PREVALÊNCIA DE HIPOTENSÃO ORTOSTÁTICA E PÓS- PRANDIAL EM IDOSOS: ESTUDO COMPARATIVO EM ENFERMARIAS DE CLÍNICA MÉDICA

Documentos relacionados
Introdução: A hipotensão ortostática (HO)

Hipotensão postural no ambulatório de geriatria do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo

PROMOÇÃO DA SAÚDE FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES EM FATIMA DO PIAUÍ.

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial (PA).

Diferenciais sociodemográficos na prevalência de complicações decorrentes do diabetes mellitus entre idosos brasileiros

PERFIL FARMACOTERAPÊUTICO ENTRE IDOSOS DE UM GRUPO DE VIVÊNCIA

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

PECULIARIDADES DA HIPERTENSÃO NA MULHER CELSO AMODEO

Variação e Controle da Pressão Arterial e Hipertensão Arterial Sistêmica. Paulo José Bastos Barbosa Semiologia Médica I

TÍTULO: HIPERTRIGLICERIDEMIA PÓS-PRANDIAL EM PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 2 E O RISCO CARDIOVASCULAR

COMO CONTROLAR HIPERTENSÃO ARTERIAL?

Hipertensão Arterial e a Prevenção Quaternária

Setor: Todos os setores Responsável pela prescrição do POP Médico, Enfermeiro Responsável pela execução do POP Auxiliar ou Técnico em Enfermagem

Farmaceutica, Graduada pela Universidade Regional do Estado do Rio Grande do Sul, 3

Registro Brasileiros Cardiovasculares. REgistro do pacientes de Alto risco Cardiovascular na prática clínica

HIPERTENSÃO ARTERIAL

MCOR - Excelência em Cardiologia MAPA DE 24 HORAS

Marcos Sekine Enoch Meira João Pimenta

Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial

RASTREAMENTO DE PRESSÃO ARTERIAL E GLICEMIA

AVALIAÇÃO DA INDUÇÃO DA HIPOTENSÃO POSTURAL EM INDIVÍDUOS PÓS - ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE)

Na hipertensão arterial

Atividade Física e Hipertensão Arterial Sistêmica. Profa. Dra. Bruna Oneda

ATENÇÃO FARMACÊUTICA HUMANIZADA A PACIENTES HIPERTENSOS ATENDIDOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO LAURO WANDERLEY

Avaliação da glicemia e pressão arterial dos idosos da UNATI da UEG-GO

ONTARGET - Telmisartan, Ramipril, or Both in Patients at High Risk for Vascular Events N Engl J Med 2008;358:

CARACTERIZAÇÃO DA MORBIMORTALIDADE DE IDOSOS ATENDIDOS EM UMA UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO

TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DAS QUEDAS EM CRIANÇAS INTERNADAS EM HOSPITAL PEDIÁTRICO

Índice de massa corporal e prevalência de doenças crônicas não transmissíveis em idosos institucionalizados

PROJETO CONTINUUM: CONTINUIDADE DA ASSISTÊNCIA AO PACIENTE COM DOENÇA CRÔNICA NO AMBULATÓRIO DE EGRESSOS DE INTERNAÇÃO DA CLÍNICA MÉDICA DO HULW/UFPB

RESUMO SEPSE PARA SOCESP INTRODUÇÃO

16º CONEX - Encontro Conversando sobre Extensão na UEPG Resumo Expandido Modalidade B Apresentação de resultados de ações e/ou atividades

PERFIL NUTRICIONAL E DE SAÚDE DE IDOSOS DIABÉTICOS ATENDIDOS NO AMBULATÓRIO DE NUTRIÇÃO DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO LAURO WANDERLEY

Teste Ergométrico. Dados do Avaliado. Idade: 65 Estatura: 166 FC máx: 155 bpm Sexo: Masculino Indivíduo: Ativo FC submáx: 131 bpm. Peso: 74.

AVALIAÇÃO DO PROGRAMA HIPERDIA EM HIPERTENSOS NO DISTRITO DE ITAIACOCA

MINI AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO DIAGNÓSTICO DO IDOSO HOSPITALIZADO

05/04/2017. Avaliação inicial (screening do estado de saúde) EFB Medidas e Avaliação da Atividade Motora. Objetivos da aula: Por onde começar?

