REGIME DE BENS. Resumo. 1 Regime de Bens. Jus Societas ISSN Nizangela Hetkowski 1 Jenaldo Alves de Araújo 2

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Transcrição:

REGIME DE BENS Nizangela Hetkowski 1 Jenaldo Alves de Araújo 2 Resumo Regime de bens é um conjunto de regras aplicáveis à sociedade conjugal que tem como objetivo regularizar o patrimônio dos cônjuges. A união de um homem e uma mulher pelo casamento ou união estável almeja mútua cooperação, assistência moral, material e espiritual. A finalidade do casamento não tem caráter econômico direto; mas o patrimônio envolve os cônjuges de uma tal maneira que o legislador fez por bem legalizar o regime de bens, mesmo quando os cônjuges forem omissos, a Lei pré-determina o regime legal. Posto isso, nessa pesquisa abordar-se-ão, os regimes de bens adotados no Brasil, analisando-os sob a ótica jurídica e social. A lei concede de certa forma, uma liberdade na escolha do regime, entre os estipulados em lei, ou os cônjuges podem adaptar regras de um e outro regime formando o próprio regime (misto) como melhor lhes convier, desde que não ultrapassem as regras estabelecidas pela Lei. Palavras-chave: casamento, regime de bens, patrimônio conjugal. 1 Regime de Bens A união pelo casamento deve ter mútua cooperação, assistência moral, material e espiritual. Não devendo prevalecer o conteúdo econômico direto; mas dessa união de corpo e alma do homem e da mulher traz reflexos patrimoniais para ambos, normalmente após o vínculo conjugal ser desfeito. Durante a vida conjugal o casal deve tomar frente às necessidades financeiras para o sustento do lar. Portanto, e importante que se organizem as relações patrimoniais entre os cônjuges, que se traduzem no regime de bens ou regime matrimonial (VENOSA, 2007). Regime matrimonial é o conjunto de regras aplicáveis à sociedade conjugal considerada sob aspecto dos seus interesses patrimoniais; ou seja, estatuto patrimonial dos cônjuges. Conforme Orlando Gomes (1997. p. 165), a organização do regime matrimonial de bens obedece a três princípios fundamentais: a) Variedade dos Regimes - significa que a lei não impõe um regime matrimonial, mas, ao contrário, oferece à escolha dos nubentes diverso, para que possa escolher o que melhor lhes convém. 1 Acadêmica do 9º período do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná-RO CEULJI/ULBRA e Conselheira do Curso. E-mail nizangela4@gmail.com 2 Professor orientador, Bacharel em Direito pelo ILES/ULBRA, licenciado em Ciências e Letras, especialista em Metodologia de Ensino Superior, Administração e Planejamento para Docentes, Direito de Família e Sucessões, Direito Público, Direito Constitucional e doutorando em Ensinamento de Língua e Literatura pela Universidade de Barcelona Espanha, mestrando em Direito Econômico pela Universidade Autônoma de Asunción-PY, doutorando em Direito Internacional é professor titular do Curso de Direito, do Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná-RO CEULJI/ULBRA. E-mail jenaldo@ulbrajp.edu.br

b) Liberdade dos Pactos Antenupciais Os nubentes podem escolher, em princípio, o regime que lhes convenha, não estando adstritos à adoção de um tipo que se acham definidos em lei, os mesmos possuem a liberdade de formarem um regime misto, desde que, respeitem as disposições já estipuladas em lei. Faz-se necessário estipularem pacto antenupcial, declarando o regime misto que adotaram. O legislador fez algumas ressalvas a essa liberdade de escolha, por motivos de precaução ou para punir os nubentes, onde em casos específicos o legislador impõe determinado tipo de regime obrigatório. c) Imutabilidade do Regime Adotado Proíbe toda alteração do regime patrimonial adotado após a celebração do casamento. Os nubentes podem escolher qualquer regime, definindo-o no pacto antenupcial, mas, depois de realizado o matrimônio, não é permitido a adoção de outro regime nem a sua modificando daquele sob o qual estão vivendo; esta imutabilidade do regime de bens é uma garantia para os cônjuges e para terceiros. Todavia, esse princípio não é adotado por todas legislações. Essa imutabilidade, quanto ao regime de bens foi tema modificado com o advento do Código Civil de 2002, art. 1.639, 2º, uma vez que até então o regime de bens era irrevogável (CC/1916, art. 230), a modificação legislativa consistente na possibilidade de sua alteração, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apuradas a procedência das razões invocadas (RODRIGUES, 2002. p. 174). As relações se estabelecem mediante pacto pelo qual os nubentes têm a liberdade de estipular o melhor para o relacionamento; a própria lei coloca a sua escolha diversos regimes matrimoniais e não impedem que combinem e façam um regime misto, ou seja, disposições próprias de cada um. Logo, por que proibir que modifiquem cláusulas do contrato que celebraram, mesmo quando o acordo de vontades é presumido pela lei? Sendo necessário, apenas, que o exercício desse direito seja controlado, para coibir a prática de abusos, subordinando-o a certas exigências. Desse modo, a mudança somente deve ser autorizada se requerida por ambos os cônjuges e justificada. O acolhimento do pedido de mudança do regime de bens depende de decisão judicial, o juiz deve analisar se o pedido foi manifestado livremente e possui motivos plausíveis para a mudança. Só será acolhido o pedido, se não tiver o propósito de prejudicar terceiros, cujos interesses se ressalvam, deve exigir a publicidade necessária através da obrigação de transcrever a sentença no registro próprio. 1.1 - Regime Legal O código acolhe o princípio da variedade dos regimes matrimoniais assegurando aos nubentes a faculdade de estipularem, quanto aos seus bens, apesar dessa variedade o Código dá preferência a determinado tipo, deixando claro que se os nubentes não exercerem a escolha ou se exercerem de forma não aceita pela lei, vigorará o regime indicado pela lei, denominando assim de regime legal que é o que prevalece, quando não há convenção entre os cônjuges ou é nulo o pacto antenupcial. No Brasil, o regime legal é o da comunhão parcial, seu caráter é supletivo, uma vez que vigora somente se os nubentes se casam sem pacto antenupcial, ou se este é inválido. Conforme o art. 1.640 do Código Civil. O regime legal sobrevém de convenção tácita dos nubentes; diante da liberdade de escolha que têm; indica que a falta de pacto antenupcial deve ser interpretada de que os nubentes quiseram adotar o regime legal (Ibidem. p. 166.) O estatuto patrimonial dos cônjuges começa a vigorar desde a data do casamento (CC, art. 1.639, 1º), por ser o matrimônio o termo inicial do regime de bens, por decorrer da Lei ou de pacto; portanto, nenhum regime matrimonial pode ter início em data anterior ou posterior ao ato nupcial. 1.2 - Regime Obrigatório No regime legal, na ausência de pacto antenupcial, vige o regime da comunhão parcial; mas no próprio Código Civil encontra-se casos excepcionais que a lei impõe o regime da separação de bens, conforme dispõe o art. 1.641, in verbis:

Art.1.641 - É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento; II - da pessoa maior de sessenta anos; III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial. O legislador nessas hipóteses teve caráter protetivo; pois, trata-se de pessoas que, pela posição em que se encontram, poderiam ser conduzidas ao casamento pela atração que sua fortuna exerce. Sendo assim, o legislador para impedir que o interesse material venha constituir o elemento principal a mover a vontade do outro consorte e por meio do regime obrigatório da separação, tentou eliminar essa espécie de incentivo (RODRIGUES 2002, p. 179). Conforme o artigo mencionado, quanto ao casamento da pessoa maior de sessenta anos, o legislador compreendeu que, nessa fase da vida, presumivelmente o patrimônio da pessoa já está estabilizado, devendo ser afastado e preservado seu patrimônio. Afastar o incentivo patrimonial do casamento de uma pessoa jovem que se casa com alguém mais idoso com poder aquisitivo superior. Aos que dependem de autorização judicial para casarem, o legislador entende, por exemplo, que o menor que se casa com suprimento judicial da vontade de seus pais ou para furtar-se à imposição de pena criminal necessita de maior proteção no curso do casamento (VENOSA, 2007 p. 307.) Quanto ao casamento de incapazes, sem autorização legal, é anulável. O mesmo ocorre no casamento dos que não atingiram a idade núbil; se o casamento persistir o regime será o da separação de bens. O legislador pretendeu evitar a cobiça pelos