Processo Civil Analista MPU. Nem todo meio para impugnação das resoluções judiciais constitui recurso. 1

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Transcrição:

TEORIA GERAL DOS RECURSOS - Relação com a coisa julgada: O Recurso obsta a constituição da eficácia da coisa julgada, impede a formação da coisa julgada. Nem todo meio para impugnação das resoluções judiciais constitui recurso. 1 - O Recurso é voluntário: O recurso possui a característica da voluntariedade. Reexame necessário Recurso ex offico (art. 475 CPC) a sentença se submete a uma condição suspensiva. É ato sujeito a condição para emanar efeitos. A sentença é válida e existente, entretanto não é eficaz. Não se trataria de recurso, mas de condição de eficácia da sentença. 2 Questão referente ao reexame necessário embora não tenha natureza recursal aplica-se a Súmula 45 do STJ. Súmula 45 do STJ: No reexame necessário, é defeso, ao Tribunal, agravar a condenação imposta à Fazenda Pública Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença: (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 2001) I proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivas autarquias e fundações de direito público; (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 2001) II que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida ativa da Fazenda Pública (art. 585, VI). (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 2001) 1 o Nos casos previstos neste artigo, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, haja ou não apelação; não o fazendo, deverá o presidente do tribunal avocá-los. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 2001) 2 o Não se aplica o disposto neste artigo sempre que a condenação, ou o direito controvertido, for de valor certo não excedente a 60 (sessenta) salários mínimos, bem como no caso de procedência dos embargos do devedor na execução de dívida ativa do mesmo valor. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 2001) 3 o Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em jurisprudência do plenário do Supremo Tribunal Federal ou em súmula deste Tribunal ou do tribunal superior competente. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 2001) - O Recurso visa a reforma ou invalidação: O Recurso visa a reforma da decisão judicial quando está presente o chamado error in judicando, ou seja, decisão injusta no que tange a sua essência. Por exemplo: equivocada interpretação de um depoimento, documento que não foi observado e valorado, entendeu-se aplicável norma jurídica impertinente à espécie, considerou-se vigente a lei que já não vigorava. 1 Araken de Assis. 2 Nelson Nery Junior. 1

O Recurso visa a invalidação da decisão judicial quando está presente o chamado error in procedendo, em regra, vício processual, vícios relativos à própria sentença, leva a cassação da decisão, a fim de que outra seja proferida pelo mesmo órgão do qual emanou supressão de um grau de jurisdição. - O Recurso visa o esclarecimento ou integração da decisão: Esclarecimento ou integração da decisão efetivado pelos embargos de declaração obscuridade, contradição ou omissão. Integra, esclarece a decisão. Via de regra, embargos de declaração dos atos processuais com cunho decisório, quais sejam, decisão interlocutória e sentença. Princípios Fundamentais do Recurso Princípio do Duplo Grau de Jurisdição Princípio informativo do processo. É exercido no mesmo processo. De regra, funda-se no julgamento pela hierarquia superior e não propriamente na qualidade do julgado. É previsão, não configurando direito fundamental à ampla defesa. Todo ato do juiz que possa prejudicar um direito ou um interesse da parte deve ser recorrível, como meio de evitar ou emendar os erros e falhas que são inerentes aos julgamentos humanos. O princípio da recorribilidade pressupõe a dualidade de instâncias. Possibilidade de provocar o reexame da matéria impugnada. Não tendo previsão explícita na Constituição Federal, sua aplicação não é ilimitada, ou seja, pode o legislador infraconstitucional limitar a aplicação do princípio do duplo grau. Princípio da Taxatividade Somente os Recursos previstos em lei são admitidos. De regra, temos como Recursos em um rol taxativo e não exemplificativo, aqueles definidos no art. 496 do CPC, a saber: Art. 496. São cabíveis os seguintes recursos: I - apelação; II - agravo; III - embargos infringentes; IV - embargos de declaração; V - recurso ordinário; Vl - recurso especial; Vll - recurso extraordinário; VIII - embargos de divergência em recurso especial e em recurso extraordinário. Nesta linha, pedido de reconsideração não é recurso, por não ter base legal, ofendendo o princípio da taxatividade, não tendo força para suspender ou interromper o prazo recursal. 2

