Confiança, Qualidade ou Valor Percebido: O que Influencia a Satisfação na Compra de um Imóvel? Autoria: Alda Rosana Duarte de Almeida, Delane Botelho



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Transcrição:

1 Confiança, Qualidade ou Valor Percebido: O que Influencia a Satisfação na Compra de um Imóvel? Autoria: Alda Rosana Duarte de Almeida, Delane Botelho Resumo: Este artigo examina a confiança, tanto no vendedor como na empresa, a qualidade e o valor percebidos do produto pelos clientes como antecedentes da satisfação em compras de valor, tal como a compra de um imóvel residencial na planta. Para se atingir o objetivo foi desenvolvido e testado um modelo teórico, através de um estudo empírico no mercado imobiliário. Os resultados indicam que satisfação com o corretor de imóvel influencia a confiança no mesmo, mas experiências anteriores e características dos corretores em geral não têm impacto sobre ela. Detectou-se ainda que o valor percebido do produto e a confiança no corretor e na construtora têm influência sobre a satisfação com a compra, mas não sobre a qualidade percebida do produto. Este estudo dá subsídios a futuras pesquisas sobre confiança, valor percebido do produto e satisfação em compras de valor. São discutidas as implicações dos resultados da pesquisa para a gestão de marketing, mais especificamente no marketing imobiliário, bem como as sugestões para futuras pesquisas. 1. INTRODUÇÃO Nas duas últimas décadas muitas mudanças aconteceram nas organizações, nas leis e nas informações no Brasil, a partir da globalização ou da mundialização do capital. Este novo período de desenvolvimento do capitalismo mundial fez com que as pessoas mudassem seu modo de pensar, analisar e perceber os produtos e, principalmente, o atendimento dispensado pelos prestadores de serviços. Os estudos de marketing em diferentes países acompanharam esta tendência de mudanças, e diversas variáveis, antes desprezadas, têm sido exaustivamente estudadas. Os construtos mais pesquisados em relacionamentos com clientes têm sido a confiança, satisfação, lealdade e qualidade percebidas. Estudos no exterior (DONEY e CANNON, 1997; OLIVER, 1999, SIRDESHMUKH et al., 2002) e no Brasil (SANTOS, 2001; BREI e ROSSI, 2002) têm comprovado esta tendência. Diversos autores em marketing têm se dedicado a avaliar as relações entre a confiança e a satisfação, tanto nas empresas e vendedores, quanto nos produtos, com o objetivo de manter e prospectar clientes. Conquistar a confiança do cliente passou a ser tão ou mais importante do que obter a satisfação com o produto ou com a compra. Daí surgiu a presente pesquisa, baseada na proposição e teste de um modelo conceitual com foco não na freqüência do consumo, mas na primeira (ou primeiras) compras, pois se trata de compras de imóvel residencial na planta ou em construção. Assim, este artigo examina a confiança, tanto no vendedor como na empresa, o valor e a qualidade percebidos do produto pelos clientes como antecedentes da satisfação em compras de valor. A experiência e o interesse dos autores em realizar um estudo que tivesse significância para o mercado motivaram a execução deste trabalho. Outros fatores importantes que também estimularam o estudo foi a ausência de pesquisas relacionando estas variáveis no marketing imobiliário, a carência de estudos sobre confiança e satisfação em compras de valor, e a necessidade de se examinar a importância do produto e dos vendedores no mercado imobiliário. Em pesquisas nos quatro últimos anos nos principais periódicos acadêmicos e congressos internacionais e nacionais, como Journal of Marketing, Academy of Marketing Science, Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (EnANPAD) e Encontro de Marketing da ANPAD (EMA), nenhum trabalho nesta área foi encontrado. Conseqüentemente, o panorama apresentado estimula a analisar e estudar os

2 relacionamentos, atitudes, percepções e constatações de clientes na compra de um imóvel residencial na planta. Neste contexto, busca-se investigar o seguinte problema: a confiança, o valor e a qualidade percebidos pelos clientes são fatores antecedentes da satisfação com uma compra de valor, como a compra do imóvel residencial na planta? Os resultados desta pesquisa podem oferecer subsídios: (1) aos tomadores de decisões de empresas construtoras, incorporadoras, imobiliárias, ou mesmo empresas que vendem produtos de valor; (2) às pesquisas de aprimoramento dos métodos apresentados. O artigo está assim estruturado: esta introdução apresentou as justificativas da pesquisa e seus objetivos. A segunda seção contém a fundamentação teórica do modelo desenvolvido no artigo. A terceira seção apresenta o método da pesquisa, abrangendo a operacionalização das variáveis, os procedimentos de coleta e análise dos dados. A quarta seção mostra os resultados e sua análise. O artigo é finalizado com as principais conclusões da pesquisa, incluindo as implicações gerenciais e para a pesquisa de marketing, e as sugestões para pesquisa futura. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A compra de valor é caracterizada por alto planejamento da compra, envolvimento das pessoas interessadas, principalmente na decisão de compra, emprego de maior tempo na pesquisa do produto, preço e marcas que se deseja adquirir (DIAS, 2003, p.82). Além disso, na compra de uma residência, além do preço a ser pago pelo imóvel, há outros fatores (como comprometimento da renda, tipo de financiamento, tipo de construção, economias que serão necessárias para aquisição do produto, localização do imóvel e qualidade da construção) que associam um custo psicológico à compra, gerando uma percepção de risco muito maior do que aquele associado ao valor do produto. Este estudo se limita à análise no campo de venda de imóveis na planta, ou seja, do produto ainda intangível, não abordando a venda de imóveis prontos. Em conseqüência do foco do estudo, a literatura de marketing de serviço se mostrou importante para este trabalho, pois um serviço é essencialmente intangível. A tangibilização do produto imóvel na planta ou em construção pode ocorrer muito tempo depois de efetivada a compra. A tangibilidade do produto pode melhorar a confiança do cliente potencial na sua avaliação, reduzindo assim a influência das comunicações boca-a-boca, que dificultam a avaliação do consumidor, como é o caso da compra de imóveis na planta (BERRY e PARASURAMAN, 1995, p.128, p.18). A seguir são apresentadas as definições teóricas e as hipóteses desta pesquisa. 2.1 Confiança A confiança tem sido estudada por muitos autores como um construto importante em diferentes tipos de relacionamentos com clientes, gerando um grande número de definições (SANTOS, 2001; DONEY e CANNON, 1997; BIGNE e BLESA, 2003; SANTOS e FERNANDES, 2004). Assim, para Santos (2001), a confiança é definida como um estado psicológico compreendendo a intenção para aceitar vulnerabilidade baseada em positivas expectativas sobre as intenções e comportamentos do outro. Esta autora conclui que a confiança impacta diretamente na lealdade e é fundamental para o desenvolvimento de fortes e longos relacionamentos entre consumidores e organizações. Para Santos e Rossi (2002), a confiança do consumidor, no contexto de serviços, é um construto bi-facetado confiança nos funcionários e confiança nas práticas gerenciais. Em contraponto, o presente estudo está focando apenas a confiança na pessoa que tem contato com o cliente na venda do imóvel, ou seja, no corretor de imóveis, não analisando a influência das práticas gerenciais das empresas envolvidas na venda. Santos e Rossi (2002) também entendem que, em um relacionamento contínuo, a confiança é associada com qualidades como consistência, competência, honestidade, integridade, responsabilidade e benevolência, e tem papel central na promoção da cooperação entre as partes. Já para Garbarino e Johnson

