APELAÇÃO CÍVEL Nº 180002-68.2009.8.09.0051 (200991800028) DE GOIÂNIA APELANTE APELADA CÂMARA ANA LÚCIA PRUDENTE D'OLIVEIRA CAVALCANTE FGR CONSTRUTORA S/A DESEMBARGADOR CARLOS ESCHER 4ª CÍVEL RELATÓRIO ANA LÚCIA PRUDENTE D'OLIVEIRA CAVALCANTE, qualificada e representada, interpõe recurso de APELAÇÃO, contra a sentença do Dr. Jair Xavier Ferro, MM. 2º Juiz de Direito da 10ª Vara Cível desta capital (fls. 61/67), pela qual desacolheu o pedido inicial formulado nos EMBARGOS opostos à EXECUÇÃO manejada em seu desfavor pela empresa FGR CONSTRUTORA S/A, igualmente qualificada e representada nos autos. A apelante sustenta, em suma, a nulidade da sentença arbitral que lastreia a execução, pela falta de sua notificação pessoal (arts. 29 e 30 da Lei nº 9.307/96), já que havia 1
mudado do endereço para o qual foi enviada a respectiva carta. Diz mais, que o título executado é ilíquido e ainda que dependesse apenas de cálculos aritméticos, a apelante deveria ser intimada dos mesmos (art. 475-B do CPC). Afirma, ainda, ser nula a cláusula compromissória que não foi destacada em negrito no contrato, nem mesmo reconhecidas as assinaturas das partes ou do cartorário. Enfim, alega que não foi citada para a execução e que a penhora de dinheiro em sua conta poupança deve ser substituída pelo imóvel adquirido junto à própria apelada, o qual deu origem a este processo, situado na Alameda dos Ipês, Qd. 13, Lt. 17, Jardins Florença. Pede, ao final, o provimento do apelo, com a reforma da sentença recorrida na forma expendida, juntando os documentos de fls. 85/86, inclusive a guia de preparo. 2
Em contrarrazões ao recurso, a parte recorrida repudia as alegações da recorrente e pede o improvimento do apelo (fls. 89/99). submeto ao ilustre Revisor. É, em síntese, o relatório, que Goiânia, 04 de setembro de 2.012. Desembargador CARLOS ESCHER 7/A 3
APELAÇÃO CÍVEL Nº 180002-68.2009.8.09.0051 (200991800028) DE GOIÂNIA APELANTE APELADA CÂMARA ANA LÚCIA PRUDENTE D'OLIVEIRA CAVALCANTE FGR CONSTRUTORA S/A DESEMBARGADOR CARLOS ESCHER 4ª CÍVEL VOTO Presentes os pressupostos de admissibilidade, CONHEÇO do recurso. Entendo sem razão a apelante. Ao que consta dos autos em apenso, a apelada FGR CONSTRUTORA S/A manejou ação de cobrança contra a apelante ANA LÚCIA PRUDENTE D'OLIVEIRA CAVALCANTE e seu marido SAMUEL ATAÍDE CAVALCANTE junto à 2ª Corte de Conciliação e Arbitragem desta Capital, sustentando seu pedido em uma Escritura Pública de Promessa de Compra e Venda de Imóvel e Outras Avenças (fls. 32/65 dos autos da execução em apenso), através da qual o 4
casal apelante se comprometeu comprar o lote de terras de nº 17 da Qd. 13 dos Jardins Florença, nesta Capital. Conforme se vê das fls. 97/98 dos autos em apenso, o casal foi citado para responder à referida AÇÃO DE COBRANÇA, tornando-se revel, sem procurador nos autos e provocando a prolação da sentença arbitral de fls. 90/92, a qual condenou ambos ao pagamento da quantia de R$52.309,28, na data de 10/09/01. Como cediço, contra o revel que não tenha patrono nos autos, correrão os prazos independentemente de intimação, a partir da publicação de cada ato decisório (Art. 322 do CPC). Portanto, improcedente se revela a alegação da apelante de nulidade da sentença arbitral que lastreia a execução, pela falta de sua notificação pessoal. Conforme visto, o título executado é líquido, certo e exigível e da execução judicial, o casal foi intimado para pagar, conforme o novo rito assinalado no art. 475-B do CPC (fl. 140 dos autos da execução em apenso), não havendo falar-se 5
de nulidade, também, por falta de citação ou intimação no procedimento de execução. Da mesma forma, improcede o pedido de substituição da penhora de dinheiro pelo imóvel adquirido junto à própria apelada, uma vez que a substituição da penhora somente é admissível nas hipóteses previstas nos arts. 656 e 668 do CPC. Ademais, aquele bem tem preferência a este na ordem da gradação da penhora (art. 655 do CPC). Enfim, não há que se discutir, ainda, sobre eventual nulidade da cláusula compromissória do contrato, haja vista que em se tratando de ação de execução lastreada em título líquido, certo e exigível, não se investiga as causas do débito. Vejamos qual é o entendimento jurisprudencial a respeito do assunto: PROCESSUAL CIVIL. RÉU REVEL. TERMO INICIAL PARA RECORRER. PUBLICAÇÃO DA DECISÃO EM CARTÓRIO, INDEPENDENTE DE INTIMAÇÃO. ART. 322, DO CPC. PRECEDENTES. 1. Conforme a vasta e pacífica jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e nos termos do art. 322, do CPC, começa a correr o prazo recursal para o réu revel a partir da publicação da sentença em cartório, 6
