Coleta Seletiva Solidária: ampliando a eficiência da Reciclagem no Brasil Enga. Jacqueline Rutkowski, D.Sc Com contribuições do Observatório da Reciclagem Inclusiva e Solidária/MG
Observatório da Reciclagem Inclusiva e Solidária Núcleo AlterNativas de Produção/ UFMG Centro Nacional Defesa Dir.Humanos DRS/BB-MG Rede, de reflexão e ação, para construir soluções para a promoção da reciclagem como alternativa ambiental e social ao tratamento do lixo urbano, a partir dos saberes teóricos e práticos.
Resíduos Sólidos Urbanos Coleta de RSU quase universal no Brasil: 97,8% dos domicílios (IBGE, 2010), mas 6,2 milhões de ton/ano não coletadas e 42% com destino inadequado (ABRELPE, 2011); Geração crescente de RSU, maior que a taxa de crescimento populacional (ABRELPE, 2011); 50% RSU orgânicos, 30% RSU composto por recicláveis e 80% destes são compostos por plástico (7,5 mil ton/ano), papel, papelão e tetrapak (7,3 mil ton/ano) (ABRELPE, 2011);
Apesar de possuir uma Política Nacional de RSU atual e moderna, o lixo ainda é um dos grandes problemas ambientais no Brasil. A Coleta Seletiva, política pública obrigatória, só é praticada em 14% das cidades brasileiras (CEMPRE, 2012). Mas, o país recicla alguns tipos de materiais em proporcões muito maiores do que a maioria dos países do mundo! Como?
Índices de reciclagem no Brasil (Fonte: AMBEV, 2012) Programas de Coleta Seletiva municipais são responsáveis por apenas 3% do total de RSU reciclado (0,7% dos metais, 7,5% dos papéis e 17% dos plásticos). Os catadores de materiais recicláveis são responsáveis por 90% dos materiais recicláveis que retornam à indústria para reciclagem. A ação dos catadores eleva o índice de reciclagem de RSU no Brasil para 12%. 5 Valor Econômico, 2010, p.28 and p.43
Cadeia Produtiva do Papel Reciclado Os catadores são um importante, e o mais frágil, elo da Cadeia Produtiva da Reciclagem
Ampliar a reciclagem de RSU: Reconhecer os catadores como importante elo da cadeia produtiva da reciclagem e a Coleta Seletiva Solidária como uma Tecnologia Social base da Reciclagem Popular: promover o diálogo com programas oficiais para ampliar a eficiência destes; buscar eficiência sistêmica na gestão de RSU: resultante dos efeitos de rede que emergem de relações sinérgicas entre diferentes agentes sociais; determinada não pela soma de recursos, mas sim pelos gargalos que se localizam em diferentes pontos da cadeia produtiva.
Construção/ Organização de Galpões de Triagem ROTA TECNOLÓGICA PARA PNRS: RECICLAGEM POPULAR Programas de Coleta Seletiva Solidária Comercialização e Beneficiamento de Recicláveis em Rede Solidárias Tratamento/destinação final de rejeitos Compostagem e Biodigestão de orgânicos
TS Coleta Seletiva Solidária Resultados Mais eficácia e universalização do serviço público: maior capilaridade e cobertura geográfica à coleta seletiva Maior eficiência técnica - volume maior de recicláveis retirados do RSU: Natal/RN 42 t/mês para 298 t/mês, após 12 meses; Itaúna/MG* 140 t/mês para 208 t/mês, já no primeiro mês; rejeito de 70 % para 30 % Maior sustentabilidade: aumento de renda dos catadores (+46%)*, produtividade crescente (+48%)*, mais garantia de perenidade dos grupos e de todo o sistema.
Coleta Seletiva Solidária: melhores resultados ambientais, mais resíduo reciclado, menos rejeito aterrado, menor custo de operação Com Coleta Seletiva Solidária Com Coleta Seletiva Solidária Coleta Seletiva(ton/mês) Custo (U$/ton) Fonte: CEMPRE, 2012
Dados apresentados em Encontro Nacional de Prefeitos, em BSB, março 2012, por Arq. Tarcísio de Paula, assessor MMA. Custos mais baixos: uso de múltiplos modais de transporte e otimização de recursos
Visão prevalecente é do catador triador, remunerado pela comercialização dos materiais, mas... O valor de mercado dos produtos é mínimo e regido por commodities internacionais: instabilidade de preços; Há um custo de coleta e triagem de materiais não reciclados e portanto, não comercializados; Sazonalidade na produção e qualidade afetada pela qualidade da separação domiciliar; Alto índice de rejeito do material coletado: falta sensibilização e educação para a reciclagem; Galpões improvisados: faltam equipamentos, layouts favorecem retrabalho e acúmulo de tempos mortos; Baixa produção, baixa produtividade, baixíssima renda: impossibilidade de se manter equipe treinada, desconfiança em relação ao modelo odelo marcado por visão assistencialista e insustentável
CSS:desenvolvimento e expansão Reconhecer o modelo como uma Tecnologia Social a ser divulgada junto a pesquisadores, políticos e gestores de resíduos ; Reconhecer o modelo como uma tecnologia intensiva em mão de obra, apropriada para países onde há mão de obra pouco qualificada, e para políticas de redução da pobreza; Garantir a prioridade para a reciclagem dos resíduos, impedindo uso de tecnologias que competem pelos resíduos recicláveis, tais como a incineração Utilizar metodologias participativas para assessoria, consultoria, planejamento e gestão dos resíduos sólidos: unir conhecimento teórico e prático para construir programas comunitários de coleta seletiva e reciclagem;
CSS:desenvolvimento e expansão Garantir a eficiência do trabalho desenvolvido nos galpões: incluir necessidade e custos de readequação de infraestrutura e de Programas de Educação Ambiental nos Planos Municipais de Gestão de Resíduos Sólidos; Organizar redes solidárias de associações/ cooperativas de catadores para a operação e a gestão (compartilhada) do Programa de Coleta Seletiva; Instituir mecanismos de financiamento durável para apoiar o desenvolvimento deste modelo: fundos públicos de pagamento por serviços ambientais, logística reversa.
Obrigada! Jacqueline.rutkowski@gmail.com