EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA (art. 730 e 731. Este procedimento especial é aplicável em razão dos seguintes



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Transcrição:

CPC 1 ) motivos: EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA (art. 730 e 731 Este procedimento especial é aplicável em razão dos seguintes 1) impenhorabilidade de todos os bens de determinadas pessoas jurídicas; 2) princípio da continuidade do serviço público; 3) princípio da isonomia (para não haver privilégios na ordem de pagamentos feitos pelo Poder Público). A Fazenda Pública engloba União, Estados, Municípios, DF, bem como suas autarquias e fundações públicas que forem executadas com base em título executivo, que pode ser judicial ou extrajudicial (Súmula 279 STJ 2 ). Também algumas empresas públicas ou sociedades de economia mista, mas apenas enquanto prestadoras de serviços públicos, sujeitam-se a este procedimento especial (ex.: ECT). Esta execução significará sempre uma nova relação processual, não se tratando de mera fase do cumprimento da sentença. A sua peculiaridade consiste na expedição de precatório (ordem judicial de pagamento dirigida para a Fazenda Pública) ao invés da expropriação. No entanto, somente é aplicável nos casos de obrigações de pagar quantia certa. Quando a obrigação da Fazenda Pública for de fazer, não fazer ou de entregar coisa certa ou incerta não se exige este procedimento de execução especial, devendo ser aplicado um dos procedimentos de execução comuns já vistos. 1 Art. 730. Na execução por quantia certa contra a Fazenda Pública, citar-se-á a devedora para opor embargos em 10 (dez) dias; se esta não os opuser, no prazo legal, observar-se-ão as seguintes regras: I - o juiz requisitará o pagamento por intermédio do presidente do tribunal competente; II - far-se-á o pagamento na ordem de apresentação do precatório e à conta do respectivo crédito. Art. 731. Se o credor for preterido no seu direito de preferência, o presidente do tribunal, que expediu a ordem, poderá, depois de ouvido o chefe do Ministério Público, ordenar o seqüestro da quantia necessária para satisfazer o débito. 2 É cabível execução por título extrajudicial contra a Fazenda Pública. 1

Procedimento A execução inicia-se com a petição inicial do exeqüente nos moldes do art. 282 do CPC 3 e instruída com o respectivo título executivo. Após, a Fazenda Pública será citada para, se for o caso, opor embargos à execução no prazo de 30 dias à luz do art. 1.º - B da Lei nº 9.494/97. Não são devidos honorários advocatícios se a Fazenda Pública não apresentar embargos (art. 1.º- D da Lei nº 9.494/97). No entanto, tratando-se de execuções individuais de sentença proferida em ações coletivas ainda que não embargadas, tem o STJ entendido serem cabíveis os honorários advocatícios ao exeqüente. Os embargos somente poderão veicular as alegações previstas no art. 745 do CPC quando se tratar de título extrajudicial, e apenas as do art. 741 do CPC quando se tratar de título judicial. Os embargos seguirão o seu procedimento no rito ordinário, sendo que, segundo a jurisprudência do STJ, não haverá reexame necessário no caso de rejeição ou de julgamento de improcedência destes 4. 3 Art. 282. A petição inicial indicará: I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida; II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido, com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - o requerimento para a citação do réu. 4 PROCESSUAL CIVIL. LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. VIOLAÇÃO DO ART. 475 DO CPC E DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. OCORRÊNCIA. DESCABIMENTO DE REMESSA NECESSÁRIA DE SENTENÇA QUE JULGA IMPROCEDENTES OS EMBARGOS À EXECUÇÃO OPOSTOS PELA FAZENDA PÚBLICA. PRECEDENTES. RECURSO VOLUNTÁRIO CONHECIDO. EFEITO TRANSLATIVO. POSSIBILIDADE DE ANÁLISE DE QUESTÕES DE ORDEM PÚBLICA. COISA JULGADA. OCORRÊNCIA. TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA QUE HOMOLOGOU OS CÁLCULOS EM LIQUIDAÇÃO. 1. O cerne da discussão travada nos autos é se ocorreu ou não o trânsito em julgado da sentença que homologou os cálculos da liquidação indeferindo o pedido da credora, ora recorrente, no sentido da inclusão dos expurgos inflacionários nos cálculos. 2. Não houve alteração da fundamentação do acórdão quando do julgamento dos embargos de declaração, antes, o que houve foi a integralização dele, eis que a Corte a quo simplesmente trouxe ao voto esclarecimentos quanto à possibilidade de conhecimento ex offício de questões de ordem pública. Dessa forma, não há que se falar em violação do art. 535 do CPC na hipótese. 3. Quanto à alegada divergência jurisprudencial e violação do art. 475 do CPC, assiste razão à recorrente, tendo em vista que o Tribunal de origem contrariou o entendimento desta Corte Superior, a qual entende que a sentença que rejeita ou julga improcedentes os embargos à execução opostos pela Fazenda Pública não está sujeita ao reexame necessário. 4. Ainda que se tenha por violado o art. 475 do CPC, haja vista o descabimento de remessa necessária na hipótese, o Tribunal a quo, ao conhecer do recurso voluntário ofertado pela União, poderia adentrar nas matérias de ordem pública passíveis de conhecimento ex officio pelo relator, tal como ocorreu nos presentes autos, uma vez que aquela Corte concluiu que ocorreu coisa julgada material da sentença que homologou os cálculos da liquidação. 5. Não prosperam as alegações da recorrente no sentido de que a sentença que homologou os cálculos foi tornada sem efeito quando da perda de objeto do agravo de instrumento que a impugnou. É que a perda de objeto do recurso implica a manutenção da decisão recorrida, in casu, a sentença que homologou os cálculos da liquidação indeferindo o pedido da credora de inclusão dos expurgos inflacionários (diferenças entre o IPC/IBGE e o BTN nos meses de março, abril e maio de 1990 - fls. 453 dos autos em apenso). 6. Vige no ordenamento jurídico pátrio o sistema do isolamento dos atos processuais, o qual determina a aplicação imediata da legislação processual superveniente aos atos ainda não praticados, respeitados os atos já realizados na forma da legislação anterior. No caso em análise, a liquidação da sentença proferida na ação ordinária de repetição de indébito já havia sido realizada por cálculo do contador, na forma do art. 604 do CPC, com redação anterior à Lei n. 8.898/94. Assim, não há que se falar em aplicação da novel legislação no caso, sob pena de caracterizar retroação indevida da lei, sobretudo porque a sentença que homologou os cálculos em questão está resguardada pela coisa julgada. 7. Recurso especial conhecido e parcialmente provido. (RESP 200802781759, MAURO CAMPBELL MARQUES, STJ - SEGUNDA TURMA, DJE DATA:02/12/2010.) 2