Assim, são recursos os meios impugnativos assim denominados e regulados na lei processual, em numerus clausus, ou seja, em rol exaustivo. 3 Princípio da Unicidade Recursal ou Unirrecorribilidade É cabível apenas um tipo de recurso de cada decisão judicial. Evidentemente ocorrendo sucumbência recíproca, cada parte pode intentar o seu recurso específico. Princípio da Fungibilidade O atual CPC não tem norma expressa consagrando o princípio da fungibilidade. É o princípio pelo qual se permite a troca de um recurso por outro: o tribunal pode conhecer do recurso erroneamente interposto. Por dúvida objetiva deve entender-se a divergência existente na doutrina e/ou jurisprudência sobre o recurso correto cabível contra determinado pronunciamento judicial. A adoção do princípio da fungibilidade exige sejam presentes: a) dúvida objetiva sobre qual o recurso a ser interposto; b) inexistência de erro grosseiro, que se dá quando se interpõe recurso errado quando o correto encontre-se expressamente indicado na lei e sobre o qual não se opõe dúvida; c) que o recurso erroneamente interposto tenha sido agitado no prazo do que se pretende transforma-lo (RSTJ 58/209) Princípio da Proibição da Reformatio in Pejus Não reforma para pior Consiste na proibição dada pelo ordenamento recursal, no que tange à reforma da decisão atacada em prejuízo do recorrente e em benefício do recorrido. Sendo a decisão favorável em parte a um dos litigantes e em outra parte a outro litigante, poderão ambos interpor recursos; nesse caso, não se há que falar em reformatio in pejus, porque o tribunal poderá dar provimento ao recurso do autor ou do réu ou negar provimento a ambos, nos limites do recursos interpostos. Uma exceção a ser analisada é o próprio efeito translativo do recurso, onde o Tribunal recebendo o processo passa a ter jurisdição sobre ele. Nesta forma, pode considerar as matérias constantes do art. 301 do CPC, pois estas são de ordem pública, matérias que o juiz deve conhecer de ofício, não se operando a preclusão. 4 3 Nelson Nery Junior. 4 Art. 301. Co mpete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar: I - inexistência ou nulidade da citação; II - incompetência absoluta; III - inépcia da petição inicial; IV - perempção; V - litispendência; Vl - coisa julgada; VII - conexão; Vlll - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; IX - convenção de arbitragem; X - carência de ação; Xl - falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar 4 o Co m exceção do compromisso arbitral, o juiz conhecerá de ofício da matéria enumerada neste artigo. 3

Admissibilidade e Mérito dos Recursos Uma vez interposto o recurso, dois tipos de exames são realizados: a admissibilidade e o mérito. Apenas após estarem preenchidos os requisitos de admissibilidade, entra-se no juízo de mérito. O juízo de admissibilidade tem relação com o conhecimento ou não-conhecimento do recurso. Após o conhecimento, reconhecendo a admissibilidade do recurso, entrará no provimento (total ou parcial) e o improvimento do recurso. Efeito dos Recursos José Carlos Barbosa Moreira assim define: Todos os recursos admissíveis produzem um efeito constante e comum, que é o de obstar, uma vez interpostos, ao trânsito em julgado da decisão impugnada. Efeito suspensivo diz respeito à eficácia da decisão e não à formação da coisa julgada. EFEITO DEVOLUTIVO De regra, todos os recursos tem efeito devolutivo. Segundo boa parte da doutrina, não se mostra adequado falar em efeito devolutivo nos embargos de declaração, porque quem tem competência para julgar o recurso é o próprio órgão a quo. Sendo o recurso recebido no efeito meramente devolutivo, verifica-se a possibilidade de execução provisória, mediante extração de carta de sentença, desde que observados os preceitos contidos no art. 475-O do CPC. Art. 505 CPC: A sentença pode ser impugnada no todo ou em parte. Assim, o recurso devolve ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada, ou seja, aqueles pontos que não foram impugnados no recurso tornam-se preclusos e não serão reavaliados pelo Tribunal, pois juridicamente a parte concordou com este s. Exceção a esta regra, observamos no chamado EFEITO TRANSLATIVO do recurso, onde o juízo ad quem, quando recebe o recurso, deve conhecer das matérias de ordem pública, afetas ao exercício jurisdicional. Assim, mesmo que as parte s não tenham alegado as matérias contempladas, os julgadores conhecem de ofício pelo EFEITO TRANSLATIVO DOS RECURSOS, art. 301 do CPC. Art. 512. O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a sentença ou a decisão recorrida no que tiver sido objeto de recurso. EFEITO SUSPENSIVO O efeito suspensivo diz respeito à suspensão da eficácia da decisão e não da formação da coisa julgada. A apelação possui efeito suspensivo natural, sendo da própria essência da apelação o recebimento no duplo efeito, devolutivo e suspensivo. Art. 497. O recurso extraordinário e o recurso especial não impedem a execução da sentença; a interposição do agravo de instrumento não obsta o andamento do proce sso, re ssalvado o disposto no art. 558 de sta Lei. 4

