PREVALÊNCIA DO TRANSTORNO DE COMPULSÃO ALIMENTAR PERIÓDICA EM UNIVERSITÁRIAS

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Transcrição:

26 a 29 de outubro de 2010 ISBN 978-85-61091-69-9 PREVALÊNCIA DO TRANSTORNO DE COMPULSÃO ALIMENTAR PERIÓDICA EM UNIVERSITÁRIAS Maria Alice Nunes de Campos Monteiro 1 ; Gersislei Antonia Salado 2 ; Talma Reis Leal Fernandes 3 ; Angela Andreia França Gravena 3 RESUMO: Este trabalho tem o objetivo de investigar a prevalência do Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCPA) e associação com o peso e idade em universitárias. O TCAP é uma atitude alimentar caracterizada pela ocorrência de episódios de comer grandes quantidades de alimentos em intervalos curtos de tempo, sensação de perda de controle sobre o ato de comer, e em seguida arrependimento de ter comido. Os transtornos de comportamento alimentar, bem como suas formas subclínicas ou parciais, são quadros psiquiátricos que afetam principalmente mulheres adultas jovens e adolescentes, com elevada morbidade. Vários estudos têm encontrado associação entre o excesso de peso ou obesidade e compulsão alimentar. Desta forma, estudar transtornos alimentares clinicamente significativos, como o TCAP permite a avaliação e o planejamento do tratamento da obesidade de forma mais racional e individualizada. O instrumento utilizado para avaliação da compulsão alimentar foi a Escala de Compulsão Alimentar Periódica (ECAP), traduzida e validada para o idioma português. Para avaliar a associação entre peso e idade na ocorrência do TCAP, foi utilizado o Índice de Massa Corpórea (IMC), e as medidas de peso e altura foram auto-informadas.os resultados demonstraram que a compulsão alimentar periódica foi observada em (3,7%) dos entrevistados, e que 13,0% apresentaram risco para desenvolvimento de TCAP, 14,10% apresentaram excesso de peso, sendo que 9,8% com pré-obesidade e 4,3% em obesidade. Conclui-se com este estudo que embora a ocorrência da TCAP seja pequena, os entrevistados mais afetados foram da área de exatas, provavelmente por falta de informação. PALAVRAS-CHAVE: Compulsão Alimentar Periódica; Obesidade; Transtornos alimentares. INTRODUÇÃO Os transtornos alimentares possuem uma etiologia multifatorial, composta de predisposições genéticas, socioculturais e vulnerabilidades biológicas e psicológicas; e, geralmente, apresentam as suas primeiras manifestações na infância e na adolescência. São descritos como transtornos e não como doenças por ainda não se conhecer sua etiopatogenia; mas, apresentam grande importância médico-social, pois podem comprometer seriamente a saúde dos indivíduos sintomáticos. O Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP) é uma atitude alimentar caracterizada pela ocorrência de episódios de comer grandes quantidades de alimentos em intervalos curtos de tempo, sensação de perda de controle sobre o ato de comer, e em seguida arrependimento de ter comido, sendo referidos na literatura internacional como binge eating. Apesar do peso não ser um critério diagnóstico, o TCAP freqüentemente se associa ao sobrepeso e a diversos graus de obesidade; além disso, obesos comedores 1 Discente do curso de Nutrição do Centro Universitário de Maringá- Cesumar, Maringá Paraná. Programa de Bolsas de Iniciação Cientifica do Cesumar (PROBIC). mariaalice.cm@hotmail.com 2 Orientadora e docente do Curso de Nutrição do Centro Universitário de Maringá. gersislei@cesumar.br 3 Co-orientadora e Docentes do Centro Universitário de Maringá. talma@cesumar.br, angela.gravena@cesumar.br

