, Considerando Considerando Considerando Considerando Considerando Considerando

Documentos relacionados
COMISSÃO INTERSETORIAL DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO - CIAN

ETHANOL SUMMIT 2017 PAINEL. Açúcar: O Consumo Equilibrado Como Melhor Escolha. São Paulo junho/17

Brasil é um dos principais apoiadores da agenda de nutrição adotada pela ONU

Vigilância Sanitária - ANVISA

PORTARIA Nº 1.274, DE 7 DE JULHO DE 2016

SEGUNDO RELATÓRIO 2007 AICR/WCRF

Ações prioritárias da CGPAN/Ministério da Saúde para o ano de 2007

Brasília, 18 de agosto de Jarbas Barbosa Secretário de Vigilância em Saúde

Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para as Políticas Públicas

Promoção da alimentação adequada e saudável na prevenção de câncer

ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE

Termo de Compromisso para a Redução do Sódio em Alimentos Processados e divulgação dos dados do Vigitel hipertensão

VIGITEL BRASIL Hábitos dos brasileiros impactam no crescimento da obesidade e aumenta prevalência de diabetes e hipertensão

Perspectivas e desafios da redução do sódio em nível nacional e internacional

nacional de redução da obesidade

Evidências Atividade física

Erly Catarina de Moura NUPENS - USP

INQUÉRITOS NACIONAIS DE SAÚDE E NUTRIÇÃO. Profa Milena Bueno

XIV Encontro Nacional de Rede de Alimentação e Nutrição do SUS. Janaína V. dos S. Motta

Comida de verdade vs. ultraprocessados: potenciais impactos na saúde e no bem-estar dos adolescentes brasileiros

Projecto-Lei n.º 118/XIII/ 1ª. Regulamentação da publicidade de produtos alimentares destinada a crianças e jovens. Exposição de motivos

ALIMENTOS PROCESSADOS E ULTRAPROCESSADOS: EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL COM POPULAÇÃO IDOSA

sal, nomeadamente bolachas e biscoitos pré-embalados, flocos de cereais e cereais prensados e batatas fritas ou desidratadas

Rede sobre estratégias para redução do consumo de sal para prevenção e controle de doenças cardiovasculares nas Américas e Caribe NOTA CONCEITUAL

Cenário atual da Redução do Sódio no Brasil. V Seminário Nacional sobre a Redução do Consumo de Sódio no Brasil Brasília, 25 de novembro de 2013

A importância do ambiente na promoção da alimentação saudável

Atualização da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN)

Frutas, Legumes e Verduras

Resumo EstratCom PNPS

NAE Campus São Paulo

Pesquisa do governo traz novidades sobre a saúde do brasileiro

COMPONENTE ESPECÍFICO

Políticas Públicas para o Enfrentamento da Obesidade no Brasil

Alimentação Adequada e Saudável para Todos Por políticas de alimentação adequada e saudável

Alimentação Escolar Saudável

Incentivo à Alimentação Saudável. Julho de 2016

Orientações Gerais sobre as ações de Promoção da alimentação saudável e prevenção da obesidade infantil

Fonte: V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2006.

Síntese Teórica: PNAN Promoção da Alimentação Adequada e Saudável (PAAS) (Setembro 2016)

AGENDA PARA INTENSIFICAÇÃO DO MONITORAMENTO E DO CUIDADO DA CRIANÇA COM EXCESSO DE PESO

Brasil está entre países que enfrentam epidemia que combina obesidade e subnutrição

da obesidade e excesso de

Tópicos. Cenário Atual. Estratégias e custo efetividade. Metas para redução de Doenças Crônicas Não- Transmissíveis (DCNT) 2011

Propuestas y Avances del Etiquetado Frontal en Brasil

Estratégias e Ações do Governo Federal para a Prevenção e Controle da Obesidade

Resultados e desafios do Guia na perspectiva intra e intersetorial. XXV CONBRAN - Abril de 2018

Monitoramento da NBCAL

Ano V Nov./2018. Prof. Dr. André Lucirton Costa, Prof. Dr. Amaury L. Dal Fabbro, Adrieli L. Dias dos Santos e Paulo Henrique dos S.