3 (1999), o benefício psicológico da confiança é mais importante do que o tratamento especial dispensado ou os benefícios sociais no relacionamento de consumidores com empresas de serviços. Em compras de valor, o tempo do envolvimento do cliente na compra do produto ou serviço pode proporcionar a construção de um relacionamento pré-compra (DIAS, 2003, p. 82). No presente estudo, a confiança é medida tanto no corretor de imóveis quanto na construtora, como antecedentes da satisfação com a compra do imóvel. As duas definições de confiança são apresentadas a seguir. 2.1.1 Confiança no Corretor Quando o cliente potencial vai até o stand de vendas da construtora, ele(a) já reconheceu a necessidade e está no estágio seguinte do processo de compra. Neste momento, o corretor passa a ter um papel importante de prestar informações sobre as características da obra, tais como: localização, planta, qualidade, opções de lazer, preço, prazo de entrega e condições de financiamento (MUTRAN, 2003). Segundo o mesmo autor, 50% das pessoas não decidem a compra do apartamento durante a visita ao stand, mesmo tendo todas as informações necessárias. Com isso, o relacionamento entre o corretor e o cliente pode se intensificar com passar do tempo. Crosby et al. (1990) expõem que a confiança no vendedor é uma dimensão da qualidade do relacionamento e entendem que a confiança é a crença na honestidade e integridade que o cliente tem no vendedor. Além disso, Doney e Cannon (1997) definem confiança como a percepção da credibilidade e benevolência do cliente no vendedor e reportam que esta confiança não está relacionada com a escolha da compra. Similarmente, Suh e Han (2003) entendem que a confiança tem três características: (1) competência, que significa que o cliente acredita que o vendedor tem a habilidade para fazer o que precisa ser feito; (2) benevolência, que é a amplitude do que o vendedor quer fazer de melhor pelo cliente; e (3) integridade, que significa que se acredita que o vendedor fala a verdade, age eticamente e cumpre as promessas. As definições sobre confiança dos autores em geral demonstram que ela está ligada à condição de qualidade, ao invés de aspectos econômicos. Isto não invalida, porém, que a falta de confiança poderá inviabilizar a realização da negociação. Assim, neste artigo, a confiança no corretor é entendida como o benefício psicológico construído a partir da integridade, credibilidade, benevolência, dignidade e sinceridade percebidas pelo cliente (DONEY e CANNON, 1997; SUH e HAN, 2003; GARBARINO e JOHNSON, 1999). 2.1.2 Confiança na Construtora Uma marca de confiança no mercado, principalmente quando a compra gera angústia nos compradores, reflete a imagem do produto ou da empresa. A imagem da marca, ou da empresa, é o conjunto de percepções e associações que o consumidor desenvolve com relação a um produto (DIAS, 2003, p.104). Esta imagem evidencia a credibilidade da empresa, ou do produto, no mercado. Morgan e Hunt (1994) compreendem que a confiança existe quando uma parte, no caso o cliente, tem confiança na fidedignidade e integridade do parceiro envolvido na negociação, no caso, a empresa. Similarmente, Andaleeb (1996) define confiança na empresa como a disposição de uma parte em confiar no comportamento da outra que está envolvida na negociação, especialmente quando este comportamento tem implicações nos resultados da parte que concedeu a confiança. A concessão da confiança pelo cliente é precedida pela crença nas ações da empresa em conduzir as negociações para resultados favoráveis a ambos. No Brasil, especificamente, a confiança em construtoras é afetada por casos de falências, como da empresa ENCOL S/A, que chegou a ser a maior empresa do setor de

