Caracterização da comercialização e da produção de hortaliças não convencionais em feiras livres na cidade de Montes Claros, Minas Gerais

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Transcrição:

Caracterização da comercialização e da produção de hortaliças não convencionais em feiras livres na cidade de Montes Claros, Minas Gerais Cristiane Gonçalves Souza 1 ; Bruna Cecilia Santos 1 ; Candido Alves da Costa 2 ; Janete Ramos 1 ; Veronica Aparecida Santos 1 1 Universidade Federal de Minas Gerais.Instituto de Ciências Agrárias, Avenida Universitária, 1.000, Bairro Universitário, 39404 547, crissouzaagro@hotmail.com 2 Universidade Federal de Minas Gerais- Instituto de Ciências Agrárias, Dep. de Agropecuária, Caixa Postal 135, Montes Claros, MG, CEP 39404-006,candido-costa@ufmg.br RESUMO Hortaliças não convencionais também conhecidas como negligenciadas, são olerícolas nativas ou introduzidas, cultivadas por pequenos agricultores que utilizam as feiras livres como o principal canal de comercialização. Assim, o trabalho objetivou-se em caracterizar a produção e comercialização de hortaliças não convencionais na cidade de Montes Claros, Minas Gerais. As coletas das informações foram realizadas nas feiras livres do Mercado Municipal e do bairro Major Prates, e se deu através da aplicação de questionários específicos e objetivos. Os feirantes das feiras avaliadas possuem idade acima de 40 anos, são na grande maioria mulheres e possuem baixa escolaridade. O sistema de produção é pouco tecnificado. Há uma baixa disponibilidade de hortaliças não convencionais para serem comercializadas sendo que as principais espécies encontradas foram taioba, caxi, maxixe, abóbora d água, ora-pro-nóbis, vinagreira, almeirão. Os produtores/feirantes não realizam planejamento da comercialização e da produção de hortaliças nas feiras avaliadas. PALAVRAS-CHAVE: Hortaliças-Não-Convencionais, Feiras Livres, Comercialização ABSTRACT Chacterization of marketing and not convenciotional vetetable production in street markets in the city of Montes Claros, Minas Gerais Vegetables also known as unconventional neglected native vegetable crops are grownby small farmers who use the free markets as the main marketing channel. Thus, the work is aimed to characterize the production and marketing of vegetables un conventional in the city of Montes Claros, Minas Gerais. The collections of information fairs were held in the Municipal Market and the neighborhood Prates Major, and was through the use of questionnaires and specific goals. The fairground fairs evaluated are older than 40 years, the vast majority are women and have low education. The production system is poorly technified. There is a low availability of nonconventional vegetables to be sold and the main species found were taro, caxi, cucumber, squash, water, ora-pro-nobis, hibiscus, chicory. The producers / marketers do not realize the marketingplanning and production of vegetables valued at the fair. Keywords: Vegetables, Non-Conventional Free Trade, Marketing Hortaliças não convencionais também conhecidas como negligenciadas ou selvagens, são olerícolas nativas e introduzidas que já foram intensamente utilizadas principalmente nos seus centros de origem, mas por questões culturais, agronômicas, sociais e econômicas caíram em desuso. Atualmente são cultivadas por populações Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 824

tradicionais como os agricultores familiares, em cultivo de subsistência passando de geração a geração. Constituem espécies de importância cultural, medicinal, econômica e nutricional, porém são desconhecidas do grande público consumidor com pouca ou nenhuma circulação em mercados agrícolas, como é o caso do maxixe-do-reino (Cyclanthera pedata), abóbora d água (Benincasa híspida), cubiu (Solanum sessiliforum), mangarito (Xanthosoma sp.), vinagreira (Hibiscus sabdariffa), feijão-deasa (Psophocarpus tetragonolobus), serralha (Sonchus oleraceus) dentre outras olerícolas. Uma das formas de comercialização dessas hortaliças não convencionais são as feiras livres. A feira-livre é um canal que permite o relacionamento direto entre o produtor e o consumidor final. Por meio desse canal de comercialização a agricultura familiar se fortalece, pois possibilita a colocação regular da produção animal e vegetal, bem como a agregação de valor aos produtos devido ao encurtamento da cadeia comercial (RIBEIRO, 2007). Este trabalho teve por objetivo caracterizar a produção e comercialização de hortaliças não convencionais na cidade de Montes Claros, Minas Gerais. MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi desenvolvido no município de Montes Claros, que se encontra situado na Bacia do Alto Médio São Francisco, ao norte do Estado de Minas Gerais, com uma extensão territorial de 3.576,76 km². A coleta das informações para realização da pesquisa baseou-se na aplicação de dois tipos diferentes de questionário, um conforme os setores envolvidos: produtores e comerciantes e um a cada espécie de hortaliças não convencionais encontradas nas bancas sendo comercializadas. Foram elaborados questionários específicos e objetivos para cada segmento, utilizando questões abertas e fechadas. Os questionários abordavam questões que buscavam caracterizar cada setor. As questões eram referentes ao número de membros e composição do núcleo domiciliar, faixa etária, escolaridade, área produtiva disponível, produção (variedade e quantidade), insumos, destinos de produção (auto-consumo, venda, troca), redes de comércio e acesso às políticas compensatórias (aposentadoria, Bolsa Família). Através do questionário foi possível avaliar o número de espécies de Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 825