A influência da publicidade sobre a escolha alimentar infan6l. Profa. Dra. Renata Monteiro

Plataforma Contra a Obesidade

ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS: QUALIDADE DA DIETA E SAÚDE. Renata Bertazzi Levy

Alimentação* Nova Roda dos Alimentos. As recomendações para a população portuguesa, em termos nutricionais, são as seguintes:

ROTULAGEM NUTRICIONAL. Nutricionista Geisa L. A. de Siqueira

PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 1098/XIII/3.ª RECOMENDA AO GOVERNO A INCLUSÃO DO SEMÁFORO NUTRICIONAL NOS ALIMENTOS EMBALADOS

Projeto de Extensão: Clínica Escola: atendimento ambulatorial de nutrição à comunidade

O estudo está sendo lançado nesta quinta-feira (14/12) durante o Seminário de Enfrentamento da Obesidade e Excesso de Peso na Saúde Suplementar

DOCUMENTO 3 PONTOS PARA DISCUSSÃO EM AUDIÊNCIA PÚBLICA PROVENIENTES DA CONSULTA PÚBLICA Nº. 71/2006

Direito Humano à Alimentação Adequada

Projeto de Lei /07. A Câmara Municipal de Uberlândia, APROVA:

PROJECTO DE RESOLUÇÃO N.º 246/XII. Recomenda ao Governo a adoção de medidas tendentes ao combate da obesidade infanto-juvenil em Portugal.

Participação na construção da Agenda Regulatória da Anvisa

redução do consumo de sódio

ESCOLA MUNICIPAL LEITÃO DA CUNHA PROJETO BOM DE PESO

Grãos integrais no Plano de Ação europeu sobre Alimentação e nutrição

SAÚDE COLETIVA: ESTRATÉGIAS NUTRICIONAIS PARA DIMINUIR OS DESAFIOS ENCONTRADOS NA CONTEMPORANEIDADE 1

O CONTROLE SANITÁRIO DE ALIMENTOS: a atuação da SNVS

GUIA DE BOAS PRÁTICAS NUTRICIONAIS Documento de Referência

Regulamentação da propaganda de alimentos no Brasil

IMPORTÂNCIA DOS PAIS NA LUTA CONTRA A OBESIDADE INFANTIL

Alinhamento Visão Geral

Vigitel Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico

CONSUMO ALIMENTAR DE ESTUDANTES DE EDUCAÇÃO BÁSICA 1

NOTA TÉCNICA 41 /2012. Institui a Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

DIABETES MELLITUS E HIPERTENSÃO ARTERIAL EM POPULAÇÃO ATENDIDA DURANTE ESTÁGIO EM NUTRIÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA DA UNIVERSIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO

Obesidade Infantil. Nutrição & Atenção à Saúde. Grupo: Camila Barbosa, Clarisse Morioka, Laura Azevedo, Letícia Takarabe e Nathália Saffioti.

Equipe Estadual. Coordenador (a): Adriana Bouças Ribeiro. Equipe técnica: Técnicos da Divisão de DCNT

Municípios e Comunidades. Saudáveis. Promovendo a qualidade de vida através da Estratégia de Municípios e Comunidades. Saudáveis

PERSPECTIVAS DO GOVERNO

Nutricional, apresentado ao GT pela Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (ABIA).

RECORTE DOS INQUÉRITOS EPIDEMIOLÓGICOS DE ABRANGÊNCIA NACIONAL - 001/2017

SOBREPESO E OBESIDADE

Seminário Internacional: Projeções do custo do envelhecimento no Brasil. São Paulo, novembro de 2012

PROJETO DE LEI N.º 195/XII

Atualidades 26/8/2012. Escalada da obesidade infantil. publicidade para crianças. Aula 2. Prof. Grega

BASES CIENTÍFICAS NA TOMADA DE DECISÃO

PROJETO DE LEI N o 2.389, DE 2011 (Apensos os PLs 7.901, de 2010 e 3.348, de 2012)

-PNAN - Portaria Estatuto da criança e do adolescente -PCNs

Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL

RESOLUÇÃO EM SAÚDE- RESOLUÇÃO 588, DE 12 DE JULHO DE 2018

Guias sobre tratamento da obesidade infantil

OBESIDADE NA INFÂNCIA. Dra M aria Fernanda Bádue Pereira

PROJETO DE LEI Nº 083/2015

OBESIDADE E ATIVIDADE FÍSICA

Alimentação saudável para o sobrevivente de câncer. Nutr. Maria Emilia de S. Fabre

Políticas Públicas para Alimentos Processados: a contribuição da PNAN

Mesa II. Consumo alimentar, tecnologia de alimentos e o papel da indústria.

