Profa. Camila de Oliveira Carvalho Fisioterapeuta
A criação de uma nova profissão se dá por meio da necessidade de uma resposta social em relação a uma nova demanda, em que as profissões existentes não dão conta de absorvê-las em seus campos de conhecimento. A evolução histórica da Fisioterapia permeia o campo de atuação da Medicina, uma vez que ela ocupa posição central nas discussões sobre os estudos relacionados à saúde.
HISTÓRICO Apesar de alguns relatos de que recursos físicos têm sido utilizados desde a Antigüidade com o objetivo de promover relaxamento ou estimulação, para prevenir deformidades ou remediá-las, o marco inicial da profissão é no contexto europeu, mais precisamente a Inglaterra do século XIX.
HISTÓRICO Revolução industrial Desenvolvimento das bases racionais, metodológicas e mecânicas de terapias aplicadas Nova formação profissional que dará, posteriormente, origem a Fisioterapia.
HISTÓRICO Nesse contexto, os primeiros relatos de práticas profissionais semelhantes ao que hoje conhecemos como Fisioterapia, surgiram vinculados às entidades representativas dos profissionais ingleses, que até então, estava relacionado a uma classe de massagistas que utilizavam da técnica com fins terapêuticos.
HISTÓRICO Quanto à formação profissional, inicialmente concentrava-se em Londres, e era oferecida por médicos e massagistas (mulheres) mais velhas, em hospitais, escolas ou em residências. Surgiram, então, escolas de treinamento para ensinar cientificamente a massagem e a eletricidade, com cursos que duravam de 4 a 6 meses e incluíam aulas de anatomia e trabalho em hospitais (MURPHY, 1995).
HISTÓRICO Segundo Murphy (1995), após uma década, os conhecimentos a respeito das técnicas foram ampliadas, ganhando força e respeito como uma nova profissão. Concumitantemente, nos Estados Unidos, foi criada a primeira instituição americana a oferecer cursos nessa área, a Sargent School, fundada em Boston, em 1881, pelo médico Dudley Allen Sargent.
No Brasil, é importante destacar a iniciativa de alguns profissionais médicos na elaboração e direcionamento dos primeiros cursos de Fisioterapia: 1879 a 1883 - surgiram os primeiros serviços de hidroterapia e de eletricidade médica, atualmente eletroterapia, sendo um dos responsáveis o médico Artur Silva. 1884 - o médico Artur Silva participou da criação do Serviço de Fisioterapia no Hospital de Misericórdia do Rio de Janeiro. 1929 o médico Waldo Rolim de Morais instalou o Serviço de Fisioterapia do Instituto do Radium Arnaldo Vieira de Carvalho para dar assistência aos pacientes do Hospital Central da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. 1951 a 1956 o primeiro curso para a formação de técnicos em Fisioterapia para formar profissionais que atuassem em reabilitação.
HISTÓRICO BRASILEIRO O ano de 1930 foi considerado um marco na industrialização brasileira Novos processos/modos de trabalho - acidentes de trabalho A perda temporária ou definitiva das funções laborativas das pessoas inseridas no trabalho, seja por acidentes ou doenças ocupacionais, ameaçavam o modo de produção. Nesse sentido, expressiva faixa populacional precisava ser reabilitada para reintegrar-se ao sistema produtivo (FREITAS, 2006, p. 31; REBELATTO; BOTOMÉ, 1999, p. 50).
HISTÓRICO BRASILEIRO Epidemia de poliomielite na década de 50. A necessidade de estudos mais aprofundados que permitissem de forma satisfatória a cura, a reabilitação e/ou a adaptação dos movimentos físicofuncionais fez com que na década de 60 fosse iniciada a formação acadêmica do fisioterapeuta no Brasil.
