Incentivos fiscais são um dos principais pontos de divergências entre os estados

Documentos relacionados
Guerra Fiscal. Audiência Pública. Câmara dos Deputados

Temas Federativos. Audiência Pública Comissão Mista MPV 599/2012 Andrea Calabi Secretário da Fazenda 20 Mar/2013

CONVÊNIO ICMS 70 COMEÇO DO FIM DA GUERRA FISCAL?

Inconstitucionalidades na Guerra Fiscal. Andrea Calabi Secretário da Fazenda 13 de Abril de 2012

G E T A P GRUPO DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS APLICADOS

DIREITO TRIBUTÁRIO. Tributos Estaduais ICMS Parte VI. Prof. Marcello Leal. Prof. Marcello Leal

SENADO FEDERAL SUBSTITUTIVO DA CÂMARA Nº 5, DE 2017, AO PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 130, DE 2014

Atualizações sobre ICMS - Propostas de Reformas V AVISULAT

Alternativas para a saída organizada da guerra fiscal

EMENDA N CAE (ao Projeto de Lei nº 130, de Complementar)

Decreto /2013 de São Paulo: mais um capítulo da Guerra Fiscal de ICMS

GUERRA FISCAL DO ICMS CHERYL BERNO

A UNANIMIDADE NO CONFAZ.

PÁGINA 2 D i ário Oficial do Distrito Federal

AUDIÊNCIA PÚBLICA: ICMS. Senado Federal CAE 11 de Março de 2013

PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº 238, de (Proposição apensada: PLP 275/2013)

PROVA DISCURSIVA P 4

AMBIENTE TRIBUTÁRIO NO BRASIL

O benefício pela ótica governamental

PEC amplia composição e reduz atribuições do Supremo Tribunal Federal

Fundação da Ordem Social - SHIS QL 26, CONJUNTO 1 CASA 17 CEP Brasília DF (61)

Tributação do e-commerce

Aposta é que haverá novo prazo para FPE. Ribamar Oliveira. Valor Econômico - 11/10/2012

NOTÍCIAS FISCAIS Nº BELO HORIZONTE, 1º DE AGOSTO DE 2014.

NOVO REGRAMENTO CONSTITUCIONAL DO ICMS INTERESTADUAL NO COMÉRCIO ELETRÔNICO PÓS EC 87/15

DIREITO CONSTITUCIONAL

Legal Letter. Destaques. Relator da MP 547 opina por novo. Crédito do ICMS-exportação. Incentivos fiscais: Congresso deve

REFORMA POLÍTICA ANÁLISE DAS PRINCIPAIS PROPOSTAS

Senado pode votar nesta terça-feira decisão do STF que afastou Aécio Neves

ICMS: GUERRA FISCAL A CONCESSÃO IRREGULAR DE BENEFÍCIOS FISCAIS

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE TRIBUTÁRIA. Rafael Antonietti Matthes

ÍNDICE SISTEMÁTICO DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

Apresentação. Freire Neto

Supremo Tribunal Federal

Uma análise prática do PLC 186/2015

SENADO FEDERAL Gabinete do Senador ROBERTO ROCHA PSB/MA PARECER Nº, DE Relator: Senador ROBERTO ROCHA

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA

DIREITO CONSTITUCIONAL

PROPOSTA DE SÚMULA VINCULANTE N. 69

As Súmulas do CARF perderam a sustentação legal a partir da Lei nº /09.

SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL E GUERRA FISCAL FEBRAFITE

Grupo de Discussão. Revista Capital Aberto

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL Publicado no Diário Oficial da União nº 191-A, de 5 de outubro de 1988

SUMÁRIO. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL Publicado no Diário Oficial da União nº 191-A de 5 de outubro de 1988

REFORMA TRIBUTÁRIA ICMS PROGRAMA PARANÁ COMPETITIVO. Gilberto Calixto

REFORMA TRIBUTÁRIA: Análise da nova proposta de Governo Federal. FEDERASUL Meeting Jurídico Porto Alegre, 24 de abril de 2008

Competência Normas Gerais = LC nº 87/96 Características: Fiscal, Extrafiscal (quando dotado de seletividade), Indireto e Real PROF.

