ANÁLISE ESTÁTICA E DINÂMICA DE TORRE ESTAIADA PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

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ANÁLISE ESTÁTICA E DINÂMICA DE TORRE ESTAIADA PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS Eduardo Henrique Guimarães - eduardo_hge@yahoo.com.br Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Engenharia Mecânica, CEP-38400-902-Uberlândia, MG, Brasil Sonia A. G. Oliveira - sgoulart@mecanica.ufu.br Antonio Pedro Clapis - apclapis@mecanica.ufu.br Resumo. O propósito deste trabalho é a realização de um estudo preliminar do comportamento de torres metálicas estaiadas, submetidas aos carregamentos de vento estático e dinâmico, segundo o procedimento descrito pela norma NBR 6123/1988. Determinaram-se por meio de análise modal as freqüências e modos naturais de vibração da estrutura, utilizando o software Ansys. Pode-se observar que para a estrutura analisada a condição crítica foi a condição de vento dinâmico a 45º. Através da pesquisa realizada constatou-se que estruturas esbeltas como torres estaiadas são mais sensíveis quanto ao deslocamento quando comparado às tensões, para diferentes intensidades de carregamento. Palavras-chave: estruturas metálicas estaiadas, análise estrutural, modelagem computacional, análise modal, torres de transmissão. 1. INTRODUÇÃO Torres estaiadas são estruturas muito leves e esbeltas que apresentam um comportamento estrutural complexo, são utilizadas na transmissão de ondas eletromagnéticas e também estão sendo empregadas como suporte para coletores de energia solar e estruturas off-shore. Nos últimos anos ocorreram grandes avanços na área de telecomunicações, acompanhados por inúmeros investimentos no setor por parte dos governos ou mesmo da iniciativa privada, resultando em um aumento da utilização destes serviços e na ampliação de sua velocidade de expansão, diversidade e alcance, (MENIN, 2002). As torres estaiadas quando sofrem deflexões excessivas ou vibram podem interferir na comunicação e no sistema de controle, resultando em falhas de serviço. De acordo com MAGDULA et.al. (apud PASQUETTI,2003), desde 1959 até recentemente já foram relatados cerca de cem casos de colapso de torres estaiadas nos EUA, por este motivo é importante o conhecimento sobre sua estabilidade na presença de cargas estáticas e dinâmicas.

Este tipo de estrutura treliçada, tem o vento como um de seus principais carregamentos, o qual é dinâmico por natureza. Seu efeito sobre a estrutura como um todo é fazê-la vibrar nas suas freqüências naturais, induzindo assim solicitações dinâmicas. O movimento da torre é geralmente dominado pelo amortecimento estrutural, sendo também influenciado pelo amortecimento aerodinâmico, (LOREDO-SOUZA et.al.,2005). O objetivo deste trabalho foi analisar a sensibilidade de uma torre estaiada, quanto aos deslocamentos e tensões, para diferentes condições de carregamento. Construiu-se um modelo tridimensional da estrutura com altura de 105 m (cento e cinco metros), a qual esteve submetida à solicitações estáticas e dinâmicas, sendo estas produzidas pela ação do vento atuando a 45º ou 90º. Verificou-se para este modelo que solicitações dinâmicas devido ao vento a 45º produzem maiores deslocamentos e tensões. 2. TOPOLOGIA ESTRUTURAL Torres estaiadas são estruturas metálicas de aço galvanizado composta de um mastro treliçado, suportado por estais, para instalação de antenas na freqüência de SHF, UHF e VHF, (Sistema de documentação Telebrás, Anatel, www. anatel.gov.br). O mastro central é constituído de módulos, conforme Figura 1, com comprimentos que, em geral, variam de cinco a seis metros. Os módulos, por sua vez, são subdivididos em seções compostas por barras (perfis estruturais) com ligações aparafusadas que, de acordo com o seu posicionamento e função são chamadas de: montantes, banzos superiores, banzos inferiores, diagonais e barras de travamento interno. Os perfis estruturais mais comumente utilizados são as cantoneiras simples com abas iguais de aço ASTM A36 (tensão de escoamento 250MPa). Deve-se instalar um dispositivo especial próximo ao topo da estrutura conhecido por dispositivo anti-torção, que através da utilização de cabos adicionais num mesmo nível e afastados dos montantes formam braços de alavancas adequados, absorvendo os esforços de torção. Figura 1: Topologia de uma torre estaiada