independentemente da sua intimação. 2. Precedentes das 1ª, 2ª, 3ª, 4ª e 5ª Turmas desta Corte Superior. 3. Recurso provido. (REsp 549.919/MG, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 16/09/2003, DJ 20/10/2003, p. 238) AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL. EXECUTADA CITADA PESSOALMENTE. AUSÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO. REVELIA. INTIMAÇÃO PENHORA. NULIDADE. DESCABIMENTO. I- Se o executado é citado pessoalmente e não se faz representar nos autos, torna revel. II- Tramitando o processo de execução à revelia do executado, não há falar-se em nulidade pela ausência de intimação pessoal para a penhora, pois, contra o revel, os prazos correm independentemente de intimação, consoante regra do artigo 322, do Código de Processo Civil. Agravo conhecido e desprovido (TJGO, AGRAVO DE INSTRUMENTO 13353-04.2011.8.09.0000, Rel. DR(A). SANDRA REGINA TEODORO REIS, 3A CAMARA CIVEL, julgado em 03/04/2012, DJe 1048 de 23/04/2012) AGRAVO INTERNO NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE COBRANÇA. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. SUBSTITUIÇÃO DE PENHORA DE BEM IMÓVEL POR SEMOVENTES. IMPOSSIBILIDADE DO PEDIDO. 1) - A substituição da penhora realizada somente é admissível em hipóteses excepcionais, previstas nos arts. 656 e 668, do CPC. 2) - Não atendidas as exigências legais elencadas nos referidos artigos de lei, o indeferimento do pedido de substituição da penhora, de um imóvel para outro bem (semoventes), é medida que se impõe, sobretudo, quando houver recusa justificada 7
do credor. 3) - A substituição de bem penhorado, livre e desembaraçado e indicado pelo credor, só poderá ser feita por dinheiro livre e disponível, a fim de satisfazer o direito do credor e dar quitação ao devedor. 4) Omissis... 5) - AGRAVO INTERNO CONHECIDO, PORÉM IMPROVIDO. (TJGO, AGRAVO DE INSTRUMENTO 358839-70.2010.8.09.0000, Rel. DES. KISLEU DIAS MACIEL FILHO, 4A CAMARA CIVEL, julgado em 13/01/2011, DJe 749 de 31/01/2011) Ao teor do exposto, desprovejo o apelo, ratificando a sentença recorrida, por estes e seus próprios fundamentos. É o voto. Goiânia, 20 de setembro de 2012. Desembargador CARLOS ESCHER 7/A 8
APELAÇÃO CÍVEL Nº 180002-68.2009.8.09.0051 (200991800028) DE GOIÂNIA APELANTE APELADA CÂMARA ANA LÚCIA PRUDENTE D'OLIVEIRA CAVALCANTE FGR CONSTRUTORA S/A DESEMBARGADOR CARLOS ESCHER 4ª CÍVEL EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE EMBARGOS À EXECUÇÃO. SENTENÇA ARBITRAL. REVELIA. REQUISITOS. NULIDADE CONTRATUAL. SUBSTITUIÇÃO DE PENHORA. 1- Revelando-se reveis, sem procurador nos autos (art. 322 do CPC) de ação de cobrança manejada junto à Corte de Arbitragem, não há falar-se em nulidade da respectiva sentença por falta de notificação dos executados. 2- Lastreada a execução em título líquido, certo e exigível e intimados os executados (art. 475-B do CPC), inexiste irregularidade no procedimento e nem se discute sobre a 9
origem da dívida. 3- A substituição da penhora realizada somente é admissível nas hipóteses previstas nos arts. 656 e 668 do CPC. APELO DESPROVIDO. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as retro indicadas. ACORDAM os componentes da 2ª Turma Julgadora da 4ª Câmara Cível do egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, à unanimidade de votos, em conhecer do recurso e improvê-lo, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator, que também presidiu a sessão, a Desembargadora Elizabeth Maria da Silva e o Dr. Fernando de Castro Mesquita (subst. do Des. Kisleu Dias Maciel Filho). 10
Presente a ilustre Procuradora de Justiça Dra. Orlandina Brito Pereira. Goiânia, 20 de setembro de 2012. Desembargador CARLOS ESCHER 11