DESENVOLVIMENTO DAS PRÁTICAS ARQUIVÍSTICAS NO ACERVO AUDIOVISUAL DA TV CABO BRANCO EM JOÃO PESSOA- PB. Priscila Salustiano Paiva 1; Naiany de Souza Carneiro 2 1 Estudante egresso do Curso de Arquivologia CCBSA UEPB; E-mail:lacispripaiva@gmail.com 2 Docente do Curso de Arquivologia da UEPB; E-mail: naianycarneiro@gmail.com Resumo: O presente trabalho foi fruto de visitas técnicas realizadas no CEDOC da TV Cabo Branco, sendo possível identificar como é feita a descrição dos arquivos audiovisuais, descrever o método de ordenação adotado pela empresa, averiguar a recuperação da informação audiovisual e propor sugestões de aperfeiçoamento das práticas arquivísticas desenvolvidas no CEDOC com base nos princípios da Arquivologia. A pesquisa foi centrada apenas nos documentos audiovisuais permanentes, produzidos e armazenados em meio digital. O objetivo geral desse estudo consistiu em analisar as práticas arquivísticas desenvolvidas no arquivo audiovisual da TV Cabo Branco em João Pessoa PB. Como sugestões de melhorias, de modo a registrar a contribuição prática do desenvolvimento deste trabalho, compreende- se que os profissionais do CEDOC devem buscar conhecer com maior profundidade as terminologias e os princípios da Arquivologia de modo a adequar suas práticas a teoria e a prática da área. Palavras - chave: Arquivo Audiovisual. Centro de Documentação (CEDOC). Práticas Arquivísticas. 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho contempla o Grupo Temático 2, o qual abordará o desenvolvimento das práticas arquivísticas no acervo audiovisual da TV Cabo Branco em João Pessoa - PB. A atividade explanada a seguir, trata se de um estudo de caso no Centro de Documentação (CEDOC) de uma Emissora de Televisão. A transição do impresso ao digital, mais acentuada no período pós guerra com a explosão documental fez surgir novos tipos de arquivos, entre esses, os arquivos especiais, especificadamente, os audiovisuais, cujos necessitam de práticas arquivísticas diferenciadas das aplicadas aos demais tipos de suportes, devido as suas peculiaridades. A fragilidade dos documentos digitais quanto à sua integridade física, bem como a durabilidade/ vitalidade do seu suporte, concerne em um desafio constante para a Arquivologia, exigindo do arquivista o desenvolvimento de estudos e adaptação ao mundo digital. Nesse contexto, destacamos a colaboração das Câmaras Técnica de Documentos Audiovisuais, Iconográficos e Sonoros (CTDAIS), promulgada pela Portaria nº 90, de 27 de Maio de 2010 do Conselho Nacional de Arquivos (CONARQ) e de outras legislações vigentes da arquivística, a exemplo da Lei 8.159 de 08 de janeiro - 79 -
de 1991, como parâmetros para uma eficiente e eficaz gestão documental dos arquivos audiovisuais. O presente trabalho foi fruto de visitas técnicas realizadas no CEDOC da TV Cabo Branco, sendo possível identificar como é feita a descrição dos arquivos audiovisuais, descrever o método de ordenação adotado pela empresa, averiguar a recuperação da informação audiovisual e propor sugestões de aperfeiçoamento das práticas arquivísticas desenvolvidas no CEDOC com base nos princípios da Arquivologia. É importante salientar que esta pesquisa foi centrada apenas, nos documentos audiovisuais permanentes, produzidos e armazenados em meio digital. O objetivo geral desse estudo consistiu em analisar as práticas arquivísticas desenvolvidas no arquivo audiovisual da TV Cabo Branco em João Pessoa PB, justificando-se por: Despertar no arquivista o interesse em aprofundar seus conhecimentos sobre aos arquivos especiais, especificamente os audiovisuais, como um meio de ampliar sua visão arquivística para além dos arquivos tradicionais; Proporcionar a expansão da Ciência Arquivística, corroborando para uma reflexão e discussão mais aprofundada do fenômeno em questão, além de contribuir com um material didático da temática, agregandoo aos trabalhos acadêmicos já encontrados com foco nesse tipo de arquivo e colaborar através das sugestões de aperfeiçoamento das práticas arquivísticas para que o arquivo estudado continue exercendo o seu papel na cidadania brasileira, permitindo a recuperação e o acesso dos documentos audiovisuais em tempo hábil para os usuários sejam internos ou externos. 