REGULAMENTACAO DA FISIOTERAPIA NO BRASIL Com o surgimento dos cursos superiores de Fisioterapia, inicialmente por meio da Associação Beneficente de Reabilitação, fundada em 1954 e inaugurada em 1957, e da Universidade de São Paulo, a formação superior em Fisioterapia começou a se estender por todo o país. Parecer nº 388/63 do Conselho Federal de Educação (BRASIL, 1963)
CAMPOS DE ATUAÇAO DA FISIOTERAPIA Criação do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO), em 1975. É competência do fisioterapeuta, elaborar o diagnóstico fisioterapêutico compreendido como avaliação físico-funcional, sendo esta um processo pelo qual, através de metodologias e técnicas fisioterapêuticas, são analisados e estudados os desvios físico-funcionais intercorrentes, na sua estrutura e no seu funcionamento, com a finalidade de detectar e parametrar as alterações apresentadas, considerando os desvios dos graus de normalidade para os de anormalidade; prescrever, baseado no constatado na avaliação físico-funcional, as técnicas próprias da Fisioterapia [ ].
CAMPOS DE ATUAÇAO DA FISIOTERAPIA Para que a Fisioterapia não vire sinônimo de reabilitação e para que possa preservar a imagem do profissional, despersonalizando a figura do fisioterapeuta apenas como reabilitador, a Resolução COFFITO 80 afirma: "Considerando que a reabilitação é um processo de consolidação de objetivos terapêuticos, não caracterizando área de exclusividade profissional, e sim uma proposta de atuação multiprofissional voltada para a recuperação e o bem estar biopsicossocial do indivíduo [ ].
CAMPOS DE ATUAÇAO DA FISIOTERAPIA Dessa forma, a Fisioterapia ganha espaço no cenário da saúde, evoluindo de profissão responsável pela reabilitação do indivíduo para uma profissão mais abrangente, capaz de cuidar ou assistir o indivíduo como um todo, sem a obrigatoriedade da existência da doença.
A ATENÇÃO BÁSICA COMO CAMPO DE ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA A reforma sanitarista no Brasil é marcada pela mobilização social em torno da reestruturação do setor saúde. VIII Conferência Nacional de Saúde promoveu profundo debate sobre as políticas de saúde com a participação dos órgãos oficiais, dos prestadores de serviços, dos usuários e dos profissionais de saúde.
A ATENÇÃO BÁSICA COMO CAMPO DE ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA O compromisso do Estado com o setor saúde para a consolidação da Reforma Sanitária Brasileira foi viabilizado pela promulgação da Constituição Federal do Brasil, de 1988 (CF/88). O Sistema Único de Saúde - SUS - foi criado em 1990 como estratégia descentralizada para a atenção e o cuidado em saúde, integrado à seguridade social.
A ATENÇÃO BÁSICA COMO CAMPO DE ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA A concepção de saúde, antes tida como mera ausência de doença, passou a incorporar a perspectiva de qualidade de vida. Esse conceito ampliado de saúde incorporou novas dimensões, visto que a saúde tem como fatores determinantes e condicionantes os meios físico e o socioeconômico, os fatores biológicos e o acesso aos bens e serviços essenciais (BRASIL, 2004).
A ATENÇÃO BÁSICA COMO CAMPO DE ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA O SUS tem como perspectiva a superação dos limites do modelo médicoassistencial privatista; E propõe a formulação e implantação de estratégias que viabilizem um sistema de saúde que tenha como princípios a universalidade, a equidade, a integralidade e a participação da sociedade (REZENDE, 2007).
A ATENÇÃO BÁSICA COMO CAMPO DE ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA Para cumprir o princípio da integralidade proposto pelo SUS foram criados níveis de atenção à saúde diferenciados: atenção básica, secundária e terciária, a fim de garantir que todo indivíduo ou população tenha acesso integral aos serviços de saúde, independentemente do nível de complexidade ou acometimento da doença.
REFERENCIAS Rebelatto, JR. Botomé, SP.. Editora Manole, 2 edição. São Paulo, 1999.