SERIE MENSAGENS PARA VOCÊ HERNANDES DIAS LOPES SENTIMENTO DE CULPA
2011 Hernandes Dias Lopes Preparação Rosa Maria Ferreira Revisão Raquel Fleischner João Guimarães Capa Maquinaria Studio Diagramação Sandra Oliveira Editor Juan Carlos Martinez 1 a edição - Julho - 2011 2 a edição - Outubro - 2013 Coordenador de produção Mauro W. Terrengui Impressão e acabamento Imprensa da fé Todos os direitos desta edição reservados para: Editora Hagnos Av. Jacinto Júlio, 27 04815-160 - São Paulo - SP Tel/Fax: (11) 5668-5668 hagnos@hagnos.com.br www.hagnos.com.br ISBN 978-85-63563-22-4
Introdução Creio que não existe nenhum ser humano sobre a terra que nunca tenha experimentado, em algum mo mento da vida, um sentimento de culpa. Essa é uma experiência comum a todos os homens indistintamente. Em maior ou menor grau, todos têm a ver com esse assunto. Às vezes nas coisas mínimas, por exemplo, não sei se você já foi à casa de alguém e, de repente, você se levanta para ir embora e a pessoa lhe faz a pergunta: Mas, já? Mas você já Introdução l 3
está indo embora? E isso parece que quase desperta em você um sentimento de culpa, por estar indo embora tão cedo. Ou então você encontra um amigo na rua ou na igreja e, de repente, o amigo diz o seguinte: Oh!, eu estive doente e você não foi me visitar. Você sente lá dentro aquela fisgada: um sentimento de culpa. Ou, de repente, você está caminhando pelas ruas e alguém estende a mão e lhe pede uma ajuda, o farol começa a abrir e você não tem trocado, ou tem, mas você não está querendo 4 l Sentimento de culpa
abrir a bolsa. Você vai embora e, quando cruza a esquina, bate aquele sentimento de culpa: Puxa vida, podia ter ajudado aquela pessoa, ter dado alguma coisa. Ou quem sabe você encontrou alguém necessitado, passando fome e, quando chegou a casa, a mesa estava posta, cheia de comida gostosa, atraente e sugestiva. Você lembra daquela pessoa que está passando fome e tem um sentimento de culpa naquela hora. O sentimento de culpa é uma coisa que chega para todos. A culpa, segundo os estudiosos, Introdução l 5
é um ponto em que a religião e a psicologia se encontram com mais frequência. A culpa acha- -se, de alguma forma, incluída em todos os problemas emocionais. Gostaria de analisar, basicamente, alguns tipos de culpa, para que nos aprofundemos um pouco nesse assunto. 6 l Sentimento de culpa
Os vários tipos de culpa Em primeiro lugar, vamos analisar o que nós chamaríamos, ou o que os estudiosos chamariam, de culpa objetiva. A culpa objetiva existe em separado dos nossos sentimentos. Ela ocorre quando uma norma, um preceito, uma lei é violada, é quebrada. É nesse exato momento que o transgressor é culpado, embora ele não se sinta culpado. Essa é a culpa objetiva. E a culpa objetiva pode se desdobrar em pelo menos quatro aspectos. Os vários tipos de culpa l 7
Primeiro, a culpa legal. O que vem a ser a culpa legal? É aquela referente às leis sociais. Por exemplo, você está dirigindo seu carro e, de repente, passa um sinal vermelho. Você transgrediu uma norma. Você pode até mesmo não ser apanhado pelo guarda, mas lá dentro pode ter ainda um sentimento de culpa. Aquele indivíduo que chega à época das prestações de contas e dá um jeitinho de fazer um caixa dois, ou de não declarar, de sonegar seu imposto. Ele pode até não ser apanhado pelo governo, mas brotou um sentimento de culpa. 8 l Sentimento de culpa
Em ambos os exemplos, a pessoa é culpada perante a lei, tanto no caso do trânsito, como no caso da declaração. Seja apanhada ou não por uma autoridade competente, ela é culpada. Isso é o que nós chamamos de culpa legal. Em segundo lugar, vamos ver a culpa social. A culpa social é aquela para a qual não existe uma regra ou um preceito escrito. Ela aparece quando a norma é transgredida, mas não há multa, pena ou coisa que o valha. É a violação de normas não escritas, mas socialmente esperadas. Os vários tipos de culpa l 9
