Vivente: Ana Paula Rossi. Portfólio VER-SUS 2016.1 Erechim RS Organização: Universidade de Passo Fundo -UPF Curso: Psicologia Dia 22 de janeiro de 2016 Neste dia iniciaram as atividades do Ver-sus. Durante a manhã os participantes foram recepcionados, acomodados e informados sobre as brigadas e cronograma das vivências. Na parte da tarde ocorreu uma palestra com o professor Marcos Morreto, coordenador da 11ª CRS, que comentou brevemente sobre histórico do SUS, seus princípios e legislação, além de como a sociedade não têm conhecimento sobre o SUS e nem de todos os direitos que estas possuem. Após foi realizado uma discussão com Rafaella Codeim, da UFSM, a respeito de alguns dos movimentos sociais. Para concluir, à noite, foi realizada uma dinâmica Eu sou o outro, com construção do mandala, em duplas conversamos sobre a vida e a importância do objeto que seria colocado no mandala, após cada um apresentou o outro da dupla. Dia 23 de janeiro de 2016 Neste dia durante a manhã visitamos o Instituto Lar dos Velhinhos, fomos muito bem recepcionados pelos funcionários e pelos residentes. Nesta visita conhecemos o histórico, as atividades do dia a dia dos profissionais que trabalham pelo bem estar dos idosos, a estrutura da Instituição, como quartos, lavanderia, cozinha... a maioria dos idosos aparentavam gostar de estar ali. Essa visita desmistificou a ideia de que os idosos são deixados, abandonados nos asilos, pois muitos relataram estarem lá por vontade própria e que os familiares sempre vão visita-los. Durante a tarde fizemos uma roda de conversa com a psicóloga Mônica, com o tema A saúde do idoso, onde foram abordados diversos assuntos que englobam o processo de envelhecimento, como as limitações causadas pela velhice, a equipe multidisciplinar, os cuidadores, família entre outros. Também foi realizado uma
vivência, onde os viventes reproduziram as limitações que vem acompanhadas com a idade. Durante a noite, debatemos sobre as observações, impressões e o que foi aprendido durante o dia e realizamos uma dinâmica, onde tínhamos que colocar os pontos positivos e negativos que popularmente conhecíamos. Dia 24 de janeiro de 2016 Neste dia, tivemos a manhã livre e à tarde foi iniciada com a leitura do Caso Filomena onde levanta a questão de humanização e dos cuidados em saúde, questionando-nos sobre o que é cuidado e onde começa esse cuidado? Além de tratar da Humanização, tratou também do Acolhimento que é oferecido pelas UBS, valorização dos profissionais, qualidade de gestão, controle social, Política Nacional de Humanização e a medicalização do sentimento. Ressaltando-se a importância desse olhar humanizado para as pessoas, que em muitos casos, como no de Filomena, buscase enxergar o físico somente e não o que o sujeito sente, o que está acontecendo na sua vida, suas preocupações, busca-se somente aliviar a dor com o remédio e não dar um momento de atenção e de escuta. Em seguida, encontramos viventes, facilitadores e apoiadores do Projeto VER- SUS de cidades do Rio Grande do Sul, que relataram sobre suas vivências e percepções do antes e do depois da vivência. Foi-nos apresentado também o histórico do VER-SUS, onde este foi idealizado por jovens acadêmicos de medicina que participaram do projeto EIV (Estágio Interdisciplinar de Vivência) que ocorre dentro da realidade de um Assentamento do MST, onde o jovem passa 30 dias em imersão. Na questão do sistema de saúde, os versusianos observaram que a deficiência está na gestão, quando os gestores deixam de prestar um serviço a saúde e visam apenas o lucro próprio, além da falta de interdisciplinaridade e a falta de capacitação dos profissionais para atuar no sistema público. E à noite assistimos o filme História da saúde pública no Brasil, onde retrata da história do sistema desde 1900, fazendo uma abordagem crítica e política sobre a fundação de todos os programas de assistência à saúde no Brasil até a criação do SUS, pela participação popular, tendo destaque o Coletivo da Saúde.