Após o julgamento de improcedência definitiva dos embargos ou se os mesmos não forem opostos, a execução segue com a expedição do precatório pelo juiz da execução que será encaminhado à Fazenda Pública por intermédio do presidente do respectivo tribunal de justiça. Assim, a expedição do precatório somente pode existir diante do trânsito em julgado dos embargos ou de sua não oposição conforme art. 100, 1.º, da CF/88. Os precatórios deverão ser pagos segundo sua ordem cronológica de apresentação. Caso alguém seja preterido do pagamento, o presidente do tribunal, após ouvir o chefe do MP, determinará o seqüestro de bens para a reposição do valor ao credor preterido. Há 2 posições doutrinárias sobre quem deve devolver tal valor ao credor preterido: 1ª) a pessoa que recebeu o valor de forma indevida em detrimento do credor; 2ª) o próprio ente público envolvido. Prevalece esta segunda tese (STF ADIN 1662; STJ RMS 22519). O art. 100, 6.º, da CF/88 segue nesta direção. Com relação aos créditos alimentares, os mesmos gozam de preferência em relação aos outros créditos formando, porém, uma ordem de preferência à parte para recebimento dos precatórios, conforme dispõe a Súmula 655 do STF 5. Nos termos desta súmula, formar-se-á uma ordem de pagamento relativa aos precatórios alimentares (relativos a salários ou diferenças salariais em geral), de forma separada com relação aos créditos de outra natureza. Formar-seão duas ordens de pagamento: uma dos créditos alimentares e a outra dos créditos de outra natureza. Os créditos alimentares ainda podem ter maior preferência nos termos do art. 100, 2.º, da CF/88. Há, por fim, débitos da Fazenda Pública que não se submetem aos precatórios, devendo ser pagos mediante requisição do Poder 5 A EXCEÇÃO PREVISTA NO ART. 100, "CAPUT", DA CONSTITUIÇÃO, EM FAVOR DOS CRÉDITOS DE NATUREZA ALIMENTÍCIA, NÃO DISPENSA A EXPEDIÇÃO DE PRECATÓRIO, LIMITANDO-SE A ISENTÁ-LOS DA OBSERVÂNCIA DA ORDEM CRONOLÓGICA DOS PRECATÓRIOS DECORRENTES DE CONDENAÇÕES DE OUTRA NATUREZA. 3

