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1/6 Profª Helisia Góes Turmas: 7ºDIV e 7ºDIN Disciplina: DIREITO CIVIL SUCESSÕES Data: 05/03/13 (7ºDIV) e 06/03/13 (7ºDIN) AULA 07 II - SUCESSÃO EM GERAL (Continuação) 11. Herança Jacente e Vacante (arts. 1.819 a 1.823, CC) A Herança Jacente e Vacante são institutos jurídicos correlatos, mas distintos. Não há como confundir herança jacente e herança vacante. Jacente é a herança que não tem herdeiros conhecidos e vacante é a herança que se sabe não haver herdeiros. A distinção entre ambas, portanto, está em que, na primeira, pode ser que haja herdeiros, mas não se tem certeza disso; ao passo que na segunda, há certeza da inexistência de herdeiros. (DIAS, 2011, p. 515). 11.1 Herança Jacente = herança sem herdeiros notoriamente conhecidos. O fenômeno da jacência ocorre quando, falecendo o titular do patrimônio, não existirem herdeiros (legítimos ou testamentários) notoriamente conhecidos (1.819, CC). Questões Relevantes: 1- Tem caráter transitório; a entrega da herança aos herdeiros. Jacência: é o período transitório que visa ou a Declaração de Vacância. 2- A herança jacente não é pessoa jurídica, equiparando-se à massa falida, sendo considerada uma entidade com personificação anômala. (VENOSA, 2004). 3- Tem como administrador o curador, que será nomeado pelo juiz e representará, judicial e administrativamente, a herança jacente (art. 12, IV, CPC). Com a abertura da sucessão ocorre a transferência imediata e automática da herança aos sucessores do morto. Porém, esclarece Dias (2011, p. 515): Não havendo sucessores conhecidos, não há como se operar a transferência. Ela jaz sem dono, daí: herança jacente. Os bens são coisa de ninguém, res nullius. Chama-se jacente a herança quando não há quem dela possa legitimamente cuidar.. 11.1.1 Foro Competente: último domicílio do de cujus (art. 1785, CC; 96, Parágrafo único, CPC). 11.1.2 Procedimento: 1.142 a 1.158, CPC. Segundo a disciplina do CPC, o juiz competente deverá iniciar o processo de jacência, imediatamente, pela arrecadação dos bens do falecido (1.142, CPC). Fases: Arrecadação (arts. 1142, 1.145 a 1.151, CPC)

2/6 É um procedimento cautelar onde os bens são arrecadados, a fim de se evitar uma dilapidação do patrimônio do de cujus por terceiros oportunistas, ou seja, visando garantir os direitos de futuros herdeiros, a serem encontrados ou, em instância final, do próprio Estado. Pode ocorre por iniciativa judicial (art. 1.142, CPC), porém Dias (2011) assevera que não há como excluir a legitimidade do Ministério Público, da Fazenda Pública e de outros interessados, como credores. Apesar de a lei estabelecer que o juiz deve realizar pessoalmente a arrecadação, permite que este possa requisitar a autoridade policial para representá-lo. Porém, só o juiz pode colocar e abrir selos nos bens (art. 1.148, Parágrafo único, CPC). Dias (2011) esclarecer que a expressão selar significa lacrar os locais onde os bens se encontram, para evitar que sejam saqueados. Suspensão do Procedimento: ocorre se, durante a diligência, aparecer o cônjuge, herdeiros ou o testamenteiro notoriamente conhecido (art. 1.151, CPC). Carta Precatória: será expedida se houverem bens em lugares diversos do foro onde tramita o processo de jacência (art. 1.149, CPC). Nomeação do Curador (arts. 1.143 e 1.144, CPC) Curador é o administrador e depositário da herança jacente (DIAS, 2011). Representa o espólio, depois de prestar compromisso (arts. 12, IV e 1.144, CPC). Deve acompanhar o procedimento de arrecadação de bens (art. 1.145, CPC). Obs.1: No inciso I, do art. 1.144, CPC, temos a previsão da participação obrigatória do MP no processo de herança jacente. Atribuições: Além dos incisos do art. 1.144, do CPC, ao prestar compromisso, o curador da herança jacente fica sujeito, também, às disposições contidas no arts. 148 a 150, do CPC, relativas ao administrador. Obs.2: O curador deve ser remunerado pelo exercício da função, conforme honorários fixado pelo juiz, que será custeado pelo espólio (DIAS, 2011). Habilitação de Herdeiros Antes da declaração de vacância, os herdeiros podem requerer habilitação diretamente no