Por exemplo, a pessoa que se comporta no seu relacionamento interpessoal com grosseria. Ou aquela pessoa que faz um comentário malicioso ou uma crítica ferina a outrem. Ou ainda aquela pessoa que não atende ao necessitado. Não existe nenhuma norma, e nós vamos entrar daqui a pouco no aspecto bíblico dessa questão, mas não existe uma norma do Estado que exija que você atenda ao necessitado etc. Quando a pessoa transgride uma norma social, algo que ela deveria praticar e não o faz, está incorrendo nessa culpa, que 10 l Sentimento de culpa
chamamos de culpa social. O culpado não quebrou nenhuma lei, mas não correspondeu às expectativas sociais. Em terceiro lugar, a culpa pessoal. O indivíduo, nesse caso, viola os próprios padrões sociais. Todos nós temos os nossos padrões de certo e errado. E quando você mesmo criou a sua norma de vida ou adotou uma, seja na Palavra de Deus, seja na conduta familiar, seja na sua igreja, seja na escola, e você violou, quebrou, desobedeceu àquela norma, está incorrendo no que nós chamamos de culpa Os vários tipos de culpa l 11
pessoal. Ou seja, ela ocorre quando uma pessoa não atende aos apelos da sua consciência. Por exemplo, determinado chefe de família toma uma decisão com os seus: passarem todos os domingos juntos. De repente, por um problema ou contingência do trabalho ou serviço, ele se vê obrigado a estar fora de casa por um mês. Então, começa a sentir- -se culpado por violar uma norma que ele estabeleceu para ele mesmo, para cumprir com sua família. Ou, por exemplo, quando um jovem estabelece normas de pureza, de respeito, de recato 12 l Sentimento de culpa
no seu namoro, mas viola essas normas, começa a sentir-se profundamente culpado. Vem um sentimento de culpa pessoal porque ele violou a própria consciência, transgrediu as próprias normas, que adotara livremente para si mesmo. Em quarto lugar, vamos analisar outro tipo de culpa, que é o que chamamos de culpa teológica. Envolve a violação das leis de Deus, quer na forma de palavras, quer nas atitudes, quer em opções, quer em pensamentos. E veja que a culpa objetiva não envolve ainda sentimentos. A Palavra de Os vários tipos de culpa l 13
Deus diz que vamos dar conta no dia do juízo de cada palavra frívola que proferirmos, que não deve sair da nossa boca nenhuma palavra torpe. Diz também que devemos amar-nos uns aos outros como Cristo nos amou e fazer o bem a todos, indistintamente, especialmente aos da família da fé. Todas as vezes que você transgride um preceito da Palavra de Deus que você reconhece que é norma de Deus para a sua vida, que você rompe o seu contato, a sua comunhão com Deus pela transgressão, denominamos isso de culpa teológica. 14 l Sentimento de culpa
É importante dizer que a maior parte dos psiquiatras e psicólogos que não têm uma visão teológica, bíblica, não admitem a existência da culpa teológica, pois não acreditam em padrões absolutos. Portanto, no ver dos profissionais dessa área que não acreditam em Deus, a quebra de determinadas regras não deve trazer culpa, já que não existem padrões definidos e absolutos. Eles acham que essa é uma culpa falsa, inexistente. Entram dentro do relativismo. Não existem normas graníticas, sólidas. O segundo aspecto que queremos analisar é a culpa objetiva. Os vários tipos de culpa l 15
Ela está associada aos sentimentos íntimos, seja de remorso, seja de autocondenação, resultantes dos nossos atos e atitudes. É o sentimento de pesar, de remorso, de vergonha e de autocondenação, surgem quando fazemos ou pensamos algo que sentimos ser errado, ou deixamos de fazer alguma coisa que julgamos certa. É aquela reação íntima, subjetiva, de angústia, tristeza, remorso, que nos alfineta a alma, por estarmos incorrendo em determinadas falhas objetivas. A reação, então, é subjetiva. 16 l Sentimento de culpa