Linguagem Conotativa: Figuras de Linguagem

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Transcrição:

Linguagem Conotativa: Figuras de Linguagem

Linguagem Conotativa: Figuras de Linguagem 1. Recordação Agora, o cheiro áspero das flores leva-me os olhos por dentro de suas pétalas. Eram assim teus cabelos; tuas pestanas eram assim, finas e curvas. As pedras limosas, por onde a tarde ia aderindo, tinham a mesma exalação de água secreta, de talos molhados, de pólen, de sepulcro e de ressurreição. E as borboletas sem voz dançavam assim veludosamente. Restitui-te na minha memória, por dentro das flores! Deixa virem teus olhos, como besouros de ônix, tua boca de malmequer orvalhado, e aquelas tuas mãos dos inconsoláveis mistérios, com suas estrelas e cruzes, e muitas coisas tão estranhamente escritas nas suas nervuras nítidas de folha, e incompreensíveis, incompreensíveis. MEIRELES, Cecília. Obra poética. Rio de Janeiro: José Aguilar Editora, 1972, p.154. -se a utilização de inúmeras figuras de linguagem como recurso expressivo. Destaque do texto um exemplo de prosopopeia e outro de sinestesia. 2. A bomba atômica (fragmento) A bomba atômica é triste Coisa mais triste não há Quando cai, cai sem vontade Vem caindo devagar

Tão devagar vem caindo Que dá tempo a um passarinho De pousar nela e voar... Coitada da bomba atômica Que não gosta de matar! Coitada da bomba atômica Que não gosta de matar Mas que ao matar mata tudo Animal e vegetal Que mata a vida da terra E mata a vida do ar Bomba atômica que aterra! Pomba atônita da paz! Pomba tonta, bomba atômica Tristeza, consolação Flor puríssima do urânio Desabrochada no chão Da cor pálida do hélium E odor de rádium fatal Loelia mineral carnívora Radiosa rosa radical. Nunca mais oh bomba atômica Nunca em tempo algum, jamais Seja preciso que mates Onde houve morte demais: Fique apenas tua imagem Aterradora miragem Sobre as grandes catedrais: Guarda de uma nova era Arcanjo insigne da paz! MORAES, Vinicius de. Antologia Poética. Rio de Janeiro: José Olympio, 1976, pp. 147-8. Loelia Nome que designa uma família de orquídeas

a) Na terceira estrofe do Texto 3, o autor usa diversos termos para se referir à bomba atômica. b) Percebe-se, em todo o poema, a utilização de uma figura de linguagem que consiste na atribuição de ação, movimento e voz a coisas inanimadas. Indique o recurso figurado empregado e transcreva do texto um exemplo desse recurso. 3. Era no tempo que ainda os portugueses não haviam sido por uma tempestade empurrados para a terra de Santa Cruz. Esta pequena ilha abundava de belas aves e em derredor pescavase excelente peixe. Uma jovem tamoia, cujo rosto moreno parecia tostado pelo fogo em que ardia-lhe o coração, uma jovem tamoia linda e sensível, tinha por habitação esta rude gruta, onde ainda então não se via a fonte que hoje vemos. Ora, ela, que até os quinze anos era inocente como a flor, e por isso alegre e folgazona como uma cabritinha nova, começou a fazer-se tímida e depois triste, como o gemido da rola; a causa disto estava no agradável parecer de um mancebo da sua tribo, que diariamente vinha caçar ou pescar à ilha, e vinte vezes já o havia feito sem que de uma só desse fé dos olhares ardentes que lhe dardejava a moça. O nome dele era Aoitin; o nome dela era Ahy. A pobre Ahy, que sempre o seguia, ora lhe apanhava as aves que ele matava, ora lhe buscava as flechas disparadas, e nunca um só sinal de reconhecimento obtinha; quando no fim de seus trabalhos, Aoitin ia adormecer na gruta, ela entrava de manso e com um ramo de palmeira procurava, movendo o ar, refrescar a fronte do guerreiro adormecido. Mas tantos extremos eram tão mal pagos que Ahy, de cansada, procurou fugir do insensível moço e fazer por esquecê-lo; porém, como era de esperar, nem fugiu-lhe e nem o esqueceu. Desde então tomou outro partido: chorou. Ou porque a sua dor era tão grande que lhe podia exprimir o amor em lágrimas desde o coração até os olhos, ou porque, selvagem mesmo, ela já tinha compreendido que a grande arma da mulher está no pranto, Ahy chorou. MACEDO, Joaquim Manuel de. A Moreninha. São Paulo: Ática, 1997, p. 62-63. b) No texto, o que significa esse verbo? c) Que figura de linguagem ocorre nesse caso? 4. Drummond de Andrade: De repente uma banda preta vermelha retinta suando bate um dobrado batuta

na doçura do jardim. Repuxos espavoridos fugindo. a) Identifique um dos recursos sonoros empregados nestes versos, explicando qual é o efeito expressivo obtido. b) Interprete o úl 5. Leia o texto seguinte: A aposentada A. S., 68, tomou na semana passada uma decisão macabra em relação ao seu futuro. Ela pegou o dinheiro de sua aposentaria (um salário-mínimo) e comprou um caixão. A. mora com a irmã, M. F., 70, que também é aposentada. Elas não têm parentes. A. diz que está investindo no futuro. Sua irmã a apoia. A. também comprou a mortalha roupa que quer usar quando morrer. O caixão fica guardado na sala da casa. (Aposentada compra caixão para o futuro. Folha de S. Paulo, 22/8/1992, adaptado.) a) Localize um trecho que revela ironia. b) Explique como se dá esse efeito de ironia.

Gabarito 1. ser observado 2. a) O poeta relaciona a bomba atômica a uma flor, em função, por exemplo, da semelhança de formato entre a flor. E a relaciona a uma planta carnívora, porque figurativamente devora seres vivos. 3. b) No contexto, o verbo dardejar foi empregado com c) Metáfora 4. a) Os recursos são a utilização de assonâncias e aliterações. O som produzido na leitura do três primeiros versos do poema lembra o de uma banda, tal como descreve o poema. Já no ultimo verso a aliteração lembra o som de um riacho ou de um chafariz. pode também estar se referindo ao comportamento das águas diante da desordem normalmente calmos, retiramcomo o comportamento das elites (o jardim) que se sentem perturbadas diante da 5. b) Ironia consiste em dar a uma palavra ou expressão, através do contexto, um sentido oposto ao que normalmente tem. No texto, a expressão "investir no futuro" ganha uma conotação negativa, pois significa comprar um caixão, bastante diferente de seu sentido tradicional, associado a coisas positivas, como segurança e descanso.