Judiciário em prazo curto. São as chamadas obrigações de pequeno valor (art. 100, 3.º, da CF/88). Obs.: ler art. 100 e seus parágrafos da CF/88. EXECUÇÃO DE PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA (arts. 732 a 735 do CPC 6 ) É uma execução de pagar quantia certa, que, em razão da especificidade do direito tutelado, possui características próprias. Aplica-se para títulos judiciais e extrajudiciais. Sua especialidade existe principalmente em razão da previsão de alguns atos materiais específicos autorizados para facilitar a concretização do direito a alimentos. São elas: - o desconto em folha de pagamento; - o desconto de renda; - a prisão civil. Cabe ao credor optar pelos meios mais adequados à satisfação de seu direito. 6 Art. 732. A execução de sentença, que condena ao pagamento de prestação alimentícia, far-se-á conforme o disposto no Capítulo IV deste Título. Parágrafo único. Recaindo a penhora em dinheiro, o oferecimento de embargos não obsta a que o exeqüente levante mensalmente a importância da prestação. Art. 733. Na execução de sentença ou de decisão, que fixa os alimentos provisionais, o juiz mandará citar o devedor para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo. 1 o Se o devedor não pagar, nem se escusar, o juiz decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses. 2 o O cumprimento da pena não exime o devedor do pagamento das prestações vencidas e vincendas. 3 o Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem de prisão. Art. 734. Quando o devedor for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa, bem como empregado sujeito à legislação do trabalho, o juiz mandará descontar em folha de pagamento a importância da prestação alimentícia. Parágrafo único. A comunicação será feita à autoridade, à empresa ou ao empregador por ofício, de que constarão os nomes do credor, do devedor, a importância da prestação e o tempo de sua duração. Art. 735. Se o devedor não pagar os alimentos provisionais a que foi condenado, pode o credor promover a execução da sentença, observando-se o procedimento estabelecido no Capítulo IV deste Título. 4

Aplica-se a qualquer tipo de alimentos devidos, inclusive provisionais ou provisórios. Temos 2 formas de procedimento: 1.ª) procedimento do art. 732 do CPC Em regra, aplica-se a valores não atuais, ou seja, fora do débito de 3 meses anteriores à execução na forma da Súmula 309 do STJ. Temos 2 posições doutrinárias quanto a este procedimento: a primeira segue à risca o CPC e defende a execução com base em título extrajudicial formadora de um processo autônomo; e a segunda corrente defende a aplicação da fase do cumprimento da sentença prevista a partir do art. 475-J do CPC 7. Em termos práticos e jurisprudenciais, admite-se esta segunda corrente porque é mais célere e se coaduna com o tipo de execução em questão, uma vez que esta execução funda-se sentença. Neste procedimento, será buscada a expropriação de bens do devedor, sendo também possível a realização de desconto em folha de pagamento ou de desconto em rendas (ex.: alugueres ou outros rendimentos do devedor). Obs.: se for descumprida a ordem judicial de descontos, os valores indevidamente entregues ao devedor poderão ser cobrados pelo credor de alimentos diretamente do terceiro pagador, o qual poderá responder pelo crime previsto no art. 22 da Lei de Alimentos. Se a penhora recair sobre dinheiro, eventual oferecimento de embargos não impede que o exeqüente levante mensalmente o necessário para sua subsistência (art. 732, único, do CPC). 7 Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação. 1 o Do auto de penhora e de avaliação será de imediato intimado o executado, na pessoa de seu advogado (arts. 236 e 237), ou, na falta deste, o seu representante legal, ou pessoalmente, por mandado ou pelo correio, podendo oferecer impugnação, querendo, no prazo de quinze dias. 2 o Caso o oficial de justiça não possa proceder à avaliação, por depender de conhecimentos especializados, o juiz, de imediato, nomeará avaliador, assinando-lhe breve prazo para a entrega do laudo. 3 o O exeqüente poderá, em seu requerimento, indicar desde logo os bens a serem penhorados. 4 o Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput deste artigo, a multa de dez por cento incidirá sobre o restante. 5 o Não sendo requerida a execução no prazo de seis meses, o juiz mandará arquivar os autos, sem prejuízo de seu desarquivamento a pedido da parte. 5