Dia 25 de janeiro de 2016 Neste dia o grupo foi dividido em duas equipes, onde a minha realizou a primeira visita na UBS Aldo Arioli. Fomos recepcionados pela enfermeira, na qual descreveu as atividades efetuadas e nos apresentou a equipe de agentes comunitárias com que tivemos uma breve conversa, deixando a entender nesse pequeno tempo uma grande diferença de poder e indiferença entre a enfermeira e as agentes, bem como reclamações. Conversamos também com uma médica Venezuelana do Programa Mais Médicos, que nos relatou a diferença entre o Brasil e a Venezuela nos sistemas de saúde, o alto índice de HIV no Brasil e o alto consumo de medicamento ansiolíticos e omeprazol, relatou com certa indignação já que as pessoas tem resistência e não aceitam que o medicamento deve ser consumido somente quando necessário e que o omeprazol não poder ser consumido mais do que 3 meses. Essa cultura e pensamento da médica Venezuelana, mesmo estando coerente gera reclamações e descontentamentos por parte da população local. Após a UBS, visitamos a APAE de Erechim, o fisioterapeuta atenciosamente nos apresentou o funcionamento da entidade e o quadro de funcionários. A estrutura do local, comprometimento e o entusiasmo pela equipe em desenvolver um bom trabalho foi bem marcante. Um dos diferenciais que a APAE oferece é o tratamento com Equoterapia, um ótimo espaço e bom acolhimento. A equipe trabalha interdisciplinarmente, compartilhando cada área de saber entre elas para um melhor entendimento do caso, percebendo um bom relacionamento entre a equipe. Pela parte da tarde visitamos o CAPS AD, fomos recepcionados pela diretora de saúde mental do município, a equipe pareceu funcionar de forma coesa e harmoniosa. As terapeutas ressaltaram a importância de ver o indivíduo como um ser único e que necessita de um plano de tratamento singular, o intuito do plano terapêutico não é de mantê-los no CAPS, mas sim inseri-los novamente no meio social desenvolvendo sua autonomia como sujeito na sociedade. Após visitamos o CAPS II, a coordenadora apresentou o espaço físico e esclareceu dúvidas quanto ao funcionamento, rotina diária e os dados da instituição. Mesmo o espaço ser muito bom e amplo, o ambiente não pareceu ser muito acolhedor. À noite, tivemos a visita do Senhor Cassildo membro atuante do controle social da cidade de Erechim, militante do SUS, ele apresentou questões sobre o controle
social, medicalização na saúde e do uso de álcool e drogas. Como peça essencial da promoção da saúde na comunidade, Seu Cassildo nos relatou seu envolvimento com o SUS e sobre seu grupo autoajuda, enfatizou a articulação de todos os órgãos públicos desde os profissionais até os usuários, para melhor gestão do sistema. Em sequência houve um grupo de discussão sobre saúde mental, no qual compareceram um médico psiquiatra e residentes, foram debatidos temas como a reforma manicomial, medicalização, saúde do trabalhador, funcionamento dos CAPS, assim foram construídas novas percepções sobre as temáticas abordadas. Dia 26 de janeiro de 2016 O dia iniciou com a visita na UBS Presidente Vargas, fomos recepcionados pela enfermeira coordenadora da unidade, explicou sobre o funcionamento, estrutura e da equipe. Relatou a dificuldade em manter os grupos, devido ao interesse que as pessoas têm com coisas materiais, exemplificou com o grupo de gestantes, onde elas participam até completarem as cinco reuniões exigidas para ganharem o enxoval de bebê. O segundo local a ser visitado pela parte da manhã foi a Reciclagem, composta por 12 mulheres, a maioria com ensino fundamental incompleto. Foi notada a grande vulnerabilidade dessas mulheres em relação a doenças, em razão de grande contato com lixo, inclusive hospitalar (segundo relatado) e a falta de informações quanto a direitos humanos. O terceiro local foi o CRAS Presidente Vargas, onde foi nos relatado que fazem reuniões de grupo e oficinas de criação de vínculo. Existe também atendimento domiciliar para pessoas com deficiência. O público mais frequente do CRAS são os idosos, em decorrência do abandono ou uso indevido do benefício por parte de familiar. Existe também atendimento de crianças, adolescentes e deficientes por meio do conselho tutelar; convênio com o Lar dos Velhinhos através da prefeitura. Foi relatado dificuldade devido a equipe reduzida e os objetivos são a prevenção e o cadastro de políticas públicas (Bolsa Família e ProJovem). À tarde, foi realizada visita à Vigilância em Saúde, conhecemos um pouco do que é o serviço, que é dividido em: sanitária (inspeciona mais de 2000 estabelecimentos, com apenas seis fiscais sanitários), do trabalho, epidemiológica (DST s, AIDS e tuberculose) e ambiental (rede de água e poços artesianos). Foi ressaltado