4 construção civil no Brasil na década de 1980. Depois deste caso específico, os consumidores estão mais conscientes e atentos ao desempenho das construtoras (HAMILTON QUIRINO, 2004 apud NEDER, 2004). Assim, neste artigo, a confiança na construtora é definida como a percepção de integridade, honestidade e credibilidade na imagem da construtora pelo cliente. 2.2 Satisfação Segundo Chauvel (2000), a satisfação é um estado psicológico resultante de um processo avaliativo que compara uma referência interna pré-existente aos efeitos reais da compra. Para a autora, qualquer comportamento humano é uma ação simbólica que se situa no contexto de determinada relação. Não obstante, Crosby e Stephens (1987) conceituam a satisfação do consumidor como tendo três faces: satisfação com o contato pessoal, com a prestação dos serviços e com a empresa. Aqui a satisfação é medida tanto como precedente da confiança percebida pelo cliente em relação ao corretor de imóveis, quanto como conseqüente de outras variáveis que influenciam na satisfação com a compra do imóvel. Tais definições específicas são apresentadas abaixo: 2.2.1 Satisfação com o corretor A satisfação com o corretor de imóveis é, neste artigo, um construto precedente da confiança no vendedor e, conseqüentemente, influencia nos relacionamentos, como nos estudos de Santos (2001), Santos e Fernandes (2004) e Ganesan (1994). A satisfação do cliente com o vendedor reflete um estado emocional que ocorre em resposta à avaliação desta interação de experiências (Westbrook e Oliver, 1991). Ademais, Ganesan (1994) desenvolveu um estudo em que analisa a satisfação como antecedente da confiança. O autor entende que a satisfação do varejista com os resultados anteriores será crescente se perceber no fornecedor benevolência e credibilidade. Similarmente, Bigne e Blesa (2003), que focaram seu estudo do ponto de vista social, e não econômico, em relação à satisfação, argumentam que confiança e satisfação estão correlacionados e tanto podem ser antecedentes como conseqüentes, comprovando que a relação de satisfação com a confiança é positiva e significativa. Portanto, a satisfação com o corretor de imóveis que efetivou a venda é entendida como um estado emocional que ocorre em resposta à avaliação do relacionamento percebida pelo cliente. 2.2.2 Satisfação com a compra do imóvel A satisfação com a compra do imóvel é aqui analisada como um construto conseqüente da confiança, tanto no vendedor (corretor) quanto no fornecedor (construtora), como nos estudos de Mückenberger (2001) e Garbarino e Johnson (1999). A decisão da compra de um imóvel é usualmente acompanhada de uma fase de insegurança e momentos de ansiedade. Mückenberger (2001) averiguou que a ligação entre intenção e satisfação com a compra está intermediada pela confiança. De modo semelhante, Garbarino e Johnson (1999) expõem que a satisfação total é uma avaliação positiva, além da esperada, baseada na compra e na experiência do consumo. Oliver (1999) verificou que a satisfação com a compra é um estado temporal pós-uso decorrente de uma situação de consumo única ou de experiências repetidas que refletem como um produto alcançou seu propósito. Existem várias definições de satisfação na literatura, mas a definição que tem recebido mais suporte é: satisfação é o julgamento da avaliação pósescolha relativa a uma compra específica (DAY, 1984 apud WESTBROOK e OLIVER, 1991).

5 Assim, em consonância com os demais autores, a satisfação com a compra do imóvel é aqui definida como um estado psicológico construído a partir da confiança esperada, mantida e percebida durante a compra e de acordo com as percepções dos clientes sobre a qualidade e o valor do produto. 2.3 Características do Corretor de Imóveis No estudo de Doney e Cannon (1997), o desenvolvimento da confiança no vendedor também se dá através das características no relacionamento. Na avaliação dos compradores, as características que os agradam em um vendedor são o fato de serem amigáveis, amáveis e agradáveis. Vendedores reportam que para ganhar a confiança do cliente, este o identifica como uma pessoa digna de estima ou um amigo (SWAN, TRAWICK, e SILVA, 1985 apud Doney e Cannon, 1997). Por outro lado, Crosby et al. (1990) entendem que similaridade e habilidade influenciam diretamente a eficiência das vendas, mas que somente a habilidade influencia no relacionamento de venda de longo prazo através de seu impacto na qualidade do relacionamento. Neste estudo as características dos vendedores não se distanciam das definições dos demais autores encontrados na literatura. Portanto, as características do corretor de imóveis incluem: (a) a percepção do cliente sobre o conhecimento do produto pelo corretor, (b) a similaridade entre eles, e (c) a reputação e a amabilidade presentes no relacionamento entre o corretor e o cliente. 2.4 Experiências Anteriores e Relacionamentos com Corretores de Imóveis em Geral Doney e Cannon (1997) entendem que a confiança pode ser afetada porque consumidores observam o comportamento do vendedor através de várias situações, como compras anteriores, contatos informais de pesquisa ou mesmo através de avaliação de amigos e da mídia. A freqüência com que vendedores e clientes se comunicam nos negócios ou por razões sociais tem demonstrado ser a chave determinante da manutenção de relacionamentos com confiança (CROSBY et al., 1990). Assim, experiências anteriores com corretores de imóveis em geral são entendidas aqui como a variedade de situações vivenciadas pelos clientes através das quais perceberam a capacidade, a disposição e habilidade dos corretores de imóveis em geral. 2.5 Valor Percebido do Produto Sob o ponto de vista do cliente, o preço expressa aquilo que ele está disposto a pagar para obter o produto (ROCHA e CHRISTENSEN, 1987, p.134). Porém, valor percebido é a avaliação sumária de um produto pelo cliente, levando em consideração os benefícios e o preço, sendo que o valor total percebido é igual a benefícios percebidos mais o preço percebido (Valle, 2003, p.110). Similarmente, Sirdeshmukh et al. (2002) definem valor percebido como a percepção do benefício do cliente menos os custos das relações correntes com um serviço provido. Brei e Rossi (2002) afirmam que o conceito mais utilizado de valor percebido dentro da literatura de marketing é o de Zeithaml (1988, p.14), que é utilizado neste artigo: valor percebido é a avaliação geral pelo consumidor da utilidade de um produto baseado em percepções do que é recebido e do que é dado. 2.6 Qualidade Percebida do Produto A qualidade percebida do produto compõe-se de atributos aos quais o cliente confere uma importância relativa e que satisfazem necessidades ou expectativas (VALLE, 2003, p.105). Atributos são características pertinentes ao produto, no caso o imóvel, que são

