NOVO CPC: REPERCUSSÕES NO PROCESSO DO TRABALHO CARLOS HENRIQUE BEZERRA LEITE Doutor e Mestre em Direito das Relações Sociais (PUC/SP) Professor de Direitos Humanos Sociais Metaindividuais (FDV) Professor Convidado da Pós-Graduação da PUC/SP (Cogeae) Desembargador do Tribunal Regional do Trabalho/ES Ex-Procurador Regional do Ministério Público do Trabalho Titular da Cadeira 44 da ANDT Ex-Procurador do Município de Vitória Ex-Advogado Conferencista, Autor de Livros e Artigos Jurídicos
ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO NEOCONSTITUCIONALISMO: Positivação dos princípios jurídicos (NEOPOSITIVISMO) Constitucionalização do Direito Material e Processual Aproximação dos sistemas de common law e civil law Compromissos do Estado, da sociedade e dos cidadãos com a paz, o desenvolvimento, a justiça e bem-estar sociais, a promoção do bem comum, a correção das desigualdades sociais e regionais, a democracia e os direitos humanos em todas as suas dimensões (CF, art. 3º). O problema não é somente justificar estes direitos como direitos humanos, e sim garanti-los (Bobbio A Era dos Direitos ) Nova ideologia*: Ruptura com o autoritarismo, com o positivismo jurídico puro e com a concepção liberal-individual-burguesa do ordenamento jurídico típica do Estado Liberal.
A PRINCIPIOLOGIA DO NOVO CPC Arts. 1º a 15 Normas Fundamentais do Processo Art. 1º - O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste Código. Art. 8º - Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
AMPLIAÇÃO DOS PODERES DO JUIZ (ATIVISMO JUDICIAL) Controle judicial de políticas públicas Politização da justiça e judicialização da política Processo (do Trabalho) = Direito Constitucional Aplicado Escopo principal do processo (do trabalho): propiciar tutelas adequadas, efetivas e tempestivas dos direitos e deveres fundamentais (oriundos das relações de trabalho). NCPC, art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da tutela provisória.
NOVOS DEVERES DO JUIZ: Adotar método Hermenêutico Concretizador = Força Normativa da CF (Princípios, Valores e Regras Constitucionais). Interpretar a lei conforme a Constituição (NCPC, art. 1º) Controlar a constitucionalidade do ordenamento jurídico, especialmente atribuindo-lhe novo sentido para evitar a declaração de inconstitucionalidade das normas (declaração de inconstitucionalidade parcial com ou sem redução de texto). Suprir omissão legal que impede a realização de direitos fundamentais. Decidir diante de colisão de direitos e princípios fundamentais (NCPC 489, 2º). Juiz BOCA DA CONSTITUIÇÃO
NOVOS DEVERES DO JUIZ: NCPC art. 139 O juiz dirigirá o processo..., incumbindo-lhe: (...) IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou subrogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária; VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito; VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso; IX - determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais; X - quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o MP, a DP e, na medida do possível, outros legitimados a que se referem o art. 5 o da Lei n o 7.347/1985, e o art. 82 do CDC, para, se for o caso, promover a propositura da ação coletiva respectiva. Art. 488. Desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485.