Entre o topo da estrutura e o dispositivo anti-torção, existe uma região sem pontos de ancoragem de cabos, cujo comprimento varia de 50 cm a 300 cm. Este é o chamado vão livre no topo da estrutura, sendo destinado à colocação das antenas. Abaixo desta região, os cabos são ancorados ao longo do mastro da torre, sendo recomendado que o vão livre na vertical entre dois pontos de ancoragem sucessivos esteja entre 8 e 12 metros, (MENIN,2002). O procedimento Telebrás recomenda a utilização de cabos de aço de sete fios com alma de aço e protegidos contra corrosão com capa protetora de zinco. No entanto, este tipo de cabo não é mais fabricado, portanto, são utilizadas cordoalhas de 19 e/ ou 37 fios. Os cabos devem ser do tipo HS (High Strength) ou EHS (Extra High Strength). Os cabos de aço estão sujeitos a dois tipos de deformação longitudinal: a elástica e a estrutural. A deformação estrutural pode ser quase totalmente removida por um prétensionamento no cabo. Esta tensão deve ser maior que a tensão de serviço do cabo e menor que a tensão limite de proporcionalidade do mesmo. Cabos pré-esticados e cabos usados possuem módulo de elasticidade aproximadamente 20% maior que um cabo novo que não foi pré-esticado, (PASQUETTI,2003). 3. CARACTERÍSTICAS DA TORRE MODELADA Para a construção do modelo em elementos finitos, foi utilizado o programa ANSYS. A torre estaiada possui 105 m de altura, com seção quadrada e ao longo de sua altura estão dispostos os estais. As características adotadas foram baseadas na torre de 90 m (noventa metros) de MENIN, 2002. Os dados de projeto: 105 m de altura total; base de seção transversal constante e igual a 0,7x0,7 m 2 ; módulos de 7m perfazendo um total de 15 módulos; ângulo máximo de inclinação das diagonais de 45 ; perfis metálicos de abas iguais em formato de L; cordoalhas de sete fios, com inclinação do estai do topo do mastro de 60, sendo os demais calculados a partir da projeção horizontal do estai a 60, dividido em trechos iguais, quantos forem necessários. 3.1. Analise estática e dinâmica segundo a NBR 6123 A determinação dos esforços estáticos devidos ao vento, foi realizada segundo a NBR6123 (1988).Esta Norma fixa as condições exigíveis na consideração das forças devidas à ação estática e dinâmica do vento, para efeitos de cálculo de edificações. Os seguintes fatores foram determinados: Efeito puramente estático: Velocidade básica do vento (V 0 ) igual a 46 m/s; Fator topográfico (S 1 ) igual a 1; O fator S 2 referente a rugosidade do terreno, dimensões da edificação e altura sobre o terreno, e a velocidade característica do vento (V K ) variaram com a altura da torre; Fator estatístico (S 3 ) referente ao grau de segurança requerido e a vida útil da edificação foi de 0,95;

A força de arrasto é dada pelo produto da pressão dinâmica do vento pela área efetiva e pelo seu coeficiente de arrasto, para cada ângulo de incidência do vento e respectiva altura da torre; Após a determinação da força de arrasto (Fa) nas faces da torre, cada um dos nós de cada sub-modulo recebe 25% de Fa naquela face. Efeito dinâmico A NBR 6123 admite que a velocidade média do vento se mantém constante em um intervalo de tempo de 10 minutos, produzindo efeitos puramente estáticos, designados como resposta média. As flutuações da velocidade podem induzir em estruturas flexíveis, ou seja, edificações com período fundamental T1 (Eq.1 e Eq.2) superior a um segundo, que normalmente são estruturas altas e esbeltas, oscilações importantes na direção da velocidade média do vento, designadas como resposta flutuante. Edificações com tais períodos, em particular aquelas fracamente amortecidas, podem vir a apresentar resposta flutuante importantes na direção do vento médio. Portanto, a resposta dinâmica total será dada pela superposição das respostas flutuante e média. Para tal analise foi adotado o modelo contínuo simplificado descrito na NBR 6123, onde é considerada na resposta dinâmica unicamente a contribuição do modo fundamental. Segundo a norma, a retenção apenas do primeiro modo na solução, conduz a erros inferiores a 10%. A equação 1 permite o calculo do período de estruturas de aço soldada. T = 0,29 h 0,4 (1) 1 T = 1 f (2) 1 / 1 Onde: h é a altura total da edificação; f 1 é a freqüência fundamental. Alternativamente as freqüências fundamentais podem ser obtidas utilizando-se métodos da teoria de vibrações de estruturas, e a pressão dinâmica variando com a altura da torre. 3.2. Análise modal. O problema da identificação das freqüências de vibração de um determinado sistema é resolvido com base na análise do movimento em regime livre e sem amortecimento. Nestas condições as equações de equilíbrio dinâmico tomam uma forma mais simplificada. Logo a determinação de freqüências e modos de vibração resulta num problema tradicional de determinação de auto-valores e auto-vetores, em que os auto-valores representam as freqüências e os auto-vetores os modos de vibração. Assim, cada freqüência corresponde a um modo de vibração. No presente estudo os auto-valores e auto-vetores foram determinados através do Método dos Elementos Finitos (MEF) utilizando o programa ANSYS. 4. MODELAGEM PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS 4.1. Mastro da torre