6 percebidos como benefícios pelo consumidor, como o tipo da planta ou a localização do apartamento. Similarmente, Leitão e Formoso (2000) constataram que os clientes analisam o imóvel de maneira mais ampla, incluindo na sua percepção de satisfação com o produto, além do objeto físico, os serviços que ele abrange. Urbany et al. (1997) sugerem que a qualidade baseada numa diferença de preço é mais provável em uma situação que o cliente está avaliando a informação na fase de decisão. Numa linguagem prescritiva, os vendedores precisariam, portanto, criar legitimidade na qualidade e no preço para os clientes em situações na qual a qualidade é difícil de ser avaliada antes da compra. A qualidade percebida do produto aqui estudado é entendida de forma similar da apresentada na literatura em geral. Porém, percebeu-se, através da fase exploratória da pesquisa e dos pré-testes dos questionários, que a qualidade percebida do produto apartamento na planta está ligada, na maioria das vezes, a quatro atributos, a saber: (1) a qualidade da construção, percebida através das especificações dos acabamentos, conhecimento prévio de obras da mesma empresa ou pelo acompanhamento da obra durante a construção; (2) a planta do apartamento, percebida através de sua praticidade e se atende os interesses do comprador; (3) a localização, percebida por meio da proximidade do edifício em relação ao local de trabalho, moradia de familiares, comércio ou por se tratar do bairro que o comprador mantém outros vínculos afetivos; e (4) pelos serviços oferecidos no edifício, como área de lazer, segurança etc. Assim, neste artigo, define-se qualidade percebida do produto como composta dos atributos acima, aos quais o cliente confere uma importância relativa e que satisfazem suas necessidades e expectativas. 2.7 Definição das Hipóteses da Pesquisa Com o objetivo de responder o problema de pesquisa são testadas sete hipóteses, apresentadas a seguir. De acordo com Crosby e Stephens (1987), a satisfação geral do consumidor com um serviço possui três dimensões distintas, incluindo satisfação com: (1) a pessoa com quem se fez o contato, neste caso o corretor; (2) o serviço principal, a qualidade e o valor percebido do produto, neste caso o apartamento na planta; e (3) a organização, neste caso a empresa incorporadora ou construtora. A compra de um imóvel é normalmente planejada e está carregada de sentimentos como o estresse, o sonho da casa própria e outros tantos que fazem parte de uma compra de valor. Assim, a confiança é um construto importante no estudo que está sendo apresentado, pois a percepção da confiança pelo cliente poderá afetar a satisfação com a compra do imóvel. No estudo de Bigne e Blesa (2003) são analisados tanto o modelo da satisfação como antecedente da confiança, como o modelo da confiança como antecedente de satisfação. Os autores aceitaram os dois modelos, sendo que no modelo da confiança como antecedente da satisfação eles obtiveram índices mais significativos. Desse modo, concluíram que quanto maior a confiança, maior a satisfação. No presente estudo, entende-se que a confiança no corretor de imóveis é um construto que influencia a percepção da satisfação do cliente com a compra do produto. Daí surge a primeira hipótese: H1: a confiança no corretor de imóveis percebida pelo cliente impacta positivamente a satisfação com a compra do imóvel. No entanto, a confiança no corretor de imóveis pode estar sendo influenciada por outros construtos, que no presente estudo são: (1) satisfação com o corretor de imóveis, (2) características do corretor de imóveis e (3) experiências anteriores e relacionamentos comerciais com corretores de imóveis em geral. O primeiro construto seria a satisfação, tais como o nível do serviço e o tipo de negociação na percepção do cliente. No estudo de Ramsey e Sohi (1997) a confiança e a satisfação com o vendedor são importantes construtos em

estágios iniciais de relacionamento e fundamentais para a constituição de relacionamentos mais duradouros. Já para o segundo construto, características do corretor, são considerados o perfil, o conhecimento e a credibilidade como fatores primordiais na construção da confiança (DONEY e CANNON, 1997). Similarmente, Ganesan (1994) entende que os varejistas que percebem que os fornecedores possuem uma reputação de integridade tendem a confiar nos mesmos. O terceiro construto são as experiências anteriores que o cliente teve com os corretores de imóveis em geral. Doney e Cannon (1997) constataram que freqüentes contatos de negócio com os vendedores podem influenciar positivamente a confiança nos mesmos. Da mesma forma, Crosby e Stepphens (1987) entendem que a freqüência de contatos pessoais das partes envolvidas na negociação tem forte influência na satisfação total. No presente estudo experiências pessoais com os corretores basearam-se em percepções dos clientes em contatos anteriores através de locações de apartamentos precedentes, recomendações de amigos, ou mesmo na procura prolongada da compra do imóvel em questão. Atributos dos corretores como conhecimento, experiência e nível de interesse podem estar influenciando a confiança percebida pelos clientes. Com isto, tem-se as hipóteses H2, H3 e H4: H2: a satisfação com o corretor de imóveis afeta diretamente a confiança percebida pelo cliente no corretor de imóveis; H3: as características do corretor de imóveis afetam positivamente a confiança percebida pelo cliente no corretor de imóveis; H4: as experiências anteriores e relacionamentos dos clientes com os corretores de imóveis afetam positivamente a confiança percebida pelo cliente no corretor de imóveis que vendeu o imóvel. Tanto o estudo de Crosby et al. (1990), como o de Bigne e Blesa (2003), concluem que os construtos confiança e satisfação são positivamente relacionados. Bigne e Blesa (2003) constataram que comportamento de orientação de mercado do produtor tem efeito positivo na confiança do comprador e na satisfação com o relacionamento. Crosby et al. (1990) entendem que relacionamentos com qualidade dependem de confiança e satisfação, proporcionando antecipações de futuras intenções de compra. Neste artigo a construção da confiança na construtora está associada não somente aos relacionamentos anteriores com a empresa, mas, principalmente, à credibilidade da mesma no mercado. Daí a quinta hipótese apresentada é: H5: a confiança do cliente na construtora tem influência direta na satisfação com a compra do imóvel. A avaliação do valor percebido do produto pelo cliente é normalmente analisada em relações de compras rotineiras e esporádicas, como no estudo de Sirdeshmukh et al. (2002), no qual o valor é percebido positivamente pela confiança nos empregados da linha de frente. Para Crosby e Stephens (1987), compradores têm as informações que necessitam para avaliar o preço em relação ao valor do pacote total do serviço, incluindo os serviços periféricos e o principal. Portanto, o valor percebido está associado não somente ao preço estipulado para a venda, mas também ao esforço envolvido na aquisição do imóvel, bem como a percepção do benefício em relação ao valor pago. Assim, a sexta hipótese é: H6: o valor percebido do produto pelo cliente tem influência direta na satisfação com a compra do imóvel. No estudo de Bigne e Blesa (2003) uma das dimensões positivas identificadas na satisfação é a do produto, que se refere à satisfação com a qualidade oferecida e a demanda. Neste estudo verificou-se que existem dimensões diferentes na percepção da qualidade pelo cliente comprador de um imóvel na planta. Foram diagnosticados outros atributos percebidos pelos clientes, citados anteriormente, que influenciam na escolha do imóvel e, conseqüentemente, na satisfação com o mesmo. Portanto, a hipótese H7 é: H7: a qualidade percebida do produto pelo cliente tem influência direta na satisfação com a compra do imóvel. 7