2 METODOLOGIA Quanto aos procedimentos metodológicos, a pesquisa classificou- se como empírica, com a presença do pesquisador in loco, de abordagem qualitativa e de natureza descritiva, com amostragem não probabilística, de tipo acidental. Para a coleta e análise dos dados, foi adotada a técnica da entrevista não estruturada e a observação não participante, associada às visitas feitas ao CEDOC. O CEDOC da TV Cabo Branco, campo empírico desse estudo, surgiu em 2004 com a iniciativa de Luís Augusto, Editor de Jornalismo, recém-chegado de Minas Gerais, além de ser uma recomendação da Rede Globo. Atualmente, esse setor encontra se administrado por três funcionários, sendo dois bibliotecários e uma estagiária de Biblioteconomia, sendo a presença do arquivista imprescindível, apontada assim, como uma das sugestões neste trabalho. 3 RESULTADOS A descrição dos documentos audiovisuais da TV Cabo Branco é realizada através das visualizações das matérias exibidas nos telejornais do dia, usando a linguagem natural, pautada nas necessidades e solicitações dos usuários internos. São descritas as imagens, mencionando o nome de pessoas, dos locais, o título da matéria, a data da sua exibição, o nome do repórter, do telejornal e da cidade onde a matéria foi gravada. O método de arquivamento/ ordenação aplicado aos documentos audiovisuais no CEDOC corresponde ao método numérico - cronológico, onde um número de Identificação (ID) é criado automaticamente pelo Arquivo Ware (software de arquivo) quando as matérias são cadastradas. Portanto, compreende - se que a metodologia - 80 -
adotada pelo CEDOC para arquivar/ ordenar seus documentos audiovisuais atendem as recomendações apontadas pelos autores da área, a saber: Schellenberg (2006) e Paes (2007). A recuperação de documentos audiovisuais no banco de imagens da emissora acontece normalmente pelo título, sendo necessário o funcionário do CEDOC acessar o Arquivo Ware, acontecendo de modo distinto em razão dos tipos de usuários. Se esse for externo, deverá solicitar ao CEDOC por meio de ofício a matéria desejada, que ao ser recuperada, é feita o seu download para um DVD, permitindo o seu acesso ao usuário, assim como visualizado no fluxograma 1: Fluxograma 1 Recuperação e acesso do documento audiovisual para o usuário externo do CEDOC. Fonte: Elaboração Autoral, 2016. Em se tratando do usuário interno, o acesso pode se dar de duas formas: solicitação informal para o CEDOC ou busca direta. No primeiro caso, ao especificar o conteúdo do seu interesse ao CEDOC, este deverá informar à pasta para qual a informação deverá ser copiada. No segundo caso, o próprio usuário poderá fazer a pesquisa e o download da imagem, se essa já tiver sido cadastrada e liberada, práticas restritivas aos funcionários do CEDOC que possuem login senha para tal. Frisamos que esse tipo de usuário tem acesso a todas as matérias que foram produzidas durante a semana, antes mesmo de serem cadastradas pelo CEDOC, pois ficam disponíveis na rede por tempo determinado. O fluxograma 2 explana com clareza como se dá a recuperação e o acesso aos documentos audiovisuais para o usuário interno. Fluxograma 2 - Recuperação e acesso do documento audiovisual para o usuário interno. Fonte: Elaboração Autoral, 2016. 4 DISCUSSÕES DOS RESULTADOS E SUGESTÕES DE MELHORIAS - 81 -
