A FEDERALIZAÇÃO DO CASO MOTEL. Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, direito do cidadão. A frase parece lugar comum já que

Documentos relacionados
A CONDENAÇÃO JUDICIAL DO GOVERNADOR DO MATO GROSSO DO SUL. Senhor Presidente, dos sulmatogrossenses quanto ao Porto Fluvial do Município

O PAPEL DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, SUA COMPETENCIA, ATRIBUIÇÕES, IMPORTÂNCIA E FINALIDADE

Primeiro Departamento de Polícia Civil - Belo Horizonte 3ª DELEGACIA DE POLÍCIA / REGIONAL CENTRO

DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR Silvana Dantas Aula 01 MPU 2017 DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR PROFª SILVANA DANTAS.

DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR

033/ (CNJ: ) Damaso Gerson Souza da Silva Junior. Juiz de Direito - Dr. José Antônio Prates Piccoli

MPF INVESTIGA A SAÚDE DE DOURADOS. Senhor Presidente,

CASO LUCAS TERRA - (Repassando)

REQUERIMENTO. (Do Sr. Geraldo Resende) Senhor Presidente:

Professor Wisley Aula 09

AVANÇOS NO COMBATE À LEISHMANIOSE EM CAMPO GRANDE, MS. Senhoras e senhores deputados,

DIRETORIA DE ADMINISTRAÇÃO DIRAD. TíTULO: EXTRAVIO OU DANO A BEM PÚBLICO VERIFICADO EM: 03/09/2010 POR: NELSON SOUZA ASSINATURA:

Senhoras senadoras, senhores senadores, representantes de entidades e demais convidados, bom dia!

Conteúdo: Procedimento na Lei de Drogas (Lei /06). Procedimento nos Crimes contra a Propriedade Material.

REINALDO AZAMBUJA: ESPERANÇA E PARCERIA

DIREITO PENAL. Lei da Interceptação Telefônica. Lei nº 9.296/1996. Prof.ª Maria Cristina.

TEMA 1 : Prisão Preventiva para evitar a dissipação do dinheiro desviado (arts. 16 do PL) CPP PL 4.850/16 SUBSTITUTIVO Art (...

AÇÃO PENAL. PROF. VILAÇA

COMENTÁRIOS DO 25 SUPER SIMULADO PARA A TROPA DE ELITE - AEP -

A FAMIGERADA LEI DO RATEIO. Senhor Presidente, aprovada pela Assembléia Legislativa que permitia ao. governo do meu Estado usar recursos da Secretaria

Regimento Interno Prof. Alexandre Magno

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

Testemunhas afirmam que médico cometeu estupro

Ministério Público. André Marinho

DEONTOLOGIA POLICIAL. Código Deontológico do Serviço Policial

TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE RONDÔNIA RESOLUÇÃO N. 27/2018 INSTRUÇÃO N CLASSE 19 PJE - PORTO VELHO - RONDÔNIA

A Confissão no Processo Penal.

REGRAS DE PROCEDIMENTO - TIMN

PROVA PRÁTICA P 4 SENTENÇA PENAL

CURSO DE GESTÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA E PRIVADA CADERNO DE QUESTÕES INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

Legislação Estatutária. Lei /1997 Organização Básica da Polícia Civil

DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR

PROJETO DE LEI N.º 692/XIII. Procede à 45.ª alteração ao Código Penal, reforçando a proteção jurídico-penal dos jornalistas no exercício de funções

Polícia prende suspeitos do assassinato de sindicalista em Castelo dos Sonhos

Rio de Janeiro, 12 de maio de A Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA divulgou no

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº DE 2017

REQUERIMENTO. (Do Sr. Geraldo Resende e outros) Senhor Presidente:

OBJETO DA NORMA E CONCEITOS E TIPOS PENAIS

DIREITO PROCESSUAL PENAL. Jurisdição e competência Competência criminal da Justiça Federal Parte 6 Prof. Thiago Almeida

Pós Penal e Processo Penal. Legale

CONTROLE DE CONTEÚDO DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL MATO GROSSO DO SUL

EDUCAÇÃO, UM DIREITO DE TODOS. Senhoras e senhores deputados,

Material de Apoio Quant. De questões Disciplina Prova 2004 Prova 2009 Prova 2012 Total geral Direito Constitucional Total geral

Do Conselho Nacional de Justiça e Dos Tribunais e Juízes dos Estados

SUBCOMISSÃO DE COMBATE AO CONTRABANDO DE CIGARROS RELATÓRIO

DIREITO PROCESSUAL PENAL

Professor Wisley Aula 18

Excelentíssimo Chefe de Polícia Civil, Dr. Fernando Veloso, em nome de quem cumprimento as demais autoridades que compõem esta mesa.