hortaliças comercializadas nas feiras, impacto na renda familiar, e o efeito da sazonalidade na variedade da oferta. A pesquisa de campo teve início em março de 2011, onde se realizou visitas nas feiras livres do mercado municipal e do bairro Major Prates. Foram aplicados 50 questionários, sendo 20 para produtores/comerciantes, 20 para espécies não convencionais comercializadas e 10 para revendedores. RESULTADOS E DISCUSSÃO Com as informações obtidas nos questionários, constatou-se que tanto na feira livre do mercado municipal quanto na do bairro Major Prates, em relação à faixa etária observase maior participação relativa dos feirantes que possui idade entre 40 a 60 anos, representando 66,%. Além disso, tem-se ainda, 16% apresentando idade acima de 68 anos, uma faixa de idade relativamente avançada e em contrapartida, 16% apresentando idade abaixo dos 30 anos, o que caracteriza uma participação significativa de pessoas mais jovens no meio rural. Na feira do mercado municipal houve uma maior predominância das mulheres agricultoras, representando 73%, já na feira do bairro Major Prates a grande maioria dos agricultores são homens representando 58%. Esses resultados nos mostram que a comercialização é em grande parte uma atividade dominada pelas mulheres, ressaltando assim a participação destas no processo de comercialização e geração de renda. De modo geral o nível socioeducacional dos feirantes é baixo. Do total 58% relataram ter entre o 1º ao 4º ano do ensino fundamental, 25% são analfabetos e 16% possui o ensino médio completo. Dos entrevistados, 75% são casados e 80% possuem filhos com grande heterogeneidade de faixa etária. A grande maioria não recebe nenhuma aposentadoria e nem esta inserido em programa social do governo, tais como bolsa família. A produção das hortaliças é feita em terrenos próprios, que na maioria dos casos apresentam 1 a 55 ha. Observa-se também que a maior parte das propriedades situam-se numa distância de no mínimo 18Km e no máximo a 98 Km do canal de comercialização que são as feira livre. Essa distância pode influenciar na qualidade das hortaliças que chegam às feiras livres. Além disso, por se tratar de distâncias altas, dificulta o acesso dos produtores aos centros de comercialização, com isso onera os custos de produção e Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 826

desestimula os produtores de se deslocarem para as feiras. Não são disponibilizados transportes gratuitos para os feirantes, uma vez que cada um se responsabiliza pelo translado dos seus produtos. Os feirantes pesquisados identificaram diferenças na comercialização durante o ano e principalmente durante o mês. O início do mês é o período de maiores vendas, coincidindo com o pagamento da população assalariada, aposentados e também com as datas de pagamento dos programas de transferência de renda do governo. No que diz respeito sobre as variedades de hortaliças comercializadas, pode-se observar que tanto na feira do mercado municipal, quanto na feira do Major Prates há uma maior disponibilidade de hortaliças convencionais em relação às não convencionais, isso pode ser explicado pelo fato de que as hortaliças não convencionais são espécies pouco conhecidas pelo público consumidor e ou porque essas espécies são vinculadas às questões culturais, sociais e econômicas. As espécies de hortaliças convencionais mais comercializadas na feira do Major Prates são: alface, salsa, coentro, cebola, chuchu, cebolinha, couve, abóbora quiabo, espinafre, beterraba e rúcula. Já na feira do mercado municipal além de todas essas encontradas na feira do Major Prates, ainda foram encontradas jiló, chicória e cenoura. Em relação às espécies de hortaliças não convencionais, ocorre na região uma baixa diversidade. As principais hortaliças-não-convencionais encontradas nas duas feiras em ordem de relevância foram: taioba, caxi, maxixe, abóbora d água, ora-pro-nóbis, vinagreira, almeirão e maxixe do reino. Essas hortaliças são produzidas e comercializadas em pequenas quantidades, pois, são desconhecidas e conseqüentemente possui pouco ou nenhum destaque, quando comparadas com as espécies convencionais. O cultivo dessas espécies se dá na maioria dos casos em espaços impróprios para o cultivo das demais espécies de hortaliças, uma vez que as não convencionais são espécies rústicas e bastantes adaptadas a diferentes tipos de solo. Para a condução das culturas não se faz necessário um manejo intenso, assim como também não demanda de adubações, aplicações de defensivos e irrigações intensas. À falta de destaque, das hortaliças não convencionais, interfere na quantidade ofertada nas feiras, pois os feirantes que comercializam essas espécies e o público consumidor, geralmente são os mesmos. O público consumidor na grande parte dos casos são pessoas com faixa etária maiores e que de alguma forma teve seu passado vinculado ao Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 827

meio rural. Essas espécies são comercializadas de forma rústica, não tendo, portanto um alto valor agregado a elas, o que faz com que a renda que os feirantes tiram das feiras sejam baixas. Conclui-se que os feirantes das feiras avaliadas possuem idade acima de 40 anos, São na grande maioria mulheres e possuem baixa escolaridade. O sistema de produção é pouco tecnificado. A feira livre é o principal canal de comercialização para os feirantes. Há uma baixa disponibilidade de hortaliças não convencionais para serem comercializadas, e as principais espécies encontradas são taioba, caxi, maxixe, abóbora d água, ora-pronóbis, vinagreira, almeirão e maxixe do reino. Os produtores/feirantes não realizam planejamento da comercialização e da produção de hortaliças nas feiras avaliadas. REFERÊNCIAS CARDOSO MO. Hortaliças não-convencionais da Amazônia. Manaus: CPAA, 1997. 150p. COÊLHO, JACKSON DANTAS. Feiras livres de Cascavel e de Ocara: caracterização, análise da renda e das formas de governança dos feirantes. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 2009. 160p. AGRADECIMENTOS Á fundação de amparo á pesquisa do Estado de Minas Gerais FAPEMIG pelo apoio à participação no 52 Congresso Brasileiro de Olericultura. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 828