Arquitetura & Sustentabilidade Antonio Castelnou
Introdução Atualmente, as questões ambientais vêm sendo cada vez mais salientadas, não somente pela ação de organismos não- governamentais (ONG s), como também através de cientistas, engenheiros, arquitetos, urbanistas, sociólogos e ecólogos que têm influenciado todo o discurso político mundial.
Nos últimos anos, essa preocupação aumentou bastante, especialmente no âmbito da cultura, quando artistas, paisagistas, historiadores e outros peritos em patrimônio tanto natural quanto cultural, voltaram-se para a preservação do meio ambiente. Por MEIO AMBIENTE entende-se o conjunto de condições naturais e de influências que atuam sobre os organismos e seres humanos, cujo significado provém do latim ambiens,, i. é, o mundo circundante, visto como proximidade; contato, integração. Seu estudo passou a ser priorizado pela ecologia
ECOLOGIA (do grego oikos; ; casa, habitat + logos; ; saber, estudo) é a ciência que estuda as relações existentes entre os seres vivos e, destes, com o meio ambiente onde vivem, analisando a sua adaptação ao meio natural e físico.
Do seu estudo, conclui-se que a PRESERVAÇÃO AMBIENTAL é necessária, já que todos os seres têm direito à vida: os já existentes e os que hão de vir; e que, para que gerações futuras possam usufruir os mesmos benefícios que se possui hoje, é fundamental se criar uma consciência ecológica.
A CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA ou AMBIENTAL,, ou seja, o modo do indivíduo estar e se situar no mundo,, é algo que se adquire ou se desenvolve com o tempo, assim como se relaciona a se saber quem é, em que mundo está e a que história pertence.
O período da Revolução Industrial (1750-1830) 1830) até a primeira metade do século XX foi uma época em que, apesar de se incrementar grandes descobertas científicas e tecnológicas, afetou-se e muito o MEIO AMBIENTE,, tanto natural como cultural, destruindo-se se parte de seu valioso acervo. Até então, não se levou em consideração o que isso viria acarretar no futuro, já que as máquinas, uma vez que além de trazerem o progresso, também podem levar à poluição, à degradação e à destruição da natureza, inclusive do próprio homem.
Denomina-se Movimento Ambiental ou AMBIENTALISMO a postura atual dominada pela preocupação de proteger a natureza e o próprio homem, contra a poluição, a alteração e a destruição diversas, oriundas de atividades predadoras pessoais e das sociedades pós- industriais.
Hoje, a metade da população do mundo mora em cidades. Para 2025, esta cifra aumentará para 75% do número de pessoas de todo o planeta. Segundo a Organização das Nações Unidas ONU, o número de brasileiros vivendo em áreas urbanas, que está em torno de 80%, chegará, já em 2010, a 90%.
Se em 1950, somente Nova York possuía mais de 10 milhões de habitantes, hoje já existem 15 megalópoles no planeta, o que tende a crescer nos próximos decênios, podendo chegar a mais de 20 em 2015, assim como o número de áreas urbanas com população entre 5 e 10 milhões, o qual irá de 7 para 37.
Como resultado de uma ocupação desenfreada do planeta, a NATUREZA devolve todo o mal que lhe é causado em forma de catástrofes, tais como vendavais, furacões, terremotos, chuvas ácidas, tsunamis e avalanches, além do aumento da temperatura devido ao buraco na camada de ozônio.
A partir dos anos 60, o despertar ecológico conduziu a um nova definição da relação homem/natureza, da qual nasceu o conceito da GREEN ARCHITECTURE como aquela que procura se basear nos conceitos ambientalistas, melhorando o entorno degradado e a convivência dos seres humanos com os ambientes natural e artificial.
Depois da década de 1980, nasceu a idéia de SUSTENTABILIDADE, a qual passou a se afirmar cada vez mais nas últimas décadas, influenciando as posturas de projeto e construção civil tanto no mundo como no Brasil, diante dos vários desafios e problemas sócio- ambientais de hoje.
Problemas sócio-ambientais
SOCIAL universal e seguro ECONÔMICO funcional e barato GREEN ARCHITECTURE habitat sustentável AMBIENTAL eficiente e ecológico
Em 1993, a União Internacional dos Arquitetos UIA, estabeleceu a Declaração de Interdependência para um Futuro Sustentável,, que coloca a sustentabilidade social e ambiental como sendo o centro de nossa responsabilidade profissional.
Amphibious Living (2000, Barendrecht Hol.) Hans Venhuizen (1961-) Com a tomada de consciência ambiental, passou-se se a denominar de ARQUITETURA ECOLÓGICA ou ECO- ARQUITETURA a prática arquitetônica que defende o uso de materiais ou técnicas que não agridem o meio ambiente, de modo a minimizar seu impacto sobre os recursos naturais reconhecidamente limitados. 3D Garden Building (2000, Hengelo Hol.) MVRDV
A expressão GREEN ARCHITECTURE corresponde justamente a essa arquitetura bioclimática ou sustentável,, a qual visa a produção de edificações e espaços adaptados às condições ecológicas de um lugar, reduzindo ou até mesmo eliminando o desperdício energético e os impactos sócio-ambientais.