processo de jacência, por petição simples. Dias (2011) entende que o herdeiro só pode reclamar a herança por Ação de Petição de Herança (1.528, CPC c/c 1.824, CC), neste caso da decisão (sentença) caberá apelação. O juiz proferirá decisão acerca da habilitação de herdeiros no decorrer do processo de jacência, ou em ação autônoma (Petição de Herança). Se for aceita a habilitação o processo de jacência será convertido em inventário (1.153, CPC). Se for negada a habilitação, caberá recurso ao herdeiro insatisfeito. Se for inadmitida a habilitação apenas por falta de provas, nada impede que o herdeiro proceda novamente o pedido, com novas provas. Porém, se o indeferimento do pedido de habilitação for fundamentado na incapacidade sucessória do requerente, este poderá interpor recurso (Apelação-Sentença; Agravo de Instrumento-Decisão Interlocutória). Após o trânsito em julgado da sentença que declarou a vacância da herança, os herdeiros somente poderão pleitear a herança por meio de ação direta (1.158, CPC). Habilitação de Credores A lei garante que os credores habilitem-se diretamente no processo de jacência, para ter direito ao seu crédito. Bem como podem promover a competente Ação de Cobrança (1.821, CC e

3/6 1.154, CPC). Entretanto, após o trânsito em julgado da sentença que declarou a vacância da herança, somente poderão pleitear o seu crédito por meio de ação direta (1.158, CPC). Obs.3: Para Dias (2011) o credor possui legitimidade para requerer a arrecadação dos bens do falecido, pois possui interesse direto no patrimônio. Publicação de Edital Depois de concluir a arrecadação dos bens do de cujus, o juiz determinará a expedição de edital, que deverá ser publicado 03 vezes, com intervalo de 30 dias para cada um, no órgão oficial e na imprensa da comarca, chamando os sucessores do finado para habilitarem-se no prazo de 06 meses, contados da primeira publicação (1.820, CC; 1.152, CPC). Se, entretanto, for verificada a existência de sucessor ou testamenteiro em lugar certo, deve-se providenciar sua citação e, concomitantemente, a publicação do edital ( 1º, 1.152, CPC). Sendo o de cujus estrangeiro, a jacência também deverá ser comunicada à autoridade consular ( 2º, 1.152, CPC). Alienação de Bens: o juiz pode permitir a alienação de bens móveis, passíveis de desvalorização e deterioração, bem como de imóveis cuja conservação seja dispendiosa. (art. 1.155, CPC). Assim, podem ser alienados, com autorização judicial: a) bens móveis (de conservação difícil ou dispendiosa); b) semoventes (quando não empregados na exploração de alguma indústria); c) títulos e papéis de crédito (com fundado receio de depreciação); d) ações de sociedade (se, reclamada a integralização, não dispuser a herança de dinheiro para o pagamento); e) bens imóveis (se ameaçarem ruína, não convindo a reparação; ou se estiverem hipotecados e vencer-se a dívida, não havendo dinheiro para o pagamento). Obs.4: Note-se que não se procederá à venda se a Fazenda Pública ou o habilitando adiantar a importância para as despesas de manutenção dos bens (Parágrafo único, art. 1.155, CPC). Porém, os bens de valor afetivo ou de uso pessoal só podem ser alienados após a declaração de vacância (art. 1.156, CPC). 11.2 VACÂNCIA Os bens serão entregues ao Poder Público se, passados um ano da primeira publicação do Edital, não surgirem herdeiros habilitados, nem houver habilitação pendente (Sucessão Provisória). Porém, a incorporação definitiva somente ocorrerá 05 anos após a morte do de cujus (abertura da sucessão) art. 1.822, CC (Sucessão Definitiva). 11.2.1 Declaração Direta de Vacância: Havendo herdeiros conhecidos, mas se todos renunciarem à herança, a lei permitirá a declaração imediata de vacância (1.823, CC). Para Dias (2011) também ocorre declaração imediata de vacância da herança quando o único herdeiro for excluído da sucessão por indignidade. Obs.5: Segundo o Parágrafo único do art. 1804 (CC), não ocorrerá a transmissão da herança se o herdeiro renunciar, portanto, apesar de existirem herdeiros conhecidos, se renunciarem, será como se não existissem. Obs.6: Nem sempre a declaração de jacência e vacância corresponderá à totalidade da herança. Se, por exemplo, o falecido deixar testamento, válido e eficaz, dispondo acerca de apenas uma parte

