TribunaldeJustiçadeMatoGrossodoSul TJ-MS FL.:29 - N. -. Relator - Exmo. Sr.. Apelante - J.R Puntel & Fernandes Ltda. Advogado - Sebastião Calado da Silva. Apelante - Eduardo Jerônimo de Oliveira. Advogados - Neusa Siena Balardi e outro. Apelantes - Jonathan Willian Moreno da Silva repres. p/ pai Marcio Santos da Silva e outro. Apelante - Marcio Santos da Silva. Apelada - J.R Puntel & Fernandes Ltda. Advogado - Sebastião Calado da Silva. Apelado - Eduardo Jerônimo de Oliveira. Advogados - Neusa Siena Balardi e outro. Apelados - Jonathan Willian Moreno da Silva repres. p/ pai Marcio Santos da Silva e outro. Apelado - Marcio Santos da Silva. E M E N T A APELAÇÃO CÍVEL AÇÃO DE REPARAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS PRAZO RECURSAL SENTENÇA QUE DESFEZ O LITISCONSÓRCIO SUCUMBÊNCIA APENAS EM RELAÇÃO AO LITISCONSORTE REMANESCENTE INAPLICABILIDADE DO ART. 191 DO CPC CONTAGEM SIMPLES DO PRAZO SÚMULA 641 DO STF RECURSOS INTEMPESTIVOS NÃO CONHECIMENTO DOS APELOS DOS REQUERIDOS. 1. Aplica-se o privilégio do prazo em dobro previsto no art. 191 do CPC quando os litisconsortes tiverem procuradores diversos. 2. Todavia, consoante o disposto no enunciado da Súmula 641 do STF: não se conta prazo em dobro para recorrer, quando só um dos litisconsortes haja sucumbido RECURSO ADESIVO ARTIGO 500 DO CPC SUBORDINAÇÃO AO PRINCIPAL RECURSO PREJUDICADO. 3. Nos termos do artigo 500 do diploma processual cumpre, uma vez não conhecida a apelação cível interposta a destempo, resta prejudicado o julgamento do recurso adesivo, diante da subordinação ao principal.
A C Ó R D Ã O TJ-MS FL.:30 Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da Terceira Turma Cível do Tribunal de Justiça, na conformidade da ata de julgamentos e das notas taquigráficas, por unanimidade e, em parte, com o parecer, não conhecer dos recursos, nos termos do voto do relator. Campo Grande, 7 de dezembro de 2010. Des. Fernando Mauro Moreira Marinho Relator
FL.:31 R E L A T Ó R I O O Sr. Des. Fernando Mauro Moreira Marinho Trata-se de procedimentos recursais de Apelação Cível - Ordinário interposto por J.r Puntel & Fernandes Ltda e Eduardo Jerônimo de Oliveira e recurso adesivo manejado por Jonathan Willian Moreno da Silva e outros contra sentença proferida pelo Juiz da Vara Única da Comarca de Glória de Dourados nos autos da Reparação de Danos - Ordinário. J.r Puntel & Fernandes Ltda alega que: I restou devidamente comprovado que a família criou dificuldades ao tratamento da paciente, interrompendo-o e levando-a para atendimento em outra cidade sem autorização, o que o isenta de responsabilidades; II ao retirar a paciente, sem autorização do médico ou do nosocômio, foi assinado um documento isentando a ambos de qualquer responsabilidade (f. 418), em virtude de que ficaram impedidos de dar-lhe o tratamento adequado; III a sentença ignorou parecer médico juntado sem qualquer fundamentação, assim como desprezou os depoimentos de outras testemunhas, inclusive de me dicos que estiveram com a paciente, insistindo pela isenção de responsabilidade diante da retirada manu militare da paciente de suas dependências, inexistindo provas acerca da suposta e imaginária infecção hospitalar - coisa de grandes centros, e não de pequenas urbes, como afirmaram todas as testemunhas médicas (f. 420), requerendo, assim, a reforma da sentença com a improcedência da ação. Em contrarrazões, os autores alegam preliminar de intempestividade do apelo. No mérito, pugnam pelo improvimento do apelo, prequestionando os dispositivo aplicáveis ao caso. Eduardo Jerônimo de Oliveira sustenta, em apertada síntese, que a sentença está equivocada, eis que deixou de condenar os autores ao pagamento de honorários advocatícios por serem beneficiários da assistência judiciária gratuita. Em contrarrazões, os autores alegam preliminares de intempestividade do apelo e preclusão. Caso superadas, requerem seja o recurso improvido. Os apelos foram recebidos nos efeitos devolutivo e suspensivo (f. 437) Em recurso adesivo, Jonathan Willian Moreno da Silva e outros enfatizam, em apertada síntese, que: A) resta configurada a responsabilidade civil em face do médico Eduardo Jerônimo de Oliveira, responsável pelo pré-natal e realização da cesariana na paciente, bem como pelo atendimento hospitalar até sua alta; B) a culpa do médico resta evidenciada pela ausência de prestação dos erviço médico adequado no momento em que a paciente necessitava, devendo, pois, ser reconhecida a sua responsabilidade em indenizar os danos sofridos; C) o valor fixado a título de dano moral deve ser majorado, considerando-se as circunstância que envolvem os autos, tais como o fato da vítima ter apenas 21 anos quando veio a óbito, após dar a luz o terceiro filho; Ao final, postulam o reconhecimento da responsabilidade do médico e a majoração do valor da indenização. Prequestionam a matéria. Por tempestivo e cabível à espécie, o magistrado singular recebeu o recurso adesivo (f. 489). Apenas o requerido Eduardo Jerônimo de Oliveira apresentou contrarrazões ao recurso adesivo, pugnando pelo seu improvimento.