NORMAS CONSTITUCIONAIS Normas constitucionais (gênero) Valores, Princípios e Regras (espécies normativas) (Alexy, Dworkin e Ávila) NOVAS FUNÇÕES DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS: INFORMATIVA INTERPRETATIVA NORMATIVA
NOVAS CARACTERÍSTICAS DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS: Integram o direito positivo como normas fundamentais; Ocupam o mais alto posto na escala normativa; São fontes formais primárias do ordenamento jurídico Reinterpretação da LINDB (art. 4º) e da CLT (arts. 8º e 769), que consideram os princípios gerais de direito como meras fontes subsidiárias diante das lacunas do sistema; Violar um princípio é muito mais grave que violar uma regra; Em caso de conflito entre princípio (justiça) e regra (lei), preferência para o primeiro;
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS ESPECÍFICOS DO DIREITO PROCESSUAL Acesso efetivo à Justiça (CF, 5º, XXXV; NCPC 3º) Devido processo justo, adequado e tempestivo (CF 5º, LIV, LXXVIII; NCPC 4º, 6º e 8º) Ampla defesa (autor e réu) e contraditório (CF, 5º, LV; NCPC 7º, 9º e 10) Publicidade e fundamentação das decisões (CF 93, IX; NCPC 10, 11, 489, II, 1º) Razoabilidade e Proporcionalidade (CF 5º, 2º; NCPC 8º) Eficiência + moralidade, impessoalidade, publicidade, legalidade (CF, art. 37; NCPC 8º) Cooperação e boa-fé (NCPC 5º e 6º)
HETEROINTEGRAÇÃO DO CPC E A CLT PROBLEMA DA EFETIVIDADE DO PROCESSO DO TRABALHO A morosidade processual favorece os mais ricos (no Processo do Trabalho, os empregadores) em detrimento dos mais pobres (trabalhadores), sendo estes últimos certamente os mais prejudicados com a intempestividade da prestação jurisdicional. O reconhecimento da relativização do dogma da autonomia do processo do trabalho nos casos em que os arts. 769 e 899 da CLT representarem, na prática, descompromisso com a justiça e efetividade.
AS LACUNAS DO DIREITO 1ª) normativa ausência de norma específica sobre determinado caso; 2ª) ontológica existe a norma, mas ela não corresponde à complexidade do desenvolvimento das relações sociais, políticas, culturais e econômicas, sendo que o progresso científico acarretam o seu ancilosamento (falta de efetividade); 3ª) axiológica ausência de norma justa, isto é, existe um preceito normativo, mas se ele for aplicado ipis litteris no caso concreto, a solução será manifestamente injusta (falta de justiça).
O PESO DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NA COLMATAÇÃO DAS LACUNAS A colmatação de lacunas ontológica e axiológica do processo do trabalho requer uma nova hermenêutica que propicie novo sentido ao conteúdo às normas processuais conforme o peso dos princípios constitucionais do direito processual (civil e trabalhista). NCPC aplicado supletiva e subsidiariamente por força da intepretação sistemática dos artigos 1º, 8º e 15 NCPC e 769 CLT (lacunas normativa e ontológica). É condição necessária a compatibilidade da norma do NCPC com a principiologia do processo do trabalho (lacuna axiológica).
ENUNCIADO 66-1ª JORNADA DT E DPT (2007) APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DE NORMAS DO PROCESSO COMUM AO PROCESSO TRABALHISTA. OMISSÕES ONTOLÓGICA E AXIOLÓGICA. ADMISSIBILIDADE. Diante do atual estágio de desenvolvimento do processo comum e da necessidade de se conferir aplicabilidade à garantia constitucional da duração razoável do processo, os artigos 769 e 889 da CLT comportam interpretação conforme a Constituição Federal, permitindo a aplicação de normas processuais mais adequadas à efetivação do direito. Aplicação dos princípios da instrumentalidade, efetividade e não-retrocesso social.
LACUNAS ONTOLÓGICAS E AXIOLÓGICAS Heterointegração dos Sistemas do Processo Civil e Trabalhista Diálogo Virtuoso das Fontes Interpretação evolutiva e conforme a CF dos arts. 769 CLT e 15 do Novo CPC: CLT - Art. 769 - Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título. Novo CPC: Art. 15 - Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente.