8 Baseado na literatura pesquisada, a partir dos estudos de Doney e Cannon (1997), Ganesan (1994) e Bigne e Blesa (2003), o modelo proposto para a pesquisa está apresentado na Figura 1, que ilustra as hipóteses da pesquisa. Figura 1: Modelo Proposto para a Análise da Relação entre os Construtos. Satisfação com o Corretor ξ 1 Características do Corretor ξ 2 Experiências Anteriores e Relacionamentos com Corretores em Geral ξ 3 + H3 H4 H2 + γ 12 γ 13 + γ 11 Confiança no Corretor η 1 Confiança na Construtora ξ 4 H5 + + H1 γ 24 β 21 H6 + Valor Percebido do Produto ξ 5 Satisfação com a compra do imóvel η 2 γ 25 γ 26 H7 + Qualidade Percebida do Produto ξ 6 3. MÉTODO DE PESQUISA O presente artigo é um estudo empírico de corte transversal, no qual foi obtida uma amostra por conveniência. Os procedimentos adotados para realização da pesquisa estão a seguir. 3.1 Operacionalização das Variáveis De acordo com o tipo de análise adotada neste estudo e o modelo proposto para a pesquisa apresentado anteriormente, são diagnosticados os construtos ou variáveis latentes (não observadas), sendo algumas dependentes e outras independentes. Para medição das variáveis latentes, foram adaptadas escalas a partir das existentes na literatura. Elas foram escolhidas a partir das apresentadas por Bruner e Hensel (2001), de acordo com a que melhor se adaptava à situação deste estudo. Todas as perguntas foram legitimadas através de uma pesquisa exploratória em um grupo piloto e através do pré-teste do questionário final. O Quadro 1 apresenta um sumário dos indicadores das variáveis e suas escalas originais.

9 Quadro 1 Indicadores das Variáveis Variáveis do Modelo Indicadores Escala Original Confiança no Corretor de Imóveis (Cc) - η 1 Satisfação com o Corretor de Imóveis (Sa) - ξ 1 Características do Corretor de Imóveis (PF) - ξ 2 Experiências anteriores e relacionamentos com corretores em geral (ER) - ξ 3 Confiança na Construtora (CC) - ξ 5 Valor Percebido do Produto (VP) - ξ 6 Qualidade Percebido do produto (QP) - ξ 7 Satisfação com a compra do imóvel (SaI) - η 2 Acessibilidade do corretor Sinceridade do corretor Risco envolvido na negociação Honestidade do corretor Preocupação com os interesses dos clientes. Tranqüilidade na negociação Nível do serviço prestado Satisfação com a negociação Amabilidade do corretor Capacidade do corretor Similaridade do corretor Acessibilidade do corretor Sinceridade do corretor Risco envolvido na negociação Segurança, confiança na Sinceridade da construtora. Apoio da construtora. Se a mesma é prestativa. Preço pago Esforço envolvido na compra. Qualidade da construção Qualidade da planta do apartamento Influência da localização do imóvel Influência dos serviços oferecidos Satisfação da necessidade. Satisfação com a decisão. Satisfação com a escolha. Ramsey e Sohi (1997) grau de credibilidade. Doney e Cannon (1997) credibilidade e preocupação com os interesses dos clientes. (benevolência) Ramsey e Sohi (1997) grau de satisfação do cliente com a experiência da interação com o vendedor. Doney e Cannon (1997) cordialidade, amabilidade e similaridade do vendedor. Doney e Cannon (1997) habilidades dos vendedores e dos freqüentes contatos com os clientes. Andaleeb (1996) confiança através da segurança, da sinceridade e do apoio do fabricante percebidos pelo cliente. Sirdeshmukh et al. (2002) valor percebido através do preço pago na compra e do esforço para comprar roupas num shopping. Urbany et al. (1997) qualidade do apartamento anunciado para locação. A partir da qualidade percebida do produto pelo grupo piloto. Oliver (1999) e Westbrook e Oliver (1991) satisfação com a compra de carros. 3.2 Procedimentos de Amostragem e Coleta de Dados A população para determinação da amostra consiste de todas as pessoas que compraram apartamento na planta, nos últimos dois anos, na cidade de São Paulo, sendo difícil precisa-la pela total falta de informações consolidadas no setor. Assim, optou-se por uma amostra por conveniência e se adotou as recomendações de Jöreskog e Sorbon (1996) e Hair et al. (1998) que, quando se trata de um estudo onde os dados são analisados com base no Modelo de Equações Estruturais (SEM), sugerem não mais de 300 e não menos de 200 observações na amostra. Partiu-se então para a coleta estruturada dos dados de um banco de dados de diversos empreendimentos de uma incorporadora e uma corretora de imóveis que atuam na cidade de São Paulo, para composição da amostra. Ela, portanto, foi condicionada pela limitação da captação dos dados e pela disponibilidade da empresa em efetuar a pesquisa. Os dados primários foram obtidos através de questionário estruturado contendo perguntas fechadas, aplicados por meio de entrevistas telefônicas. Seguindo as