2ª) procedimento do art. 733 do CPC Aplicado para execução de três prestações vencidas antes do ajuizamento da execução e das que se vencerem no curso dela. Esta execução inicia-se com a petição inicial elaborada nos termos do art. 282 do CPC, com a descrição dos valores devidos. Após, o devedor será citado para em 3 dias pagar a dívida, provar que já pagou ou justificar a impossibilidade de pagar. Caso haja o pagamento ou a prova do mesmo, a execução será extinta. Também será extinta na hipótese de o executado demonstrar que não pode pagar no momento, com a ciência da parte contrária, permitindo-se em momento posterior nova cobrança, caso o executado reúna condições de pagar. Na realidade, nesta última hipótese haveria a suspensão da execução. Porém, se o devedor, no prazo acima, não pagar sem justificativas, terá sua prisão decretada como forma coercitiva para haver o pagamento. Obs.: a prisão depende de pedido do devedor, não podendo ser decretada de ofício pelo juiz. A doutrina diverge quanto ao prazo de tal prisão, pois a lei especial de alimentos (Lei nº 5478/68) prevê o prazo de 60 dias de prisão e o CPC prevê o prazo de 1 a 3 meses de prisão. Prevalece a tese da prisão de 1 a 3 meses, conforme jurisprudência do STF e do STJ 8. 8 RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PRESTAÇÕES ALIMENTÍCIAS. NOVO DECRETO DE PRISÃO. POSSIBILIDADE, DESDE QUE NÃO EXCEDA AO LIMITE LEGAL ESTABELECIDO NO ART. 733, 1º, DO CPC. - É admissível a prisão civil do devedor de alimentos quando se trata de dívida atual, correspondente às três últimas prestações anteriores ao ajuizamento da execução, acrescidas das que se vencerem no curso do processo - Súmula nº 309/STJ. - O "nosso ordenamento jurídico não veda a possibilidade de o juiz, renovar, no mesmo processo de execução de alimentos, o decreto prisional, após analisar a conveniência e oportunidade e, principalmente, após levar em conta a finalidade coercitiva da prisão civil do alimentante." (HC 39902/MG, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, DJ 29/05/2006 p. 226), especialmente porque, somando-se as duas, não excedem ao prazo máximo estabelecido na lei (art. 733, 1º, do CPC) - Ordem denegada. (HC 201000064935, LUIS FELIPE SALOMÃO, STJ - QUARTA TURMA, DJE DATA:26/08/2010.) Ementa: HABEAS CORPUS. DEVEDOR DE ALIMENTOS. PRISÃO CIVIL. DECRETO. ILEGALIDADE. AUSÊNCIA. POSSIBILIDADE DE UNIFICAÇÃO DAS EXECUÇÕES NUMA ÚNICA ORDEM DE PRISÃO. SÚMULA 309 DO STJ. ALEGAÇÃO DE INCAPACIDADE ECONÔMICA PARA O CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. REEXAME DE FATOS E PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. ORDEM DENEGADA. I Consoante dispõe o art. 733, 1º, do Código de Processo Civil, se o devedor de alimentos, intimado para efetuar o pagamento, não o faz nem justifica a impossibilidade de fazêlo, o juiz poderá decretar sua prisão pelo prazo de 1 a 3 meses, tal como ocorreu. Não há, nesse ato, qualquer ilegalidade ou abuso de poder que justifique a concessão da ordem. II É correto o procedimento que unifica as execuções numa única ordem de prisão, por força do que dispõe o enunciado da Súmula 309 do STJ, segundo o qual O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo. III A análise da suposta incapacidade econômica do executado ou do alegado cerceamento de defesa não tem lugar em habeas corpus, por demandar aprofundado exame dos fatos e provas da causa, providência sabidamente inviável nesta via. Precedente. IV Ordem denegada. (HC 112254, RICARDO LEWANDOWSKI, STF) 6

Não poderá haver prisão repetida em relação a período pelo qual já houve decreto de prisão. Caso o devedor preso pague a dívida, será solto de imediato. Decorrido o prazo da prisão sem o pagamento, a dívida persiste e deverá ser executada. Na prática, pode haver designação de audiência de conciliação pelo juiz para se tentar o acordo entre as partes e assim evitar a possibilidade de reiteradas prisões. O recurso cabível contra a ordem de prisão é o agravo de instrumento, admitindo-se, também, o habeas corpus. Esta execução também pode ser implementada com o desconto em folha de pagamento, caso o devedor seja empregado ou funcionário público. A rigor, segundo o CPC, admite embargos como forma de oposição do devedor à execução e, mesmo com os embargos, em havendo penhora de dinheiro, admite-se o levantamento de valores pelo exeqüente para manter a sua subsistência. EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR INSOLVENTE (arts. 748 e ss. 9 ) O devedor insolvente é aquele que possui mais dívidas do que patrimônio para saldá-las. Esta situação incide sobre a pessoa física ou jurídica, desde que esta última não seja empresa, já que para as empresas aplica-se a falência. A insolvência será presumida em 2 casos: 9 Art. 748. Dá-se a insolvência toda vez que as dívidas excederem à importância dos bens do devedor. Art. 749. Se o devedor for casado e o outro cônjuge, assumindo a responsabilidade por dívidas, não possuir bens próprios que bastem ao pagamento de todos os credores, poderá ser declarada, nos autos do mesmo processo, a insolvência de ambos. Art. 750. Presume-se a insolvência quando: I - o devedor não possuir outros bens livres e desembaraçados para nomear à penhora; Il - forem arrestados bens do devedor, com fundamento no art. 813, I, II e III. Art. 751. A declaração de insolvência do devedor produz: I - o vencimento antecipado das suas dívidas; II - a arrecadação de todos os seus bens suscetíveis de penhora, quer os atuais, quer os adquiridos no curso do processo; III - a execução por concurso universal dos seus credores. Art. 752. Declarada a insolvência, o devedor perde o direito de administrar os seus bens e de dispor deles, até a liquidação total da massa. Art. 753. A declaração de insolvência pode ser requerida: I - por qualquer credor quirografário; II - pelo devedor; III - pelo inventariante do espólio do devedor. 7

