PROJETO DE MANEJO INTEGRADO DE SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS FORMADORAS DA BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO

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Transcrição:

PROJETO DE MANEJO INTEGRADO DE SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS FORMADORAS DA BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO 1-Apresentação Valmisoney Moreira Jardim 1 Arquimedes Batista Neves Teixeira 2 Omar Silveira Junior 3 Evaldo de Oliveira 4 Embora disponha, em nível mundial, de uma situação privilegiada em relação a disponibilidade total de água doce, o Brasil também apresenta um número crescente de problemas quanto a carência e mal uso deste recurso, em diversas regiões e em especial na bacia do Rio Verde Grande, um dos mais importantes afluentes do Rio São Francisco. Os municípios que compõem o Território da Serra Geral de Minas que por sua vez estão localizados dentro desta importante bacia hidrográfica, vem enfrentando problemas de degradação ambiental, no que diz respeito a sistemática destruição de espécimes dos biomas do cerrado e catinga, para produção de carvão, é comum a ocorrência de morros desmatados em seus topos e vertentes íngremes, causando cicatrizes de erosão nas encostas e de sinais de assoreamentos nas partes mais baixas, comprometendo as recarga dos mananciais e afetando diretamente os cursos d água, prejudicando de forma gradativa a disponibilização de água na região, paralelo a isso, mais de 50% da área destes municípios, encontram recoberto por pastagens, onde se pratica a pecuária extensiva e a limitação da oferta de água superficial, tem levado os proprietários a perfurarem poços de forma indiscriminadas. Seguindo do pré-suposto, A existência do ser humano-por si só- garante-lhe o direito a consumir água e ar (água direito á vida) portanto, correto afirmar-se que negar água ao ser humano é negar-lhe o direito a vida... (Paulo A.L. Machado 2002). e 1 Técnico em Agropecuária, Pedagogo e Pós Graduação em Extensão Rural pela Universidade de Brasilia (UNB). Contato: valmisoney@emater.mg.gov.br 2 Engenheiro Agrônomo e de Pós-Graduação Gestão Ambiental pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Contato: arquimedes.batista@emater.mg.gov.br 3 Técnico em Agropecuária e Acadêmico em Pedagogia pela Universidade Norte do Paraná (UNOPAR). Contato. omar.silveira@emater.mg.gov.br. 4 Pedagogo e Pós Graduação em Docência Superior pela Universidade Castelo Branco(UCB).Contato. evaldo.oliveira@emater.mg.gov.br.

dentro da realidade da escassez de oferta de água em quantidade e qualidade aos moradores em especial nos Assentamentos e Quilombolas. propõe um intervenção efetiva através de ações de conservação e reposição da vegetação natural, captação e armazenamento de águas pluviais, mobilização e conscientização. 2-Introdução A questão ambiental está na ordem do dia e cada cidadão deve repensar seu modo de interação com o meio ambiente, seja individualmente ou seja coletivamente, isso passa por uma nova postura de consumo no cotidiano e por uma nova foram de uso, exploração, conservação e recuperação dos diferentes recursos naturais disponíveis. Em uma região como o Norte de Minas Gerias onde a escassez hídrica, cujos efeitos são sentidos anualmente de forma mais intensa ou mais branda, tratados, porém, de forma não sistêmica e não intensiva, mas localizada e com objetivos assistências de curtíssimo prazo. A degradação ambiental e a forma de convivência e enfrentamento desta situação provocam o agravamento dessa situação, promovendo o êxodo rural e a crescente migração da população local para os grandes centros à procura de novas oportunidades de trabalho e subsistência. Para tentar contribuir para a solução dos problemas, uma proposta de ações planejadas e sistematizadas de intervenção capaz de contribuir com o desenvolvimento sustentável das Sub-Bacias Hidrográficas, construídas de forma participativa nas comunidades e nos municípios envolvidos. Com estes pressupostos foi construída a proposta a seguir apresentada. A proposta ora apresentada trata a amplitude da Bacia do Rio Verde Grande no foco do Programa de Revitalização do Rio Sã Francisco mas prevê ações de revitalização em municípios e sub-bacias situadas no Território da Serra Geral e que possuem assentamentos de reforma agrária e ou quilombolas. 3- Objetivo Geral Promover ações de preservação e recuperação ambiental nos afluentes da Bacia Hidrográfica do Rio Verde Grande, cujos resultados possam contribuir para maior disponibilidade de recursos hídricos, bem como promover o seu desenvolvimento

