DECLARAÇÃO POLITICA UCID 25 DE JANEIRO DE 2017 A Democracia não rima com o silêncio. É o regime da réplica, do contraditório e da divergência. É a vitória da autoridade do argumento e jamais do argumento da autoridade. No Estado de direito democrático, a intolerância é o seu visceral desafeto, e por isso a consciência democrática de um povo deve ser construída todos os dias, evitando que os processos democráticos já alcançados sejam desvirtuados. A democracia exige uma vigilância permanente e a todo o instante. A UCID não defende espaços cativos na política, e nem tão pouco olhamos para ela, como uma plataforma de interesses de uma Elite. A Política não é um reduto onde só os cultos, letrados e intelectuais estão aptos para o exercício da representação popular, mas sim, longe disso, um espaço público, cujo dono somos TODOS nós, mesmo aqueles que nos são incómodos. Por isso, os polémicos merecem respeito. São portavozes de opiniões e ideias que nos estremece e sacode, impedindo, assim, a criação de lodo ao redor 1
de nossas crenças. Refiro-me, claro, aos polémicos dotados de consciência política e de razoável base ideológica. Os polémicos fazem bem à Democracia. A UCID vê a democracia como o único regime político que considera o conflito legítimo, ou seja, admite a organização de grupos, associações, movimentos sociais e populares, sindicatos e partidos, não só trabalhando politicamente os conflitos de necessidade e de interesse, como procurando instituí-los como direitos, exigindo que sejam respeitados. Diante da complexidade cada vez maior das sociedades contemporâneas, conflitos de interesses e de necessidades se intensificam a cada dia, dando ensejo a uma reflexão, a qual deveria ocorrer nos espaços públicos de circulação das informações, sobre os caminhos e meios adequados para a garantia de uma sociedade democrática. A Democracia é a garantia da liberdade para as ideias que muitas vezes repudiamos. Em 1991, Cabo Verde decidiu ser um Estado de direito democrático. Esta opção implicou e implica consequências muito sérias. 2
O direito de acesso à informação, o qual é entendido por alguns doutrinadores como um direito fundamental de quarta dimensão, é uma delas. A garantia dos cidadãos no acesso às informações capazes de instruí-los sobre o sistema em que estão inseridos, sobre os programas políticos, sociais e culturais desenvolvidos, possibilitando, assim, uma participação maior e uma formação autónoma e consciente da vontade de cada cidadão, tem que ser continuamente aprofundada e melhorada. Os estudiosos consideram a Comunicação Social como a guardiã da democracia, na medida em que pode vigiar as políticas desenvolvidas pelas autoridades e pelos partidos políticos bem como pela sociedade civil. Para a UCID, o actual distanciamento da Comunicação Social pública de alguns programas da RTC que anteriormente faziam eco no território nacional, levando a actualidade política e demais informações para todos os cabo-verdianos no país e na diáspora nomeadamente, Pontos Nos Is; Entrevistas de cariz político; Resumo Semanal e Último Jornal, é razão para este nosso alerta. Não acreditamos que seja um ato deliberado do atual poder político, e por isso instamos os serviços 3
competentes a procurarem uma maior diversificação dos programas que a RTC, órgão publico, nos habituou há bem pouco tempo. Os contribuintes e a população em geral de certeza que agradecerão. Acreditamos que a ausência dos programas que acima citamos e demais programas que podem ser uma mais-valia para os órgãos de CS no aspeto de formação e informação dos cabo-verdianos, pode estar ligado a outras razões que não politicas. Para a UCID, a Comunicação Social não tem apenas o papel de informar e formar as pessoas, também ajuda os puderes públicos nas decisões, analisa os fenómenos sociais e políticos desde que, exercida com liberdade e independência. Terminamos deixando aqui algumas questões para reflexão: A ausência dos programas acima mencionados, pode ter a ver com a falta de Recursos Humanos? Ou com a falta de formação / capacitação de profissionais de Comunicação Social? 4
Qual o caminho para atenuação e ou combate do forte cooperativismo existente no sector de Comunicação Social do Estado? O papel das nossas universidades na formação de jornalistas? Qual tem sido o papel da Agencia de Regulação da Comunicação Social (ARC), a AJOC e da própria Comissão de Carteiras na gestão das carteiras dos Jornalistas em função? Tenho dito. João Luís - UCID 5