FL.:32 A Procuradoria-Geral de Justiça emitiu parecer, em atenção ao princípio da eventualidade, pelo acolhimento da preliminar de intempestividade dos recursos interpostos por J.R. Puntel & Fernandez Ltda e Eduardo Jerônimo de Oliveira; pelo não acolhimento das preliminares de não conhecimento do recurso de apelação interposta por Eduardo Jerônimo; pelo improvimento da apelação interposta por J.R. Puntel & Fernandez Ltda; pelo provimento da apelação interposta por Eduardo Jerônimo; pelo provimento parcial do recurso adesivo interposto por Jonathan Willian Moreno da Silva e outros (f. 534-535). V O T O O Sr. Des. Fernando Mauro Moreira Marinho (Relator) Trata-se de procedimentos recursais de Apelação Cível - Ordinário interposto por J.r Puntel & Fernandes Ltda Eduardo Jerônimo de Oliveira e recurso adesivo manejado por Jonathan Willian Moreno da Silva e outros contra sentença proferida pelo Juiz da Vara Única da Comarca de Glória de Dourados nos autos da Reparação de Danos - Ordinário. Por questão de prejudicialidade, analiso primeiramente a preliminar de intempestividade dos recursos interpostos por J.R. Puntel & Fernandez Ltda e Eduardo Jerônimo de Oliveira, ventilado em contrarrazões. A ação foi manejada em face de Eduardo Jerônimo de Oliveira, que teria sido o médico responsável pelo atendimento pré-natal, realização do parto cesariana na paciente e atendimento hospitalar até sua alta, e J.R. Puntel & Fernandez Ltda, hospital onde foi realizada a cirurgia e posterior atendimento à enferma. Os requeridos, apontados como responsáveis solidários, foram patrocinados por causídicos distintos (f. 57 e 59); sendo cediço que em se tratando de litisconsortes 1, o art. 119 do Código de Processo Civil prevê a prerrogativa do prazo em dobro, conforme se vê: Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos. Entrementes, a sentença julgou improcedente o feito em relação ao médico Eduardo Jerônimo de Oliveiro, condenando, por sua vez, o nosocômio ao pagamento de indenização aos autores. Vejamos: 1 "Art. 46 Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando: I entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide; II os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou de direito; III entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir; IV ocorrer afinidade de questões por um ponto comum d fato ou de direito."
FL.:33 Por todo o exposto e por tudo o mais que dos autos consta, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido formulado na exordial, condenando a requerida J.R. Puntel & Fernandes Ltda, qualificada, ao pagamento de indenização por danos materiais e morais aos requerentes, nos seguintes moldes: (...) Deixo, entretanto, de imputar ao requerido Eduardo Jerônimo de Oliveira, também qualificado, qualquer responsabilidade pelo evento danoso, com fundamento no artigo 14, 4º, do CODECON, c/c artigo 333, I e 269, ambos do CPC. (f. 401-402) Dessa forma, apenas o nosocômio, J.R. Puntel & Fernandez Ltda, foi sucumbente na ação, encerrando-se, por conseguinte, o litisconsorte anteriormente havido, conforme Súmula 641 do Supremo Tribunal Federal: NÃO SE CONTA EM DOBRO O PRAZO PARA RECORRER, QUANDO SÓ UM DOS LITISCONSORTES HAJA SUCUMBIDO. Neste sentido é o entendimento do STJ: AGRAVO INTERNO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO ESPECIAL. LITISCONSÓRCIO. PRAZO EM DOBRO. ARTIGO 191 DO CÓD. PR. CIVIL. NÃO CABIMENTO. SÚMULA 83/STJ. Pacificou-se nesta Corte o entendimento de que, havendo sucumbência de apenas um dos litisconsortes, cessa a incidência do artigo 191 do Código de Processo Civil, restando afastado o prazo em dobro. (Corte Especial, EREsp 222.405). Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg nos EDcl no Ag 753258/PR, rel. Min. Paulo Furtado, j. em: 28/09/2009) ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DESAPROPRIAÇÃO. LITISCONSORTES REPRESENTADOS POR PROCURADORES DISTINTOS. EXCLUSÃO DE UM DELES DA LIDE. EXTINÇÃO DO LITISCONSÓRCIO. INAPLICABILIDADE DO ART. 191 DO CPC. I - Julgada extinta sem julgamento de mérito a lide com relação a um dos litisconsortes passivos, em razão de sua ilegitimidade no feito, no momento da publicação da decisão está desfeito o litisconsórcio, por não lhe assistir potencial interesse recursal. II - Os litisconsortes que permaneceram na demanda são representados pelos mesmos advogados; assim sendo, a contagem dos prazos processuais será feita de forma singela, sem a aplicação do disposto no art. 191 do CPC. III - Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 677586/PR, rel. Min. Francisco Falcão, j. em:21.2.2006) Resta esclarecer que o recurso manejado por Eduardo Jerônimo de Oliveira, limita-se à ausência de condenação dos autores ao pagamento de honorários advocatícios por serem beneficiários da justiça gratuita. Assim sendo, inaplicável o disposto no art. 191 do CPC, motivo pelo qual o prazo recursal é de 15 dias, conforme preceitua o artigo 508 do CPC, verbatim:
FL.:34 Art. 508. Na apelação, nos embargos infringentes, no recurso ordinário, no recurso especial, no recurso extraordinário e nos embargos de divergência, o prazo para interpor e para responder é de 15 (quinze) dias. In casu, a publicação da sentença recorrida foi disponibilizada no Diário de Justiça em 14.05.2009 (quinta-feira), iniciando-se a contagem do prazo recursal no dia 15.05.2009 (sexta-feira), conforme certidão de f. 406. Desta feita, o prazo de 15 dias para interposição do recurso de apelação exauriu-se em 29.05.2009 (sexta-feira); porém, os apelantes somente interpuseram os recursos no dia 15.06.2009 (segunda-feira - f. 412 e 425), intempestivamente, portanto. Assim sendo, os recursos de apelação interpostos pelos requeridos J.R. Puntel & Fernandez Ltda e Eduardo Jerônimo de Oliveira não sobrevivem ao juízo de admissibilidade, visto que vai de encontro ao disposto na Súmula 641 do STF e artigo 508 do CPC. Por fim, vale destacar que embora anteriormente tenha sido conhecidos em primeiro grau, a intempestividade recursal é um dos requisitos extrínsecos sujeita a pronunciamento do Juízo de Segundo Grau, que pode e deve aferir ou reexaminar livremente o seu cumprimento. Ex positis, por intempestivos, deixo de conhecer dos apelos interpostos por J.R. Puntel & Fernandes Ltda e Eduardo Jerônimo de Oliveira. Do recurso adesivo interposto pelos autores, Jonathan Willian Moreno e outros. O recurso adesivo não é modalidade de inconformismo, mas forma de interposição, sujeitando-se, evidentemente, aos pressupostos e requisitos ordinários do recurso a que se vincula, conforme determina o art. 500 do CPC, verbatim: Art. 500. Cada parte interporá o recurso, independentemente, no prazo e observadas as exigências legais. Sendo, porém, vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir a outra parte. O recurso adesivo fica subordinado ao recurso principal e se rege pelas disposições seguintes: I - será interposto perante a autoridade competente para admitir o recurso principal, no prazo de que a parte dispõe para responder; II - será admissível na apelação, nos embargos infringentes, no recurso extraordinário e no recurso especial; III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal, ou se for ele declarado inadmissível ou deserto. Parágrafo único. Ao recurso adesivo se aplicam as mesmas regras do recurso independente, quanto às condições de admissibilidade, preparo e julgamento no tribunal superior. Considerando que os recursos ao qual os autores aderiram não foram conhecidos por intempestivos, evidentemente que o conhecimento deste restou prejudicado. Devido à subordinação do adesivo ao recurso principal. Ex positis, não conheço dos recursos de apelação cível interpostos por J.R. Puntel & Fernandes Ltda e Eduardo Jerônimo de Oliveira por intempestivos e, por consequência, julgo prejudicado o recurso adesivo manejado por Jonathan Willian Moreno e outros.
D E C I S Ã O Como consta na ata, a decisão foi a seguinte: TJ-MS FL.:35 POR UNANIMIDADE E, EM PARTE, COM O PARECER, NÃO CONHECERAM DOS RECURSOS, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR. Presidência do Exmo. Sr. Des. Fernando Mauro Moreira Marinho. Relator, o Exmo. Sr. Des. Fernando Mauro Moreira Marinho. Tomaram parte no julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores Fernando Mauro Moreira Marinho, Marco André Nogueira Hanson e Oswaldo Rodrigues de Melo. Campo Grande, 7 de dezembro de 2010. ab