CURSO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL. Volume IV

Funções Essenciais à Justiça Arts. 127 a 135, CF/88

DIREITO PROCESSUAL PENAL

Professor Wisley Aula 05

Taxa de homicídios no Brasil aumenta mais de 10% de 2005 a 2015

Câmara Municipal de Mealhada

TRF SUMÁRIO. Língua Portuguesa. Ortografia oficial Acentuação gráfica Flexão nominal e verbal... 28/43

PROJETO DE LEI DE DE DE 2016.

PROCESSO PENAL MARATONA OAB XX

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR CORREGEDOR GERAL DO E. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO.

Pós Penal e Processo Penal. Legale

Lula: Impeachment é conduzido por quadrilha legislativa

Senhor Presidente, divulgou, na semana passada, relatório que aponta uma. grande deficiência na estrutura de trabalho da Polícia Federal

São Paulo, 03 de janeiro de 2017.

SISFRON: DOURADOS COMO SEDE DO MAIOR PROJETO ESTRATÉGICO DO EXÉRCITO BRASILEIRO. Senhor Presidente,

NOTA TÉCNICA ADPF n. 001/2015 Proposição Ementa Explicação da Ementa Autoria Relator Art. 1º

aluno-oficial Pm 002. Prova escrita ConCurso PúbliCo de Provas e TíTulos (Parte ii) aguarde a ordem do fiscal Para abrir este Caderno.

CONCEITO DE AUTORIDADE

sessão do dia 23/11/2011. OS 65 ANOS DO HOSPITAL EVANGÉLICO DE DOURADOS-MS Senhor Presidente, Dourados, as comemorações alusivas aos 65 anos de

Legislação Penal Especial Lei de Tortura Liana Ximenes

Cabo Noronha, suspeito da Chacina do Guamá, se entrega à polícia

PROVA ORAL/MALOTE 2 DIREITO CONSTITUCIONAL QUESTÃO 1

INICIO DA AÇÃO PENAL

OFÍCIO RECOMENDAÇÃO PR/RJ/APLO/Nº /2014 Rio de Janeiro, 26 de agosto de 2014

Legislação das Casas Legislativas

LFG MAPS. ORDEM SOCIAL 04 questões

Poder Judiciário da União Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

PROJETO DE LEI N.º, DE 2003 (Do Sr. Geraldo Resende)

Professora Marília Cardoso. Redação 1

PROJETO DE LEI Nº, DE 2016

LFG MAPS. INQUÉRITO POLICIAL 08 questões. qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.

TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. SINDICÂNCIA e PROCESSO DISCIPLINAR MAURINO BURINI ASSESSOR JURÍDICO E ADVOGADO

Prof. Dr. Vander Ferreira de Andrade

A IMPUNIDADE COMO PRESSUPOSTO DA INAPLICABILIDADE DA NORMA JURÍDICA RESULTANTE DE UMA ESTRUTURA DA POLÍCIA JUDICIÁRIA DEFICIENTE

TESE. Fernando A. N. Galvão da Rocha. Resumo. 1. Introdução. 70 Revista ENM. Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis-MG)

TJRJ Comissário da Infância, Juventude e do Idoso

RECOMENDAÇÃO 003/2011

PÓS GRADUAÇÃO PENAL E PROCESSO PENAL Legislação e Prática aula 1. Professor: Rodrigo J. Capobianco

Lei de Execução Penal Lei 7.210/84. Prof. Gladson Miranda

Direito Eleitoral Bruno Gaspar

NORMAS DE FUNCIONAMENTO ASSEMBLEIA MUNICIPAL JOVEM

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

MP não tem competência para autorizar PM a registrar flagrante

Mãe, Bacharel em Direito, Especialista em Direito Penal e Processo Penal, Advogada, Professora, Palestrante.