sustentável com adoção de práticas destinadas ao uso adequado dos recursos naturais, contribuindo para o aumento da disponibilidade de água para a população local. 4- Objetivos Específicos a) Contribuir para a perenização do Rio Verde Grande, através de ações em seus afluentes, contribuindo para o desenvolvimento sustentável dessas bacias e da populações que nelas vivem. b) Promover ações de recuperação ambiental, tais como a reposição de mata ciliar, preservação de nascentes, construção de bacias de captação de água de chuva e melhoria das áreas degradadas. c) Promover a educação e a conscientização ambiental da população local, através de ações como campanhas e cursos de capacitação. d) Contribuir para a participação efetiva dos atores locais nos rumos do desenvolvimento local sustentável, assim como na gestão dos recursos hídricos, conforme prevê a Lei 9433, de janeiro de 1997. e) Preservação do meio ambiente, aliado à melhoria do padrão de vida da população da região. f) Promover o desenvolvimento local em uma abordagem integral e integradora das dimensões econômicas, sociais, políticas e ambientais. g) Formulação da proposta como instrumento de negociação e da aglutinação política dos segmentos sociais, que possibilitem romper o ciclo de pobreza da região. h) Buscar atacar de forma holística a sub-bacia selecionada, como prioritária, visando obter ganhos em economia de escala e maximização dos resultados. 5- Informações Socioeconômica e Ambientais das Sub-Bacias As sub-bacias a serem trabalhadas situam-se no norte de Minas Gerais e compõem a Bacia Hidrográfica do Rio Verde Grande, apresenta um baixo IDH Índice de Desenvolvimento Humano, na faixa de 0,4 0,5. Situa-se numa ampla região de transição para o semi-árido nordestino. Faz parte do polígono das secas e está incluída na área de atuação da extinta SUDENE.

A região semi-árida caracteriza-se pelo regime de chuvas torrencial, concentrado de outubro/novembro a fevereiro/março, elevada evapotranspiração e uma vegetação subcaducifólia constituída basicamente dos Biomas de mata seca e caatingas. O período de estiagem que sobrevêm após este breve período chuvoso, com médias anuais de precipitação em torno de 750 a 1.250 mm anuais, é uma característica regional. Esta característica aliada à existência de solos rasos e descoberta (sem vegetação) favorece as condições de erosibilidade, constituindo-se em uma das causas do assoreamento dos rios e degradação dos solos. Apesar das condições climáticas adversas, e sua inserção no semi-árido, os solos predominantes na grande maioria dos municípios da bacia hidrográfica, apresentam boa fertilidade e se caracterizam por uma topografia plana a suavemente ondulada, são apresentadas no Mapa 1. Essa região devido às suas características climáticas, possui fauna e flora inseridas em um meio ambiente de extrema sensibilidade e fragilidade devendo, portanto, serem considerados face às intervenções em prol do desenvolvimento regional. Mapa 1. Clases e ocorrencias de solos 5.1- Informações Gerais

