TEXTO 2: SISTEMA DE AVALIAÇÃO DA PÓS-GRADUAÇÃO BRASILEIRA (PNPG 2011-2020) 1



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Transcrição:

TEXTO 2 SISTEMA DE AVALIAÇÃO DA PÓS-GRADUAÇÃO BRASILEIRA (PNPG 2011-2020) Leny Sato (USP) Coordenadora Maycoln Leôni Martins Teodoro (UFMG) Maria Beatriz Martins Linhares (USP-RP) Cleci Maraschin (UFRGS) Henrique Figueiredo Carneiro (UNIFOR) Comissão de Políticas Científicas da ANPEPP Gestão 2010-2012 Este texto oferece, inicialmente, um resumo do quinto capítulo do Plano Nacional de Pós- Graduação (PNPG, Ministério da Educação [MEC/CAPES], 2010), que será um norteador do sistema de Pós-Graduação brasileiro de 2011 a 2020. Em seguida, resume uma proposta desenvolvida pela área da Psicologia da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), chamada de Tabela da Melhor Produção (TMP, Yamamoto, Tourinho, Bastos, & Menandro, no prelo), que pretende estabelecer limites quantitativos para a avaliação da produção bibliográfica do programa. A escolha destes dois manuscritos se deve ao fato de que ambos apontam as direções para a avaliação nos próximos anos, tanto na Psicologia quanto na Pós- Graduação brasileira. O texto se encerra com algumas questões para discussão. O documento completo do PNPG (2011-2020) contempla desde o histórico dos planos anteriores até o desenvolvimento e as expectativas da Pós-Graduação no Brasil. O quinto capítulo trata especificamente do sistema de avaliação da Pós-Graduação brasileira, caracterizado pela CAPES por meio de três eixos fundamentais: 1) É realizado pelos pares de diferentes áreas do conhecimento; 2) Possui uma natureza meritocrática que leva a uma classificação dos campos disciplinares; 3) Define políticas e estabelece critérios para o financiamento dos programas, associando, desta forma, reconhecimento e fomento, Durante os 40 anos que seguiram a implantação do sistema de Pós-Graduação, houve, por parte dos governos, uma ênfase na expansão do mesmo. Por outro lado, a CAPES era responsável tanto pelo financiamento quanto pela avaliação dos programas, que era feita por meio de indicadores acadêmicos (artigos, livros, orientações, etc.) e critérios quantitativos. Nos últimos anos, foram incluídos outros critérios de avaliação como a nucleação e a solidariedade, acrescentando uma perspectiva mais qualitativa. Finalmente, houve a introdução do Ranking Qualis para as publicações acadêmicas, que varia de acordo com as áreas do conhecimento e possui mais lastro nas ciências naturais e certas áreas tecnológicas, e menos lastro nas ciências humanas e sociais (MEC/CAPES, 2010, p. 126). Apesar dos avanços obtidos no aumento tanto do número de egressos dos programas quanto na publicação, o sistema de avaliação da Pós-Graduação não conseguiu acomodar as diferenças de áreas tão diversas, sendo que, conforme o PNPG (MEC/CAPES, 2010): 2020) 1

1) Historicamente houve a predominância de critérios das ciências exatas e naturais que migraram para as outras áreas como uma camisa de força; 2) Houve uma invasão do taylorismo intelectual (publish ou perish), com o predomínio dos critérios quantitativos; 3) As áreas profissionais e aplicadas são avaliadas de acordo com os critérios das áreas básicas e acadêmicas (artigos e livros são os parâmetros principais); 4) Curta periodicidade das avaliações, o que não permite um tempo adequado para esperar os efeitos das mudanças implementadas. Tendo em vista estes pontos, é necessário introduzir corretores de rota no plano decenal 2011-2020, sendo que os princípios que nortearão o sistema de avaliação da próxima década são: a diversidade e a busca pelo contínuo aperfeiçoamento, que deverão ser observados pelos Comitês e as instâncias superiores (MEC/CAPES, 2010, p. 127). O sistema de Pós-Graduação é formado por um conjunto de universidades chamadas humboldtianas que patrocinam a união indissolúvel do ensino e da pesquisa, com a Pós-Graduação à frente (MEC/CAPES, 2010, p. 128) e pelas não humboldtianas, que possuem menos vocação acadêmica e maior proximidade com o mercado e [...] setor produtivo (p. 128). A conseqüência desta diversidade é que será preciso criar mais de um sistema de avaliação e depurar diferentes critérios de teor acadêmico e não-acadêmico, ajustados para as diferentes situações e necessidades, como no mestrado profissional (p. 128). Outra sugestão contida no plano diz respeito ao período das avaliações, que poderão ocorrer em épocas e periodicidades diferentes. Para os cursos 6 e 7, recomenda-se um período de 5 ou mais anos sem o risco de rebaixamento. Recomendam-se avaliações menos alongadas e acompanhamentos amiudados para os outros cursos, com vistas ao seu monitoramento. Para todos eles, independentemente de sua classificação, deverão ser introduzidos crivos de qualidade, como no sistema inglês, onde os professores e pesquisadores escolhem suas quatro ou cinco melhores produções do período e as submetem ao escrutínio dos avaliadores. (MEC/CAPES, 2010, p. 128) Além das medidas protocolares que a CAPES poderá adotar para impedir o enquistamento do sistema e a ação dos lobbies das diferentes áreas, com seus particularismos, recomenda-se a contratação de consultores internacionais tanto para monitorar o sistema de avaliação da CAPES, tomando a agência como objeto ou alvo, quanto para acompanhar a avaliação dos cursos 6 e 7, assessorando o CTC e os Comitês. (MEC/CAPES, 2010, p. 129) Um ponto importante diz respeito ao tipo de profissional que queremos formar tendo em vista as necessidades diversas da sociedade. Todas as áreas deverão ser mobilizadas de tempos em tempos e pôr na agenda a discussão acerca do éthos do intelectual, pesquisador, técnico e cientista que as universidades têm a incumbência de formar. Mais de um caminho é possível (MEC/CAPES, 2010, p. 129). 2020) 2