bens do menor, ou amental. pacto for realizado por menor, ficará condicionada a aprovação pelo representante legal, salvo as hipóteses de regime obrigatório de separação de bens (art. 1.654, CC). A lei faculta aos nubentes estipularem o que lhes aprouver quanto a seus bens. De modo que podem optar por um dos regimes já disciplinado no Código Civil, como podem combinar as regras de um com regra de outro, fazendo seu próprio regime particular (RODRIGUES, 2002, p. 176). O antigo Código de 1916 era regido pelo princípio da imutabilidade do regime de bens, ou seja, não era permitido a alteração do regime. Com o advento do novo Código Civil o legislador abandonou esse princípio, conforme dispõe o art. 1.639, 2º - É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros. A lei não estabelece prazo mínimo de casamento para ser requerida essa alteração de regime de bens. Para Débora Gozzo (2003. p. 199.) A maioria dos nubentes sente-se constrangida para discutir questões de cunho patrimonial antes do casamento, entendendo que essa natural inibição inicial poderia levar a escolhas erradas quanto ao regime, além de instalar um clima mais propício para os casamentos por interesse. Seria certo então deduzir que com o passar do tempo, quanto mais sedimentado o relacionamento conjugal, quanto maior a intimidade dos cônjuges, quanto mais fortalecidos os seus vínculos familiares e as suas certezas afetivas, mais autorizada estaria a modificação de seu regime patrimonial no curso do casamento, facilitando a correção dos rumos escolhidos por jovens inexperientes. 1.3 - Pacto Antenupcial É o contrato solene, realizado antes do casamento, por meio do qual as partes dispõem sobre o regime de bens que vigorará entre elas, durante o matrimônio. As convenções antenupciais constituem negócio, pois sua eficácia fica submetida à ocorrência de casamento, conforme art. 1.653, CC É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento. 1.4 - Do Regime De Comunhão Parcial É aquele em que, basicamente, se excluem da comunhão os bens que os cônjuges possuem ao casar ou que venham a adquirir por causa anterior e alheia ao casamento, como as doações e sucessões; e em que entram na comunhão os bens adquiridos posteriormente. Trata-se de um regime de separação quanto ao passado e de comunhão quanto ao futuro (RODRIGUES, 2002 p. 207) O Código Civil reserva um capítulo exclusivo para tratar do pacto antenupcial, estabelecendo regras e suas eficácias. Quando o É o regime legal adotado no Brasil, e o que advém da falta, ineficácia ou nulidade de pacto antenupcial, vigente entre nós após a Lei do

divórcio (Lei n. 6.515/77), onde determina o regime preferencial dos nubentes (CC, art. 1.640). Não havendo convenção antenupcial ou sendo esta nula, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial. Considerado por muitos, inclusive o Código Civil, como sendo o regime que melhor atende ao espírito da sociedade conjugal, os bens adquiridos no casamento devem ser comuns por serem frutos da colaboração que se estabelece entre marido e mulher, permanecendo incomunicáveis os bens adquiridos anterior ou alheio ao matrimonio. Na comunhão parcial, comunhão de aqüestos ou separação parcial, como também é denominado esse regime, existem três massas de bens: os bens do marido e os bens da mulher trazidos antes do casamento e os bens comuns, amealhados após o matrimônio. Trata-se de regime da maioria absoluta dos casamentos realizados após 1977, pois os pactos núpciais são raros. Dispõe o art. 1.658 do Código Civil: [...] no regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, na constância do casamento, com as exceções dos artigos seguintes. A comunhão parcial dissolve-se também por morte, separação, divórcio ou anulação do casamento. Dissolvida a comunhão cada cônjuge retirará seus bens particulares, e serão divididos os bens que adquiriram no casamento. Algumas noções fundamentais já estão expressas na Lei. Os bens que não se comunicam no regime de comunhão parcial constituem assim o patrimônio pessoal de cada cônjuge, conforme o Código Civil: Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; II os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares; III as obrigações anteriores ao casamento; IV