SUMMARY. PALAVRAS-CHAVE: Algodão, estresse salino, deslintamento, germinação.

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Transcrição:

EFEITO DO DESLINAMENTO DE SEMENTE DE ALGODAO NA GERMINAÇÃO SOB CONDiÇÕES DE ESTRESSE SALINO * JOS~ GILBERTO VIEIRA FAÇANHA JOSÉ TAROUINIO PRISCO ** RESUMO O efeito do deslintamento de sementes de algodão cultivar Allen 333/57 sobre a germinação (emersão de radicula) e emergência de plântulas, sob condições de estresse salino, foi estudado no presente trabalho. A germinação de sementes com e sem linter foi reduzida à medida que diminuiu o potencial hfdrico das soluções, sendo que em baixos potenciais (-0,8 e -1,0 MPa) houve um efeito benéfico da presença do linter. A velocidade de germinação foi muito semelhante para os dois tipos de sementes, mas o potencial hídrico capaz de inibir 50% da germinação foi menor na semente com línter. A emergência de plântulas provenientes de sementes com e sem Ifnter também foi reduzida com o aumento na intensidade do estresse salino, mas em potenciais hídricos mais baixos, a percentagem de plântulas provenientes de sementes deslintadas foi maior, mostrando que o efeito benéfico do deslintamento se manifesta em uma fase posterior à da emersão da radícula, ou seja, na fase do estabelecimento de plântula. SUMMARY EFFECT OF COTTON SEED DELIN- TING ON SEED GERMINATION UNDER SAL T STRESS This paper deals with lhe effect of delinting on seed germination and seedling emergence under salt stress conditions. Salinity inhibited both lhe rale Financiado pelo CNPq. Professores do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular do Centro de Ciências da Universidade Federal do Ceará. Ciên. Agron., Fortaleza, 18 (1): pág. 77-81 - Junho, 1987 and the percentage of germination of both delinted and not delinted seeds. However, when the water potential of the salt solution was -0.8 and -1.0 -MPa seed germination was less inhibited in seeds with linter than in the delinted ones. The water potentials responsible for 50% of inhibition of seed germination were -0.7 and -0.9 MPa for delinted and not delinted seeds, respectively. At low water potentials seedling emergence was higher in delinted than in not delinted seeds. This apppears to indicate that beneficia I effects of delinting are apparent only during seedling establishment. PALAVRAS-CHAVE: Algodão, estresse salino, deslintamento, germinação. 1. INTRODUÇÃO O deslintamento compreende a operação de eliminação parcial ou total do línter da semente de algodoeiro. O emprego dessa técnica facilita a eliminação das infecções superficiais e rrossibilita uma melhor germinação. 1,3 SI L V A6, comparando os diversos métodos de deslintamento de semente de algodão, observou que os métodos químicos (via úmida e via seca) foram supe- 77