DESENVOLVIMENTO REGIONAL REFORMA TRIBUTÁRIA RIA E. Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo. Coordenador da Administração Tributária

Simples Nacional e Microempreendedor Individual

O que muda no ICMS Difal 2019 para sua empresa? Daniel Soares Gomes

FÓRUM DOS GOVERNADORES DO NORDESTE FÓRUM DOS GOVERNADORES DA AMAZÔNIA LEGAL

Royalties do Petróleo. Histórico

Exclusão do Protocolo 21/11 Emenda Constitucional 87/15.

CARLOS MENDONÇA DIREITO CONSTITUCIONAL

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

Anuário Legislativo 2014

Como pensa o examinador em provas para a Magistratura do TJ-RS? MAPEAMENTO DAS PROVAS - DEMONSTRAÇÃO -

Marcelo Viana Salomão Mestre e doutorando PUC/SP

Comissão da reforma política aprova distritão e fundo de R$ 3,6 bilhões para campanhas

PROF. JEFERSON PEDRO DA COSTA CURSO: CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

Supremo Tribunal Federal

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador BLAIRO MAGGI

QUESTÕES OAB SEGUNDA FASE CONSTITUCIONAL BLOCO I CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

PERSPECTIVAS DAS FINANÇAS

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE

DIREITO TRIBUTÁRIO. Tributos Estaduais ICMS Parte IV. Prof. Marcello Leal. Prof. Marcello Leal

Direito Constitucional Questões Aula 8 Prof. André Vieira

Aumento real da aposentadoria coloca em risco salário mínimo O projeto foi aprovado na Câmara dos Deputados, nessa quarta-feira (24)

R E S U L T A D O da Sessão:

Competição Fiscal = Guerra Fiscal?

Lei Complementar Nº 61 DE 28/12/2015 Publicado no DOE em 29 dez 2015

Seg, 18 de Setembro de :07

FUNRURAL E STF. Há poucos dias o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) julgou inconstitucional o artigo 1º da Lei de 1992 que obrigava

22/09/2015 SEGUNDA TURMA : MIN. DIAS TOFFOLI EMENTA

Comentário à Jurisprudência

INFORME ESPECIAL ASSESSORIA PARLAMENTAR Nº 01

Comissão do Senado aprova PEC da Eleição Direta para Presidente

'Agenda Brasil. Sugerida pelo Sen.Renan Calheiros. Prof. Waldery Rodrigues Jr. Concurso APO 2015

Sumário. Parte 1 Teorias e doutrinas relacionadas ao estudo da Constituição

DIREITO CONSTITUCIONAL

Sumário CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE PREÂMBULO TÍTULO III Da Organização do Estado... 39

REFORMA DA PREVIDÊNCIA: Pesquisa entre os Congressistas

A guerra fiscal e a substituição tributária

) Conforme entendimento doutrinário, jurisprudencial e legislativ o cabe ação direta de inconstitucionalidade de: Exceto.

Novo Sistema Tributário. Síntese da Proposta

Reforma da Previdência do Governo Jair Bolsonaro

GUERRA FISCAL: A LC 160/2017 E A CONVALIDAÇÃO DE INCENTIVOS FISCAIS. ANTÔNIO GUEDES ALCOFORADO

CÂMARA DOS DEPUTADOS

O prejuízo dos Municípios com a renúncia fiscal do FPM e do ICMS

ABIHPEC. Secretaria da Fazenda - SP ICMS - RESOLUÇÃO SENADO FEDERAL Nº 13/ /12/2012. Coordenadoria da Administração Tributária DEAT -COMEX

