Universidade Federal de Santa Catarina Centro Tecnológico Departamento de Engenharia Mecânica Coordenadoria de Estágio do Curso de Engenharia Mecânica CEP 88040-970 - Florianópolis - SC - BRASIL www.emc.ufsc.br/estagiomecanica estagio@emc.ufsc.br ESTÁGIO EM UMA EMPRESA FABRICANTE E RECUPERADORA DE PEÇAS E EQUIPAMENTOS DE USINAS SUCROALCOOLEIRAS RELATÓRIO DE ESTÁGIO 3/3 (terceiro de três) Período: de 19/07/2010 a 31/08/2010 Salve, Franceschi e Canella Ltda Nome do aluno: João Paulo A. Prado O. e Sousa Nome do supervisor: José Hermínio Canella Nome do orientador: Sérgio Luiz Gargioni Pederneiras, 01 de setembro de 2010 1
ÍNDICE 1. ATIVIDADES DE ESTÁGIO... 3 1.1. INTRODUÇÃO... 3 1.2. SITUAÇÃO ATUAL / PROPOSTA DE TRABALHO... 3 1.3. METODOLOGIA... 5 1.4. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO... 6 2. DISCUSSÕES E CONCLUSÕES... 10 3. REFERÊNCIAS... 10 3.1. OUTROS:... 10 2
1. Atividades de estágio 1.1. Introdução Com as dificuldades encontradas na programação, decidiu-se tentar remodelar o layout do chão de fábrica, para avaliar a possibilidade de implantação de um sistema de manufatura enxuta na fabricação e recuperação de eixos e camisas de moenda. 1.2. Situação atual / Proposta de trabalho Atualmente, as fábricas encontram-se dispostas da seguinte forma: Fábrica 1: Tem em seu interior cinco tornos de grande porte, sendo um deles de usinagem interna de camisas de moenda, um para usinagem de eixos e três para usinagem externa de camisas de moenda e eixos; dois tornos de pequeno porte, para fabricação de peças pequenas e também de peças para manutenção de outras máquinas; e duas furadeiras radiais de grande porte, para furação nas faces das camisas de moenda, principalmente. Fábrica 2: Apesar de ter uma área equivalente a duas vezes e meia a da fábrica 1, boa parte de seu espaço é utilizado para estoque (cerca de 30%). No restante do espaço, possui: dois tornos abrasivos, para a retirada da solda dura da superfície cilíndrica das camisas de moenda; dois tornos para usinagem de eixos, mas que no entanto realizam apenas trabalhos menores por apresentarem muitos problemas; duas plainas para abertura de rasgos de chaveta em diâmetros internos de engrenagens e rodetes; uma furadeira radial de médio porte, para furação de pentes e bagaceiras, principalmente; cinco fresadoras, sendo quatro para fabricação de pentes e bagaceiras e uma para serviços em peças menores, como facas e martelos de desfibradores de cana; e uma mandrilhadora de grande porte (a maior máquina-ferramenta da empresa), para a fabricação e recuperação de castelos de moenda e o fresamento de eixos de grande porte. 3
Figura 1 Planta da Unidade I Fábrica 3: Localizada na unidade II, suas dimensões obedecem a um padrão estabelecido pela diretoria para a ocupação daquele terreno. Assim, sua área de 2.000 m² (cerca de 11% maior que a fábrica 2) tem o mesmo tamanho da fábrica 4 e das outras a serem construídas nos próximos anos (fábricas 5, 6, 7, 8, 9 e 10). Atualmente, é a fábrica onde se concentram quase todas as operações de soldagem da empresa: uma pequena linha de produção para revestimento de camisas de moenda, com diversos tipos de solda; soldagem de eixos de moenda, por um dispositivo de solda tubular especialmente desenvolvido para o preenchimento de superfícies cilíndricas, e por eletrodo revestido em outras superfícies; soldagem de flanges, bagaceiras, rodetes, pinhões, engrenagens, e outros, por solda tubular e/ou eletrodo revestido. Também contém as operações de aquecimento para alívio de tensões em eixos (além de aquecimento para soldagem em geral). Figura 2 Fábrica 3 (Unidade II) Fábrica 4: Responsável pelo recebimento de peças na unidade II, além de conter a caldeiraria da empresa (cerca de um terço do 4