i) quando o devedor não tiver bens a serem penhorados; ii) nos casos de arresto do art. 813, I a III do CPC 10, situações em que há uma presunção de insolvência do devedor que não paga suas dívidas (são hipóteses do arresto cautelar). Procedimento A execução do insolvente é composta por um procedimento bifásico, pelo qual na sua primeira fase haverá a descrição e conclusão sobre o estado de insolvência do devedor. Na segunda fase, haverá a execução propriamente dita, que é coletiva, mediante a participação ou concurso de todos os credores do devedor declarado insolvente. A insolvência pode ser requerida por qualquer credor quirografário (os com privilégio não tem interesse na execução universal), pelo próprio devedor ou seu espólio. A competência segue as regras normais do art. 94 do CPC (regra = domicílio do executado). Procedimento da insolvência requerida pelo credor 1ª fase) inicia-se com a petição inicial, nos termos do art. 282 do CPC, instruída com o respectivo título executivo, que pode ser judicial ou extrajudicial. Após, o devedor será citado para em 10 dias apresentar embargos, para afastar o estado de insolvência relatado na petição inicial. 10 Art. 813. O arresto tem lugar: I - quando o devedor sem domicílio certo intenta ausentar-se ou alienar os bens que possui, ou deixa de pagar a obrigação no prazo estipulado; II - quando o devedor, que tem domicílio: a) se ausenta ou tenta ausentar-se furtivamente; b) caindo em insolvência, aliena ou tenta alienar bens que possui; contrai ou tenta contrair dívidas extraordinárias; põe ou tenta pôr os seus bens em nome de terceiros; ou comete outro qualquer artifício fraudulento, a fim de frustrar a execução ou lesar credores; III - quando o devedor, que possui bens de raiz, intenta aliená-los, hipotecá-los ou dá-los em anticrese, sem ficar com algum ou alguns, livres e desembargados, equivalentes às dívidas; IV - nos demais casos expressos em lei. 8

Estes embargos têm a natureza jurídica de contestação e não de embargos à execução. Nos embargos, o devedor pode alegar qualquer matéria passível de alegação nos embargos à execução, bem como alegar que possui ativo superior ao passivo, afastando a situação de insolvência. Nesse prazo de 10 dias dos embargos, se quiser e puder, o devedor poderá ilidir a insolvência, apenas depositando o valor do crédito apresentado na inicial, situação em que a insolvência estará afastada, passando-se a discutir apenas o valor ou a legitimidade da cobrança. Não realizado tal depósito elisivo, haverá a instrução dessa fase, se for necessário, com a produção das provas cabíveis e após o juiz profere sentença, declarando ou não a insolvência. Se houver a declaração da insolvência, a sentença produzirá os seguintes efeitos: i) vencimento antecipado de todas as dívidas do devedor; ii) instauração de concurso universal dos credores do insolvente, de forma semelhante àquela da falência. Obs.: em razão disso, cessam as preferências das penhoras (art. 612) e todos os credores munidos de títulos executivos, se quiserem receber seus créditos, terão que se habilitar no processo de execução do insolvente (art. 762, caput). Além disso, todas as execuções em curso, exceto a execução fiscal, serão remetidas ao juízo da insolvência, salvo se estiverem com hasta pública designada, hipótese em que o produto da alientação entrará para a massa do insolvente (art. 762, 1.º e 2.º) (ELPÍDIO DONIZETTI). iii) arrecadação de todos os bens do devedor passíveis de penhora, para serem alienados e com o produto da venda ocorrer o pagamento dos credores segundo a ordem de pagamento a ser elaborada na segunda fase; iv) o devedor perde a livre administração de seus bens, com a nomeação de um administrador para gerenciar os bens do devedor, administrador este escolhido dentre os credores, aquele que tiver o maior crédito a receber. 9

Esta primeira fase encerra-se com a sentença que declara a insolvência. Essa sentença tem natureza constitutiva porque cria para o devedor e para seus credores uma nova situação jurídica como se viu acima. A doutrina discute sobre os efeitos da apelação interposta contra esta sentença, prevalecendo a tese do efeito meramente devolutivo, com aplicação analógica do art. 520, V do CPC 11. Na segunda fase, haverá expedição de edital para os credores apresentarem seus créditos (habilitação de créditos) em 20 dias. Os créditos serão apresentados, podendo ocorrer impugnações dos demais credores no prazo de 20 dias, julgando o juiz tal questão por sentença. A apelação respectiva é recebida só no efeito devolutivo. Superada esta fase de habilitação de crédito, teremos a elaboração do quadro geral de credores, segundo a lei civil, com exclusão dos créditos fiscais na forma do art. 187 do CTN 12, vindo depois, em regra, os créditos trabalhistas (art. 449, 1º, da CLT), os com direitos reais de garantia (art. 1.422 do CC), os com privilégio especial sobre determinados bens (art. 964 do CC), os créditos com preferência geral (art. 965 do CC) e, por fim, os quirografários. Obs.: os créditos tributários são cobrados na execução fiscal, independentemente da existência de processo de execução de insolvente ou de falência. O produto arrecadado na execução fiscal será 11 Art. 520. A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo. Será, no entanto, recebida só no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que: V - rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes; PROCESSUAL CIVIL. INSOLVÊNCIA CIVIL. EMBARGOS DO DEVEDOR INSOLVENTE. REJEIÇÃO. APELAÇÃO RECEBIDA APENAS NO EFEITO DEVOLUTIVO. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 520, V, DO CPC. JURIDICIDADE. 1. A insolvência civil é ação de cunho declaratório/constitutivo, tendente a aferir, na via cognitiva, a insolvabilidade do devedor, condição esta que, uma vez declarada judicialmente, terá o efeito de estabelecer nova disciplina nas relações entre o insolvente e seus eventuais credores. Tal premissa não há de ter, entretanto, o efeito de convolar em contestação os embargos disciplinados nos arts. 755 e segs. do CPC. 2. Mostra-se de todo apropriado o entendimento jurisdicional que equipara os embargos à insolvência aos embargos à execução opostos por devedor solvente, para fins de aplicação da regra ínsita no art. 520, inciso V, do Código de Processo Civil, que determina o recebimento da apelação apenas no seu efeito devolutivo. 3. Recurso especial não-conhecido. (RESP 200302263308, JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, STJ - QUARTA TURMA, DJE DATA:26/10/2009.) 12 Art. 187. A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência, recuperação judicial, concordata, inventário ou arrolamento. Parágrafo único. O concurso de preferência somente se verifica entre pessoas jurídicas de direito público, na seguinte ordem: I - União; II - Estados, Distrito Federal e Territórios, conjuntamente e pró rata; III - Municípios, conjuntamente e pró rata. 10