compulsivos iniciam mais cedo a preocupação com peso e dietas do que os não compulsivos (FREITAS e cols., 2001; AZEVEDO, SANTOS, FONSECA, 2004; ESPINDOLA, BLAY, 2006; PETRIBU e cols., 2006; DUCHESNE e cols., 2007). Essas atitudes podem estar associadas a patologias emocionais, como depressão atípica, ansiedade, transtorno do controle de impulsos, ou transtornos impulsivocompulsivo. Existem evidências de que o TCPA ocorre em 2% da população geral e em 30% dos obesos que procuram tratamento médico. A compulsão alimentar tem um quadro muito semelhante à bulimia, com a diferença que pacientes com o transtorno não utilizam medidas extremas para evitar o ganho de peso, como acontece com indivíduos bulímicos (APOLLINÁRIO, CLAUDINO, 2000). Fatores que podem desencadear o TCAP são: vigilância insistente sobre a dieta; cobrança social sobre os padrões de beleza feminina; a cobrança alimentar por parte dos familiares; vulnerabilidades pessoais e traços de personalidade; depressão e ansiedade; estresse, onde há aumento na liberação de cortisol e conseqüente estimulação a ingestão de alimentos e ganho de peso (AZEVEDO, SANTOS, FONSECA, 2004; VITOLO, BORTOLINI, HORTA, 2006; MOREIRA, BATISTA, 2007). Apesar das evidências acima, segundo Azevedo, Santos, Fonseca (2004), o transtorno de compulsão alimentar periódica é uma síndrome do comportamento alimentar com características ainda incertas e às vezes conflitantes. Sendo assim, este trabalho teve como objetivo investigar a prevalência do Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCPA) e sua associação com o peso e idade em universitárias. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi feito com universitárias de uma instituição de ensino particular da cidade de Maringá-PR, com idade entre 18 a 50 anos. A seleção da amostra foi feita pelo número de alunas matriculadas no ano de 2009, em três áreas (exatas, humanas e saúde). A análise por área de estudo baseia-se na hipótese inicial de que mulheres que estudam ou trabalham na área da saúde apresentariam maior incidência de distúrbios no comportamento alimentar. O cálculo da amostra foi feito com base na prevalência de CA na população geral estimada em 5%. A amostragem para este estudo foi calculada representando 10% do universo amostral de alunas matriculadas na área de saúde que foi de 1156 e para outras áreas (exatas e humanas) que foi de 1500 alunos, obtendo portanto a amostra foi de 275 acadêmicas. A coleta de dados foi feita durante 6 semanas, nas salas de aulas dos diferentes cursos, o preenchimento do questionário do Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica, teve tempo médio de 10 minutos para o autopreenchimento. Os dados de idade, peso e estatura foram auto-referidos. Todas as participantes assinaram o TCLE no momento de aplicação do questionário. O instrumento utilizado para avaliação da TCAT foi a Escala de Compulsão Alimentar Periódica (ECAP), traduzida e validada para o idioma português (FREITAS, COUTINHO, APPOLINARIO, 2001). Para avaliar a associação entre peso e idade na ocorrência do TCAP, foi utilizado o IMC. Foram consideradas com excesso de peso aquelas com IMC superior à 25 Kg/m 2, sendo classificadas também em pré-obesidade quando IMC entre 25 a 30 Kg/m 2 e obesidade aquelas com IMC maior ou igual que 30 kg/m², de acordo com os parâmetros sugeridos pela Organização Mundial da Saúde (1995). Para análise estatística, foi utilizado o teste Mann-Whitney para detectar diferenças entre as variáveis, idade, peso, estatura e IMC entre as áreas de estudo. Foi utilizado o teste do qui-quadrado para tabela de associação, a fim de comparar a escala de Compulsão Alimentar Periódica em relação

à área e estado nutricional. O nível de significância foi fixado em p<0,05. Para os testes e modelos estatísticos utilizou-se o software Statistics 7.0. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram avaliados 275 estudantes. A média de idade do grupo foi de 21,8 anos (dp 4,74). Quanto ao peso e estatura, a média foi, respectivamente, 59,6 kg (dp 11,09) e 1,64 cm (dp 0,05). Analisando a área avaliada, observou-se 155 (56,4%) pertenciam a área de exatas e humanas e 120 (43,6%) à área de saúde. Em relação a caracterização dos estudantes quanto a área, de acordo com a idade e variáveis antropométricas, verificouse semelhança entre as mesmas (tabela 1). Tabela 1. Características relacionadas à idade e variáveis antropométricas segundo área de estudo. Maringá-Pr, 2010. Variáveis Exatas e Humanas Saúde p* Média (dp) Média (dp) Idade 21,4 (3,78) 22,3 (5,72) 0,16 Peso 59,3 (10,39) 59,9 (11,78) 0,77 Estatura 1,65 (0,06) 1,64 (0,05) 0,10 IMC 21,75 (3,68) 22,13 (4,01) 0,29 * Mann-Whitney O estudo demonstrou que a maioria das participantes são jovens, e eutroficas. Vitolo, Bortolini e Horta (2006) avaliaram a compulsão alimentar entre universitárias e observaram elevada prevalência da mesma e associação com excesso de peso. A compulsão alimentar periódica foi observado em 10 (3,7%) dos entrevistados. Vale ressaltar que 13,0% (36) apresentaram risco para desenvolvimento de CAP (figura1). Figura 1. Classificação dos estudantes segundo pontos de corte da Compulsão Alimentar Periódoca (CAP). Maringá-Pr, 2010.

