Registro: 2016.0000526459 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº 2131115-57.2016.8.26.0000, da Comarca de São Paulo, em que é agravante INDÚSTRIA AUTO METALURGICA S.A, é agravado FAZENDA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO. ACORDAM, em 12ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores JOSÉ LUIZ GERMANO (Presidente sem voto), VENICIO SALLES E J. M. RIBEIRO DE PAULA. São Paulo, 27 de julho de 2016 OSVALDO DE OLIVEIRA RELATOR Assinatura Eletrônica
VOTO Nº 23.337 COMARCA: SÃO PAULO AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 2131115-57.2016.8.26.0000 AGRAVANTE: INDÚSTRIA AUTO METALÚRGICA S/A. AGRAVADA: FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO Juíza de 1ª instância: Maricy Maraldi AGRAVO DE INSTRUMENTO. CAUTELAR INOMINADA. ICMS. PROTESTO DE CDA. Insurgência contra decisão que indeferiu a liminar para sustar os efeitos de protesto de CDA. Descabimento. Arguição de Inconstitucionalidade do art. 25 da Lei nº 12.767/2012, que incluiu o parágrafo único ao art. 1º da Lei nº 9.492/1997, para autorizar o protesto de CDA pelo Fisco, rejeitada pelo C. Órgão Especial deste TJSP. Jurisprudência atual do STJ e precedentes desta Corte. Ausência da verossimilhança da alegação, requisito indispensável para a concessão da tutela de urgência (art. 300 do NCPC). Decisão mantida. Recurso não provido. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra decisão (fls. 89) que, em ação cautelar inominada ajuizada por Indústria Auto Metalúrgica S/A. em face da Fazenda do Estado de São Paulo, objetivando a sustação de protesto de certidão de dívida ativa, indeferiu o pedido liminar, facultando à parte o depósito do montante integral, para fins de suspensão da exigibilidade do crédito. Sustenta a Agravante a ilegalidade do protesto das Certidões de Dívida Ativa, tendo em vista a inconstitucionalidade do parágrafo único do artigo 1º da Lei nº 9.492/97. Aduz ainda que os juros aplicados pelo Fisco com base na lei Estadual nº 13.918/089 são indevidos, pois o percentual Agravo de Instrumento nº 2131115-57.2016.8.26.0000 - São Paulo - VOTO Nº 23337-2/7
excede o utilizado pela União. Com tais argumentos, pugna pela concessão da tutela antecipada recursal, para sustar os efeitos dos protestos das CDA's sem qualquer caução e, ao final, pelo provimento do presente agravo. O recurso foi recebido sem a tutela de urgência pleiteada, dispensadas as informações do Juízo singular e a resposta da Agravada, que ainda não integra a relação processual (fls. 93/94). É o relatório. O recurso não comporta provimento. Busca a Agravante a reforma de decisão monocrática que, em ação objetivando o cancelamento de protesto de Certidão de Dívida Ativa relativa a débito de ICMS, indeferiu a liminar, postulada para sustar os efeitos do protesto sem o depósito do montante integral do débito. E agiu com acerto a ilustre Magistrada singular. Reza o artigo 300 da Código de processo Civil de 2015 que A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. Na hipótese dos autos, embora inegável o periculum in mora, visto que a Agravante vem sofrendo prejuízos com o protesto em seu desfavor, não se vislumbra, nessa fase processual, a existência da prova inequívoca do direito invocado. Isso porque o protesto está amparado pelo parágrafo único do Agravo de Instrumento nº 2131115-57.2016.8.26.0000 - São Paulo - VOTO Nº 23337-3/7
artigo 1º da Lei nº 9.492/96 (com a redação introduzida pela Lei nº 12.767/12), que assim dispõe: Artigo 1º - Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida. Parágrafo único Incluem-se entre os títulos sujeitos a protesto as certidões de dívida ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das respectivas autarquias e fundações públicas. (Incluído pela Lei nº 12.767, de 2012) O Superior Tribunal de Justiça, revendo entendimento outrora adotado, passou a admitir a possibilidade de protesto de Certidão de Dívida Ativa: A Segunda Turma do STJ, no julgamento do REsp 1.126.515/PR, Relator Ministro Herman Benjamin, DJe 16/12/2013, reformou a sua jurisprudência, passando a admitir a possibilidade do protesto da CDA. Na ocasião ficou consolidado que dada 'a natureza bifronte do protesto, não é dado ao Poder Judiciário substituir-se à Administração para eleger, sob o enfoque da necessidade (utilidade ou conveniência), as políticas públicas para recuperação, no âmbito extrajudicial, da dívida ativa da Fazenda Pública'. Ademais, a 'possibilidade do protesto da CDA não implica ofensa aos princípios do contraditório e do devido processo legal, pois subsiste, para todo e qualquer efeito, o controle jurisdicional, mediante provocação da parte interessada, em relação à higidez do título levado a protesto'. (AgRg no REsp 1.450.62/SP - Ministro Mauro Campbell Marques - 2ª Turma - DJe 06.08.2014). de Direito Público: No mesmo sentido tem decidido esta Décima Segunda Câmara Agravo de Instrumento nº 2131115-57.2016.8.26.0000 - São Paulo - VOTO Nº 23337-4/7