Na discretização do domínio mastro foi utilizado o elemento BEAM188, que é apropriado para análise de estruturas esbeltas. Este elemento é baseado na teoria da viga de Timoshenko, é um elemento de viga 3D linear ou quadrático, possui 6 ou 7 graus de liberdade em cada nó. Estes incluem translações e rotações nas direções x, y e z. Este elemento é utilizado para aplicações com grandes rotações, deformações e problemas que levam em conta a não-lineariedade. Inclui termos de rigidez que permite a análise de flexibilidade lateral e problemas de instabilidade à torção. Pode ser usado com seção transversal pré-definida e ainda negligencia algumas constantes reais, tais como: momento de inércia e area. 4.2. Estais da torre Na discretização do domínio estais ou cabos foi utilizado o elemento LINK 10, que possui a característica de uma matriz de rigidez bilinear, resultando em tração ou compressão uniaxial do elemento. Estas características são importantes na modelagem de estruturas do tipo cabo, onde modelou-se através de único elemento. Este pode ser tanto utilizado em analise estática quanto dinâmica (com efeitos de inércia ou amortecimento) onde a capacidade de folga do elemento é desejada, mas a linha elástica do elemento não é primordial, possuindo três graus de liberdade em cada nó, sendo estes translações nodais nas direções x, y e z. 4.3. Condições de contorno Como condições de contorno foram utilizadas somente restrições de deslocamentos em todos os pontos dos apoios na fundação tanto dos estais, quanto do mastro da torre, como mostrado na Figura 2. (a) (b) Figura 2 (a) Condições de Contorno e (b) Detalhe do dispositivo anti-torção. 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO As imagens dos resultados estão em escala de ampliação para uma melhor visualização das tensões e deslocamentos da estrutura, no entanto os valores apresentados estão em escala real. 5.1. Analise Estática. Na analise estática foi considerado os seguintes carregamentos: peso próprio e ação do vento determinada segundo os critérios da NBR 6123/1988 para vento atuando a 45º e 90º.

a) Vento a 45º. Observa-se na Figura 3 a máxima tensão foi de 161 MPa menor que a tensão de escoamento que é de 250 MPa. Conforme a Figura 4, o deslocamento máximo da torre foi de aproximadamente 0,78 metros, ocorrendo próximo a região do dispositivo anti-torção do topo da torre. (b) (a) Figura 3 - Tensões máximas de Von Mises, para vento atuando a 45º: (a) distribuição das tensões na base da torre e (b) detalhe da região de tensão máxima. Região de máximo deslocamento b) Vento a 90º. Figura 4 - Linha elástica, para vento atuando a 45º. A máxima tensão foi de 147 MPa menor que tensão de escoamento,como apresentado na Figura 5. Segundo uma análise quantitativa dos valores máximos das tensões constatou-se que não houve grande discrepância entre o vento atuando a 45º e 90º. A maior tensão de Von Mises obtida foi para o vento atuando a 45º, portanto, a condição crítica para a análise estática. As Figuras 3 e 5 relatam que a máxima tensão ocorreu na base da torre, isto foi ocasionado pela combinação da intensidade dos carregamentos de vento (formato aproximadamente trapezoidal) e peso próprio. A tensão máxima localizou-se nos dois casos analisados (vento a 45º e 90º) no banzo, o que era esperado, pois, estes estão submetidos às maiores solicitações, portanto os componentes essenciais para o funcionamento adequado do sistema estrutural.

(a) (b) Figura 5 - Tensões máximas de Von Mises, para vento atuando a 90º: (a) detalhe da distribuição das tensões nas barras da base da torre e (b) detalhe da região de tensão máxima. Deslocamento máximo da torre foi de aproximadamente 0,76 metros. Por meio de uma análise quantitativa dos valores máximos de deslocamento resultante observou-se que a situação crítica foi para o vento atuando a 45º. 5.2. Análise Dinâmica Na analise dinâmica foi considerado os seguintes carregamentos: peso próprio e ação do vento determinada segundo os critérios NBR 6123/1988 para vento atuando a 45º e 90º. Os máximos valores de tensão de Von Mises e deslocamento resultante foram apresentados e comparados. a) Vento a 45º. A máxima tensão foi de 180 MPa menor que tensão a de escoamento localizada na região dos dispositivos anti-torção, conforme Figura 6. Sendo que o deslocamento máximo da torre foi de aproximadamente 1,18 metros. (a) (b) Figura 6 - Tensões máximas de Von Mises, para vento atuando a 45º: (a) detalhe das tensões na base da torre e (b) detalhe da distribuição de tensão máxima nos dispositivos anti-torção. c) Vento a 90º. A Figura 7 apresenta a máxima tensão para o vento atuando a 90º que foi de 145 MPa menor que a tensão de escoamento.