apenas preterido quanto a créditos trabalhistas ou decorrentes de acidente do trabalho conforme art. 186 do CTN 13. Em seguida, haverá a venda judicial dos bens do devedor em hasta pública e o pagamento dos credores, segundo a citada ordem. Não havendo mais patrimônio e, persistindo dívidas, estas poderão ser cobradas no processo, enquanto não forem extintas as obrigações do devedor. Quando, após a venda judicial, não houver mais valores a serem liquidados, esta segunda fase será extinta por sentença e, as obrigações do devedor serão declaradas extintas após 5 anos da data de tal encerramento da insolvência. O credor retardatário, que não apresenta seu crédito no citado prazo de 20 dias, após o edital de convocação, poderá fazer sua habilitação por ação própria ou direta, antes do rateio a ser feito pelos credores, segundo a ordem de pagamento. Se tal habilitação 13 TRIBUTÁRIO E PROCESSO CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. ART. 186, DO CTN. PREFERÊNCIA DO CRÉDITO TRABALHISTA AO TRIBUTÁRIO. CONCURSO DE CREDORES. DEVEDOR SOLVENTE OU INSOLVENTE. CRITÉRIO ALHEIO À PREVISÃO LEGAL. CRÉDITO TRABALHISTA. NECESSIDADE DE PLURALIDADE DE PENHORAS OU MEDIDAS DE CONSTRIÇÃO SOBRE O MESMO BEM. INSTITUIÇÃO DO CONCURSO DE PREFERÊNCIAS EX OFFICIO. SÚMULA 07 DO STJ. 1. A preferência dos créditos trabalhistas sobre os créditos tributários, prevista no art. 186, do CTN, não se limita ao concurso universal de credores, em razão de insolvência civil ou falência, aplicando-se, da mesma forma, aos casos de execução contra devedor solvente. 2. É que o art. 711, do CPC sobrepõe a preferência de direito material à de direito processual consagrada na máxima prior tempore potior in iure. 3. Deveras, o art. 186, do CTN, antes da alteração trazida pela LC n.º 118/2005, dispunha que: "O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for a natureza ou o tempo da constituição deste, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho." Consectariamente, o próprio CTN privilegiou o crédito trabalhista, in casu, objeto de execução aparelhada. 4. Raciocínio inverso conspiraria contra a ratio essendi do art. 186, do CTN, o qual visa resguardar a satisfação do crédito trabalhista, tendo em vista a natureza alimentar de referidas verbas, sendo irrelevante para a incidência do preceito, a natureza jurídica da relação que originou a execução fiscal, sobre se contra devedor solvente ou insolvente. 5. É pacífica a necessidade de pluralidade de penhoras sobre o mesmo bem para que seja instaurado o concurso de preferências, estendendo-se essa regra aos casos de arresto, para fins do art. 711 do CPC, considerando que essa providência constritiva traduz medida protetiva de resguardo de bens suficientes para a garantia da execução, passível de posterior conversão em penhora, sendo, inclusive a ela equiparado pelo artigo 11 da LEF. (Precedentes:REsp 636.290/SP, DJ 08.11.2004 ; REsp 655233/PR, DJ 17.09.2007) 6. Atendendo a esse requisito, dessume-se a possibilidade de instituição do concurso de preferências, consoante extrai-se do aresto dos embargos de declaração, in verbis: "(...) Inúmeras penhoras são apontadas, inclusive no rosto dos autos, quer pela decisão atacada, fls. 12/13 e 292/293, quer pela própria embargante, fl. 285." 7. Com efeito, vários precedentes deste Tribunal Superior assentam a obrigatoriedade de que o credor privilegiado, com vistas a exercer a preferência legalmente prevista, demonstre que promoveu a execução e que penhorou o mesmo bem objeto de outra constrição judicial, nos termos do art. 711 do CPC. (Precedentes: REsp 33902/SP, DJ 18.04.1994; REsp 655233/PR, DJ 17.09.2007; CC 41.133/SP, DJ 21.06.2004; REsp 88683/SP, DJ 24.03.1997) 8. Entrementes, a verificação de tais providências pelos detentores de créditos trabalhistas, à míngua de informação precisa nas decisões exaradas nos autos, implica o revolvimento do contexto fáticoprobatório, o que é insindicável na estreita via do recurso especial, consoante o enunciado da Súmula 07 do STJ. 9. Recurso especial parcialmente conhecido e nessa parte desprovido. (RESP 200601630274, LUIZ FUX, STJ - PRIMEIRA TURMA, DJE DATA:03/11/2008.) 11