principalmente o trabalho a respeito do mosquito Aedes Aegypti. Sobre a dengue, dados foram passados, entre eles o número de focos, 337 em 2015, os quais são combatidos pelos agentes, cuja função é fiscalizar cerca de 50 mil imóveis, porém a obrigação de manter o imóvel é do proprietário. Após visitamos o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), foi conhecido o sistema de organização, a estrutura física e os profissionais que compõem a equipe. O serviço possuí duas ambulâncias, uma delas é a cidadã, em casos específicos, o hospital dá apoio, liberando um de seus carros. Referiram que o município comporta a ambulância avançada, mas que está dando problema na prefeitura. Em seguida, foi visitado o serviço CREAS (Centro de Referência Especializada de Assistência Social), que faz parte do SUAS (Sistema Único de Assistência Social). Conhecemos a estrutura física, e foi nos explicado como é o funcionamento do local, quais os serviços solicitados, bem como possui uma alta demanda. Durante à noite, o grupo discutiu a respeito da atenção básica, com a presença de membros da 11ª Coordenadoria Regional de Saúde. Expusemos nossas visões sobre as instituições, os pontos positivos e negativos e ampliamos a discussão a qual abarcou a educação permanente dos agentes comunitários, o papel da vigilância do trabalho, as formas de intervenção e como podemos levar informação aos usuários através do controle social. Dia 27 de janeiro de 2016 A primeira visita foi na UBS no bairro Progresso, esse é o maior bairro da cidade. Fomos recepcionados por uma das enfermeiras responsáveis pela unidade. E logo de início o grupo se dividiu em duplas e acompanharam as agentes comunitárias de saúde em visitas domiciliares para conhecer melhor a realização e rotina de seu trabalho. Minha percepção foi de uma realidade totalmente diferente, com pessoas pouco instruídas, onde não levam a sério o uso correto de medicamentos, colocando em risco a própria vida. Retornando a UBS, conversamos com uma das enfermeiras da unidade sobre o seu funcionamento, sendo que a unidade é subdividida em 3 equipes de ESF, para comportar toda a população sendo também ser a maior unidade básica de saúde do município.
Após a visita a UBS, fomos ao CRAS do bairro Progresso, que é localizado próximo a UBS. Nos relataram que estavam se recuperando do susto e medo referentes aos frequentes assaltos ocorridos no local, por se localizar em um bairro de vulnerabilidade social. O grupo percebeu a necessidade de uma escuta psicologia para estas profissionais. Também foi conversado sobre o funcionamento da instituição, o PBF e demais políticas públicas. Apesar das fragilidades, elas nos relataram emocionadas suas vitórias com alguns dos usuários do SUAS atendidos pelo CRAS, através da inserção em cursos profissionalizantes e geração de renda. Na parte da tarde visitamos o Centro de Especializações Odontológicas (CEO), que faz parte do programa Brasil Sorridente, e atende casos de média e alta complexidade por ser parte da atenção secundária. O atendimento no CEO é feito através do serviço de referência e contra referência, não sendo admitidos os casos sem o devido procedimento primário na atenção básica. Conhecemos a parte física do local o qual apresenta uma excelente estrutura. Após visitamos a agroindústria cantina Trentin, onde nos apresentaram a estrutura do local, sendo que a maior parte foi construída através da reciclagem de matérias de construções abandonadas da região. O local também traz a cultura italiana, e tem a produção de biscoitos tradicionais. No período da noite, realizamos o debate sobre pessoas com deficiência com um professor convidado, no qual ele realizou uma dinâmica de vivência relacionada ao tema e também sobre a inclusão social. No decorrer da conversa, percebeu-se que os cursos de graduação não possuem uma formação adequada para atender pessoas com deficiência, também foram debatidos temáticas relacionadas à acessibilidade e a falta dela, além da dificuldade da sociedade em incluir essas pessoas em atividades do dia a dia. Dia 28 de janeiro de 2016 A primeira visita da manhã foi na UBS Atlântico, possui duas ESF. Foi repassado que as consultas são por agendamento semanal com hora marcada; não há conselho de saúde, somente comunicação com os presidentes de bairro. Nessa UBS encontramos a mesma dificuldade por parte das Agentes Comunitárias de Saúde em relação ao uso do sistema e-sus, por haver muita proximidade a seus adscritos. Por
