Revisão com aprofundamento: Barroco e Arcadismo

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Transcrição:

Revisão com aprofundamento: Barroco e Arcadismo

Revisão com aprofundamento: Barroco e Arcadismo 1. (VUNESP) Sermão do Mandato Começando pelo amor. O amor essencialmente é união, e naturalmente a busca: para ali pesa, para ali caminha, e só ali pára. Tudo são palavras de Platão, e de Santo Agostinho. Pois se a natureza do amor é unir, como pode ser efeito do amor o apartar? Assim é, quando o amor não é extremado e excessivo. As causas excessivamente intensas produzem efeitos contrários. A dor faz gritar; mas se é excessiva, faz emudecer: a luz faz ver; mas se é excessiva, cega: a alegria alenta e vivifica; mas se é excessiva, mata. Assim o amor: naturalmente une; mas se é excessivo, divide: Fortis est ut mors dilectio: o amor, diz Salomão, é como a morte. Como a morte, rei sábio? Como a vida, dissera eu. O amor é união de almas; a morte é separação da alma: pois se o efeito do amor é unir, e o efeito da morte é separar, como pode ser o amor semelhante à morte? O mesmo Salomão se explicou. Não fala Salomão de qualquer amor, senão do amor forte? Fortis est ut mors dilectio: e o amor forte, o amor intenso, o amor excessivo, produz efeitos contrários. É união, e produz apartamentos. Sabe-se o amor atar, e sabe-se desatar como Sansão: afetuoso, deixa-se atar; forte, rompe as ataduras. O amor sempre é amoroso; mas umas vezes é amoroso e unitivo, outras vezes amoroso e forte. Enquanto amoroso e unitivo, ajunta os extremos mais distantes: enquanto amoroso e forte, divide os extremos mais unidos. (ANTONIO VIEIRA. Sermão do Mandato. Brasília: Editora Universidade de Brasília: São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2000, p. 165-166.) FELIZA Chamam-te gosto, Amor, chamam-te amigo Da Natureza, que por ti se inflama; Dizem que és dos mortais suave abrigo; Que enjoa, e pesa a vida a quem não ama: A falsa opinião, que um bem te chama: Tu não és gosto, Amor, tu és tormento. Une teus sons, ó lira, ao meu lamento. Feliza de Sileu! Quem tal pensara Daquela, entre as pastoras mais formosa

Que a vermelha papoila entre a seara, Que entre as boninas a corada rosa! Feliza por Sileu me desampara! Oh céus! Um monstro seus carinhos goza; Ansia cruel me esfalfa o sofrimento. Une teus sons, ó lira, ao meu lamento. Ingrata, que prestígio te alucina? Que mágica ilusão te está cegando? Que fado inevitável te domina, Teu luminoso espírito apagando? O vil Sileu não põe na sanfonina Jeitosa mão, nem pinta em verso brando Ondadas tranças, que bafeja o vento. Une teus sons, ó lira, ao meu lamento. (BOCAGE, Manuel Maria Barbosa du. Obras de Bocage. Porto: Lello & Irmão, 1968, p. 685-686.) Os trechos transcritos do sermão de Vieira e do poema de Bocage apresentam traços peculiares de seus respectivos estilos de época, o barroco e o neoclássico. Verifique, numa leitura atenta, esses traços e, a seguir: a) mencione e explique uma característica do estilo barroco que Vieira explora com insistência no seguinte trecho: b) aponte um aspecto da segunda estrofe do poema de Bocage típico da poética neoclássica. 2. (VUNESP) Texto 1 Goza, goza da flor da mocidade, que o tempo trata a toda ligeireza e imprime em toda flor a sua pisada. Ó não aguardes, que a madura idade te converta essa flor, essa beleza, em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.