IMPENHORABILIDADE DE BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS. VERBAS DE NATUREZA ALIMENTÍCIA. APLICAÇÃO RESTRITA NA JUSTIÇA DO TRABALHO. COLISÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS SOCIAIS. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. Conquanto o artigo 649, inciso IV, do CPC consagre a impenhorabilidade do salário e dos benefícios previdenciários, tal norma não deve ter aplicação ampla e irrestrita no âmbito desta Justiça Especializada, uma vez que tanto os benefícios previdenciários do executado quanto o crédito trabalhista do exequente têm natureza alimentar, o que, com base no princípio da proporcionalidade, autoriza a penhora de parte do benefício previdenciário, pois não seria justo sacrificar completamente apenas um dos credores (TRT 17ª R., 0090200-21.1995.5.17.0005, Rel. Des. Carlos Henrique Bezerra Leite, DEJT 13/04/2012). Vide art. 832, 2º, do NCPC APLICAÇÃO PRÁTICA
APLICAÇÃO PRÁTICA NCPC: Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 dias, acrescido de custas, se houver. 1º. Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento. CLT: Art. 880. Requerida a execução, o juiz ou presidente do tribunal mandará expedir mandado de citação do executado, a fim de que cumpra a decisão ou o acordo no prazo, pelo modo e sob as cominações estabelecidas ou, quando se tratar de pagamento em dinheiro, inclusive de contribuições sociais devidas à União, para que o faça em 48h ou garanta a execução, sob pena de penhora. NCPC+CLT= VER NO PRÓXIMO SLIDE
APLICAÇÃO PRÁTICA Aplicação subsidiária e supletiva do art. 523 do NCPC no Processo do Trabalho O executado será intimado, a requerimento do exequente (CLT, art. 876) ou de ofício pelo juiz, para cumprir em 48 horas a obrigação líquida de pagar, sob pena de acréscimo de 10% (+ 10% de honorários advocatícios, se for o caso) e penhora.
TEMAS POLÊMICOS Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica É uma das espécies de intervenção de terceiro no processo civil (Parte Geral, Livro III, Título III) DO INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONIDADE JURÍDICA Arts. 133 a 137
A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO NOVO CPC Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo. 1º. O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os pressupostos previstos em lei. 2º. Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da personalidade jurídica.
A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO NOVO CPC Art. 134. o incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial. 1º. A instauração do incidente será imediatamente comunicada ao distribuidor para as anotações devidas. 2º. Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da personalidade jurídica for requerida na petição inicial, hipótese em que será citado o sócio ou a pessoa jurídica
A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO NOVO CPC Art. 134.... 3º. A instauração do incidente suspenderá o processo, salvo na hipótese do 2o. 4º. O requerimento deve demonstrar o preenchimento dos pressupostos legais específicos para desconsideração da personalidade jurídica. Art. 135. Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias.
A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO NOVO CPC Art. 136. Concluída a instrução, se necessária, o incidente será resolvido por decisão interlocutória. Parágrafo único. Se a decisão for proferida pelo relator, cabe agravo interno. Art. 137. Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração de bens, havida em fraude de execução, será ineficaz em relação ao requerente.
DEFESA DO RÉU Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: I - inexistência ou nulidade da citação; II - incompetência absoluta e relativa; III - incorreção do valor da causa; IV - inépcia da petição inicial; V - perempção; VI - litispendência; VII - coisa julgada; VIII - conexão; IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; X - convenção de arbitragem; XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual; XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar; XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.
DEFESA DO RÉU Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu. Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as despesas e pagará os honorários ao procurador do réu excluído, que serão fixados entre três e cinco por cento do valor da causa ou, sendo este irrisório, nos termos do art. 85, 8º. Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação. 1º. O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da petição inicial para a substituição do réu, observando-se, ainda, o parágrafo único do art. 338. 2º. No prazo de 15 dias, o autor pode optar por alterar a petição inicial para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu.
Defesa do Réu - Art. 338... Art. 340. Havendo alegação de incompetência relativa ou absoluta, a contestação poderá ser protocolada no foro de domicílio do réu, fato que será imediatamente comunicado ao juiz da causa, preferencialmente por meio eletrônico.... TEMAS POLÊMICOS 3º. Alegada a incompetência nos termos do caput, será suspensa a realização da audiência de conciliação ou de mediação, se tiver sido designada. 4º. Definida a competência, o juízo competente designará nova data para a audiência de conciliação ou de mediação.
Art. 373. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. 1º. Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. 2º. A decisão prevista no 1º deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil. 3º. A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das partes, salvo quando: I - recair sobre direito indisponível da parte; ÔNUS DA PROVA II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito. 4º A convenção de que trata o 3º pode ser celebrada antes ou durante o processo.