10 recomendações de Alreck e Settle (1995, p.153), o questionário foi organizado em duas grandes seções: a primeira continha as perguntas referentes às escalas de medição das variáveis e a segunda continha questões referentes à caracterização dos entrevistados, como as variáveis demográficas. Foram usadas escalas de Likert, com cinco categorias de respostas que vão de discordo totalmente a concordo totalmente, e do tipo diferencial semântica (extremos associados a rótulos bipolares), também com cinco categorias. Inicialmente foi escolhido, por conveniência, um grupo piloto de nove pessoas que compraram apartamento na planta na cidade do Rio de Janeiro e que se dispuseram a responder o questionário na presença dos autores. Após a análise, os questionários foram refeitos e enviados novamente para o grupo piloto para nova crítica. Este grupo, apesar de apresentar semelhanças com o perfil dos entrevistados da amostra, foi constituído de pessoas residentes e adquirentes de imóveis no Rio de Janeiro, não fazendo parte da amostra desta pesquisa. Os questionários foram aplicados por atendentes da Central de Relacionamento da construtora/incorporadora. Foi realizado um pré-teste com dez clientes selecionados da base de dados, guardando assim, semelhanças com os entrevistados da pesquisa real em termos de familiaridade com o assunto e comportamentos de interesse. Todos os aspectos do questionário foram testados, inclusive o conteúdo das perguntas, os enunciados, a seqüência, as dificuldades, entendimentos a respeito das questões e as dúvidas não dimensionadas anteriormente, seguindo as recomendações de Malhotra (2001, p.290). Após esta avaliação, um segundo questionário foi aplicado a uma nova amostra de dez clientes selecionados da população, não sendo necessária mais nenhuma alteração. O pré-teste foi feito, portanto, com vinte respondentes, em conformidade com a recomendação de Alreck e Settle (1995, p.178). A pesquisa foi realizada nos meses de abril e maio de 2004, obtendo-se uma amostra de 270 entrevistados. A Tabela 1 apresenta a caracterização dos entrevistados da amostra. Tabela 1: Caracterização da Amostra Já recebeu o imóvel Sexo Estado Civil Sim 3,70% Feminino 42,22% Solteiros 57,41% Não 96,30% Masculino 57,78% Casados 32,59% Divorciados 6,30% Outros 3,70% Faixa de Idade Renda Familiar Grau de Instrução até 25 12,59% Menos de R$ 1.500,00 0,74% Colegial Incompleto 1,85% 26 35 60,00% R$ 1.500,00 - R$ 32,22% Colegial Completo ou superior 29,63% 36 45 16,67% R$ 3.001,00 - R$ 30,37% Superior Completo 58,52% 46 55 4,44% R$ 5.001,00 - R$ 8,15% Pós-Graduação 9,63% Mais 56 5,93% Mais de R$ 10.001,00 12,22% Não Respondeu 0,37% Não responderam 0,37% Não responderam 16,30% 3.3 Método de Análise A análise dos dados foi feita com base no SEM, através do software Lisrel 8. O SEM é uma metodologia estatística que assume uma abordagem confirmatória para a análise multivariada de uma estrutura teórica (BYRNE, 1998, p.3). Primeiramente, quando da geração da matriz de correlação policórica (PM) no software Prelis, analisou-se a normalidade dos dados. A análise gráfica mostrou que muitos indicadores apresentavam uma distribuição próxima da normal, mas outros nem tanto. Posteriormente, os modelos estrutural e de medidas foram estimados simultaneamente no software Lisrel. A partir das recomendações de vários autores (JÖRESKOG e SÖRBOM, 1996; BYRNE, 1998; HAIR et al., 1998 e BOLLEN, 1989), a validade dos modelos é suportada, basicamente, se: (a) as cargas fatoriais (λ x e λ y ) em seus respectivos indicadores