Quadro 1 - Dados Básicos da Bacia Hidrográfica: Especificação Rio Verde Grande Área da Bacia Hidrográfica 32.000 Km 2 Área da Bacia Hidrográfica em MG 27.840 Km 2 Municípios em Minas Gerais 26 População Total da Bacia População em Minas Gerais 744.134 hab. 713.051 hab. 5.2- Ocupação do Solo A ocupação do solo na Bacia Hidrográfica do Rio Verde Grande acompanham de certo modo, a tendência de ocupação de todo o norte de Minas. As pastagens, dada a importância econômica da bovinocultura extensiva na região, ocupam 63% da área, sendo 19% com pastagem natural, ao passo que outros 44% são ocupados com pastagens formadas. Aliado a este quadro de ocupação do solo pela bovinocultura extensiva, tem-se ainda 19% de mata nativa (cerrado e caatinga) e 4% de mata plantada com eucalipto. Ou seja, a maior parte da Bacia está ocupada com pastagens consideradas degradadas. (Gráfico 3) Gráfico 3 Ocupação do Solo Pastagem Natural Pastagem Formada Lavoura Permanente Lavoura Temporária Lav. Temp. em descanso Terra produtiva não utilizada Mata Natural Mata Plantada 19% 44% 4% 5.3 Estrutura Fundiária 19% 6% 3% 4% 1%

A Estrutura fundiária da Bacia Hidrográfica do Rio Verde Grande caracteriza-se por apresentar grande numero de pequenas propriedades; ou seja, 86% das propriedades no estrato de 0 a 100 ha e apenas 14% de propriedades no estrato de 101 a 1000 ha. Um número significativo de pequenas propriedades (Gráfico 4). Gráfico 4 Estrutura Fundiária em Quantidade de Propriedades De 0 a 100 ha 86% De 101 a 1000 ha 14% 5.4 Atividades Econômicas Dentre as atividades econômicas desenvolvidas na Bacia Hidrográfica do Rio Verde Grande destaca-se a agropecuária, responsável pelo emprego de 50% da população economicamente ativa. Grandes projetos públicos de irrigação, Gorutuba e Jaíba, foram estabelecidos, destinados inicialmente à produção de cereais e depois redirecionados à produção de frutas, especialmente a banana. Gráfico 5 - População Economicamente Ativa

Agropecuária 50% Outros 23% Industrial 14% Transporte 3% Comercial 10% 5.4.1 Agricultura e Agricultura Irrigada A irrigação constitui a principal atividade de consumo de água na bacia hidrográfica do Rio Verde Grande, parcela importante da área irrigada corresponde aos projetos públicos, há ainda irrigação privada que desenvolveu-se ao longo das margens dos principais cursos de água, em áreas inferiores a 10 ha. Com relação as atividades de sequeiro, é bastante diversificada, e especialmente trabalhada na agricultura familiar. 5.4.2 Bovinocultura O total de pastagens é estimado em cerca de um milhão de ha, com cerca de 700.000 ha de pastagens formadas e cerca de 300.000 ha de pastagem natural. Nas áreas de pastagens permanece um rebanho de 1.079.247 cabeças de gado de todas categorias, distribuídas ao longo das sub-bacias. As pastagens ainda apresentam baixa capacidade de suporte e segundo informações do IMA, teoricamente suportariam cerca de 450.000 U.A (Unidade Animal), porém apontam um número de U.A. superior ao que teoricamente estas pastagens suportariam, provocando a compactação dos solos e consequentemente a baixa infiltração de água no solo. 5.4.3 Fruticultura

Os grandes projetos de irrigação (Jaíba, Gorutuba, Pirapora e outros) concebidos inicialmente para a produção de cereais, receberam incentivos para a produção de frutas irrigadas como a uva (Pirapora) e a banana (Gorutuba e Jaíba). Além da irrigação pública, a irrigação privada também foi estimulada através do financiamento de moderna tecnologia de irrigação nem sempre adequada às limitações hídricas regionais, como é o caso dos pivôs centrais. 5.5 - Regime Pluviométrico e Distribuição das Chuvas A distribuição Pluviométrica na região, indica grande variedade espacial das chuvas na bacia hidrográfica do Rio Verde Grande, destacando-se as precipitações maiores nas cabeceiras do rio, atingindo até 1.233 mm e decrescendo a 650 mm, próximo à foz. Estas chuvas são concentradas nos meses de outubro/novembro a fevereiro/março, em regime torrencial (Gráfico 11). Gráfico 6 - Distribuição Pluviométrica na Sub-bacia hidrográfica do Rio Verde Grande. 12 00 1 100 10 00 8 00 8 00 7 00 65 0 750 6 00 4 00 2 00 0 alto m éd io b aixo Tabela 2 Isoietas Precipitação