outro lado, agora foi relatado que a partir do novo concurso há a possibilidade de escolher a micro área na qual se deseja trabalhar. As reuniões de equipe são mensais e da ESF são semanais. Logo visitamos o CRAS Linho, foi relatado que o CRAS é responsável pela proteção, promoção e prevenção, ou seja, baixa complexidade. As dificuldades encontradas ali foram, segundo a psicóloga, econômicas e a respeito de desconstruir o assistencialismo, pois ainda há muito comodismo em relação ao uso da cesta básica (trabalho realizado pela assistente social). Dessa maneira, o CRAS é um serviço de convivência, fortalecimento de vínculo e realização de oficinas para gerar renda, o horto-medicinal. Também foi relatado uma dificuldade de aderência dos usuários aos grupos. À tarde, foi visitado o CEREST (Centros de Referência em Saúde do Trabalhador) Alto Uruguai que compreende média e alta complexidade. O Serviço existe há pouco tempo e é regido pelo RENAST (2002), que é de prevenir acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, ou seja, prevenir e vigiar. Elas mostraram um convênio estabelecido com os municípios da região, que devem repassar notificações de agravos e acidentes para poder realizar diversos tipos de exames. Essas notificações como o RINA e o FIS devem acontecer tanto no público quanto privado. Após, foi visitada a 11ª Coordenadoria Regional de Saúde, na qual fomos recepcionados pela pedagoga responsável pela educação permanente deste serviço. Esta nos apresentou os setores que compõem a CRS e os profissionais. Foi notado que há uma grande quantidade de profissionais da área da saúde, da qual estavam presentes: fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia, farmácia, medicina veterinária, etc. A última visita do dia foi realizada no Hospital Santa Terezinha, que é 95% SUS e recebe demanda de 81 municípios (entre atendimentos de traumato-ortopedia, oncologia e cirurgia vascular). São 195 médicos, 6 residentes, 225 técnicos de enfermagem, 52 enfermeiras e 220 leitos. Possui serviço de UTI Neonatal e Adulto; realiza serviço de hemodiálise; possui atendimento psicológico, de assistente social, nutricionista, fonoaudiologia, fisioterapia e ginástica laboral. O Hospital também realiza serviço de transplante de órgãos (rins e fígado).
Dia 29 de janeiro de 2016 Durante a manhã visitamos a Obra Santa Marta. A instituição oferece atendimento socioeducativo a crianças, adolescente e mães em situação de vulnerabilidade. Fomos recepcionadas pelo grupo de mães, pela coordenadora e assistente social, abordamos assuntos como as oficinas oferecidas, o índice de violência no bairro e foram relatas as histórias de vida de algumas das mães. Conhecemos o espaço físico que foi alvo de frequentes assaltos, entretanto, as instalações são amplas e estruturadas na maneira do possível, a maiorias dos materiais provem de doações. A comunidade respeita a instituição e reconhece a sua importância. Ainda pela manhã, visitamos o Centro de Esporte e Arte Unificado (CEU) localizado no bairro Progresso na cidade de Erechim. A equipe de profissional é composta por 5 funcionários, sendo que no projeto do CEU o idealizado seria 23 profissionais, a estrutura física sofreu assaltos e a sala de teatro foi danificada pelas frequentes alagamentos, o piso de madeira estava com sérios danos. Os profissionais demonstraram comprometimento e dedicação às funções voltadas para atender comunidade. E apresentaram relação cumplicidade com a comunidade e vontade de transformar a realidade da estrutura daquela instituição e a realidade social desta comunidade para melhor. Após conhecer as instalações, os viventes jogaram uma partida de futebol com os adolescentes que estavam no local. Durante a tarde, recebemos o coordenador da Defesa Civil de Erechim que explanou brevemente sobre as funções do serviço, que circundam principalmente em dois eixos, os quais são: minimização dos desastres: prevenção, mitigação e preparação; caso esse processo não seja efetivo, é efetuado o atendimento aos desastres: resposta, recuperação e reconstrução. Os recursos são disponibilizados pelo governo federal; o governo estadual é responsável pela parte burocrática e o governo municipal efetua o serviço. O trabalho é focado na análise preliminar de riscos em ambientes sujeitos a desastres naturais com auxilio de radares meteorológicos, prevendo possíveis tempestades e afins. Após, visitamos o corpo de bombeiros, onde conhecemos o seu trabalho e relato de casos atendidos. Conhecemos a unidade e a forma de trabalho, além dos equipamentos utilizados nas ocorrências.
No período da noite, foi realizada uma roda de conversa sobre a assistência social, políticas públicas do SUAS, e os desafios em trabalhar com a população indígena, onde houveram convergências e divergências de opinião. Dia 30 de janeiro de 2016 A manhã foi destinada a preparação da devolutiva para os responsáveis dos lugares visitados. E de tarde então foi realizada a devolutiva, onde comentamos nossas percepções sobre cada lugar, poucos gestores compareceram. Na parte da noite realizamos uma atividade com camiseta e a despedida Dia 31 de janeiro de 2016 Neste dia todos retornaram para suas casas.