riores aos demais (mecânico e a fogo), quando avaliados em termos de percentagem de germinação e índice de vigor. Em relação à composição qu(mica do línter, sabe-se que é formado principalmente de celulose2. A partir dessa informação, levantou-se a possibilidade de que o I ínter poderia funcionar como uma barreira à penetração de sais e com isso minimizar os efeitos adversos da salinidade. A influência do estresse salino sobre a germinação de semente de algodão, deslintada ou não, tem sido pouco estu. dada. Portanto, no presente trabalho verificou-se o efeito da presença ou não do I ínter na semente de algodão, sobre a germinação em diversos n(veis de salinidade. 2. MATERIAL E MÉTODOS Sementes de algodão herbáceo (Gossypium hirsutum L. CV. Allen 333/ 57) com línter ou deslintadas com ácido sulfúrico, procedentes do Centro Nacional de Pesquisas do Algodão (CNPA), Campina Grande, Paraíba, foram utilizadas no presente trabalho. As sementes foram tratadas com uma solução de hipoclorito de sódio (5,2%) por 10 minutos, e em seguida lavadas com água destilada. A semeadura foi realizada em placas de Petri contendo duas folhas de papel de filtro umedecidas com 8 ml de solução de cloreto de sódio com os seguintes potenciais hídricos: 0,0, -0,2, -0,4, -0,6, -0,8 e -1,0 MPa. As quantidades de sais necessárias para obtenção dos n í- veis de salinidade "desejados foram calculadas a partir de dados de R ICHARDS5. Para cada nível de potencial h ídrico foram realizadas oito repetições de 50 sementes cada. Durar.te a germinação a temperatura foi de 26:t 2 C e considerou-se como semente germinada aquela com radícula igualou superior a 3 mm. As contagens das sementes germinadas foram realizadas aos 1, 2, 3 e 4 dias após a semeadura. 76 A partir dos resultados de germinação, calculou-se graficamente o tempo necessário para germinação de 50% das sementes (T50) em cada n(vel de salinidade. O n(vel de salinidade capaz de inibir 50% da germinação em relação ao controle, também foi calculado graficamente a partir dos dados de germinação. A determinação da percentagem de umidade das sementes, durante a embebição foi realizada nas mesmas condições citadas anteriormente para a germinação, em sementes quiescentes e em sementes colocadas para embeber em água destilada po~ 12 horas e em soluções com potenciais h(dricos de -0,6 e -0,8 MPa, por 24 horas. A matéria seca foi determinada após secagem das sementes em estufa, a 100 C, por 24 horas. A percentagem de umidade da semente foi expressa com base na matéria seca. Para o experimento de emergência de plântula, a semeadura foi realizada em bandejas de plástico contendo vermicu1ite e irrigada com solução na proporção de 2: 1 - v: v. Os potenciais h(dricos das soluções foram iguais aos utilizados no experimento de germinação. As bandejas permaneceram fechadas nos primeiros d ias após a semeadura para evitar evaporação. A contagem da emergência foi realizada diariamente. 3. RESULTADOS E DISCUSSAO De um modo geral, a percentagem de germinação de sementes de algodão com e sem línter decresceu à medida que diminuiu o potencial hídrico da solução salina (FIG. 1). Em baixos potenciais hídricos (-0,8 e -1,0 MPa) houve uma ligeira superioridade na percentagem de germinação das sementes com línter, em relação às sementes sem línter (FIG. 2). Possivelmente, o I ínter com um alto conteúdo de celulose, tenha funcionado como uma barreira à penetração dos sais. Embora tenha havido uma ligeira diferença na percentagem de germinação entre sementes com I ínter e sem I ínter, quando se analisou o tempo decorrido Ciên. Agron., Fortáleza, 18 (1): pág. 77-81 - Junho, 1987

80-5. ~ i~ r.1 o *' 60 40 201 ol n~ 24 ~- da 7?,~ 96 O 24 48 72 96 HORAS DE EMBEBIÇ~O Figura 1 - Efeito da salinidade na germinação de semente de algodão com e sem I (nter. Os números representam os potenciais h(dricos das soluções em - MPa. 80 60 % -=~ 40 ffi " ~ O 20,.. o 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 POTENCIAL HroRICO (-Mpa) Figura 2 - Germinação de semente de algodão com e sem Ifnter em soluções de NaCI com diferentes potenciais hfdricos. para que ocorresse 50% da germinaçãcj final em cada nível de potencial hídrico, observou-se que foi muito semelhante para os dois tipos de sementes (FIG. 3). Isso significa que embora haja diferença na germinação final, a velocidade com que ela ocorreu foi praticamente a mesma para os dois tipos de semente. Com relação à percentagem de umidade durante a embebição (Tabela 1), observou-se que a semente deslintada absorveu água (ou solução salina) em uma velocidade duas vezes maior do que a semente com línter. É possível que o deslintamento com ácido sulfúrico tenha funcionado semelhante a uma escarificação, tornado o tegumento menos espe~so e mais permeável a entrada de água. No entanto, PROKOF'EV et alii4 constataram que o deslintamento de semente de algodão com ácido sulfúrico quase não teve efeito no conteúdo de umidade (expresso na base de matéria fresca) de sementes, no início da emersão da radícu- Ia. Os resultados do conteúdo de umidade mostram também, para os dois tipos de semente, que, em potenciais hídricos intermediários, a velocidade de embebição é cerca da metade daquela em água destilada (Tabela 1). Embora os resultados do teor de umidade da semente aparentemente contrastem com os da percentagem de germinação, visto que a germinação depende de um nível crítico do conteúdo de umidade, é interessante notar que, no presente trabalho, a percentagem de umidade foi medida na semente inteira e, segundo PROKOF'EV et alii4 o nível crítico do conteúdo de água da semente deve ser estimado no embrião e não na semente inteira. ~ Semelhantemente à germinação, a emergência de plântulas também foi reduzida à medida que aumentou o nível de salinidade, para os dois tipos de semente (FIG. 4). No entanto, a partir de Ciên. Agron., Fortaleza, 18 (I): pág. 77-81 - Junho, 1987 79