Fonte : EMBRAPA- Milho e Sorgo ± 750 mm ± 850 mm ± 950 mm ± 1050 mm ± 1150 mm ± 1250 mm 5.6 Organização Social A Bacia já possui várias formas de organização ligadas ao meio rural: Associações, Sindicatos, Conselhos, Codemas, CMDRs, Comitê da Bacia, Associação de Assentados de Reforma Agrária, Consórcios de Municípios, Conselho de Território; dentre outras. Algumas bem fortalecida e bastante e ouras nem tanto. 5.7 Uso dos Recursos Naturais Ainda é de uma forma bastante explorativa onde extração da vegetação nativa para carvoejamento ainda é significativo para a economia da região. Os recursos hídricos, escassos, são usados para as irrigações e os solos principalmente para pastagens. 6-Ações Propostas

6.1- Programa de recuperação da mata ciliar e proteção de nascentes em subbacias do projeto piloto de manejo integrado O programa tem como objetivo a recomposição das matas ciliares e da recuperação e preservação das nascentes, dentro da ótica do desenvolvimento sustentável, com o envolvimento da população local, nas ações físicas propostas e de conscientização dos atores para a visão de futuro sobre o homem e o meio ambiente. As ações previstas sob égides do programa são: Recuperação de Vegetação de Topo e Ciliar. Intervenção proposta que visa a identificação dos pontos críticos ao longo das sub-bacias e a reposição da mata derrubada pelo processo de exploração agropecuário praticado até então. A recomposição das matas será feita mediante cercamento negociado com os agricultores de modo que a vegetção nativa se regenere e alguns caso específicos poderá haver plantio de plantas nativas pelos próprios proprietários. Proteção de Nascentes Serão feitas as proteções das nascentes mediante a construção cercas perimetrais, permitindo assim a regeneração da vegetação nativa, e em alguns casos plantio de mudas de espécies nativas e outras espécies que possibilite a exploração econômica pelos proprietários. Educação Ambiental Paralelamente as ações físicas de recuperação ambiental nas sub-bacias, a proposta prevê a capacitação dos atores locais, bem como campanhas educativas envolvendo os alunos das escolas publicas e privadas nos municípios envolvidos. Esta ação estarão integradas a Rede CEMA (Rede de Centros de Excelência e Meio Ambinemte) e ao Programa de Educação Ambiental Itinerante desenvolvido pela EMATER-MG, Ministério Publico e parceiros. 6.2 Programa de controle de processo erosivo em sub-bacias

O Programa tem como objetivo contribuir para a estabilização do processo erosivo nas sub-bacias hidrográficas, como as voçorocas, construção de bacias de captação de águas de enxurradas para aumentar e facilitar a infiltração e redução do escoamento superficial, bem como a recuperação de áreas degradadas através de práticas conservacionista de solo, como o terraçeamento das áreas adjacentes às nascentes e leito dos rios e córregos. Estabilização de voçorocas Serão feitas ações de controle de voçoroca, através de construções de barramentos de sacos de areia, madeiras e outros materiais disponíveis no local, alem de praticas de conservação na área periférica. Implantação de bacias de captação de águas de enxurradas - Essas bacias serão construídas utilizando-se pás carregadeiras ao longo das estradas vicinais e em áreas criticas e ou adequadas, onde possibilitem o acumulo de água e a retenção de material solido, permitindo a infiltração com fortalecimento do lençol freático e evitando o assoreamento do cursos d água. Implantação de Terraços Complementando o trabalho serão construídos terraços, nos entornos das nascentes e de cursos d água, cuja declividade do solo apresente processo erosivo, permitindo a retenção de sólidos e a infiltração d água para a recomposição do lençol freático. A construção de terraços será feita através de maquinas disponíveis nos municípios, tais como patrol e trator de pneu com arado. Implantação de Barragens Subterrâneas São praticas de barramentos que permitem a retenção de água no solo, através de construção de barragens invertidas. Onde se procede a escavação do solo com abertura de uma trincheira e a impermeabilização da mesma utilizando-se plásticos, evitando dessa forma que a água percole a jusante, ficando armazenada no solo e permitindo o cultivo do mesmo por um período maior do que o normal.

