prisão. [...] Precisamos buscar possíveis e novos caminhos para o plano institucional que abriga homens e mulheres em situação de privação de liberdade em prol da implementação de políticas públicas voltadas para oferta educacional de qualidade no Sistema Penitenciário. (p. 4) Já a pesquisadora Sintia Menezes Santos (2009), ao falar em seu artigo sobre o objetivo da ressocialização através da educação nos presídios, chama atenção para o Sistema Penitenciário Brasileiro que não consegue atingir o seu principal objetivo que é a ressocialização dos seus internos. A superlotação das prisões, as precárias e insalubres instalações físicas, a falta de treinamento dos funcionários responsáveis pela reeducação da população carcerária e própria condição social dos que ali habitam, são sem sombra de dúvidas, alguns dos principais fatores que contribuem para o fracasso do sistema penitenciário brasileiro no tocante a recuperação social dos seus internos. (p. 3) Essa reeducação que objetiva o Estado na prática não existe, primeiro porque o que tem sido a principal preocupação do sistema penitenciário ao receber um indivíduo condenado não é sua reeducação, mas sim a privação de sua liberdade. Isso é fácil de ser constatado na medida em que analisamos as estruturas da maioria das penitenciárias brasileiras, formadas por excesso de grades, muros enormes e um forte efetivo policial, tudo isso com um único objetivo, evitar a fuga, afirma Sintia (p. 4) Enquanto isso a reincidência criminal cresce a cada dia, e na maioria das vezes constata-se que o indivíduo que deixa o cárcere após o cumprimento de sua pena, volta a cometer crimes piores do que anteriormente, como se a prisão o tivesse tornado ainda mais nocivo ao convívio social. Para isso se faz necessário o desenvolvimento de programas educacionais dentro do sistema penitenciário voltados para Educação básica de Jovens e Adultos que visem alfabetizar e, sobretudo, trabalhar para a construção da cidadania do apenado. (p. 4) Conforme o sociólogo Fernando Salla (1999, p. 67) [...] por mais que a prisão seja incapaz de ressocializar, um grande número de detentos deixa o sistema penitenciário e abandona a marginalidade porque teve a oportunidade de estudar. (p. 4)

13 Dessa forma, um outro aspecto relevante a ser aqui considerado é o perfil da população penitenciária no Brasil, [...] sendo que a maior parte da massa carcerária deste país é composta por jovens com menos de trinta anos e de baixa escolaridade (97% são analfabetos ou semi-analfabetos). O restante, quase que na totalidade, são pessoas que não tiveram condições de concluir os estudos por razões variadas inclusive por terem sido iniciadas no crime ainda cedo. (p. 4, 5) Diante desse quadro podemos afirmar que a criminalidade está intimamente ligada à baixa escolaridade e ambas a questão econômica e social. (p. 5) Uma educação dentro do sistema penitenciário deve trabalhar com conceitos fundamentais, como família, amor, dignidade, liberdade, vida, morte, cidadania, governo, eleição, miséria, comunidade, dentre outros, [...] desenvolver nos educandos a capacidade de reflexão, fazendo-os compreender a realidade para que de posse dessa compreensão possam então desejar sua transformação, diz Sintia. (p. 5) A conscientização trabalha a favor da desmistificação de uma realidade e é a partir dela que uma educação dentro do sistema penitenciário vai dar o passo mais importante para uma verdadeira ressocialização de seus educandos, na medida em que conseguir superar a falsa premissa de que, uma vez bandido, sempre bandido. (p. 6)

14 6 METODOLOGIA O método de abordagem selecionado para alcançar o objeto de pesquisa será o resultado estatístico levantado através da comparação das pesquisas de campo apanhadas no universo carcerário, utilizando-se como meio de pesquisa questionários aplicados ao público alvo, sendo eles, detentos, funcionários do sistema penitenciário, diretores de penitenciárias, ex-detentos em regime semi-aberto ou aberto. Como utilizaremos como metodologia principal a análise dos resultados estatísticos, empregaremos como arcabouço secundário a observação de doutrinadores e suas perspectivas e opiniões a respeito dos efeitos e conseqüências na sociedade carcerária quanto a negligência do Estado em relação as políticas de educação para a ressocialização, bem como abordaremos também a comparação de relatórios já publicados pelas organizações nacionais e internacionais sobre o referido tema. 6.1 UNIVERSO DE PESQUISA A eficácia dos projetos de educação na instituição carcerária como meio de ressocialização, bem como a perspectiva da sociedade carcerária quanto as políticas públicas de educação adotadas atualmente. 6.2 PROCEDIMENTOS DE COLETA Estudo de Caso Aplicar questionários à população carcerária a fim de identificar as necessidades dos internos quanto ao aperfeiçoamento da educação apontando sua importância como meio de ressocialização. Aplicar o questionário Aplicar o questionário à população carcerária, dentre eles: detentos, servidores, direção. Bibliografia Doutrinas que falam sobre ressocialização carcerária, educação no sistema penitenciário, educação a distância.

15 6.3 PLANO DE ANÁLISE Analisar os questionários Fazer o levantamento dos questionários aplicados, observando suas respostas objetivas a ponto de identificar as necessidades da educação no âmbito penitenciário. Analisar a Teoria Analisar as doutrinas, normas jurisprudenciais, projetos do Estado que tratam da ressocialização carcerária através da educação. Comparar Comparar os diversos resultados da pesquisa de campo como análise fática com as referências normativas/teóricas a respeito da ressocialização por meio da educação no âmbito carcerário

16 7 RESULTADOS ESPERADOS Como resultado espera-se identificar as falhas do Estado quanto aos métodos de ressocialização por meio da educação adotados atualmente, apontar as necessidades da sociedade carcerária no âmbito de políticas públicas educacionais, bem como propor medidas e meios para viabilizar tais políticas de ressocialização através da educação a distância, de forma a apresentar sua eficácia e viabilidade.

17 8. CRONOGRAMA Quadro 1 Cronograma das atividades a serem desenvolvidas durante a execução do projeto. ATIVIDADES Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Leitura da bibliografia básica Elaboração do referencial teórico Coleta da primeira etapa de dados Aplicação dos questionários Análise dos questionários Análise dos dados coletados com a teoria Comparar os resultados fáticos com as referências teóricas Conclusão Revisão

18 BIBLIOGRAFIA Disponível em: <http://portal.mj.gov.br/main.asp?viewid={d574e9ce-3c7d-437a-a5b6-22166ad2e896}&params=itemid={28f66113-72a7-4939-b136-20568adc9773};&uipartuid={2868ba3c-1c72-4347-be11-a26f70f4cb26>. Acesso em 18 de abril de 2014. Disponível em: <http://atualidadesdodireito.com.br/neemiasprudente/2013/03/06/sistemaprisional-brasileiro-desafios-e-solucoes/>. Acesso em 18 de abril de 2014. Disponível em: <http://www.montalvao.adv.br/plexus/ver.asp?id=125>. Acesso em 18 de abril de 2014. Bitencourt CR. Falência da pena de prisão: causas e alternativas. 2º Ed. São Paulo: Saraiva. 2001, p. 156-157. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.