ATO MÉDICO: PLS 25/02 LOCALIZAÇÃO: Senado Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC) TEMPO DE TRAMITAÇÃO: 5 meses CONTEÚDO: Segue transcrição de parte do projeto, composto pelo trecho a seguir, que seria a possível Lei, depois pela Justificativa, e em seguida a Legislação Citada, que é a Resolução CFM 1.627/2001. O PLS 25/02 define o ato médico e dá outras providências. - Art. 1 º Ato médico é todo procedimento técnico-profissional praticado por médico habilitado e dirigido para: I a promoção primária, definida como a promoção da saúde e prevenção da ocorrência de enfermidades ou profilaxia; II a prevenção secundária, definida como a prevenção secundária, definida como a prevenção da evolução das enfermidades ou execução de procedimentos diagnósticos ou terapêuticos; III a prevenção terciária, definida como invalidez ou reabilitação de enfermos. Parágrafo único. As atividades de prevenção de que trata o artigo, que envolvam procedimentos diagnósticos de enfermidades ou impliquem em indicação terapêutica, são atos privativos do profissional médico. Art. 2 O Compete ao Conselho Federal de Medicina, na qualidade de órgão normatizador e fiscalizador do exercício da medicina no País, nos termos do artigo anterior: I fixar a extensão e natureza dos procedimentos próprios dos profissionais médicos, determinando, quando necessário, o campo privativo de atuação desses; II definir, por meio de resolução normativa devidamente fundamentada, os procedimentos médicos experimentais, os aceitos e os vedados para utilização pelos profissionais médicos.
Art. 3 º As atividades de coordenação, direção, chefia, perícia, auditoria, supervisão e ensino dos procedimentos médicos privativos incluem-se entre os atos médicos e devem ser unicamente exercidos por médicos. Art 4 º A infração aos dispositivos desta lei configura crime de exercício ilegal da Medicina, nos termos do Código Penal Brasileiro. Art. 5 º O disposto nesta lei não se aplica ao exercício da Odontologia e da Medicina Veterinária, nem a outras profissões de saúde regulamentadas por lei, ressalvados os limites de atuação de cada uma delas. Na justificativa do projeto, o autor infere que a medicina é a profissão mais antiga de todas, e até o Renascimento, as únicas profissões relacionadas à saúde eram Medicina e Farmácia, e depois surgiram a Odontologia, a Enfermagem, e no século XX, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Biomedicina, e outras, atuando em atividades que eram, no passado, exclusivamente médicas. O argumento é que a proliferação destas profissões gera uma necessidade das instâncias responsáveis de normatizar e fiscalizar o exercício da medicina por meio do conceito e extensão do ato médico, como forma de delimitar a atuação do profissional médico, por meio de caracterização legal 1. TRAJETÓRIA: Em 27/fevereiro/2002, o PLS 25/02 foi lido em Plenário, publicado no Diário do Senado Federal, e encaminhado para a CCJC e para a Comissão de Assuntos Sociais (CAS), cabendo a esta última decisão terminativa. Em 28/fevereiro/2001 a CCJC recebeu o PLS, e em 04/abril/2002, sem receber emendas, foi distribuída ao relator, Senador Lúcio Alcântara, que em 09/abril/2002 devolveu o projeto à comissão, RECUSANDO A RELATORIA. No dia seguinte, 10/abril/2002, o PLS 25/02 foi REDISTRIBUÍDO ao Senador Luiz Otávio (PPB/PA), que emitiu relatório em 17/abril/2002, estando a matéria pronta para pauta na primeira comissão de seu percurso. 1 Um argumento contra isso pode ser que a intervenção do Estado é apenas parcial: ele delimita o ato médico mas confere ao conselho Federal de Medicina a qualidade órgão normatizador e fiscalizador (Art. 2 º), ou seja, mistura prerrogativas de estado interventor com prerrogativas de Estado mínimo.