A necessidade e a importância do gerenciamento dos arquivos estão relacionadas ao avanço da ciência, as inovações da tecnologia e a exorbitância do volume da massa documental acumulada, sem nos esquecermos de que a informação deve ser recuperada facilmente, interferindo positivamente na organização e administração de arquivos. (RODRIGUES, [S.d.]. p.38). Logo, quando nos reportamos aos arquivos audiovisuais televisivos, a situação ainda é mais complexa, pois os jornalistas, principais usuários desse tipo de arquivo, necessitam da informação em tempo hábil em razão de suas atribuições profissionais. Os arquivos audiovisuais carecem de um tratamento diferenciado em seções especializadas. São técnicas apropriadas para as fitas de vídeo e softwares de arquivo, exigindo que o arquivista, além de seus conhecimentos na área da Arquivologia conheça outras áreas do saber, a exemplo da Tecnologia da Informação (TI). As práticas arquivísticas necessitam de revisões periódicas para se adequarem as intempéries do na era contemporânea, sendo devidamente amparadas por outras ciências, pois negá-la é colocar-se em uma postura galvanizada a partir do fim do século XIX, desenvolvida no pós-guerra e inadequada aos problemas do mundo atual. (LOPES, 2009, p. 285). Como sugestões de melhorias, de modo a registrar a contribuição prática do desenvolvimento deste trabalho, compreende- se que os profissionais do CEDOC devem buscar conhecer com maior profundidade as terminologias e os princípios da Arquivologia de modo a adequar suas práticas a teoria e a prática da área. Vale salientar, a necessidade de contratação de um arquivista para integrar o quadro de profissionais do CEDOC, de modo a subsidiar a formação de uma equipe para agilizar a digitalização dos documentos, além da necessidade de criação de um instrumento de pesquisa, a exemplo de um índice. Com relação à estrutura física, sugere-se a ampliação da sala do CEDOC e do arquivo de fitas, que embora sejam pouco utilizadas e estejam passando pelo processo da digitalização, a ampliação, proporcionará mais conforto aos funcionários, principalmente no momento da busca manual, levando em consideração os padrões ergonômicos. 5 CONCLUSÕES Observamos que as práticas arquivísticas aplicadas aos arquivos audiovisuais pelo CEDOC da TV Cabo Branco, seguem os princípios arquivísticos, carecendo apenas de algumas sugestões de aperfeiçoamento de suas práticas. Tal conclusão é consequência do olhar positivo da Emissora através da Rede Globo, somado ao corpo profissional qualificado (bibliotecários e estagiários da Biblioteconomia) que são responsáveis pela sua administração. No entanto, é imprescindível a atuação do arquivista nos Arquivos e Centros de Documentação, pois possuem conhecimentos específicos para desenvolver de forma adequada as práticas nos arquivos. Vale salientar que o desenvolvimento das práticas arquivísticas em um acervo audiovisual é um trabalho minucioso e interdisciplinar. Ressaltamos ainda que, todo tratamento técnico é contínuo, pois a todo instante, novas documentos são produzidos, e solicitados, etc. Incentiva-se o desenvolvimento de outras pesquisas no CEDOC, principalmente estudos voltados para os documentos em suporte físico, especialmente nos eixos de preservação e conservação de documentos, devido aos riscos de degradação e obsolescência dos suportes. - 82 -
REFERÊNCIAS CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS. Portaria nº 90, de 27 de maio de 2010. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2005. Disponível em:<http://www.conarq.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm>. Acesso em: 29 out. 2015. LOPES, Luís Carlos. O coração das práticas de uma arquivística para o presente. In:. A nova arquivística na modernização administrativa. 2. ed. Brasília: Projecto, 2009. PAES, Marilena Leite. Arquivos especiais. In:. Arquivo: teoria e prática. Rio de Janeiro: FGV, 2007. RODRIGUES, George Melo. Gestão de documentos. Disponível em: <http://www.editorajuspodivm.com.br/i/f/soltas%20arquivologia.pdf>. Acesso em: 09 jun. 2015. SCHELLENBERG, T. R. Arquivos modernos: princípios e técnicas. Trad.: Nilza Teixeira Soares. 6. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2006. - 83 -