Sumário AGRADECIMENTOS... 5 SIGLAS/ABREVIAÇÕES UTILIZADAS... 7 CAPÍTULO 1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS... 15

Como a Constituição trata tal imposto:

OS IMPACTOS DA EMENDA CONSTITUCIONAL 87/15 E DO CONVÊNIO ICMS 93/15 NAS OPERAÇÕES INTERESTADUAIS E BENEFÍCIOS FISCAIS

PROVA DAS DISCIPLINAS CORRELATAS DIREITO CONSTITUCIONAL

Processo Legislativo II. Prof. ª Bruna Vieira

BRASÍLIA URGENTE Informativo nº 05 5 de maio de 2010

19/05/2015 SEGUNDA TURMA : MIN. GILMAR MENDES

A guerra fiscal na jurisprudência do STF e do STJ. Cristiane Mendonça Doutora PUC/SP e Procuradora Municipal em Vitória (ES)

Transcrição:

Incentivos fiscais são um dos principais pontos de divergências entre os estados Na votação do Projeto de Lei Complementar (PLC) 99/2013, que altera as regras de indexação das dívidas dos estados e municípios, a Câmara dos Deputados excluiu a parte que previa a convalidação dos incentivos fiscais concedidos pelos estados para atrair investidores privados sem a aprovação por unanimidade pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), colegiado que reúne os 27 secretários estaduais de Fazenda do país. Esses incentivos foram considerados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal e há a possibilidade de a Corte editar uma súmula vinculante consolidando o entendimento quanto à inconstitucionalidade dos instrumentos da guerra fiscal. Proposta nesse sentido já foi feita pelo ministro Gilmar Mendes. A previsão é que a crise dos estados se agrave com uma eventual declaração de inconstitucionalidade de todas as leis estaduais que amparam a guerra fiscal, o que aconteceria com a súmula vinculante. Diante do clima de insegurança jurídica, empresas estariam cancelando investimentos programados nesses estados, como relatou o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), Lindbergh Farias (PT-RJ). Tais riscos poderiam conduzir a um entendimento em torno da questão que divide os estados. É que a aprovação da convalidação dos incentivos fiscais foi condicionada pelo governo federal a uma reforma do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O objetivo é reduzir, nos estados, a margem para a prática da guerra fiscal, com a unificação das alíquotas interestaduais. A proposta do governo (PRS 1/2013) foi encaminhada ao Congresso Nacional no início de 2013. O projeto foi aprovado pela CAE e ainda não foi incluído na ordem do dia do Plenário em razão da resistência de parte dos estados a um novo arranjo das alíquotas interestaduais, medida acolhida pela comissão como alternativa à simples unificação. Atualmente, as alíquotas interestaduais são de 7% nas Regiões Sul e Sudeste e de 12% nas demais. A reforma inicialmente proposta busca a unificação gradual, com a redução de um ponto por ano, até chegar a 4%, com exceção dos produtos da Zona Franca de Manaus e do gás natural, que continuariam em 12%. Entretanto, o substitutivo aprovado pela CAE modificou o projeto original do Executivo, instituindo na prática três alíquotas. São elas: 12% para gás proveniente das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e produtos da Zona Franca e de áreas de livre comércio; 4% para mercadorias que saem do Sul e Sudeste com destino a outras regiões (a partir de 2016); e 7% para produtos das demais regiões quando destinadas ao Sul e Sudeste (a partir de 2018). Nas transações entre estados de uma mesma região, conforme o substitutivo da CAE, vale a regra geral que unifica as alíquotas interestaduais em 4% a partir de 1º de janeiro de 2021. Mas todas as reduções de alíquotas seriam feitas de maneira gradual, de um ponto percentual por ano. 1 / 5