4/6 de seu patrimônio, a parte remanescente, caso não existam herdeiros necessários conhecidos, será considerada jacente, com possibilidade de posterior declaração de vacância. (DIAS, 2011) ATENÇÃO: Mesmo após a declaração de vacância, no período de transmissão provisória do patrimônio hereditário para o domínio público, os herdeiros ainda podem pleitear o direito à herança, exceto os colaterais, mas tão somente por ação judicial própria (1.822, Par. único, CC; 1.158, CPC). 11.2.2 Efeitos da Vacância a) Encerramento dos deveres de guarda, conservação e administração do curador (1.143, CPC); b) Devolução da herança à União, se os bens estiverem em território federal, aos Municípios ou ao Distrito Federal, se localizados em suas respectivas circunscrições, conferindo-lhes propriedade resolúvel (Sucessão Provisória); c) Possibilidade de reclamação da herança por parte dos herdeiros, exceto colaterais (Par. único, 1.822, CC), pelo prazo de 5 anos, contados da abertura da sucessão (1.158, CPC/1.824, CC). Obs.7: O ente público, que assume o domínio dos bens da herança vacante, tem a obrigação de aplicar tal patrimônio em fundações voltadas para o ensino universitário, com a devida fiscalização do Ministério Público, conforme disciplina o art. 3º, do Decreto-Lei n 8.207/1945. Em Destaque: Resumidamente, temos a seguinte sequência de acontecimentos: JACÊNCIA Arrecadação Edital VACÂNCIA (Suc. Provisória*) Suc. Definitiva** (Processo de conservação dos bens e busca de sucessores) (Processo de transferência dos bens para o Poder Público) * A declaração judicial de vacância ocorre 01 ano depois da publicação do 1º Edital e, se não forem encontrados herdeiros, ocorre a transferência provisória dos bens da herança para o Poder Público. ** Ultrapassados 5 anos, contados da data da abertura da sucessão, o patrimônio será transmitido definitivamente para o Poder Público, se não forem encontrados herdeiros. 12. Petição de Herança (arts. 1.824 a 1.828, CC) 12.1 Definição: é a ação judicial que visa reconhecer o direito sucessório de herdeiro preterido no processo de inventário. Cabível tanto na sucessão legítima, quanto na testamentária (1.824, CC). 12.2 Objetivos: reconhecer a qualidade de herdeiro ao autor da ação e conferir a herança ao seu legítimo dono (herdeiro/autor). Obs.1: Exemplo do Manejo da Ação - Quando determinados filhos não são reconhecidos, no momento da abertura da sucessão, tendo estes que comprovar sua filiação por meio de ação própria, poderão, futuramente, impetrar a Ação de Petição de Herança, para receber a parte que lhes cabe na herança.

5/6 ATENÇÃO: Para obter seu direito de herança por meio da Ação de Petição, o Autor deve comprovar sua condição de herdeiro, informando, exatamente, quem está na posse indevida dos bens objeto da herança pleiteada (Réu). 12.3. Natureza Jurídica: ação judicial DECLARATÓRIA (vez que declara a condição de herdeiro); CONDENATÓRIA (determinação judicial para que o Réu proceda a devolução da herança ao legítimo dono, com seus rendimentos e acessórios); REIVINDICATÓRIA (visa a devolução dos bens da herança pertencentes ao autor); REAL (visto que a herança é considerada bem imóvel 80, II, CC); e UNIVERSAL (porque tem por objeto um patrimônio universal herança 91 e 1.791, CC). 12.4. Legitimidade: herdeiro (legítimo ou testamentário). Obs.2: Também terão legitimidade ativa o cessionário, os representantes do pré-morto (direito de representação) e o ente público, em caso de herança jacente sob a posse de herdeiro aparente. Obs.3: Sendo uma ação universal, poderá ser proposta por um, ou mais herdeiros, sendo que um único herdeiro pode pleitear a totalidade da herança (1.825, CC). Caso a ação seja proposta por apenas um dos herdeiros, sendo procedente a demanda, esse receberá a totalidade da herança, tendo em vista a indivisibilidade e universalidade que a reveste (DIAS, 2011). ATENÇÃO: Antes mesmo da propositura do inventário, ou da partilha da herança, o herdeiro preterido pode requerer a reserva de bens, como medida