Recuperação de Áreas Degradadas - São associações de praticas conservacionistas do solo previstas para áreas de degradação ambiental pronunciadas em que se faz necessário a combinação de praticas tais como: terraçeamento, sub-solagem, cordão de contorno entre outras. 6.3 PROGRAMA DE OFERTA DE ÁGUA DE QUALIDADE O Programa tem como objetivo contribuir para a disponibilização de água em quantidade e qualidade para as famílias que ainda não tem acesso a este bem. Captação e armazenamento de água Pluvial (cisternas de placas) Serão construídas cisternas de placas, com o objetivo de fornecer água potável e tratada para as famílias preferencialmente, assentadas ou remanescentes de quilombos, possibilitando armazenar água e tratá-la de forma correta evitando várias doenças ligadas a verminoses, e assim melhorando a qualidade de vida. 7 Resultados Esperados Gerenciamento interinstitucional efetivo Com ações previstas para envolvimento e sensibilização dos atores locais, espera-se o comprometimento das instituições para a implementação da proposta, de forma integrada, com a mobilização da sociedade, para que de forma organizada tenha participação na tomada de decisão. Elaboração e implementação de um plano integrado de gestão; promoção de eventos de nivelamento de informações, divulgação das atividades e dos resultados obtidos, monitoramento e avaliação continua da implementação das ações propostas. Monitoramento efetivo das sub-bacias As ações previstas deverão sofrer um processo de monitoramento contínuo mediante realização de coletas e avaliações de dados para definição das prioridades de

monitoramento; estabelecimento de um plano de recomendação e implementação de medidas corretivas. Práticas agrícolas adequadas Prevê-se metodologias participativas baseadas na didática aprender-aprender onde deve-se associar o conhecimento técnico com o conhecimento popular, disponibilização de tecnologias mais adequadas ao meio; elaboração e implementação de programas de educação ambiental; apoio técnico e financeiro ao produtor para o desenvolvimento de práticas adequadas e aperfeiçoamento do controle sobre o uso, manejo e conservação do solo e águas. Águas existentes melhor aproveitadas As ações previstas contemplam um aproveitamento racional das águas e das explorações agrícolas, tendo como unidade de planejamento econômico e ambiental as bacias hidrográficas, de forma a otimizar o uso de águas; o aproveitamento racional da água armazenada em barragens prontas; implantação de estruturas de armazenamento de água; desenvolvimento de ações para conscientização das necessidades de preservação e conservação das águas. Recarga dos aqüíferos aumentada Implantação e incentivo à revegetação; implantação de infra-estrutura que possibilite um escoamento superficial adequado; a colheita das chuvas, aumentando a infiltração das águas pluviais no solo, diminuindo o escoamento superficial e regularizando a vazão dos cursos d água. Novo modelo de relação dos elementos da natureza

Expectativa de que a partir da socialização de conhecimentos haja uma nova relação de harmonia entre todos os elementos da natureza, onde a ação antrópica seja de uso respeitando os limites e promovendo a revitalização dos recursos naturais, num processo de desenvolvimento sustentável. 8- Matriz Operacional O quadro a seguir, Matriz Operacional, identificado pelos municípios, sub-bacias e assentamentos de reforma agrária ou quilombolas, discriminam as ações previstas, listando todos os itens com as respectivas quantidades e valores estimados. Município Sub-bacia Assentamento Janaúba - MG Rio Gorutuba Jacaré Grande Especificação Unidade Quantidade Construção de bacias de captação de água de ud 220 enxurradas Construção de terraços km 12 Capacitação de extensionistas em Manejo de curso 1 Bacias - 32 horas Construção de barragem subterrânea ud 1 Capacitação de agricultores - 16 horas curso 4 Campanhas de Educação Ambiental ud 2 Aquisição de equipamentos de informática km 2 Aquisição de GPS ud 2