retardatária for feita depois do rateio, dependerá o pagamento de nova arrecadação de bens. Após o prazo de 5 anos do trânsito em julgado da sentença que encerra o processo de insolvência, poderá o devedor requerer a declaração de extinção de suas obrigações (arts. 779 e ss. do CPC). Diante desse requerimento, o juiz mandará publicar edital, com o prazo de 30 (trinta) dias, no órgão oficial e em outro jornal de grande circulação. Nesse prazo, qualquer credor poderá opor-se ao pedido, alegando que: I - não transcorreram 5 (cinco) anos da data do encerramento da insolvência; II - o devedor adquiriu bens, sujeitos à arrecadação (art. 776). Ouvido o devedor no prazo de 10 (dez) dias, o juiz proferirá sentença, abrindo instrução se for necessário. Por fim, proferirá sentença, que, se procedente, declarará a extinção das obrigações do devedor, sendo publicada por edital. Após o prazo deste edital, que é fixado pelo juiz, ficará o devedor habilitado a praticar todos os atos da vida civil. Obs.: o processo de insolvência civil comporta a prolação de pelo menos cinco sentenças: 1) sentença que decreta a insolvência (art. 755); 2) sentença que decide a impugnação ao crédito habilitado (art. 772); 3) sentença que aprova o quadro geral de credores (art. 775); 4) sentença que encerra o processo de insolvência (art. 777); 5) sentença que extingue as obrigações do devedor (art. 782). 12

EXECUÇÃO FISCAL (Lei n.º 6.830/80) É uma modalidade de execução por quantia certa feita com base em título extrajudicial especial denominado certidão de dívida ativa regularmente inscrita, que se realiza em favor da Fazenda Pública. O CPC é aplicado subsidiariamente neste procedimento. Os conceitos de dívida ativa e da respectiva certidão já foram tratados quando do estudo dos títulos extrajudiciais. A dívida ativa pode ser tributária ou não tributária, mas é indispensável que seja originária de uma relação jurídica de direito público. A competência, como visto no início do estudo das execuções, é fixada pelo art. 578 do CPC, sendo, em regra, ajuizado o processo no foro do domicílio do réu. De qualquer forma, a competência para a execução fiscal exclui a de qualquer outro juízo, inclusive o de falência, concordata, liquidação, insolvência ou inventário, conforme art. 5.º da LEF. Em razão dessa regra, temos o seguinte: - se tiver sido ajuizada a execução fiscal e já realizada a penhora antes do decreto de falência, não ficam os bens penhorados sujeitos à arrecadação no processo falimentar; neste caso, segue normalmente a execução fiscal e seu produto é que será objeto de divisão conforme preferências da insolvência; - caso contrário, a penhora será levada a efeito no rosto dos autos do processo falimentar. Procedimento O executado é citado para pagar em cinco dias a dívida com os juros e multa de mora e demais encargos previstos na certidão da dívida ativa ou para garantir a execução. A citação é feita preferencialmente pelo correio (lembre-se de que nas demais execuções esta citação pelo correio é vedada), se não requerida de outra forma pela Fazenda Pública. 13

Se o aviso de recebimento não retornar no prazo de 15 dias da entrega da carta à agência postal, a citação será feita por oficial de justiça ou por edital na forma do art. 8.º da LEF. No entanto, a citação por edital somente é cabível quando frustradas as demais modalidades de citação, conforme súmula 414 do STJ. Realizada a penhora, o devedor deve ser dela intimado das seguintes formas: - em regra, mediante publicação no órgão oficial, do ato de juntada do termo ou do auto de penhora; - nas comarcas do interior, a intimação poderá ser feita por mandado ou por correio; - deverá ser intimado pessoalmente o devedor se a citação tiver sido feita pelo correio e o AR não tiver sido assinado pelo próprio devedor ou por seu representante. Obs.: de qualquer forma, a intimação pessoal dispensa a publicação conforme jurisprudência sedimentada do STJ. Seguro o juízo, abre-se o ensejo para o devedor apresentar embargos. O prazo para o oferecimento de embargos é de 30 dias (na execução comum é de 15 dias), e deve ser contado (art. 16 da LEF): I - do depósito em dinheiro feito em garantia; II - da juntada da prova da fiança bancária; III - da intimação da penhora (e não da juntada aos autos do mandado cumprido). Recebidos os embargos, a Fazenda será intimada para impugná-los no prazo de 30 dias, prosseguindo-se na forma prevista pelo CPC (art. 740). Não sendo apresentados embargos ou rejeitados estes, passase à fase de expropriação igual, em geral, à das demais execuções. 14