as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal; V os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; VI os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; VII as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes. Esses bens mencionados não se comunicam ao outro esposo, cada consorte conserva para si os bens que possuía ao casar; a comunhão se formará com os bens adquiridos na constância do casamento. Os débitos anteriores ao casamento não se comunicam, porque os patrimônios de ambos os cônjuges são mantidos separados e as dívidas fazem parte deles. Os bens que substituem os bens particulares, os que a lei se refere como sub-rogados, também são excluídos da comunhão, para isso se faz necessário que o cônjuge ressalve essa sub-rogação e prove que de fato um bem substitui outro, quanto aos imóveis, pois quanto aos móveis vigora a presunção do art. 1.662, CC; no sentido de que foram adquiridos na Constancia do casamento (VENOZA 2007, p.315). Excluem-se das obrigações os bens provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal, sendo necessário examinar no caso concreto se o ato ilícito promoveu benefício para o casal, o que nem sempre será simples. Outro caso difícil é precisar o momento exato em que os valores deixam de ser proventos do trabalho e passam a ser bens comuns; por exemplo, os efeitos econômicos de uma ação judicial proposta pelo cônjuge antes do casamento, cuja liquidação ocorra após. Ou, o prêmio da loteria que um dos cônjuges fez o jogo antes do casamento, mas cujo sorteio e pagamento ocorreu após o matrimônio. Bens que integram o patrimônio comum dos cônjuges: Art. 1.660. Entram na comunhão: I os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges; II os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior; III os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges; IV as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge; V os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão. Há um cuidado maior, pois precisa de descrição minuciosa dos bens móveis no pacto antenupcial, sob pena de serem reputados comuns. A administração dos bens na comunhão parcial, conforme o art. 1.663 compete a qualquer

dos cônjuges. No Código antigo competia exclusivamente ao marido, o que mudou com a Constituição de 1988. As dívidas que forem contraídas nessa administração obrigam os bens comuns e os particulares do cônjuge que os administra, e os do outro na razão do proveito auferido. No 2º do referido artigo destaca a necessidade de anuência de ambos os cônjuges para os atos a título gratuito, que impliquem uso ou gozo dos bens comuns. O 3º é mais complexo, pois: em caso de malversação dos bens, o juiz poderá atribuir a administração a apenas um dos cônjuges. Se o cônjuge que esta a frente da administração fizer má administração ou dilapidar os bens colocando em risco os bens comuns, pode ser afastado da administração através de uma decisão judicial. Em qualquer momento se um dos cônjuges der prejuízo ao outro em administração de bens, ficará obrigado a reparar o dano, nos termos do art. 186, CC. (Ibidem, p. 318.). Os bens comuns responderão pelas obrigações contraídas pelo marido e pela mulher para atender aos encargos do lar. Portanto, a administração dos bens constitutivos do patrimônio particular compete ao cônjuge proprietário, salvo convenção diversa no pacto nupcial (art. 1.664, Código Civil), notando, portanto que o pacto antenupcial pode dispor sobre a administração e alienação dos bens particulares dependendo da autorização de ambos. Essas regras de administração são estabelecidas para proteger tanto quanto possível o patrimônio de cada um; mas muitas vezes pela natureza do convívio os patrimônios se misturam. comunicabilidade de todos os bens presentes e futuros (CC, art. 1.667), esse regime de bens admite, excepcionalmente a exclusão de alguns, por se tratar de bens personalíssimo ou devido a sua própria natureza. Conforme Código Civil: Art.1.668 - São excluídos da comunhão: I os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os subrogados em seu lugar; II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva; III as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum; IV as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade; V