galpão), boa parte do que resta de seu espaço é ocupado por estoques. É também o local onde se desenvolvem as operações de desmontagem e montagem de equipamentos (possui um forno vertical, inserido no chão, especialmente para a desmontagem de camisas de moenda dos eixos), limpeza, inspeção dimensional e por partícula magnética, e goivagem de peças. Deveria, inicialmente, diferir da fábrica 3 por concentrar as operações sujas (desmontagem, limpeza e goivagem), o que tornaria a fábrica que realiza as operações de soldagem mais limpa. No entanto, o que se vê é que as duas fábricas encontram-se bastante sujas, já que algumas operações, como o lixamento para acabamento, continuam sendo feitos na fábrica 3 e gerando muita poeira. Figura 3 Fábrica 4 (Unidade II) 1.3. Metodologia A metodologia a ser aplicada, como já comentado antes, é a da disposição das fábricas obedecendo aos princípios da manufatura enxuta. Assim, serão estipulados locais para funcionarem como pequenos estoques para cada um dos processos, em substituição dos grandes estoques alocados dentro das fábricas. Estes, graças a um projeto já em desenvolvimento por parte de um dos diretores da empresa, ficarão localizados no pátio da unidade 1, de onde serão içados por um pórtico (a ser construído) e colocados em troles para adentrarem as fábricas 1 e 2, ou em caminhões para serem transportados à unidade II. Essa disposição será feita objetivando a redução máxima dos desperdícios. Assim, primordialmente, já que as peças são de porte grande e muito pesadas (ocupam, eixo e camisa de moenda, de 2 a 6 m² e pesam de 4,5 a 16 T), tentar-se-á reduzir o número de movimentações suas dentro das fábricas, assim como o número de movimentações entre as fábricas e os seus tempos totais de produção/recuperação, para ampliar o espaço de produção e reduzir os estoques. 5
1.4. Desenvolvimento do trabalho Inicialmente, devido à grande quantidade de peças em estoque na unidade II, e à necessidade de espaço além do existente nas suas duas fábricas, foi proposta a instalação de um pórtico também nesta unidade. Este ficaria localizado ao lado da fábrica 4 (que hoje concentra os estoques da unidade II), e se comunicaria com ela também por um trole. Devido a um desnível existente entre os terrenos, um elevador hidráulico faria a elevação deste, do nível do pórtico ao nível das fábricas. Forno p/ desmontagem de eixos e camisas Soldagem de martelos e facas Alívio de tensões Torneamento de eixos Soldagem automática de rodetes Soldagem de rodetes e pinhões Descarreg. inicial Carreg. final Descarreg. e carreg. intermediários Montagem de camisas nos eixos Travamento, base e sobre-base Desmontagem e limpeza (exceto camisas) Montagem e pintura Usinagem interna de camisas Chapisco Figura 4 Proposta de construção de um pórtico no terreno ao lado da fábrica 4 Algumas mudanças ocorreriam também na unidade I. No desenho abaixo, já estão no layout dois novos tornos da empresa, com capacidade para usinar peças com até 100 T, e previstos para entrarem em funcionamento até a próxima entressafra. 6
Radial 2 Radial 1 Waldrich 2 Radial Fresadora Vertical 2 Boehringer Fresadora Vertical 1 Soldagem automática de eixos Recuperação de frisos / quadrado Abrasivo 1 Abrasivo 2 Figura 5 Layout proposto para a unidade I Após a apresentação desta concepção à diretoria, no entanto, um ponto principal teve que ser revisto: a impossibilidade neste período de construir um pórtico na unidade II, devido ao custo elevado e a empresa objetivar outros investimentos para essa entressafra. Assim, o projeto foi revisto, desta vez sem o estoque externo. Carga e descarga Eixo mda 37"x78" Soldagem de engrenagens Fritz Natal Torno p/ abrir bizel Eixo mda 37"x78" Eixo