PREVALÊNCIA DA HIPERTENÇÃO ARTERIAL SISTEMICA EM IDOSOS PERTENCENTES AO GRUPO DE CONVÍVIO DA UNIVERSIDADE ABERTA A MATURIDADE EM LAGOA SECA-PB.

PREVALÊNCIA DA HIPERTENSÃO ARTERIAL E PERFIL DE SAÚDE EM UMA AMOSTRA DA FEIRA DE SAÚDE DO CENTRO UNIVERSITÁRIO LUSÍADA RESUMO

Diagnóstico & Classificação

PERFIL CLÍNICO, ANTROPOMÉTRICO E AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR EM IDOSOS COM HIPERTENSÃO ARTERIAL NO MUNICÍPIO DE SANTA CRUZ-RN

A Pessoa com alterações nos valores da Tensão Arterial

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

Utilização de diretrizes clínicas e resultados na atenção básica b

DROGAS VASODILATADORAS E VASOATIVAS. Profª EnfªLuzia Bonfim.

PALAVRAS-CHAVE grau de dependência a nicotina, tabagismo, hipertensão arterial sistêmica.

2 de Maio Sábado Sessão televoter Hipertensão Curso de MAPA

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO PACIENTE IDOSO INTERNADO EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA

10º Congreso Argentino y 5º Latinoamericano de Educación Física y Ciencias

Tese (doutorado) Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista, 2009.

PREVALÊNCIA DE SÍNDROME METABÓLICA EM PACIENTES HOSPITALIZADOS

SEGUIMENTO FARMACOTERAPÊUTICO DE PACIENTES IDOSOS HIPERTENSOS COM CAPACIDADE COGNITIVA

PERFIL NUTRICIONAL E PREVALÊNCIA DE DOENÇAS EM PACIENTES ATENDIDOS NO LABORATÓRIO DE NUTRIÇÃO CLÍNICA DA UNIFRA 1

04/07/2014. Apneia do Sono e Hipertensão Resistente Qual a importância?

6º Simposio de Ensino de Graduação PERFIL DE POPULAÇÃO HIPERTENSA ATENDIDA EM UM SERVIÇO DE ATENÇÃO FARMACÊUTICA, TIETÊ-SP, 2008.

Teste Ergométrico. Dados do Avaliado. Idade: 41 Estatura: 172 FC máx: 179 bpm Sexo: Masculino Indivíduo: Sedentário FC submáx: 152 bpm.

FATORES DE ADESÃO MEDICAMENTOSA EM IDOSOS HIPERTENSOS. Nilda Maria de Medeiros Brito Farias. Contexto. População mundial envelhece

PERFIL DEMOGRÁFICO, EPIDEMIOLÓGICO E FARMACOTERAPÊUTICO DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS EM BOA VISTA/RR

ALTERAÇÕES NOS PÉS DE IDOSOS HOSPITALIZADOS: UM OLHAR CUIDADOSO DA ENFERMAGEM

COMO MEDIR A PRESSÃO ARTERIAL

Fonte: V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2006.

2. Diagnóstico e Classificação

Aula 2 : Avaliação pré participação em exercícios

CLASSIFICAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL EM ADULTOS E IDOSOS QUE FREQÜENTAM A UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DO PARQUE ELDORADO: em Campos dos Goytacazes, RJ.

CARACTERIZAÇÃO DO SERVIÇO DE REFERÊNCIA EM DOENÇAS CEREBROVASCULARES HC-UFG

Análise da demanda de assistência de enfermagem aos pacientes internados em uma unidade de Clinica Médica

EPIDEMIOLOGIA DA HIPERTENSÃO ARTERIAL ESTUDO POPULACIONAL NO MUNICÍPIO DE TRÊS LAGOAS - MS

COMPORTAMENTO DA PRESSÃO ARTERIAL EM PACIENTES QUE ADERIRAM A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA PARA O CONTROLE DA HIPERTENSÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Infarto do Miocárdio

Avaliação pré participação em exercícios. Prof. Dra. Bruna Oneda

1ª Conferência do Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico: um olhar atento à saúde dos portugueses. Estado de Saúde.