os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659. Qualquer dos cônjuges poderá administrar o patrimônio comum, a dívida contraída na gestão responde os bens comuns e os particulares o cônjuge administrador; os bens do outro consorte responderão apenas se for provado que este obteve algum lucro (Ibidem, p. 177). A extinção da comunhão universal dá-se com a dissolução da sociedade conjugal pela morte de um dos cônjuges, pela sentença de nulidade ou anulação do casamento, pela separação judicial e pelo divórcio. Qualquer desses fatos põe fim, de imediato, ao estado de indivisão dos bens, uma vez que a comunhão termina de direito, embora permaneçam indivisos até a partilha. 1.5 - Do Regime de Comunhão Universal No pacto antenupcial os nubentes podem estipular que o regime matrimonial de bens será o da comunhão universal, a adoção da comunhão universal só se dá por intermédio de pacto antenupcial; pelo qual não só todos os seus bens presentes e futuros, adquiridos antes ou depois do matrimonio, mas também as dívidas passivas tornam-se comuns, constituindo uma só massa. Instaurando-se um estado de indivisão, passando a ter cada cônjuge o direito à metade ideal do patrimônio comum, nem mesmo poderão formar, se quiserem contratar, sociedade entre si (CC, art. 977). Os bens trazidos ou adquiridos compenetram-se de tal modo que, ao se dissolver a sociedade conjugal, não se reintegram no patrimônio do cônjuge que os trouxe ou adquiriu (DINIZ, 2005 p. 173.). Apesar da 1.6 - Do Regime de Participação Final nos Aqüestos É uma inovação do Código de 2002, que suprimiu o regime dotal e introduziu, nos arts. 1.672 a 1686 o regime de participação final nos aqüestos. Trata-se de um regime híbrido, ou seja, a mistura de dois regimes, no qual se aplicam regras da separação de bens quando da convivência e da comunhão de aqüestos, quando a sociedade conjugal termina. Esta noção encontra amparo no art. 1.672: No regime de participação final nos aqüestos, cada cônjuge possui patrimônio próprio, consoante disposto no artigo seguinte, e lhe cabe, á época da dissolução da sociedade conjugal, direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento.

É na época da dissolução da sociedade conjugal que nasce o direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso e na constância do casamento. Desde o início da separação judicial, ficam revogados todos os poderes que os cônjuges tinham para a administração de seus próprios bens até a sentença; pois é a sentença de separação que irá produzir a liquidação do regime econômico do matrimônio (DIAS, 2003 p.217). A utilidade maior desse regime, em princípio, é para aqueles cônjuges que atuam em profissões diversas ou em economia desenvolvida e já possuem certo patrimônio ao casar-se ou a potencialidade profissional de fazêlo posteriormente. A parte introdutória do regime de bens no art. 1.656 estabelece: No pacto antenupcial que adotar o regime da participação final nos aqüestos, poder-se-á convencionar a livre disposição dos bens imóveis, desde que particulares. No silêncio do pacto a liberdade para alienação se restringirá aos bens móveis (art. 1.647, parágrafo único), ficando um campo muito aberto ao cônjuge de má-fé, este poderá dispor de todo o seu patrimônio próprio, alienando seus bens, de modo que não existam bens ou qualquer outro patrimônio para integrar a comunhão quando a sociedade conjugal chegar ao fim. Levando em conta a livre administração dos bens, ainda que se considere que a transmissão de bens imóveis depende da outorga do outro cônjuge, este regime fica frágil e propenso a fraudes, tanto que o legislador já percebendo tal situação trouxe o art. 1.675, em especial, abre ao cônjuge prejudicado a opção de reivindicar o bem doado unilateralmente, ou que seja compensado por outro bem ou pagão o seu valor em dinheiro. 1.7 - Do Regime de Separação de Bens Regime da separação é aquele em que os cônjuges conservam não apenas o domínio e a administração de seus bens presentes e futuros, como também a responsabilidade pelas dívidas anteriores e posteriores ao casamento (RODRIGUES, 2002 p. 215). A característica principal desse regime é a completa distinção de patrimônio dos dois cônjuges, não se comunicando os frutos e aquisições e permanecendo cada qual na propriedade, posse e administração de seus bens. Assim como dispõe o art. 1.687: Estipulada a separação de bens, estes permanecerão sob a administração exclusiva de cada um dos cônjuges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus real. Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal na proporção dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário no pacto antenupcial. Esse regime isola totalmente o patrimônio dos cônjuges e não se amolda perfeitamente com a finalidade da união pelo casamento; esse regime é pouco utilizado entre nossa sociedade. Pode ser convencional, onde os nubentes escolhem o regime, mas nada impede que os cônjuges estabeleçam a comunhão de certos bens, se assim o desejarem, ou até mesmo a forma de administração; no silêncio do pacto cada cônjuge conserva a administração, uso e gozo de seus bens. Pode ser obrigatório, onde e imposto pela Lei, nos casos do art. 1.641, Código Civil (VENOSA, 2007 p. 328). Para Carlos Vázquez Iruzubieta (IRUZUBIETA, 2003. p. 224), Trata-se de um sistema que respeita ao máximo a personalidade e a autonomia da mulher, já que sua capacidade fática fora uma constante sociocultural em quase todos os recantos do universo global. Em razão da igualdade jurídica entre o homem e a mulher, afigura-se a separação de bens como o regime das futuras uniões conjugais ou estáveis, na medida em que cada um dos cônjuges ou conviventes irá concorrer com as suas economias pessoais para atender às cargas específicas da sociedade afetiva, mantendo intacto os seus bens ou as suas fortunas no caso de separação. Especialmente quando se habilitam para um novo casamento, há o temor de arcar com mais prejuízos quando anterior separação já lhes tomou significativa parcela dos bens. O regime da separação de bens representa em efeito, a ausência de um regime patrimonial, caracterizado justamente, pela existência de patrimônios separados. Conclusão Na realidade a classe social é pouco informada sobre o regime de bens, ocorrendo muitas vezes um certo constrangimento entre os nubentes de procurar orientação de um profissional, quando se deparam no cartório para realizar a habilitação para o casamento, muitas

vezes nem mesmo sabiam da existência da possibilidade de ter feito um pacto anteriormente, caindo assim automaticamente no regime de Comunhão Parcial de Bens. O pacto antenupcial é pouco usado, por ser desconhecido por grande parte da sociedade, ocorrendo apenas nas classes mais esclarecidas, classes de poder aquisitivo alto ou pessoas que já se realizaram financeiramente. No entanto, o legislador observando a sociedade, deu oportunidade no sentido de permitir a alteração do regime de bens, mediante autorização judicial. GOOD REGIMEN Abstract Good regimen is a set of applicable rules to the conjugal society that has as objective to regularize the patrimony of the spouses. The union of a man and a woman for the marriage or steady union aim mutual cooperation, moral, material assistance and spiritual. The purpose of the marriage does not have economic character direct; but the patrimony involves the spouses in a such way that the legislator made for good to legalize the good regimen, exactly when the spouses will be omissive, the Law determines the legal regimen. Rank this, in this research will be approached, good regimens adopted in Brazil, analyzing them under the legal and social optics. The law grants of certain form, a freedom in the choice of the regimen, between the stipulated ones in law, or the spouses can adapt rules of one and another regimen forming the proper regimen (mixing) as better to agree to them, since that they do not exceed the rules established for the Law. Keyword: marriage, good regimen, conjugal patrimony. Referências AMORIM, Sebastião Luiz; OLIVEIRA, Euclides Benedito de. Separação e Divórcio. 6. ed. São Paulo: Revista ampliada e atualizada, 2001. DIAS, Maria Berenice (coord) et ali. Direito de Família e o Novo Código Civil. 3. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2003. DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. GOMES, Orlando. Direito de Família. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1997. RODRIGUES, Sílvio. Direito civil: Direito de família. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007.