Não são admitidos embargos do executado antes de garantida a execução. No entanto, não se distingue praza de leilão, sendo a arrematação realizada sempre em leilão público. O devedor deverá ser intimado pessoalmente do dia e hora da realização do leilão, conforme Súmula nº 121 do STJ. Caso não seja possível a intimação pessoal e após esgotados os meios de localização do devedor, admite-se a cientificação da realização do leilão por edital. A Fazenda Pública poderá adjudicar os bens penhorados: I - antes do leilão, pelo preço da avaliação, se a execução não for embargada ou se rejeitados os embargos; II - findo o leilão: a) se não houver licitante, pelo preço da avaliação; b) havendo licitantes, com preferência, em igualdade de condições com a melhor oferta, no prazo de 30 (trinta) dias. Se o preço da avaliação ou o valor da melhor oferta for superior ao dos créditos da Fazenda Pública, a adjudicação somente será deferida pelo Juiz se a diferença for depositada, pela exeqüente, à ordem do Juízo, no prazo de 30 (trinta) dias. Enquanto não for localizado o devedor ou encontrados bens sobre os quais possa recair a penhora, o Juiz suspenderá o curso da execução e, nesses casos, não correrá o prazo de prescrição. Se tiver sido suspenso o curso da execução, será aberta vista dos autos ao representante judicial da Fazenda Pública. Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano, sem que seja localizado o devedor ou encontrados bens penhoráveis, o Juiz ordenará o arquivamento dos autos, os quais serão desarquivados se encontrado o devedor ou bens penhoráveis. Se da decisão que ordenar o arquivamento tiver decorrido o prazo prescricional quinquenal, o juiz, depois de ouvida a Fazenda 15

Pública (não precisa ouvir se valor for menor do que o previsto no 4.º do art. 40 da LEF), poderá, de ofício, reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la de imediato. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) Obs.: Lei 6.830/80 todas as sentenças produzidas na execução fiscal ficam sujeitas a apenas dois recursos quando de pequeno valor (embargos de declaração e os chamados embargos infringentes, que são ambos julgados pelo próprio juiz de primeiro grau). Não caberá apelação. Art. 34 - Das sentenças de primeira instância proferidas em execuções de valor igual ou inferior a 50 (cinqüenta) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN, só se admitirão embargos infringentes e de declaração. 1º - Para os efeitos deste artigo considerar-se-á o valor da dívida monetariamente atualizado e acrescido de multa e juros de mora e de mais encargos legais, na data da distribuição. 2º - Os embargos infringentes, instruídos, ou não, com documentos novos, serão deduzidos, no prazo de 10 (dez) dias perante o mesmo Juízo, em petição fundamentada. 3º - Ouvido o embargado, no prazo de 10 (dez) dias, serão os autos conclusos ao Juiz, que, dentro de 20 (vinte) dias, os rejeitará ou reformará a sentença. 14 14 PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. ART. 34 DA LEI 6.830/80. 50 ORTNS. VERIFICAÇÃO DO VALOR DE ALÇADA. MATÉRIA SUBMETIDA AO REGIME DO ART. 543-C DO CPC. 1. Nas sentenças de primeira instância proferidas em Execuções de valor igual ou inferior a 50 ORTNs só se admitirão Embargos Infringentes e de Declaração, nos termos do art. 34 da Lei 6.830/1980. 2. "Adota-se como valor de alçada para o cabimento de apelação em sede de execução fiscal o valor de R$ 328,27 (trezentos e vinte e oito reais e vinte e sete centavos), corrigido pelo IPCA-E a partir de janeiro de 2001, valor esse que deve ser observado à data da propositura da execução" (REsp 1168625/MG, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 9.6.2010, DJe 1º.7.2010). 3. No caso, é cabível recurso de Apelação, aplicando-se o entendimento acima, julgado sob o rito do art. 543-C do CPC, sendo o valor da Execução Fiscal, à época da sua propositura, superior ao valor de alçada de 50 ORTNs, atualizado segundo o Manual de Cálculos da Justiça Federal. 4. Embargos de Declaração acolhidos com efeito infringente para dar provimento ao Recurso Especial. (EDRESP 201000928038, HERMAN BENJAMIN, STJ - SEGUNDA TURMA, DJE DATA:02/02/2011.) 16