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DOS FATORES DE RISCO PARA DOENÇA CORONARIANA DOS SERVIDORES DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

10ª edição do Curso Continuado em Cirurgia Geral do CBCSP. Estado Atual do Tratamento da Hemorragia Digestiva Alta devida a Hipertensão Portal

DIMINUA O RISCO DE ATAQUE CARDÍACO E ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL CONTROLE A SUA TENSÃO ARTERIAL D I A M U N D I A L DA S AÚ D E 2013

MORTALIDADE DE IDOSOS POR DOENÇAS CARDIOLÓGICAS NA CIDADE DE JOÃO PESSOA-PB

RESIDÊNCIA MÉDICA 2014 PROVA OBJETIVA

Atividade Física e Hipertensão Arterial Sistêmica. Profa. Dra. Bruna Oneda

IMPLICAÇÕES DA CLASSE DE ÍNDICE DE MASSA CORPORAL E OBESIDADE ABDOMINAL NO RISCO E GRAVIDADE DA HIPERTENSÃO ARTERIAL EM PORTUGAL

INDICADORES BIOQUÍMICOS DA FUNÇÃO RENAL EM IDOSOS

69º Congresso Brasileiro de Cardiologia Brasília - DF. Avaliação Especiais DEPARTAMENTO DE CARDIOGERIATRIA 13:30 16:30

Relevância Clínica da Síndrome Metabólica nos Indivíduos Não Obesos

Prevenção de Eventos Cardiovasculares em Pacientes com Hipertensão Arterial PREVER 2 SEGUIMENTO 15 MESES

CUIDADO FARMACÊUTICO A IDOSOS HIPERTENSOS DA UNIVERSIDADE ABERTA À MATURIDADE (UAMA)

PERFIL DOS PACIENTES HIPERTENSOS EM UMA UNIDADE SAÚDE DA FAMÍLIA NO MUNICÍPIO DE PONTA GROSSA

TÍTULO: EFEITOS DE UMA SESSÃO DE ATIVIDADE FÍSICA E CINSEIOTERAPIA PARA PESSOAS COM A DOENÇA DE ALZHEIMER

Aula 6 Medidas de Repouso

NOVAS DIRETRIZES PARA HIPERTENSÃO ARTERIAL NA INFÂNCIA: AAP Guideline Updates Practice for Pediatric Hypertension

RESPOSTAS PRESSÓRICAS APÓS A REALIZAÇÃO DE EXERCÍCIOS DE FORÇA PARA BRAÇO E PERNA EM JOVENS NORMOTENSOS

Atividade Física e Cardiopatia

Avaliação e Interpretação da Pressão Arterial na Infância

ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO NA ATENÇÃO AO IDOSO EM ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA

SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE

Luís Amaral Ferreira Internato de Radiologia 3º ano Outubro de 2016

ENFERMAGEM ATENÇÃO BÁSICA E SAÚDE DA FAMÍLIA. Parte 26. Profª. Lívia Bahia

FISIOLOGIA CARDIORESPIRATÓRIA ENVELHECIMENTO

Atividade Física e Hipertensão Arterial Sistêmica. Profa. Dra. Bruna Oneda

AVALIAÇÃO DE DISLIPIDEMIA EM ADULTOS DE UMA COMUNIDADE SITUADA NA PERIFERIA DE CAMPINA GRANDE-PB.

Estudo de prevalência da hipertensão arterial, excesso de peso e obesidade no concelho de Vizela em

TÍTULO: A INFLUÊNCIA DOS EXERCÍCIOS RESISTIDOS NO CONTROLE DA HIPERTENSÃO SISTÊMICA

Respostas cardiovasculares ao esforço físico

Transcrição:

PREVALÊNCIA DE HIPOTENSÃO ORTOSTÁTICA E PÓS- PRANDIAL EM IDOSOS: ESTUDO COMPARATIVO EM ENFERMARIAS DE CLÍNICA MÉDICA Geyhsy Elaynne da Silva Rocha, Naísa Bezerra de Carvalho, Aline Dantas de Sá, Arthur Moreira Lucas de Lacerda, Rilva Lopes de Sousa Muñoz Departamento de Medicina Interna, Centro de Ciências Médicas, Universidade Federal da Paraíba (UFPB). João Pessoa, PB, Brasil. rilva@ccm.ufpb.br INTRODUÇÃO A hipotensão ortostática (HO) é um problema clínico comum em idosos, decorrendo da mudança da posição deitada para a posição sentada ou em pé, quando o paciente apresenta paralelamente um ou mais dos seguintes eventos: (a) redução de 20 mmhg ou mais na pressão arterial sistólica; (b) redução de 10 mmhg ou mais na pressão arterial diastólica. O diagnóstico de hipotensão pós-prandial é feito por meio dos mesmos parâmetros referentes à HO, porém ocorrendo 15 a 90 minutos após a refeição mais calórica do dia 1. A HO tem prevalência de 20%-30% em indivíduos com mais de 65 anos e a hipotensão pós-prandial tem prevalência de 24% em idosos 2. A HO pode ser causa de acidentes e risco de isquemia encefálica em idosos, e sua ocorrência pode ser maior nas internações, já que de 10% a 20% dos pacientes internados têm efeitos adversos a medicamentos, permanecem imobilizados e clinicamente instáveis 3. Os estudos sobre HO já realizados envolvem idosos em asilos ou ambulatórios, ou mesmo na comunidade. Os objetivos desse estudo foram avaliar prevalência, fatores associados e sintomas de HO e pósprandial em idosos internados em enfermarias de clínica médica. METODOLOGIA Este estudo foi de modelo observacional, transversal e comparativo (grupo controle de indivíduos não idosos). A população-alvo foi composta por

pacientes idosos internados nas enfermarias de clínica médica do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), João Pessoa, Paraíba, Brasil. A seleção dos pacientes foi feita consecutivamente partir de técnica não probabilística no período de agosto de 2010 a março de 2012. O tamanho da amostra total foi de 80 pacientes, tomando-se por base estudo anterior 4. Foram excluídos os pacientes impossibilitados de se mover para a posição ortostática, os que não conseguiam permanecer na posição ortostática sem apoio e aqueles com arritmia cardíaca. No grupo controle, excluíram-se grávidas e menores de 18 anos. Foi considerada HO a ocorrência de um dos seguintes eventos após a mudança de posição: (1) redução maior ou igual a 20 mmhg na pressão arterial sistólica; (2) redução igual ou maior a 10 mmhg na pressão arterial diastólica. O diagnóstico de hipotensão pós-prandial foi feito por meio dos mesmos parâmetros referentes à HO, entre 15 e 90 minutos após a refeição mais calórica do dia no hospital, o almoço. As variáveis secundárias pesquisadas foram idade, sexo, diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica (HAS), cardiopatia e uso contínuo de fármacos. As doenças associadas e fármacos em uso foram pesquisados nos prontuários dos pacientes, que também foram avaliados através de entrevista e exame físico, registrando-se os dados em um formulário. A coleta de dados foi feita no período da manhã (antes do café da manhã) e no período pós-prandial (após o almoço). A medida da pressão arterial (PA) foi realizada de acordo com a técnica recomendada nas VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (2010). Foram u sados esfigmomanômetros calibrados do tipo aneroide para adultos, com bolsa de borracha inflável de 23/12 cm. Os pacientes permaneceram em repouso na posição supina por cinco minutos antes da medida da PA. A frequência

cardíaca (FC) foi verificada através da palpação da artéria radial n as posições supina e ortostática. A estatística inferencial foi feita através dos testes quiquadrado, Mann-Whitney e Wilcoxon a 5%. O projeto dste estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Lauro Wanderley (CEP/HULW), sob nº 580/2010. RESULTADOS Avaliaram-se 80 pacientes, 40 no grupo dos idosos e 40 no grupo controle. A idade dos idosos variou entre 60 e 85 anos (grupo de estudo), e a do grupo controle, entre 22 e 59 anos, 62,5% do sexo masculino no grupo de estudo. Os diagnósticos principais mais frequentes foram de doenças do aparelho circulatório (27%), seguidos do aparelho digestivo (21%). A prevalência de HO foi de 32,5% (26/80) na amostra total, de 57,7% no grupo de idosos e de 25% no grupo de não idosos; 15 pacientes (18,8%) apresentaram hipotensão pós - prandial, 11 deles idosos (27,5%). Os pacientes com hipotensão pós-prandial também apresentaram HO matinal. Observou-se diferença estatisticamente significativa em relação à idade entre os pacientes que apresentaram HO e os que não a apresentaram ( p=0,04). Não se observou diferença de prevalência quanto ao sexo nos dois grupos. Constatou-se associação estatisticamente significativa dos seguintes fatores com HO: cardiopatia ( p=0,002), diabetes mellitus (p=0,005), uso de fármacos considerados fatores associados a HO (p = 0,01) e hipertensão arterial ( p=0,02) entre os idosos, o que ocorreu de forma similar no grupo controle. A FC aumentou em 84,6% (22) no grupo dos que tiveram HO matinal e/ou pós-prandial, enquanto houve aumento em 100% dos pacientes que não desenvolveram HO, não havendo diferença entre idosos e não idosos. Verificou-se que 34,6% (9) dos pacientes com HO apresentaram pelo menos um sinal de hipofluxo cerebral (tontura, borramento visual e