OBESIDADE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES: UM ESTUDO SOBRE SUA OCORRÊNCIA

TERMO DE REFERÊNCIA PARA CONTRATAÇÃO CONSULTOR NACIONAL OPAS/OMS

Transcrição:

RESOLUÇÃO CNS Nº O Plenário do Conselho Nacional de Saúde, em sua 192ª Reunião Ordinária, realizada nos dias 10 e 11 de dezembro de 2008, no uso de suas competências regimentais e atribuições conferidas pela Lei n 8.080, de 19 de setembro de 1990, e pela Lei n 8.142, de 28 de dezembro de 1990 e conforme estabelecido no artigo 77, 3º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT, Considerando a Constituição Federal, que em seus artigos 5º e 6º considera como direitos e garantias fundamentais, a inviolabilidade do direito à vida e à saúde, cabendo ao Estado o dever de garanti-la(art. 196 CF); Considerando a Lei nº 8080/90 - Lei Orgânica da Saúde, que em seu artigo 6º, inciso IV inclui no campo de atuação do Sistema Único de Saúde a vigilância nutricional e a orientação alimentar; Considerando a Lei nº 11.346/2006 - Lei de Segurança Alimentar e Nutricional, que considera a alimentação adequada, um direito fundamental do ser humano, inerente à dignidade da pessoa humana, devendo o poder público adotar políticas e ações necessárias para promover e garantir a segurança alimentar e nutricional da população ; Considerando que a Política Nacional de Alimentação e Nutrição e a Política Nacional de Promoção da Saúde devem conjugar esforços para promover a alimentação saudável e adequada fomentando estilos de vida saudáveis e indicando que as ações de saúde pública devem contemplar todos os ciclos de vida, com destaque para a infância e adolescência; Considerando que a Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta sobre uma epidemia global de sobrepeso e obesidade, associada ao aumento da prevalência de doenças crônicas não transmissíveis DCNT, apontando entre os principais fatores de risco, a alimentação de má qualidade, a inatividade física e o baixo consumo de frutas e hortaliças; Considerando que o Relatório Saúde Brasil de 2005 aponta que 32% das mortes no Brasil decorrem de doenças crônicas não transmissíveis e que grande parte delas pode ser evitada pelo controle do tabagismo, do consumo de álcool e da promoção da alimentação saudável;

Considerando as evidências apontadas nas pesquisas nacionais realizadas pelo IBGE, INCA e Ministério da Saúde, que confirmam que 1 em cada 4 adultos brasileiros encontra-se com excesso de peso e 1 em cada 10 já está obeso e entre crianças e adolescentes a prevalência de excesso de peso chega a 12% e de obesidade a 6%; Considerando que as conclusões do Fórum da OMS sobre Redução da Ingestão de Sal em Populações, apontam para políticas de redução da ingestão de sal, por meio de mudanças nos processos industriais de transformação de alimentos, na oferta de alimentos saudáveis, recomendando aos países que adotem regulamentação para tal fim; Considerando que o Relatório Alimentos, Nutrição e Prevenção do Câncer, elaborado pelo Fundo Mundial para Pesquisa em Câncer, recomenda a manutenção do peso saudável ao longo da vida, a limitação do consumo de bebidas açucaradas e de alimentos processados com sal e a reeducação nutricional da população, como formas importantes de proteção contra o câncer; Considerando a criação pela OPAS de uma Força Tarefa para Eliminar as Gorduras Trans nas Américas, que propõe entre outras medidas a limitação de até 5% de gordura trans nos alimentos processados, a declaração de conteúdo de gorduras trans nos fast foods e a limitação da venda de alimentos contendo gorduras trans nas escolas; Considerando que o Instituto Nacional da Saúde dos Estados Unidos aponta que as pessoas com sobrepeso e obesidade são quatro vezes mais propensas ao diabetes tipo II, duas vezes mais propensas a desenvolver hipertensão, três vezes mais propensas à doença cardíaca coronariana, duas vezes mais propensas a ataque isquêmico e têm uma incidência mais elevada de câncer, transtornos alimentares e problemas emocionais; Considerando as recomendações e princípios do Guia Alimentar para a População Brasileira, que orienta governos e setor produtivo de alimentos, a desenvolver políticas e medidas que estimulem a alimentação saudável, entre elas a qualidade dos alimentos, a informação adequada e práticas adequadas de publicidade e promoção comercial de alimentos; Considerando que as instituições de ensino, públicas e privadas, são espaços que na primeira década de vida são formadores de hábitos alimentares, tornando, desta maneira, a escola um espaço privilegiado de educação nutricional;