Legitimidade para Recorrer Art. 499. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público. 1 o Cumpre ao terceiro demonstrar o nexo de interdependência entre o seu interesse de intervir e a relação jurídica submetida à apreciação judicial. 2 o O Ministério Público tem legitimidade para recorrer assim no proce sso em que é parte, como naqueles em que oficiou como fiscal da lei. Recurso Adesivo Art. 500. Cada parte interporá o recurso, independentemente, no prazo e observadas as exigências legais. Sendo, porém, vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir a outra parte. O recurso adesivo fica subordinado ao recurso principal e se rege pelas disposições seguintes: I - será interposto perante a autoridade competente para admitir o recurso principal, no prazo de que a parte dispõe para responder; II - será admissível na apelação, nos embargos infringentes, no recurso extraordinário e no recurso especial; III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal, ou se for ele declarado inadmissível ou deserto. Parágrafo único. Ao recurso adesivo se aplicam as mesmas regras do recurso independente, quanto às condições de admissibilidade, preparo e julgamento no tribunal superior. Desistência/Renúncia Art. 501. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsorte s, desistir do recurso. Art. 502. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte. Art. 503. A parte, que aceitar expressa ou tacitamente a sentença ou a decisão, não poderá recorrer. Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem reserva alguma, de um ato incompatível com a vontade de recorrer. Prazo Art. 506. O prazo para a interposição do recurso, aplicável em todos os casos o disposto no art. 184 e seus parágrafos, contar-se-á da data: I - da leitura da sentença em audiência; II - da intimação às partes, quando a sentença não for proferida em audiência; III - da publicação do dispositivo do acórdão no órgão oficial. (Redação dada pela Lei nº 11.276, de 2006) 5

Parágrafo único. No prazo para a interposição do recurso, a petição será protocolada em cartório ou segundo a norma de organização judiciária, ressalvado o disposto no 2 o do art. 525 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.276, de 2006) Art. 507. Se, durante o prazo para a interposição do recurso, sobrevier o falecimento da parte ou de seu advogado, ou ocorrer motivo de força maior, que suspenda o curso do processo, será tal prazo restituído em proveito da parte, do herdeiro ou do sucessor, contra quem começará a correr novamente depois da intimação. Art. 508. Na apelação, nos embargos infringente s, no recurso ordinário, no recurso especial, no recurso extraordinário e nos embargos de divergência, o prazo para interpor e para responder é de 15 (quinze) dias. Preparo Art. 511. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o re spectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. 1 o São dispensados de preparo os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelos Estados e Municípios e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal. 2 o A insuficiência no valor do preparo implicará deserção, se o recorrente, intimado, não vier a supri-lo no prazo de cinco dias. Súmula 484 STJ: Admite-se que o preparo seja efetuado no primeiro dia útil subsequente, quando a interposição do recurso ocorrer após o encerramento do expediente bancário. Casos Específicos Prazo para o Resp e Rext Embargos Infringentes Art. 498. Quando o dispositivo do acórdão contiver julgamento por maioria de votos e julgamento unânime, e forem interpostos embargos infringentes, o prazo para recurso extraordinário ou recurso especial, relativamente ao julgamento unânime, ficará sobrestado até a intimação da decisão nos embargos. (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 2001) Parágrafo único. Quando não forem interpostos embargos infringentes, o prazo relativo à parte unânime da decisão terá como dia de início aquele em que transitar em julgado a decisão por maioria de votos. Litisconsórcio Art. 509. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus interesses. Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará aos outros, quando as defesas opostas ao credor Ihes forem comuns. Art. 510. Transitado em julgado o acórdão, o escrivão, ou secretário, independentemente de despacho, providenciará a baixa dos autos ao juízo de origem, no prazo de 5 (cinco) dias. 6