11 forem significativas; (b) o modelo de medidas se ajustar bem aos dados, ou seja, dentro dos índices de ajustamento considerados satisfatórios; (c) os indicadores de um mesmo construto obtenham índices satisfatórios de confiabilidade; e (d) as análises das correlações entre os construtos indiquem boa validade, ou seja, o quanto a medida mede aquilo que se predispõe a medir (NETEMEYER et al., 2003). De acordo com Byrne (1998), os valores genericamente aceitos para os indicadores de ajustamento do modelo completo são: Raiz Quadrada da Média do Erro de Aproximação (RMSEA) entre 0,05 e 0,08, sendo zero a adequação perfeita; Raiz Quadrada Média Residual (RMR) com valores inferiores a 0,05; GFI e Índices de Adequação Relativa (CFI) com valores próximos de 1, sendo que maior de 0,90 indica ótima adequação; e Índice de Adequação da Parcimônia Padrão (PNFI) acima de 0,50. 4. ANÁLISE DOS RESULTADOS Inicialmente, optou-se por analisar o ajustamento do modelo aos dados coletados através da análise das medidas de adequação. Os índices alcançados demonstraram que o modelo inicial não se ajustou perfeitamente aos dados. Deste modo, diante da avaliação das estimativas, dos índices de modificação, dos valores da estatística de t e de acordo com as recomendações de Byrne (1998, p.231), o modelo foi modificado na tentativa de se obter melhor ajustamento. Tal modificação se deu através da retirada de variáveis, não sendo acrescentado nenhum outro caminho entre variáveis ou ligação de indicadores com variáveis latentes diferentes do modelo original, visto que não havia justificativa teórica e prática para tal. Apesar de terem sido analisados os índices de modificação, não havia motivo para usá-los, não fazendo sentido as relações sugeridas. As comparações dos resultados obtidos em função das principais alterações testadas estão descritas na Tabela 2. O critério para retirada das variáveis do modelo foi a partir dos baixos valores obtidos nas estimativas dos parâmetros e dos valores de t de γ 26 (1,59), γ 13 (0,65) e γ 12 (0,16) no modelo inicial [considerando valores de t maiores que 1,96 (p < 0,05)] (BYRNE, 1998; BOLLEN, 1989 e JÖRESKOG e SÖRBOM, 1996). Assim, foram retiradas do modelo estas três variáveis latentes exógenas: características do corretor, experiências anteriores com corretores em geral e qualidade percebida do produto. O modelo com melhor ajustamento foi o modelo 4, chamado aqui de modelo final. Tabela 2: Comparação dos resultados dos modelos testados. Modelo Parâmetro modificado χ 2 χ 2 Graus de Liberdade RMSEA ECVI RMR GFI PNFI CFI Padrão 1 1.901,50 287 0,00 5,42 0,17 0,72 0,62 0,74 Inicial Sem a variável qualidade 2 1.485,33 416,17 200 0,00 4,35 0,17 0,74 0,65 0,77 percebida - retirada de γ 26 Sem duas variáveis - 3 1.184,50 300,83 145 0,00 3,48 0,17 0,75 0,65 0,78 retirados γ 26 e γ 13 4 Sem três variáveis - retirados 882,64 301,86 99 0,00 2,35 0,18 0,79 0,65 0,81 Final γ 26, γ 13 e γ 12 RMSEA Raiz Quadrada Média do Erro de Aproximação, ECVI Índice Esperado de Validação Cruzada, RMR Raiz Quadrada Média Residual, GFI Índice de Boa Adequação, PNFI Índice de Adequação da Parcimônia Padrão, CFI Índice de Adequação Comparativo. Foi avaliada, ainda, a consistência interna de cada construto pelo Alpha de Cronbach. Netemeyer et al (2003) recomendam alfas com valores acima de 0,70, principalmente quando existem mais de três indicadores medindo a variável. Em relação ao modelo inicial, os valores encontrados variaram de 0,51 a 0,87, sendo que para as variáveis ξ 2 (características do

12 corretor de imóveis) e ξ 6 (satisfação com a compra do imóvel) obteve-se valores de 0,51 e 0,53, respectivamente, e os demais acima de 0,73. Isto corrobora a decisão da retirada destas variáveis do modelo final, uma vez que apresentaram baixa consistência interna. Analisando-se separadamente os modelos de medidas e estrutural nota-se que os valores de R 2 (coeficiente de correlação múltipla) dos indicadores são altos, demonstrando que a proporção da variância do indicador que é explicada pela sua variável latente é alta, sugerindo confiabilidade dos indicadores com valores acima de 0,50 (BYRNE, 1998, p.107). Os parâmetros do modelo de medidas foram significativos a 95% de probabilidade. A Tabela 3 apresenta os valores de t, entre os indicadores e os construtos, para o modelo final. Tabela 3: Estatísticas t do Modelo de Medidas (Modelo Final) Confiança no Corretor Satisfação com a Compra Satisfação com o Corretor Confiança na Construtora Cc2 a (18,11) Cc3 (9,90) Cc4 (17,93) Cc5 (14,16) SaI2 (12,24) SaI3 (12,18) Sa2 (18,79) Sa3 (18,76) CC2 (17,80) CC3 (18,12) VP2 Valor Percebido do Produto (9,56) a Para os indicadores Cc1, SaI1, Sa1,CC1 e VP1 foram atribuídos o valor de 1 para as cargas fatoriais, fixando-se as escalas das medidas, sendo uma condição suficiente como regra de identificação do modelo (Jöreskog e Sörbom,1996) Na avaliação do modelo estrutural objetiva-se determinar se as relações são suportadas pelos dados. Assim, consideram-se três aspectos: (1) os sinais dos parâmetros de γ e β e (2) a magnitude e significância de γ e β (3) os valores de R 2 para as equações estruturais (BYRNE, 1998, p.107). Verifica-se no modelo final que os γ são positivos e significativos, assim como o β e os valores de R 2 (0,88 e 0,57). Em termos das relações hipotetizadas das variáveis latentes, os resultados suportam as hipóteses 1, 2, 5 e 6 e rejeitam as hipóteses 3, 4 e 7, conforme apresentado na Tabela 4. Nota-se, através da Tabela 2, a sensível melhora de alguns índices de ajustamento no modelo final, indicando que as modificações efetuadas foram adequadas. Os modelos são super identificados, sendo que o χ 2 encontrado entre o modelo inicial e final é de 1.018,86. Os valores de RMSEA indicam boa adequação, em contraste com os valores obtidos para RMR, acima do esperado. Já ECVI do modelo final é significativamente melhor que o inicial, levando a crer que há mais possibilidade do modelo final ser validado em outras amostras da mesma população. Tanto os índices encontrados para GFI quanto para CFI no modelo final estão mais próximos de 1, indicando melhor adequação deste em relação ao inicial. Os índices de PNFI encontrados foram acima do esperado. De acordo com Byrne (1998), estas estatísticas são sensíveis ao tamanho da amostra e a normalidade dos dados, como referenciado anteriormente. O modelo final está apresentado na Figura 2.