Considerando que o público infantil é o mais vulnerável aos apelos promocionais, que o Comitê de Nutrição das Nações Unidas (SCN) aponta que as práticas de marketing agressivo, principalmente aquelas apresentadas na programação televisiva destinada às crianças, se contrapõem ao direito a uma alimentação adequada e propícia à saúde e ao bem-estar (SCN, 2006) e que a Força Tarefa Internacional de Obesidade IOTF recomenda a elaboração de Código Internacional de regulamentação da publicidade; RESOLVE: Aprovar as seguintes diretrizes para a promoção da alimentação saudável com impacto na reversão da epidemia de obesidade e prevenção das doenças crônicas não transmissíveis: 1) Oferta contínua de programas estatais de segurança alimentar e nutricional, voltados à alimentação saudável, com alimentos produzidos preferencialmente pela agricultura familiar, que incluam a oferta a preços acessíveis de frutas, legumes e verduras, cereais e grãos integrais, a educação alimentar e nutricional e o monitoramento nutricional em todos os ciclos de vida, garantidos por meio da Estratégia de Saúde da Família entre outras e consoantes com os princípios do desenvolvimento sustentável e o SUS; 2) Promoção de alimentação saudável durante o ciclo escolar, adequada às necessidades das faixas etárias e grupos com necessidades alimentares especiais, e incentivo à atividade física, com ênfase na formação de hábitos saudáveis, através de ações articuladas da Estratégia Saúde da Família e do Programa Saúde na Escola, devendo, ainda, ser proibida a utilização de alimentos que contenham quantidades elevadas de açúcar, gorduras saturadas, gorduras trans, sódio e bebidas com baixo teor nutricional; 3) Articulação com o Ministério da Educação para inclusão da educação alimentar e nutricional no currículo escolar, devendo os profissionais de saúde e educação, serem atualizados sistemática e continuamente; 4) Revisão dos padrões de identidade e qualidade dos alimentos, visando a redução das quantidades de açúcar, sódio, gorduras saturadas e eliminação das gorduras trans, compatibilizando-os com um padrão de vida saudável, obedecendo metas e prazos estabelecidos e monitoramento periódico desses teores com a devida divulgação dos resultados; 5) Aperfeiçoamento do sistema de vigilância alimentar e nutricional, vigilância sanitária e epidemiológica, para o monitoramento do estado

nutricional e consumo de alimentos, de contaminantes físicos, químicos, microbiológicos, bio e nanotecnológicos; 6) Adequação da rotulagem nutricional de alimentos com vistas a atender às necessidades de informação da população brasileira, destacando nos rótulos os teores de gorduras saturadas, gorduras trans, gorduras totais, sódio e açúcar, acompanhada por estratégias de informação e educação que facilitem a identificação e compreensão destas informações; 7) Zelo pela eqüidade nas práticas de comunicação em saúde, contemplando as diferenças socioculturais e econômicas, com vistas a prevenção de danos causados pelas dificuldades de acesso à informação; 8) Regulamentação da publicidade, propaganda e informação sobre alimentos, direcionadas ao público em geral e em especial ao público infantil, coibindo práticas excessivas que levem esse público a padrões de consumo incompatíveis com a saúde e que violem seu direito à alimentação adequada; 9) Regulamentação das práticas de marketing de alimentos direcionadas ao público infantil, estabelecendo critérios que permitam a informação correta à população, a identificação de alimentos saudáveis, o limite de horários para veiculação de peças publicitárias, a proibição da oferta de brindes que possam induzir o consumo e o uso de frases de advertência sobre riscos de consumo excessivo, entre outros; 10) Inclusão na agenda de prioridades da saúde pública, de ações intersetoriais no âmbito do Estado e da sociedade civil, fortalecendo o compromisso e a efetividade de projetos e programas voltados à promoção da alimentação saudável; Francisco Batista Junior Presidente do CNS Homologo a Resolução CNS Nº XXX, de XX de dezembro de 2008, nos termos do Decreto de Delegação de Competência de 12 de novembro de 1991. José Gomes Temporão Ministro de Estado da Saúde