ILUSTRE PROCURADOR DE JUSTIÇA DR. XXX, MEMBRO DA EGRÉGIA PRIMEIRA TURMA DO CONSELHO SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO

INQUÉRITO POLICIAL EXERCÍCIOS LEGISLAÇÃO JURISPRUDÊNCIA

A Universidade de São Paulo durante o regime autoritário Comissão da Verdade USP FICHA INDIVIDUAL

Domingos de Torre Primeira PARTE

Temas de redação / Atualidades Prof. Rodolfo Gracioli

Direito Processual Penal Promotor de Justiça 4ª fase

MINISTÉRIO PÚBLICO e a Segurânça e Saúde no Trabalho ROBERTO LUIS FONSECA DE FREITAS

Transcrição:

Discurso proferido pelo Deputado GERALDO RESENDE (PPS/MS), em sessão no dia 27 / 06 /2006. A FEDERALIZAÇÃO DO CASO MOTEL Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, A segurança pública é dever do estado e direito do cidadão. A frase parece lugar comum já que apesar de ações criminosas diversas, organizadas ou eventuais, estamos acostumados a ver o Estado agir. Porque então dizer isso? Porque no Mato Grosso do Sul, essa lógica não vem sendo observada e o cidadão se sente desprotegido e ameaçado pela impunidade fomentada por interesses estranhos à coletividade. Em 21 de Junho de 2005, um duplo homicídio chocou o Mato Grosso do Sul: Murilo Alcalde e Eliane Ortiz,

dois jovens, foram brutalmente assassinados no que ficou conhecido como Caso Motel. O que é público sobre as circunstâncias dos fatos e a quantidade de vestígios na cena do crime, torna difícil entender as razões que tanto emperram esse caso que já se arrasta por inaceitáveis 12 meses. Foram instaurados um Inquérito Policial Militar, dois Inquéritos na Polícia Civil, sendo um na Delegacia Especializada de Homicídios e outro na própria Diretoria- Geral de Polícia Civil, além de uma Sindicância na Corregedoria da Polícia Militar do Mato Grosso do Sul, que chegaram até a indiciar dois acusados pelo crime, mas nem assim os encaminhamentos legais se sucederam, já que o Ministério Público Estadual entendeu que não havia provas ou indícios suficientes de autoria ou participação e acabou não denunciando qualquer dos acusados. A evidente inapetência em resolver o caso tem causado profunda indignação na sociedade, que se

exterioriza em inúmeras manifestações, tendo uma delas mobilizado no último domingo, mais de três mil pessoas ao centro de Campo Grande, pedindo uma solução que parece passar pela federalização da investigação como entendem mais de 15 mil pessoas que assinaram o manifesto que pede a assunção da Polícia Federal às investigações. É certo que existem pressupostos legais para que isso aconteça, e justamente neste ponto vemos estar presente uma das principais condicionantes à atuação da Polícia Federal, qual seja, a inequívoca falta de interesse do Governo do Estado do Mato Grosso do Sul, em resolver um caso de duplo homicídio que estarreceu a sociedade sulmato-grossense, que por isso clama por justiça. Uma importante iniciativa nesse rumo foi tomada pelo Juiz Federal Odilon de Oliveira que provocou, na condição de cidadão a Superintendência da Polícia Federal, o Ministério Público do Estado e o Ministério Público Federal, em prol da federalização do caso. Em declaração à

imprensa, Odilon de Oliveira afirmou que, se os órgãos do Estado já demonstraram não ter capacidade ou disposição para elucidação do crime, cabe à União Federal preencher essa omissão". O que mais nos intriga nessa história toda, é que a Polícia Militar do Mato Grosso do Sul é uma corporação de atuação exemplar e ilibada e a Polícia Civil disso não difere. Acreditamos que a atuação desses dois organismos estatais esteja sendo obstaculizada por interesses absolutamente estranhos à Segurança Pública sul-mato-grossense. Aliás, essa é a impressão da família de Murilo Alcalde que junto com amigos do jovem estudante, mobiliza a sociedade sul-mato-grossense em reuniões, atos religiosos e manifestações públicas, que somente parecem não sensibilizar as autoridades do executivo. Muito além da solidariedade que neste ato penhoramos às famílias Alcalde e Ortiz, queremos aqui

propugnar pelo cumprimento da obrigação básica e exclusiva do Estado que é a de prestar Segurança Pública efetiva e isenta. Se para tanto é preciso que o Governo Federal tome uma atitude incisiva, que seja, o que não podemos admitir é que os sul-mato-grossenses sejam expostos a uma condução política que ofende o Estado Democrático de Direito, nos remetendo aos piores anos da ditadura militar e às manipulações de casos como Herzog e Rio-Centro. Neste ato, apresentamos à Mesa desta Casa, indicação ao Ministério da Justiça pertinente ao teor desta nossa fala. Gratos pela atenção. GERALDO RESENDE Deputado Federal - PPS/MS