mda 26"x" Eixo mda 37"x78" Goivagem, aquecimento p/ soldagem de quadrado, soldagem de quadrado, aquecimento p/ soldagem automática e alívio de tensões DSF Chapisco Chapisco DSF Preparação de rodetes Eixo mda 30"x" DSF Camisa Eixo mda 26"x" 37"x78" Eixo mda 30"x" Eixo mda 30"x" Camisa Camisa Eixo mda 26"x" Eixo mda 26"x" 37"x78" 37"x78" Picote Coer Gurutzp Nardini 3 Eixo mda 37"x78" Nardini 2 Nardini 1 Eixo mda 30"x" Eixo mda 26"x" Gramatorsk 1 Gramatorsk 2 Eixo mda 37"x78" Eixo mda 26"x" Eixo mda 30"x" VDF Zocca 2 TUI 1 Camisa 37"x78" Zerbst Camisa 37"x78" Waldrich 1 Eixo mda 30"x" Eixo mda 37"x78" Eixo mda 26"x" Carga e descarga DSF Figura 6 Unidades I e II alinhadas, com exemplos de mov. de peças 7
Por fim, após várias revisões no projeto original, acabou-se decidindo pelo seguinte: a melhor situação para as fábricas da unidade II é aquela que confere a melhor possibilidade de se evitar movimentações, devido à falta de espaço. Assim, as peças que ali chegassem para serem produzidas/recuperadas, deveriam o ser, se possível, no mesmo espaço do início ao final do processo. Essa situação já ocorre, de acordo com os gestores da soldagem, quando há uma quantidade muito grande de peças nas fábricas. Sendo essa a situação esperada para a entressafra, não há por que então projetar as fábricas da unidade II para algo que não acompanhe essa tendência. No entanto, infelizmente, neste momento algumas alterações ainda não puderam ser feitas - assim, o layout ficou definido na seguinte forma: Figura 7 Revisão da proposta de layout para a unidade II Para a unidade I, mudanças no layout foram mais difíceis de ser feitas, devido à maior parte das máquinas encontrarem-se sobre uma grande fundação. Assim, somente uma furadeira radial de médio porte foi mudada de lugar, para a criação de uma célula de produção de pentes e bagaceiras. Porém, outras alterações foram bastante significativas: a criação de mini-estoques, para cada conjunto de máquinas, com a devida demarcação no chão das fábricas, incluindo corredores para a passagem de funcionários e visitantes. Assim, os 8
grandes estoques que tornavam difícil o andamento da fábrica, e a sua limpeza, foram movidos para a área abrangida pelo pórtico no pátio da unidade. Figura 8 Revisão da proposta de layout para a unidade I O sistema de estoques, para a manufatura enxuta, deve funcionar da seguinte forma: Esquema 1 Fluxograma da produção (com base em seus estoques) Devido aos processos serem relativamente demorados, espera-se que a gestão visual dos estoques seja suficiente (com tempo para 9
avisar os responsáveis pelas operações anteriores, mantendo a produção puxada ), embora a implantação de cartões kanban esteja de prontidão caso seja necessária. A etapa seguinte, chegada a hora, é a de implantação. 2. Discussões e conclusões A manufatura enxuta foi de grande valia para a organização da empresa. Com os estoques alocados corretamente, e funcionais, de acordo com a dinâmica existente nesse tipo de produção, pode-se esperar bons frutos no que se refere a ganhos de produtividade. Além destes, já é possível pensar na implantação de outros instrumentos importantes na empresa, como o 5S, por exemplo com as fábricas mais organizadas e uma menor quantidade de peças estocadas em seus interiores, fica mais fácil para limpá-las (e mantêlas limpas), gerando muitos ganhos na qualidade da empresa e de seus produtos e contribuindo, espera-se, para a implantação da norma ISO, num futuro próximo, na Thermic. 3. Referências 3.1. Outros: QUEIROZ, Abelardo A. Administração da produção e fundamentos da manufatura enxuta: Disciplina EMC5211, março a julho de 2007. Notas de aula e material digital. 10
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