Compensação As perdas de arrecadação que os estados viessem a ter em decorrência da redução das alíquotas prevista no PRS 1/2013 deveriam ser compensadas com a criação do Fundo de Desenvolvimento Regional e do Fundo de Compensação de Receitas, estipulada na Medida Provisória 599/2012. Na época da edição da MP, houve muitas críticas de parlamentares quanto ao uso de um instrumento provisório para disciplinar um assunto com impacto pelos próximos 20 anos, tempo estimado para os reflexos da reforma do ICMS prevista no PRS 1/2013. Devido às divergências, a medida provisória não foi votada e perdeu eficácia no primeiro semestre de 2013. O senador Paulo Bauer (PSDB-SC) apresentou então um projeto (PLS 106/2013 Complementar) que reproduz os termos da MP 599/2013. A proposta foi aprovada no fim de 2013 pela CAE por um placar apertado 12 votos contra 8 e gerou polêmica quanto à sua constitucionalidade, uma vez que a competência para criação de fundos é do Poder Executivo. Os questionamentos sobre os aspectos constitucionais também despertaram o temor de que a proposta causasse a mesma insegurança jurídica produzida pela Lei Kandir. Até 2003 a Lei Kandir garantiu aos estados o repasse de valores para compensar as perdas decorrentes da isenção de ICMS. Mas, a partir de 2004, a Lei Complementar 115 alterou essa legislação e manteve o direito de repasse, embora não fixasse o valor. Com isso, os governadores precisam negociar a cada ano com o Executivo o montante a ser repassado, mediante recursos alocados no Orçamento da União. Convalidação Quanto à convalidação dos incentivos fiscais, os senadores continuam procurando um entendimento, desta vez em torno da discussão de projeto de lei complementar (PLS 130/2014) de autoria da senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO). O risco de o STF aprovar uma súmula vinculante declarando inconstitucionais todos os incentivos fiscais concedidos sem aval do Confaz é cada vez mais iminente. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já se manifestou a favor da proposta de súmula vinculante apresentada pelo ministro Gilmar Mendes e relatada pelo então presidente do STF, Joaquim Barbosa. O próprio Janot esclarece a consequência prática da aprovação dessa súmula: os estados eventualmente prejudicados na guerra fiscal poderão reclamar diretamente no Supremo, alegando o descumprimento do enunciado, o que será um caminho célere para derrubar o incentivo inconstitucionalmente concedido. O senador Luiz Henrique (PMDB-SC) apresentou em 14 de julho substitutivo ao PLS 130/2014 com o objetivo de afastar o risco de inconstitucionalidade da proposta original. A fórmula encontrada pelo relator da proposta de Lúcia Vânia transfere a decisão para os estados e reduz o quórum para deliberação do Confaz, hoje dependente da unanimidade dos 27 secretários estaduais de Fazenda. O convênio para a convalidação, de acordo com o texto, pode ser assinado com votos favoráveis de dois terços das unidades federadas e um representante do Sul, outro do Sudeste e um do Centro-Oeste, mais dois do Norte e três do Nordeste. A redução vale apenas para a convalidação de incentivos fiscais, a remissão 2 / 5