Ação Declaratória - Agravo de Instrumento - Indeferimento de liminar - Pretensão da agravante visando à concessão de tutela antecipada para que a agravada se abstenha de utilizar o protesto de certidão de dívida ativa como forma de coação de pagamento de tributos - Impossibilidade - Ausência dos requisitos autorizadores da concessão da tutela antecipada - Decisão mantida - Recurso improvido. (AI nº 2088924-65.2014.8.26.0000 - Relator: Burza Neto - j. 21.08.2014 - v.u.); ANTECIPAÇÃO DA TUTELA. Certidão de dívida ativa. Protesto. Alegação de inconstitucionalidade. Protesto expressamente permitido pela Lei nº 12.767/2012, que acrescentou parágrafo único ao artigo 1º da Lei 9.492/1997, sem motivo de inconstitucionalidade flagrante que coubesse reconhecer para efeito da medida de antecipação da tutela, negada pela decisão agravada. Prejudicado o agravo regimental ante o julgamento do agravo de instrumento. Recurso não provido. (AI nº 2110549-58.2014.8.26.0000 - Relator: Edson Ferreira - j. 25.08.2014 - v.u.). E também a jurisprudência desta Corte de Justiça: PROCESSO CIVIL. Medida cautelar. Sustação de protesto de CDA. Crédito tributário referente a ICMS verificado em regime periódico de apuração. É cabível a realização de protesto de CDA na inteligência do artigo 1º, parágrafo único, da Lei nº 9.492/97, introduzido pela Lei nº 12.767/12. Ausentes os pressupostos que ensejam a concessão da medida. Decisão confirmada. Agravo não provido. (AgRg nº 2186778-59.2014.8.26.0000-7ª Câmara de Direito Público - Relator: Coimbra Schmidt - j. 18.11.2014 - v.u.) SUSTAÇÃO DE PROTESTO. CDA. Débito de ICMS declarado e não pago. Agravo de Instrumento nº 2131115-57.2016.8.26.0000 - São Paulo - VOTO Nº 23337-5/7
Protesto das CDAs. A jurisprudência reconhece a possiblidade de protesto de Certidão da Dívida Ativa, hoje previsto em lei. Não se susta protesto já efetuado. Hipótese em que o débito decorre de ICMS declarado e não pago, em que há presunção de legalidade e legitimidade do ato administrativo que apura o débito, decorrente da própria declaração do contribuinte. Não demonstração da fumaça do bom direito neste momento inicial. Liminar desprovida. Agravo a que se negou seguimento. Agravo interno desprovido. (AI nº 2180388-73.2014.8.26.0000-10ª Câmara de Direito Público - Relator: Torres de Carvalho - j. 17.11.2014 - v.u.). Ressalte-se ainda que o C. órgão Especial deste Tribunal de Justiça rejeitou a Arguição de Inconstitucionalidade do artigo 25 da Lei nº 12.767/2012, que incluiu o parágrafo único ao artigo 1º da Lei nº 9.492/1997, que autoriza o protesto de CDA pelo Fisco, permitindo o protesto de Certidões da Dívida Ativa dos entes Federados e das respectivas autarquias e fundações públicas, conforme ementa a seguir transcrita: Arguição de inconstitucionalidade. Lei 12.767/2012, que acrescentou dispositivo à Lei nº 9.492/97 de modo a admitir extração de protesto de certidões de dívida ativa. Alegação de falta de pertinência temática entre a emenda legislativa que acrescentou aquela disposição e o teor da Medida Provisória submetida a exame. Irrelevância. Pertinência temática que a Constituição da República só reclama nos casos nela indicados em 'numerus clausus', rol que não compreende o tema em questão. Sanção presidencial que, ademais, validou o acréscimo feito pelo Legislativo, perdendo sentido, destarte, discussão sobre a regularidade formal daquela modificação. Inconstitucionalidade não reconhecida Arguição desacolhida. (Arguição Inconstitucionalidade nº 0007169-19.2015.8.26.0000 - Relator: Arantes Theodoro - j. 29.04.2015 - m.v.). Agravo de Instrumento nº 2131115-57.2016.8.26.0000 - São Paulo - VOTO Nº 23337-6/7
Portanto, em uma análise perfunctória da matéria, a medida empreendida pela Fazenda Estadual encontra guarida no ordenamento jurídico pátrio. Nesse contexto, agiu com acerto a ilustre Magistrada singular ao condicionar a suspensão dos efeitos do protesto ao depósito do montante integral do débito, sendo de rigor a manutenção da r. decisão agravada. À vista do exposto, nega-se provimento ao recurso.. OSVALDO DE OLIVEIRA Relator Agravo de Instrumento nº 2131115-57.2016.8.26.0000 - São Paulo - VOTO Nº 23337-7/7