QUESTÕES 01- ( ) Na apelação, o preparo deve ser feito em valor completo sob pena de deserção, sendo vedada a sua complementação. 02 - ( ) Ainda que intempestivamente interposta, a apelação devolve ao Tribunal o conhecimento das condições da ação, decididas ou não no juízo de primeiro grau, por se tratar de matéria insuscetível de preclusão. 03 - ( ) A fim de evitar deserção, pode a parte complementar o preparo insuficiente, no prazo de cinco dias após interposto o recurso, podendo, ainda, em relação à apelação e desde que tenha havido justo impedimento, realizar o preparo antes não efetivado. 04 ( ) Entre outros, são cabíveis a teor do Código de Processo Civil, os seguintes recursos: apelação, agravo, embargos de declaração e pedido de reconsideração. 05 ( ) A todo recurso é atribuído o efeito devolutivo e suspensivo. 06 ( ) O efeito devolutivo dos recursos enseja o retorno da matéria impugnada ao próprio órgão judiciário prolator da decisão recorrida. 07 ( ) Admite-se a interposição do agravo de instrumento na forma de recurso adesivo. 08 ( ) O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, sendo que o Ministério Público tem legitimidade para recorrer assim no processo em que é parte, como naqueles em que oficiou como fiscal da lei. 09 ( ) O recurso adesivo será admissível na apelação, nos embargos infringentes, no recurso extraordinário e no recurso especial, não sendo conhecido, se houver desistência do recurso principal, ou se for ele declarado inadmissível ou deserto. 10 ( ) O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte. 11 ( ) No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará o respectivo preparo. A insuficiência no valor do preparo implicará deserção, se o recorrente, intimado, não vier a suprilo no prazo de quinze dias. 12 ( ) O recurso adesivo será admissível no agravo de instrumento, nos embargos de declaração, no recurso especial e no recurso extraordinário. 13 ( ) O recurso adesivo é espécie de recurso que deve observar os mesmos requisitos de admissibilidade do recurso principal (por exemplo, quanto ao preparo). 14 ( ) A insuficiência do preparo recursal implicará na automática decretação de deserção do recurso interposto. 7

15 ( ) A lei enumera todos os recursos admitidos no processo, contudo, veda a interposição de duas espécies diversas de recurso contra a mesma decisão, não por força da enumeração taxativa dos recursos, mas, sim, por força da, assim chamada, unirrecorribilidade ou singularidade. 16 ( ) A interposição do recurso impede o trânsito em julgado da decisão impugnada e, como regra geral, poderá devolver o conhecimento da questão recorrida a um órgão diverso daquele que a proferiu, além de suspender os efeitos do ato impugnado. 17 ( ) Se, em uma mesma decisão, houver julgamento por maioria de votos e julgamento unânime e se não forem interpostos embargos infringentes, o prazo para a apresentação dos recursos especial e extraordinário relativos à parte unânime da decisão conta-se a partir do trânsito em julgado do acórdão que poderia ser impugnado por embargos infringentes. 18 ( ) Havendo sucumbência recíproca e interposto recurso independente, poderá o Ministério Público, terceiro prejudicado ou interveniente no processo, interpor recurso adesivo. Esse recurso é subordinado ao recurso principal, salvo quanto à admissibilidade. Não sendo conhecido o principal, o tribunal deverá dar provimento ao adesivo, para reformar em parte a decisão impugnada. 19 - ( ) A parte que, no prazo legal, apresentou recurso autônomo, pode também interpor recurso adesivo. 20 ( ) O recorrente poderá, a qualquer tempo, desistir do recurso, desde que haja anuência dos litisconsortes. 21 São princípios fundamentais dos recursos previstos no Código de Processo Civil: a) o duplo grau de jurisdição, a taxatividade, a singularidade, a infungibilidade e a garantia da reformatio in pejus. b) o duplo grau de jurisdição, a taxatividade, a singularidade, a fungibilidade e a proibição da reformatio in pejus. c) o duplo grau necessário de jurisdição, a taxatividade, a singularidade, a fungibilidade e a garantia da reformatio in pejus. d) o duplo grau necessário de jurisdição, a ausência de taxatividade, a singularidade, a infungibilidade e a garantia da reformatio in pejus. e) o duplo grau de jurisdição, a ausência de taxatividade, a singularidade, a infungibilidade e a proibição da reformatio in pejus. 22. ( ) O princípio da fungibilidade recursal, de acordo com a jurisprudência nacional, exige que o recurso tenha sido interposto no prazo do recurso correto. 23. O duplo grau de jurisdição obrigatório, também conhecido como reexame necessário ou recurso de ofício, é instituto contemplado no art. 475 do CPC e visa a proteger a Fazenda Pública, constituindo uma de suas principais prerrogativas. Com relação a esse instituto, é correto afirmar que A) se aplica o duplo grau de jurisdição obrigatório a toda decisão proferida contra Fazenda Pública. B) é pressuposto de admissibilidade do reexame necessário a interposição de apelação pela Fazenda. 8

C) se aplica o duplo grau obrigatório à sentença que julga procedente, no todo ou em parte, embargos à execução de dívida ativa da Fazenda Pública, independentemente do valor do débito. D) não se aplica o duplo grau obrigatório se a sentença estiver fundada em jurisprudência do plenário do Supremo Tribunal Federal. 9