(perdão) dos créditos tributários decorrentes da guerra entre os estados e a eventual reinstituição dos benefícios. Comércio eletrônico Na votação do Projeto de Lei Complementar (PLC) 99/2013, que altera as regras de indexação das dívidas dos estados e municípios, a Câmara dos Deputados excluiu a parte que previa a convalidação dos incentivos fiscais concedidos pelos estados para atrair investidores privados sem a aprovação por unanimidade pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), colegiado que reúne os 27 secretários estaduais de Fazenda do país. Esses incentivos foram considerados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal e há a possibilidade de a Corte editar uma súmula vinculante consolidando o entendimento quanto à inconstitucionalidade dos instrumentos da guerra fiscal. Proposta nesse sentido já foi feita pelo ministro Gilmar Mendes. A previsão é que a crise dos estados se agrave com uma eventual declaração de inconstitucionalidade de todas as leis estaduais que amparam a guerra fiscal, o que aconteceria com a súmula vinculante. Diante do clima de insegurança jurídica, empresas estariam cancelando investimentos programados nesses estados, como relatou o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), Lindbergh Farias (PT-RJ). Tais riscos poderiam conduzir a um entendimento em torno da questão que divide os estados. É que a aprovação da convalidação dos incentivos fiscais foi condicionada pelo governo federal a uma reforma do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O objetivo é reduzir, nos estados, a margem para a prática da guerra fiscal, com a unificação das alíquotas interestaduais. A proposta do governo (PRS 1/2013) foi encaminhada ao Congresso Nacional no início de 2013. O projeto foi aprovado pela CAE e ainda não foi incluído na ordem do dia do Plenário em razão da resistência de parte dos estados a um novo arranjo das alíquotas interestaduais, medida acolhida pela comissão como alternativa à simples unificação. Atualmente, as alíquotas interestaduais são de 7% nas Regiões Sul e Sudeste e de 12% nas demais. A reforma inicialmente proposta busca a unificação gradual, com a redução de um ponto por ano, até chegar a 4%, com exceção dos produtos da Zona Franca de Manaus e do gás natural, que continuariam em 12%. Entretanto, o substitutivo aprovado pela CAE modificou o projeto original do Executivo, instituindo na prática três alíquotas. São elas: 12% para gás proveniente das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e produtos da Zona Franca e de áreas de livre comércio; 4% para mercadorias que saem do Sul e Sudeste com destino a outras regiões (a partir de 2016); e 7% para produtos das demais regiões quando destinadas ao Sul e Sudeste (a partir de 2018). Nas transações entre estados de uma mesma região, conforme o substitutivo da CAE, vale a regra geral que unifica as alíquotas interestaduais em 4% a partir de 1º de janeiro de 2021. Mas todas as reduções de alíquotas seriam feitas de maneira gradual, de um ponto percentual por ano. 3 / 5

Compensação As perdas de arrecadação que os estados viessem a ter em decorrência da redução das alíquotas prevista no PRS 1/2013 deveriam ser compensadas com a criação do Fundo de Desenvolvimento Regional e do Fundo de Compensação de Receitas, estipulada na Medida Provisória 599/2012. Na época da edição da MP, houve muitas críticas de parlamentares quanto ao uso de um instrumento provisório para disciplinar um assunto com impacto pelos próximos 20 anos, tempo estimado para os reflexos da reforma do ICMS prevista no PRS 1/2013. Devido às divergências, a medida provisória não foi votada e perdeu eficácia no primeiro semestre de 2013. O senador Paulo Bauer (PSDB-SC) apresentou então um projeto (PLS 106/2013 Complementar) que reproduz os termos da MP 599/2013. A proposta foi aprovada no fim de 2013 pela CAE por um placar apertado 12 votos contra 8 e gerou polêmica quanto à sua constitucionalidade, uma vez que a competência para criação de fundos é do Poder Executivo. Os questionamentos sobre os aspectos constitucionais também despertaram o temor de que a proposta causasse a mesma insegurança jurídica produzida pela Lei Kandir. Até 2003 a Lei Kandir garantiu aos estados o repasse de valores para compensar as perdas decorrentes da isenção de ICMS. Mas, a partir de 2004, a Lei Complementar 115 alterou essa legislação e manteve o direito de repasse, embora não fixasse o valor. Com isso, os governadores precisam negociar a cada ano com o Executivo o montante a ser repassado, mediante recursos alocados no Orçamento da União. Convalidação Quanto à convalidação dos incentivos fiscais, os senadores continuam procurando um entendimento, desta vez em torno da discussão de projeto de lei complementar (PLS 130/2014) de autoria da senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO). O risco de o STF aprovar uma súmula vinculante declarando inconstitucionais todos os incentivos fiscais concedidos sem aval do Confaz é cada vez mais iminente. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já se manifestou a favor da proposta de súmula vinculante apresentada pelo ministro Gilmar Mendes e relatada pelo então presidente do STF, Joaquim Barbosa. O próprio Janot esclarece a consequência prática da aprovação dessa súmula: os estados eventualmente prejudicados na guerra fiscal poderão reclamar diretamente no Supremo, alegando o descumprimento do enunciado, o que será um caminho célere para derrubar o incentivo inconstitucionalmente concedido. O senador Luiz Henrique (PMDB-SC) apresentou em 14 de julho substitutivo ao PLS 130/2014 com o objetivo de afastar o risco de inconstitucionalidade da proposta original. A fórmula encontrada pelo relator da proposta de Lúcia Vânia transfere a decisão para os estados e reduz o quórum para deliberação do Confaz, hoje dependente da unanimidade dos 27 secretários estaduais de Fazenda. O convênio para a convalidação, de acordo com o texto, pode ser assinado com votos favoráveis de dois terços das unidades federadas e um representante do Sul, outro do Sudeste e um do Centro-Oeste, mais dois do Norte e três do Nordeste. A redução vale apenas para a convalidação de incentivos fiscais, a remissão 4 / 5