13 Tabela 4: Análise das Hipóteses Testadas na Pesquisa Hipótese Valores de t Resultado H1 Confiança no corretor impacta positivamente a satisfação com a compra. + 6,66 Não Rejeitada H2 Satisfação com o corretor afeta positivamente a confiança no mesmo. + 14,18 Não Rejeitada H3 Características do corretor afetam positivamente a confiança no mesmo. + 0,16 Rejeitada H4 Experiências anteriores afetam positivamente a confiança no corretor. + 0,65 Rejeitada Confiança na construtora influencia positivamente a satisfação com a H5 + 4,42 Não Rejeitada compra. H6 Valor percebido impacta positivamente a satisfação com a compra. + 6,68 Não Rejeitada H7 Qualidade percebida do produto afeta positivamente a satisfação com a compra. + 1,59 Rejeitada Satisfação com o Corretor Confiança na Construtora Valor Percebido do Produto + 0,19 (4,42) Figura 2: Modelo Final da Pesquisa. H2 + 0,98 a (14,18) H5 H6 + 0,41 (6,68) Confiança no Corretor H1 + 0,29 (6,66) 0,08 b Satisfação com a compra do imóvel 0,17 a Valores das estimativas. Valores t entre parênteses. b Valores de ζ (Zeta). 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O foco desta pesquisa foi propor um modelo de confiança e satisfação aplicado ao setor imobiliário, diagnosticando-se com isso, que a confiança está presente não só nos relacionamentos de longo prazo entre clientes e vendedores ou organizações, mas também em compras de valor. A não rejeição das hipóteses H1, H5 e H6, leva à conclusão que, na amostra analisada, a confiança no corretor, assim como a confiança na construtora e o valor percebido do produto, são antecedentes da satisfação com a compra do imóvel na planta. Constatou-se também que a qualidade percebida do produto não influencia esta satisfação. Assim, a confiança, um construto importante no marketing de relacionamento, sinaliza ser uma variável relevante na satisfação com a compra de imóveis, com implicações gerenciais diretas para os profissionais do setor imobiliário. Com a rejeição das hipóteses H3 e H4, diagnosticou-se que os resultados são contrários aos obtidos por Doney e Cannon (1997), levando-se a concluir que características do corretor de imóveis, experiências anteriores e relacionamentos do cliente com os corretores em geral não influenciam a confiança nos mesmos. Mas, ao mesmo tempo, os resultados podem confirmar recomendações destes autores, que entendem que a avaliação do processo

14 de construção da confiança pode ser melhor aplicada aos vendedores como representantes das empresas. Como aqui não foi considerada a figura da empresa imobiliária, somente o corretor isoladamente, a análise dos construtos pode ter sido afetada. Assim sendo, entende-se que a inclusão das práticas gerenciais da imobiliária, ou mesmo da construtora, em futuras pesquisas poderão contribuir para a validação dos resultados deste artigo. No entanto, pela não rejeição de H2, conclui-se que a satisfação com o corretor de imóveis impacta positivamente a confiança percebida pelo cliente no mesmo, em consonância com a literatura, em que tanto a satisfação influencia a confiança, como vice-versa. Quanto à qualidade percebida do produto, a rejeição de H7, indica que isto não influencia a satisfação com a compra. Entende-se que o fato da maioria dos entrevistados (96%) não ter recebido o imóvel pode ter enviezado este resultado. Portanto, sugere-se o desenvolvimento de escala específica para quando a qualidade do produto for difícil de ser percebida, como no caso deste estudo. Esta pesquisa apresenta algumas limitações, como as características da amostra: por se tratar de dados obtidos somente em duas empresas da cidade de São Paulo, e por ser uma amostra por conveniência. Para os pesquisadores de marketing, sugere-se aprofundamento no tema com uso de outras abordagens, tanto qualitativas quanto quantitativas, onde as variáveis e as relações propostas aqui possam ser mais exploradas. Novos estudos poderiam tratar da relação dos antecedentes da confiança no campo imobiliário. Não foi evidenciado na literatura brasileira de marketing nenhum estudo que analisa empiricamente a confiança dos corretores de imóveis na compra de um imóvel, nem da construtora. Pesquisadores poderão desenvolver estratégias específicas de interesse das empresas do setor, como a elaboração de uma pesquisa com clientes que não compraram o imóvel após a visita ao stand de vendas. Propõe-se ainda, pesquisa comparativa do modelo final obtido com amostras coletadas em outras cidades ou mesmo países. Para os tomadores de decisões das empresas construtoras, incorporadoras, imobiliárias, marketing imobiliário, ou mesmo empresas que vendem produtos de valor, parece haver aqui diversas possibilidades de pesquisas que podem afetar diretamente suas ações de marketing. A confiança, tanto no corretor como na construtora, sinalizam ser variáveis relevantes na satisfação com a compra de imóveis, com implicações gerenciais diretas para os profissionais de marketing e, sobretudo, para a área de marketing. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDALEEB, Syed Saad (1996). An Experimental Investigation of Satisfaction and Commitment in Marketing Channels: The Role of Trust and Dependence. Journal of Retailing, 72 (1), 77-93. ALRECK, Pamela e SETTLE, Robert B. The Survey Research Handbook Guidelines and Strategies for Conducting a Survey. McGraw-Hill, 1995, 2 a. ed. BIGNE, Enrique e BLESA, Andreu (2003). Market orientation, trust and satisfaction in dyadic relationships: a manufacturer-retailer analysis. International Journal of Retail e Distribution Management, 31 (11), 574-590. BERRY, Leonard L. e PARASURAMAN, As. Serviços de Marketing: competindo através da qualidade. São Paulo: Maltese, 1995, 3 a. ed. BOLLEN, D.A. Structural Equations with Latent Variables. New York: John Wiley & Sons, Inc, 1989. BREI, Vinícius Andrade e ROSSI, Carlos Alberto Vargas. Confiança, Valor Percebido e Lealdade em Trocas Relacionais de Serviços: Um Estudo com Usuários de Internet Banking no Brasil. In: 26 o Encontro da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em

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