(a) (b) Figura 7 - Tensões máximas de Von Mises, para vento atuando a 90º: (a) detalhe de tensões na região da base da torre e (b) detalhe da região de tensão máxima, próxima ao dispositivo anti-torção do meio da torre. O resultado obtido para o deslocamento máximo da torre foi de aproximadamente 1,03 metros, a linha elástica é semelhante à da Figura 4. Pela análise dinâmica constatou-se que a tensão máxima e o deslocamento resultante máximos ocorreram para vento atuante a 45º. A tensão máxima localizou-se no banzo e devido às combinações de carregamentos (a distribuição do carregamento de vento tem uma forma aproximadamente triangular, o que favorece o aparecimento de máximas tensões em regiões próximas ao meio da torre) vento e peso próprio proporcionam o surgimento da mesma em determinadas posições da estrutura. 5.3. Analise Modal. O problema da identificação das freqüências de vibração de um determinado sistema é resolvido com base na análise do movimento em regime livre e sem amortecimento. Nestas condições as equações de equilíbrio dinâmico tomam uma forma mais simplificada. Logo a determinação de freqüências e modos de vibração resulta num problema tradicional de determinação de auto-valores e auto-vetores, em que os auto-valores representam as freqüências e os auto-vetores os modos de vibração. Assim, cada freqüência corresponde a um modo de vibração. No presente estudo os auto-valores e auto-vetores foram determinados através do Método dos Elementos Finitos (MEF) utilizando o software ANSYS. Devido a simetria geométrica da torre duas freqüências consecutivas são aproximadamente iguais, por este motivo algumas freqüências não foram apresentadas, Figura 8. O conhecimento das freqüências naturais (f) é fundamental para o desenvolvimento do projeto estrutural, pois excitações similares à freqüência natural de estruturas podem levar a casos extremos indesejados de ressonância ou fadiga.

Modo-1 f 1 = 0,79755 Hz Modo-3 f 3 = 1,0367 Modo-5 f 5 = 1,5645 Hz Modo-7 f 7 = 2,4595 Hz Modo-10 f 10 = 3.9093 Hz Figura 8 - Modos de vibração da torre. Ao analisar a Figura 8, fica claro que os modos de vibração estão associados aos deslocamentos horizontais, que ocorrem hora predominantemente na direção X e hora predominantemente na direção Z. 6. CONCLUSÃO Neste trabalho foi apresentado um estudo preliminar do comportamento de torres estaiadas submetidas a ações estáticas e dinâmicas do vento. Para a estrutura analisada a condição crítica foi a de vento dinâmico a 45º. Por meio de uma comparação das tensões máximas de Von Mises para os quatro caso analisados (vento estático: 45º e 90º e vento dinâmico: 45º e 90º) não houve uma discrepância na intensidade das mesmas, embora suas localizações tenham sido distintas, mas sempre nos banzos.

A discrepância maior ocorreu quanto ao deslocamento nas análises estática e dinâmica, sendo que, os maiores deslocamentos ocorreram para a condição de vento dinâmico a 45º, o que sugere a sua importância para o desenvolvimento de projetos estruturais de peças esbeltas. Sendo de fácil acesso programas que realizam analise modal, não se justifica o uso do artifício adotado pela NBR 6123/1988 para determinação da freqüência natural. Através da pesquisa realizada constatou-se que estruturas esbeltas como torres estaiadas são mais sensíveis ao deslocamento do que as tensões para diferentes intensidades de carregamento. 7. REFERÊCIAS. Loredo-Souza, A.M. and Davenport A. G. and Paluch M. J.,2005, Determinação da resposta de torres de transmissão treliçadas à ação do vento,construção Metálica, UPF,Brasil. Menin, R. C. G., 2002, Análise Estática e Dinâmica de Torres Metálicas Estaiadas, Dissertação de Mestrado,UNB, Brasil. NBR 6123/1988- Forças devidas ao vento em edificações, ABNT, Brasil. Pasquetti, E., 2003, Estabilidade Estática e Dinâmica de Torres Estaidas, Dissertação de Mestrado, PUC RJ, Brasil. Sistema de documentação Telebrás, Anatel, www. anatel.gov.br STATIC AND DYNAMIC ANALYSES OF GUYED TOWER BY FINITE ELEMENT METHOD Abstract: The purpose of is to describe a research about the behavior of guyed steel structures subjected to wind loads. The work was done with static and dynamic wind load, according to the procedure described in the Brazilian Wind Code NBR 6123/1988 and determination of the natural frequencies and modal shapes of the structure. The analyzed structure under critic condition was the wind 45º load. The guyed tower is more sensitive to e displacement, for different direction of load. Keywords. guyed steel structures, structural analysis, computational modeling, modal analysis, transmission tower.