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org) Serama - Segurança Digital (perdão) dos créditos tributários decorrentes da guerra entre os estados e a eventual reinstituição dos benefícios. Comércio eletrônico No âmbito das discussões sobre a reforma do ICMS, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) defendeu a inclusão da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 197/2012. O texto já foi aprovado pelo Senado e tramita na Câmara dos Deputados. A PEC determina mudança no sistema de cobrança do imposto sobre operações de comércio eletrônico. A ideia é que o ICMS incidente sobre comércio eletrônico seja distribuído entre o estado remetente e o de destino das mercadorias, independentemente de o comprador ser ou não pessoa física. Atualmente, de acordo com a Constituição, caso o comprador de mercadorias pelo comércio a distância seja pessoa física (não contribuinte do ICMS), toda a arrecadação permanece no estado de origem da transação. A repartição ocorre somente quando o destinatário dos produtos contribui com o ICMS, ou seja, é pessoa jurídica. Em março, o ministro do STF Luiz Fux concedeu liminar determinando que a arrecadação do imposto deve ficar com o estado de origem da mercadoria, inclusive no chamado comércio não presencial, que inclui as transações feitas pela internet. Fux afirma que os estados não podem, diante de um cenário que lhes seja desfavorável, simplesmente instituir novas regras de cobrança de ICMS, desconsiderando a repartição estabelecida pelo texto constitucional. Fonte: Agência Senado No âmbito das discussões sobre a reforma do ICMS, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) defendeu a inclusão da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 197/2012. O texto já foi aprovado pelo Senado e tramita na Câmara dos Deputados. A PEC determina mudança no sistema de cobrança do imposto sobre operações de comércio eletrônico. A ideia é que o ICMS incidente sobre comércio eletrônico seja distribuído entre o estado remetente e o de destino das mercadorias, independentemente de o comprador ser ou não pessoa física. Atualmente, de acordo com a Constituição, caso o comprador de mercadorias pelo comércio a distância seja pessoa física (não contribuinte do ICMS), toda a arrecadação permanece no estado de origem da transação. A repartição ocorre somente quando o destinatário dos produtos contribui com o ICMS, ou seja, é pessoa jurídica. Em março, o ministro do STF Luiz Fux concedeu liminar determinando que a arrecadação do imposto deve ficar com o estado de origem da mercadoria, inclusive no chamado comércio não presencial, que inclui as transações feitas pela internet. Fux afirma que os estados não podem, diante de um cenário que lhes seja desfavorável, simplesmente instituir novas regras de cobrança de ICMS, desconsiderando a repartição estabelecida pelo texto constitucional. Fonte: Agência Senado 5 / 5