(Gregório de Matos) Texto 2 Pois se sabes que a tua formosura Por força há de sofrer da idade os danos, Por que me negas hoje esta ventura? Guarda para seu tempo os desenganos, Gozemo-nos agora, enquanto dura, Já que dura tão pouco a flor dos anos. (Basílio da Gama) Os poemas de Gregório de Matos e de Basílio da Gama são da Era Clássica da literatura, embora pertençam a diferentes escolas literárias. a) Indique a que movimentos literários se filiaram, respectivamente, os autores. b) Explique a semelhança entre os textos no que diz respeito à temática abordada. 3. (UFRJ) A certa personagem desvanecida Um soneto começo em vosso gabo: Contemos esta regra por primeira, Já lá vão duas, e esta é a terceira, Já este quartetinho está no cabo. Na quinta torce agora a porca o rabo; A sexta vá também desta maneira: Na sétima entro já com grã canseira, E saio dos quartetos muito brabo. Agora nos tercetos que direi? Direi que vós, Senhor, a mim me honrais Gabando-vos a vós, e eu fico um rei. Nesta vida um soneto já ditei;

Se desta agora escapo, nunca mais Louvado seja Deus, que o acabei. (Gregório de Matos) No mundo barroco, predominam os contrastes. Partindo das ideias contidas no 1º e nos dois últimos versos do soneto de Gregório de Matos, explique a oposição básica que confere ao texto feição satírica. 4. (VUNESP) Onde estou? Este sítio desconheço: Quem fez tão diferente aquele prado! Tudo outra natureza tem tomado; E em contemplá-lo tímido esmoreço. Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço De estar a ela um dia reclinado: Ali em vale um monte está mudado: Quanto pode dos anos o progresso! Árvores aqui vi tão florescentes, Que faziam perpétua a primavera: Nem troncos vejo agora decadentes. Eu me engano: a região esta não era: Mas que venho a estranhar, se estão presentes Meus males, com que tudo degenera! COSTA, Cláudio Manuel da. Obras Poéticas. Nova edição, contendo reimpressão do que deixou inédito ou ainda esparso, um estudo sobre sua vida e obras por João Ribeiro, da Academia Brasileira de Letras. t.i: Sonetos, Éclogas, Epístolas, Fábula e Epicédio. Rio de Janeiro, H. Garnier- Editor, 1903. t.i, p. 106. A crítica literária brasileira tem ressaltado que o terceiro verso do poema é aquele que concentra o tema central. Essa mesma crítica, por outro lado, anotou com propriedade a importância do décimo segundo verso: este verso exprime uma mudança de atitude, que se corrige nos versos finais graças à descoberta, feita pelo eu poemático, da verdadeira causa do fenômeno descrito em todo o poema.

Responda: a) Qual o tema que o terceiro verso concentra? Transcreva outros dois versos que o repercutem. b) A que causas o eu poemático atribui o fenômeno observado na natureza? 5. (VUNESP) Um dos elementos que diferenciam Cláudio Manuel da Costa de outros poetas do Arcadismo brasileiro é o fato de ainda conservar algumas características do estilo barroco. No poema transcrito, a presença barroca se dá no rebuscamento sintático causado pelas inversões, atenuadas por exigência do ritmo e da rima. Sabendo que as inversões de ordem sintática acontecem em todas as estrofes, a) reescreva a segunda estrofe de modo a preservar a colocação normal pedida pela sintaxe.

Gabarito 1. a) Trata-se da antítese, que consiste na aproximação de ideias contrárias, como união e separação. (Gabarito oficial VUNESP) (Gabarito oficial VUNESP) 2. a) Gregório de Matos - Barroco Basílio da Gama - Arcadismo b) viver a vida e aproveitar a mocidade e a beleza. (Gabarito Oficial Vunesp) 3. (Gabarito UFRJ) 4. a) O tema do terceiro verso é sobre a transitoriedade e a mutabilidade da vida e das coisas, próprio da poesia neoclássica. Os versos que o repercutem são: "Quem fez diferente aquele sítio?" "Ali em vale um monte está mudado." b) O "eu-lírico" atribui ao progresso como o causador da destruição da natureza. Ainda, o "eu-poético" está turvado pela dor de seus próprios males e infortúnios. (Gabarito Vunesp) 5. a) Reescrevendo a segunda estrofe na colocação normal, tem-se: Houve aqui uma fonte; eu não me esqueço De estar reclinado a ela um dia. Ali um monte está mudado em vale Quanto o progresso dos anos pode. (Gabarito Vunesp)