preventiva da conservação de seu direito hereditário, até que seja ultimada a ação de conhecimento destinada a comprovar sua qualidade de herdeiro (Ex.: Ação de Investigação de Paternidade). Essa medida cautelar cessa em 30 dias, se não for proposta a Ação de Petição de Herança (1.039, CPC). Obs.4: Durante a pendência de inventário, o herdeiro preterido pode pleitear seu direito hereditário diretamente nos autos, por petição simples (1.001, CPC). Se, porém, o inventário já tiver sido concluído, somente poderá atuar pela Ação de Petição de Herança, que em alguns casos é identificada na prática processual como ação possessória, ou anulatória de inventário. Esse erro de nomenclatura não impede a apreciação da demanda pelo judiciário, que tomará a ação como de petição de herança (DIAS, 2011, p. 594). Obs.5: Para Dias (2011, p. 595) é possível cumular a Ação de Investigação de Paternidade com a Ação de Petição de Herança. Obs.6: Sendo ação real imobiliária, exige-se a participação do cônjuge do autor e do réu (art. 10, CPC). 12.5 Competência: último domicílio do de cujus (art. 96, Par. Único, CPC). ATENÇÃO: Se o inventário já tiver sido concluído, vigora a regra de competência da territorialidade (art. 94, CPC). 12.6 Prescrição: a Ação de Petição de Herança é prescritível (Súmula 149, STF). Prazo: 10 anos (205, CC), a contar da abertura da sucessão. Obs.7: Entende a doutrina que, apesar da herança ser passível de usucapião, exceto se for declarada vacante, só começa a contagem do prazo para configuração desse tipo de aquisição, depois de transcorrido o prazo prescricional da Ação de Petição de Herança (DIAS, 2011, p.599).

6/6 12.7 Efeito da Procedência da Ação: rescisão da partilha (1.830, III, CPC), com promoção de uma nova partilha da herança. Retroage ex tunc à data da abertura da sucessão. 12.8 Possuidor Indevido: a pessoa que possui a herança pleiteada indevidamente (herdeiro aparente), deverá restituir os bens ao real herdeiro, nos termos das disposições dos artigos 1.214 ao 1.222 do CC, que tratam dos efeitos da posse, levando-se em consideração a boa-fé e má-fé de tais possuidores. Se de boa-fé tem direito a indenização pelas benfeitorias e frutos percebidos (art. 1.219, CC), devolvendo os frutos pendentes (art. 1.214, CC), bem como não responde pela perda ou deterioração dos bens, sem culpa (art. 1.217, CC). Se de má-fé deverá restituir todos os frutos, tendo direito apenas ao reembolso das despesas (art. 1.216, CC) e ao ressarcimento das benfeitorias necessárias (art. 1.220, CC). Obs.8: Ainda que o réu viesse mantendo a posse de boa-fé dos bens da herança pleiteada, presume a lei a má-fé a partir de sua citação, nos autos da Ação de Petição de Herança, vez que se torna conhecedor do conflito que envolve a herança (Par. único do art. 1.826, CC). 12.9 Herdeiro Aparente: é aquele que aparenta ser herdeiro mas, por uma situação de fato, se comprova que não possui tal condição. Tem a posse da herança como se fosse herdeiro, mas não é. (DIAS, 2011). Exemplo: indigno (que até o trânsito da sentença que declara a indignidade, possui a aparência de herdeiro). 12.10 Alienações Onerosas: ainda que feitas por herdeiro aparente, serão válidas, desde que o terceiro adquirente esteja de boa-fé (Parágrafo único, art. 1.827, CC). Obs.9: O autor da petição poderá reivindicar os bens da herança, ainda que estejam na posse de terceiros, respondendo o possuidor originário pelo valor dos bens alienados indevidamente (1.827, caput, CC). 12.11 Pagamento de Legado pelo Herdeiro Aparente: Se o herdeiro aparente, de boa-fé, pagar um legado, não ficará obrigado a ressarcir o valor equivalente ao sucessor, mas este pode acionar diretamente aquele que recebeu o legado (art. 1.828, CC). BIBLIOGRAFIA: CAHALI, Francisco José; HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Direito das Sucessões. 2. Ed. São Paulo: RT, 2007. DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Brasileiro: Direito das Sucessões. São Paulo: Saraiva, 2008; DIAS, Maria Berenice. Manual das Sucessões. São Paulo: RT, 2011; VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Direito das Sucessões. São Paulo: Atlas, 2004.