-o 0,2 0,4 0,6 0,8 1,07; POTENCIAL HÍDRICO (-Mpa) Fig. 3 - T.~ necessário para germinação de 50% de semente de algodão com e sem línter em soluções de NaCI com diferentes potenciais hfdricos. ; oposta ao que ocorreu com a percentagem de germinação. Possivelmente, o maior conteúdo de água das sementes deslintadas, aliado à diminuição na capacidade do I ínter reter os sais, devido a um maior período de exposição à solução salina, tenham contribu (do para a diferença no número de plântulas emergidas sob condições de estresse salino. Dos resultados apresentados, é importante observar que a prática do deslintamento é vantajosa, principalmente sob condições de estresse salino, visto que esta vantagem se manifesta em uma fase posterior a da germinação, ou seja, durante o estabelecimento da plântula. TABELA I Percentagem de Umidade de Sementes de Algodão Com Sem Lfnter Durante Embebição em Agua Destilada ou Solução Salina. Fortaleza, 1987. Horas de embebição o 12 Potencial h{drico (MPa) Com línter Sem línter 0,0 - -0,6 10,0 40,7 47,9 8,3 87,9 87,9-24 - -0.8 44,0 87,8 potencial hídrico de -0,6 MPa tornou-se evidente a maior percentagem de emergência das plântulas provenientes de sementes deslintadas, tendência essa 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. DHINGRA, 0.0.; J.J. MUCHOVEJ & J. DA CRUZ FilHO. Tratamento de sementes (controle de patógenos). Imprensa Universitária, U.F.V., Viçosa. 1980. 121p. 2. MENDONÇA, E.R. de. Manual do produtor e do beneficiador de algodão. 1.a Ed. Nacional, Comércio e Distribuidora de livros, Brasília, 1973. 222p. 3. PONTE, J.J. da. Influência do ácido sulfúrico concentrado (densidade 1,84) sobre a germinação das sementes do algodão moro, Gossypium hirsutum marie-galan- Fig. 4 - Emergtncia de plantulas de algodão provenientes de semente com e sem I(nter em diversos n(veis de salini. dade. Os números representam os potenciais h(dricos das soluções em - MPa. 80 Ciên. Agron., Fortaleza, 18 (1): pág. 77-81 - Junho, 1987

te Hutch. BoI. Soco Cear. Agron., 1: 67-72. 1960. 4. PROKOF'EV, A.A.; N.V. OBRUCHEVA; L. S. KOVADLO; L.K. KULIEVA & S. KOZHEMYAKINS. Levei of seed water content critical for the outset of germination. Fiziologiya Rastenii, 30: 178-183 (english translation). 1983. 5. RICHARDS, L.A. Diagnosis and improvement of saline and alkali soils. U.S.D.A. Agric. Handbook n.o 60,1954. 160p. 6. SILVA, J.M. de M. Efeitos de métodos de deslintamento na germinação e no vigor de sementes de algodoeiro (Gossypium hirsutum L.). Piracicaba, ESALO. (Tese de Mestrado). 1977. 65p. Ciên. Agron., Fortaleza, 18 (1): pág. 77-8.1 - Junho, 1987 81