FUNDAMENTAÇÃO DA SENTENÇA Art. 489. São elementos essenciais da sentença: I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem. 1º. Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
Art. 489... FUNDAMENTAÇÃO DA SENTENÇA IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. 2º. No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência na norma afastada e as premissas fáticas que fundamentam a conclusão. 3º. A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conjugação de todos os seus elementos e em conformidade com o princípio da boa-fé.
Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para: I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; III - corrigir erro material. FUNDAMENTAÇÃO DA SENTENÇA Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que: I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento; II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, 1º.
TUTELAS PROVISÓRIAS Tutelas de Urgência e Tutelas da Evidência Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou evidência. Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou incidental. Art. 296. A tutela provisória conserva sua eficácia na pendência do processo, mas pode, a qualquer tempo, ser revogada ou modificada. Parágrafo único. Salvo decisão judicial em contrário, a tutela provisória conservará a eficácia durante o período de suspensão do processo. Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da tutela provisória. Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória observará as normas referentes ao cumprimento provisório da sentença, no que couber. Art. 298. Na decisão que conceder, negar, modificar ou revogar a tutela provisória, o juiz motivará seu convencimento de modo claro e preciso.
TUTELAS PROVISÓRIAS Tutelas de Urgência e Tutelas da Evidência Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. 1º. Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la. 2º. A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia. 3º. A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão. Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea para asseguração do direito.
TUTELAS PROVISÓRIAS Tutelas de Urgência e Tutelas da Evidência DO PROCEDIMENTO DA TUTELA ANTECIPADA REQUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE Art. 303. Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo. DO PROCEDIMENTO DA TUTELA CAUTELAR REQUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE Art. 305. A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem natureza antecipada, o juiz observará o disposto no art. 303.
DA TUTELA DA EVIDÊNCIA Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando: I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte; II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante; III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa; IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável. Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente.
EFEITOS VINCULANTES: JUIZ BOCA DOS TRIBUNAIS Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; II - os enunciados de súmula vinculante; III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados. (...)
EFEITOS VINCULANTES: JUIZ BOCA DOS TRIBUNAIS Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: (...) 1 o Os juízes e os tribunais observarão o disposto no art. 10 e no art. 489, 1 o, quando decidirem com fundamento neste artigo. 2 o A alteração de tese jurídica adotada em enunciado de súmula ou em julgamento de casos repetitivos poderá ser precedida de audiências públicas e da participação de pessoas, órgãos ou entidades que possam contribuir para a rediscussão da tese. 3 o Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no da segurança jurídica. 4 o A modificação de enunciado de súmula, de jurisprudência pacificada ou de tese adotada em julgamento de casos repetitivos observará a necessidade de fundamentação adequada e específica, considerando os princípios da segurança jurídica, da proteção da confiança e da isonomia. 5 o Os tribunais darão publicidade a seus precedentes, organizando-os por questão jurídica decidida e divulgando-os, preferencialmente, na rede mundial de computadores.
CONCLUSÃO Para efetivar a democracia, a justiça social e os direitos humanos fundamentais, especialmente os dos trabalhadores, é imprescindível que juízes, MPT, sindicatos, advogados, empresários, trabalhadores e a sociedade como um todo levem Constituição a sério. Para tanto, devemos promover, à luz da CF, o diálogo virtuoso entre o Novo CPC e a CLT! Muito Obrigado! www.carloshenriquebezerraleite.com
PRINCIPAIS LIVROS DO PROF. BEZERRA LEITE 1. Curso de Direito Processual do Trabalho. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. 2. Curso de Direito do Trabalho. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. 3. Ministério público do trabalho: doutrina, jurisprudência e prática. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. 4. Direito Processual Coletivo do Trabalho na perspectiva dos direitos humanos. São Paulo: LTr, 2015 (no prelo) 5. Manual de Direitos humanos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014. 6. Manual de Processo do Trabalho. 2. ed. São Paulo: Altas, 2015. 7. A greve como direito fundamental. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2014. 8. Novo CPC: repercussões no processo do trabalho (organizador). São Paulo: Saraiva, 2015 (prelo) 9. Direito Metaindividuas. (organizador). São Paulo: LTr, 2005.