A análise do estado nutricional demonstrou que 14,10% (39) apresentaram excesso de peso, sendo caracterizados em 9,8% (27) e 4,3% (12) com pré-obesidade e obesidade, respectivamente (figura 2). A distribuição da CAP de acordo com a categoria área e estado nutricional estão descritas na tabela 2. Pode-se observar semelhança entre a presença de CAP nas diferentes áreas e estado nutricional. Maior freqüência de risco e ausência de CAP foi encontrada na área de Exatas e Humanas quando comparado com os alunos da área de saúde. Quanto ao estado nutricional, observou-se diferença significativa quando analisado o risco e a ausência de CAP, no qual foram superiores naqueles em normalidade. Tabela 2. Distribuição da escala CAP segundo área e estado nutricional. Maringá-Pr, 2010. CAP Variáveis Presente Risco Ausente p* N % N % N % Área Exatas e Humanas 5 50,0 20 55,6 130 56,87 0,90 Saúde 5 50,0 16 44,4 99 43,2 Estado Nutricional Normal 5 50,0 30 83,3 201 87,8 Excesso de Peso 5 50,0 6 16,7 28 12,2 0,01 *Qui quadrado CONCLUSÃO Os transtornos alimentares ocorrem com muita freqüência entre os jovens universitários, talvez como uma válvula de escape para frustrações no desempenho escolar, ou como compensação pela cobrança dos pais e da sociedade. No entanto este trabalho permite concluir que a maioria das entrevistadas são jovens e não tem grande tendência a apresentarem transtornos alimentares, e ao contrario do que a literatura enfatiza a maior prevalência do transtorno foi observada nas universitárias das áreas de ciência exatas e humanas. REFERÊNCIAS APPOLINÁRIO, J. C., CLAUDINO, A. M. Transtornos Alimentares. Rev Bras Psiquiatr, v. 22 (Supl II), p. 28-31, 2000. AZEVEDO A. P., SANTOS C. C., FONSECA D. C.Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica. Rev Psiq Clin, v.31, n.4, p. 170-172, 2004. DUCHESNE M., APPOLINARIO J. C., RANGÉ B. P., FREITAS S., PAPELBAUM M., COUTINHO W. Evidências sobre a terapia cognitivo-comportamental no tratamento de obesos com transtorno da compulsão alimentar periódica. Rev Psiquiatr RS, v.29, n.1, p. 80-92, 2007.

ESPÍNDOLA C. R., BLAY S. L. Bulimia e transtorno da compulsão alimentar periódica: revisão sistemática e metassíntese. Rev Psiquiatr RS, v.28, n.3, p. 265-275, 2006. FREITAS S., LOPES C. S., COUTINHO W., APPOLINARIO J. C. Tradução e adaptação para o português da Escala de Compulsão Alimentar Periódica.. Rev Bras Psiquiatria, v.23, n.4, p. 215-220, 2001. MOREIRA R. O., BATISTA A. P. Insatisfação com a imagem corporal em mulheres obesas: a importância do transtorno da compulsão alimentar periódica. Rev Psiquiatr RS, v.29, n.1, p. 130-131, 2007. PETRIBU K., RIBEIRO E. S., OLIVEIRA F. M. F., BRAZ C. I. A., GOMES M. L. M., ARAÚJO D. E., ALMEIDA N. C. N., ALBUQUERQUE P. C., FERREIRA M. N. L. Transtorno da compulsão alimentar periódica em uma população de obesos mórbidos candidatos a cirurgia bariátrica do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, em Recife PE. Arq Bras Endocrinol Metab, v. 50, n. 5, p. 901-908, 2006. VITOLO M. R., BORTOLINI G. A., HORTA R. L. Prevalência de compulsão alimentar entre universitárias de diferentes áreas de estudo. Rev Psiquiatr RS, v.28, n.1, p. 20-26, 2006. World Health Organization. Physical status: the use and interpretation of anthropometry. Geneva: WHO; 1995. Technical Report Series, 854.