SITUAÇÃO ATUAL: O PLS 25/02 encontra-se PRONTO PARA PAUTA NA CCJC. O relatório ainda não foi lido em sessão, portanto, ainda não pode ser tornado público e não conhecemos o teor dos argumentos. CONTEXTUALIZAÇÃO: ALGUNS DEBATES SOBRE O ATO MÉDICO Durante o mês de abril/2002, discussões em torno do denominado ato médico pautaram a agenda do Conselho Federal de Medicina (CFM) e do Senado Federal. O Conselho Regional de Enfermagem do Estado de São Paulo (COREN/SP) ativou a Justiça com o objetivo de declarar a ilegalidade da Resolução 1.627/2002 do CFM (Resolução do Ato Médico), mas o pedido foi negado na 21 a. Vara Federal da Seção Judiciária do DF (o fato das decisões ocorrerem em fórum da Justiça federal implica que a união está envolvida como parte interessada). Esta resolução inspira a redação do PLS 25/02. Na Câmara dos Deputados, o Ato Médico foi mencionado em Plenário no discurso do Deputado Pedro Canedo (PSDB/GO), que é médico, no dia dos Oftalmologistas (12/6), mas não tramita matéria sobre o assunto nesta casa. Em 8/julho/2002, houve uma reunião na sede do Conselho Federal de Serviço Social para discutir o PL 25/02, onde foi principalmente argumentado que o projeto confunde o conceito de saúde com o de medicina. INFORMAÇÕES SOBRE O AUTOR: O autor do PLS é o Senador Geraldo Althoff, que é médico pediatra e suplente do falecido Senador Vilson Kleinübing (PFL/SC - eleito em 1994 e falecido em 1998). O Senador Vilson Kleinübing (PFL/SC) era vice-líder do governo no Senado, seu mandato terminaria em 2003, e o perfil das 20 matérias de sua autoria eram basicamente referentes ao Regimento Interno do Parlamento, às despesas do Estado com Senadores, e especificidades da Chevrolet, mas nada referente a profissões. O Senador Geraldo Althoff, seu primeiro-suplente, ganhou notoriedade como relator da CPI do futebol de autoria do Senador Álvaro Dias (PDT/PR). Em 2002,
Geraldo Althoff enfrenta problemas políticos ímpares em seu estado. Tenta disputar a convenção do PFL regional como candidato natural ao Senado, mas o também Senador Jorge Borhausen (PFL/SC) quadro nacionalmente forte do partido vetou a candidatura de Geraldo Althoff ao Senado para indicar seu filho, Paulo Borhausen, ao cargo de Senador. Desta forma, Geraldo Althoff 2 será candidato à Câmara dos Deputados. Licenciado por problemas de saúde, foi substituído pelo segundo suplente, Senador Adir Gentil (PFL/SC), que é empresário e não será candidato ao Senado este ano. INFORMAÇÕES SOBRE O RELATOR: O relator do projeto é o Senador Luiz Otávio (PPB/PA), que é administrador de empresas e possui 18 projetos de sua autoria 3. A maioria das matérias de sua autoria são relativas à ocupação da Amazônia (índios, verbas, saneamento básico, e a criação de Tribunal Regional na 6 ª Região), e alguns sobre homenagens e pedidos de esclarecimentos por parte do Executivo. Nenhum trata necessariamente sobre o escopo e os limites de profissões em áreas afins. SITUAÇÃO ATUAL: A assessoria do Senador Adir Gentil e do Senador Luiz Otávio foram ambas contactadas. A assessoria de Adir Gentil não se mostrou muito informada sobre o assunto, e não parece particularmente interessada neste projeto 4. No gabinete do Senador Luiz Otávio, os responsáveis diretos pelo acompanhamento do PLS encontravam-se inalcançáveis, porém, adiantaram a informação que o parecer é FAVORÁVEL. Segundo a assessoria da CCJ, é muito provável que um projeto de teor específico como o PLS 25/02 NÃO ENTRE EM PAUTA antes da realização das eleições em outubro de 2002. 2 As matérias de sua autoria e as que relata não estão disponíveis para observação do perfil de seu mandato. 3 Os projetos relatados por ele não estão disponíveis. 4 Até que um projeto seja aprovado pela comissão de mérito, geralmente o autor acompanha seus passos. Passar pela CCJC significa qualidade formal, mas não entra na implicações de conteúdos específicos. Quando ela é aprovada na comissão de mérito, passa a ser também um projeto desta comissão.
AVALIAÇÃO: O PLS 25/02 ainda está na CCJ, aguardando ser colocado como ponto de pauta. Mesmo que ele seja votado de forma rápida, como aliás foi sua tramitação até agora (o relatório ficou pronto em uma semana), a grande discussão ocorrerá na comissão de mérito (CAS). Geralmente, quando o parecer do relator é favorável na CCJ, ele é aprovado 5. 5 As discordâncias são típicas das comissões de mérito.