Thorncrown Chapel (1979/80, Eureka Springs,, Arkansas EUA) SUSTENTABILIDADE na arquitetura baseia-se na conservação e no aumento da eficiência energética, de modo a reduzir desperdícios nas atividades econômicas e de edificação; na geração de produtos menos intensivos em energia e mais duráveis; e na redução e reciclagem de rejeitos. Cooper Memorial Chape (1987/88, Bella Vista, Arkansas EUA) Fay Jones (1921-2004) 2004)
Dom House (2000, Queensland Austrália) Gabriel Poole (1947-) Forrer House (1997, Dietikon Suíça) Peter Vetsch (1945-) É preciso libertar as energias para que a arquitetura some-se se à cidade e melhorar assim sua QUALIDADE, mobilizando conhecimentos, teorias e práticas de tecnologia social; e assegurando a sobrevivência ao deixar para trás uma arquitetura antropófaga.
Campo de Pesquisa A partir da minha formação universitária como Arquiteto e Engenheiro Civil, Mestre em Tecnologia do Ambiente Construído (EESC-USP) e Doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento (UFPR); e adotando a área temática da UFPR prevista na Resolução n. 51/2004 COUN, definiu-se como atual campo de pesquisa: Arquitetura e Sustentabilidade: Bases Conceituais para o Projeto Ecológico
Objetivos ¾ Apontar as origens e os desdobramentos da REFLEXÃO ECOLÓGICA no mundo, descrevendo os principais fatos, conceitos e conclusões que influenciaram o debate atual e sua incorporação nos principais programas e agendas de desenvolvimento; Regensburg House (1977/79, Alemanha) Thomas Herzog
Ecohouse (1990/93) David Johnson ¾ Aplicar os pressupostos da discussão ambientalista na TEORIA DA ARQUITETURA, analisando os elementos mais importantes para a concepção de espaços de qualidade e sustentabilidade na cidade contemporânea brasileira;
¾ Formular diretrizes básicas para o PROJETO ARQUITETÔNICO que resultem em uma prática ambientalmente consciente, avaliando as características particulares referentes ao contexto específico do Município de Curitiba e Região Metropolitana. Curitiba
Metodologia Jean-Marie Tjibaou Cultural Center (1992/98, Nouméa,, Nova Caledônia) Renzo Piano ¾ Pesquisa exploratória baseada em: 3 Revisão bibliográfica e webgráfica 3 Levantamento de dados em campo 3 Estudo de casos 3 Definição de diretrizes de projeto 3 Montagem de material didático-pedagógico
Pesquisa de Iniciação Científica Casa Ecológica: Evolução do Espaço Habitacional Sustentável 9 Analisar a evolução contemporânea do espaço habitacional sob o ponto de vista dos pressupostos ambientais, elencando quais seriam as principais alterações, tanto em nível projetual como construtivo, que conduziriam ao conceito da casa ecológica; 9 Identificar, selecionar e descrever projetos de moradias urbanas que se constituem em exemplares de relevância no desenvolvimento e na aplicação na prática profissional das idéias de ecotecnologia e sustentabilidade na arquitetura e urbanismo.
Equipe de Pesquisa ¾ Alunos de graduação: 9 Camila Montes Celinski (Bolsista) 9 Lívia Yu Iwamura (Bolsista) 9 Lilian Stedile Ferri (Voluntária) 9 Luz Amarily Araújo Espinoza (Voluntária) ¾ Alunos de pós-graduação: 9 Nenhum até o momento castelnou@ufpr.br
Bibliografia ALVA, E. N. Metrópoles (in)sustentáveis. Rio de Janeiro: Relume Dumará,, 1997. BARBIERI, J. C. Desenvolvimento e meio ambiente. 3a. ed. Petrópolis RJ: Vozes, 1997. BEHLING, S.; BEHLING, S. Sol power: : la evolución de la arquitectura sostenible. Barcelona: Gustavo Gilli, 2002. BRUNDTLAND, G. H. Nosso futuro comum. 2a. ed. Rio de Janeiro: CMMAD: Fundação Getúlio Vargas, 1991. CAPRA, F. A. Teia da vida. 9a. ed. São Paulo: Cultrix, 1996 CARVALHO, B. Ecologia e arquitetura: ecoarquitetura. Rio de Janeiro: Globo, 1984.
CAVALCANTI, C. Desenvolvimento e natureza. 3a. ed. São Paulo: Cortez, 2001. EDUARDS, B.; HYETT, P. Guía básica de la sostenabilidad. Barcelona: Gustavo Gilli, 2004. FOLADORI, G. Limites do desenvolvimento sustentável. Campinas: UniCamp: Imprensa Oficial SP, 2001. GAUZIN-MÜLLER, D. Arquitectura ecológica. Barcelona: Gustavo Gilli, 2002. GONÇALVES, W. P. Os (des( des)caminhos do meio ambiente. São Paulo: Contexto, 1989. GUÍA DE LA EDIFICACIÓN SOSTENIBLE. Madrid: IDEA: Institut Ildefons Cerdà, 1999. HELENE, M. E.; BICUDO, M. B. Sociedades sustentáveis. São Paulo: Scipione,, 1994.
MOSTAEDI, A. Arquitectura sostenible: low-tech/high tech/high-tech housing. Barcelona: Monsa,, 2000/2002. PAPANEK, V. Arquitectura e design: ecologia e ética. Lisboa: Edições 70, 1995. RUANO, M. Ecourbanismo: entornos humanos sustentáveis. Barcelona: Gustavo Gilli, 1999. SLESSOR, C. Eco-tech: sustainable architecture and high technology. London: Thames & Hudson,, 2001. STEELE, J. Ecological architecture: : a critical history. Londres: Thames & Hudson,, 2005. VALE, B.; VALE, R. The autonomous house. London: Thaes & Hudson,, 2000. WINES, J. Green architecture. Köln: Taschen,, 2000. YEANG, K. Projectar com la naturaleza. Barcelona: Gustavo Gilli, 1999.