Caberá então à comunidade e a todos nós decidir o que queremos, ao fim e ao cabo, pensando nas universidades humboldtianas e não-humboldianas: aprofundar a fratura do velho éthos da ciência e do intelectual [...] Resistir ao império taylorista [...] Voltar ao que era ou moldar algo diferente, e mesmo diferente dos dois? (MEC/CAPES, 2010, p. 130) De posse destas informações, são feitas as seguintes recomendações e diretrizes: 1. A avaliação dos cursos 6 e 7 será realizada em intervalo maior de tempo, ficando os demais submetidos à periodicidade trienal, com monitoramento mais frequente, visando aferir a aproximação ou distanciamento dos indicadores exigidos para a melhoria de conceito. 2. A CAPES deverá adotar, como um dos parâmetros de avaliação, a comparação com programas internacionais considerados de referência, sem qualquer cota previamente estabelecida para a classificação de programas nos níveis de excelência: este expediente se aplicará aos cursos 5, 6 e 7. 3. O desenvolvimento econômico e social do país deverá conduzir à formação, cada vez mais numerosa, de pós-graduados voltados para atividades extraacadêmicas. Isso envolve a incorporação, no processo de avaliação, de parâmetros que não sejam exclusivamente os das áreas básicas e acadêmicas. 4. A avaliação de programas poderá lançar mão de critérios que contemplem assimetrias, especialmente no caso de mestrados localizados em regiões em estado de desenvolvimento ainda incipiente. 5. A avaliação dos programas de mestrado deverá apontar se, de fato, o programa em questão é acadêmico ou profissional; isso porque a rapidez da evolução e a abundância de mudanças, dentro de todas as áreas do conhecimento, podem induzir a repensarem-se as finalidades dos programas. Tal ponderação conduz a concluir-se que os mestrados profissionais não devem ser considerados, nem concebidos, como formação aquém da dos mestrados acadêmicos e devem ser avaliados com a ajuda de parâmetros específicos dentro do sistema de bolsas. 6. A avaliação dos programas de natureza aplicada deverá incorporar parâmetros que incentivem a formação de parcerias com o setor extra-acadêmico, visando à geração de tecnologia e à formação, de fato, de profissionais voltados para o setor empresarial: esta diretriz leva à ponderação de outros itens para além de artigos e livros, bem como ao reconhecimento de teses e dissertações ajustadas às suas demandas e necessidades. (MEC/CAPES, 2010, p. 129-130) A Tabela da Melhor Produção Uma das recomendações contidas no PNGP (2011-2020) é a da introdução de um crivo de qualidade nas publicações que deverão ser avaliadas pela CAPES. Uma tentativa neste sentido tem 2020) 3

sido feita pela área de Psicologia e foi chamada de Tabela de Melhor Produção (TMP, Yamamoto et al., no prelo). A ideia consiste em estabelecer um teto de publicações avaliadas no Programa. O valor do teto é experimental e foi estabelecido em quatro itens (artigos, livros, capítulos, etc.) por docente/ano, avaliados de acordo com o respectivo Qualis. Importante ressaltar que este valor é experimental e se refere a um teto e não a uma meta a ser alcançada pelo programa. As análises iniciais feitas por Yamamoto et al. (no prelo) mostram que 21,90% dos programas conseguiram ultrapassar o teto estabelecido na avaliação de 2010. O resultado mais importante da análise foi uma redução da pontuação dos itens qualificados por docente/ano com e sem teto, demonstrando que a utilização da TMP poderá ser uma ferramenta para inibir o produtivismo. Algumas Questões 1) O PNPG abre possibilidades para avaliações diferenciadas, como no caso do mestrado profissional, e inclusão de novos itens, como a inserção social. No entanto, pouco ou nada é falado sobre a qualidade da formação docente dos nossos pesquisadores. Como isto pode ser avaliado para além do estágio docência? 2) A TMP é uma inovação promissora para limitar o produtivismo, mas sempre existirá o risco de que exista uma pressão para que cada docente contribua com quatro itens por ano no mínimo. Como evitar que o teto vire meta? 3) Algumas recomendações do PNPG sugerem adoção de um teto, introduzindo um caráter qualitativo dentro da avaliação quantitativa. No entanto, este crivo é baseado no Qualis, que é tratado como se fosse o padrão-ouro. Se, por um lado, a recomendação explicita é: não fatie sua publicação, publique menos e em periódicos mais bem avaliados, existirá sempre uma definição a priori do que é um bom periódico. Tendo em vista a quantidade limitada (pela CAPES) de periódicos nacionais classificados em A1 e A2, pode-se esperar uma sobrecarga destes periódicos. O que fazer? O que acontecerá com as revistas classificadas como B? 2020) 4

Referências Ministério da Educação, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. (2010). Plano Nacional de Pós-Graduação PNPG 2011-2020. Brasília: Autor. Yamamoto, O. H., Tourinho, E. Z., Bastos, A. V. B., & Menandro, P. R. M. (no prelo). Produção científica e produtivismo : há alguma luz no final do túnel? Revista Brasileira de Pós- Graduação. 2020) 5