tremores em 3%, 22% e 5%, respectivamente). Não houve diferença na frequência de sintomas entre os grupos. DISCUSSÃO A prevalência de HO neste estudo foi superior à observada em outras pesquisas em que se verificou HO em 30% dos idosos e hipotensão pósprandial entre 24% e 36% 5-7. A prevalência real de HO depende das condições durante a avaliação, como a frequência de medições de PA, a hora do dia e o grau de estresse ortostático 8. Contudo, a frequência de HO encontrada nesta amostra foi semelhante à prevalência relatada em outro estudo, no qual se observou HO assintomática em 53,3% 8. A influência do sexo sobre a atividade autonômica cardíaca não está bem estabelecida, porém relata-se que diferenças de sexo estão limitadas a adolescentes e adultos jovens, o que pode indicar um papel para os hormônios sexuais femininos nessa modulação 9. A prevalência de hipotensão pós-prandial em idosos foi semelhante à observada em pesquisa anterior semelhante, também com pacientes internados, nos quais se demonstrou a prevalência de 24% 9. As causas de hipotensão pósprandial ainda não são bem compreendidas, mas se admite que haja compensação simpática inadequada ao aumento do fluxo sanguíneo esplâncnico durante a fase digestória, com diminuição do débito cardíaco e da resistência vascular sistêmica, além de vasodilatação induzida pela insulina e peptídeos vasoativos gastrointestinais 1. Por outro lado, o envelhecimento está associado a alterações na função cardiovascular, além do efeito vasodilatador por uma resposta insulínica exagerada à glicose 9. A HO foi assintomática na maioria dos pacientes idosos (65,4%), o que está de acordo com outros trabalhos, nos quais se considera a HO como ocorrência comum, embora seja assintomática na maioria dos casos 7,8. Presume-se, portanto, que a presença

de sintomas não seja um discriminador confiável em pacientes com HO. CONCLUSÃO A prevalência de HO em pacientes idosos internados foi elevada, mais frequente em diabéticos, hipertensos e cardiopatas, sendo assintomática na maioria dos casos. A prevalência de hipotensão pós-prandial apresentou frequência esperada. Evidencia-se a importância prática da monitorização das mudanças posturais da PA em pacientes idosos durante internações. REFERÊNCIAS 1. Wanjgarten M, Serro-Azul JB, Maciel LG. Abordagem das hipotensões ortostática e pós-prandial. Rev Bras Hipertens. 2007;14(1):29-32. 2. Rutan GH, Hermanson B, Bild DE, et al. Orthostatic hypotension in older adults. The Cardiovascular Health Study. CHS Collaborative Research Group. Hypertension. 1992;19(6 pt 1):508-19. 3. Sehn R, Heineck I, Ferreira MBC. Interações medicamentosas potenciais em prescrições de pacientes hospitalizados. Infarma 2003; 15(9-10):77-81. 4. Abdel-Rahman TA. Orthostatic hypotension before and after meal intake in diabetic patients and healthy elderly people. J Family Community Med 2012; 19(1): 20-5 5. Gazoni FM, Braga ILS, Guimarães HP et al. Hipertensão sistólica no idoso. Rev Bras Hipertens 2009; 16(1):34-37. 6. Luukinen H, Koski K, Laippala P et al. Prognosis of diastolic and systolic orthostatic hypotension in older persons. Arch Intern Med 1999; 159(3):273-80. 7. Weiss A, Grossman E, Beloosesky Y et al. Orthostatic hypotension in acute geriatric ward: is it a consistent finding? Arch Intern Med 2002; 162(20):2369-74. 8. Feldstein C, Weder AB. Orthostatic hypotension: a common, serious and

underrecognized problem in hospitalized patients. J Am Soc Hypertens 2012; 6(1):27-39. 9. Low PA. Prevalence of orthostatic hypotension. Clin Auton Res 2008; 18(1):8-13.