Use of Coffee Dregs in Control of Tiririca (Cyperus rotundus L.)

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Transcrição:

16747 - Uso de Borra de Café no Controle da Tiririca (Cyperus rotundus L.) Use of Coffee Dregs in Control of Tiririca (Cyperus rotundus L.) OLIVEIRA, Patrycia Pansini 1 ; COSTA, Ariane Cardoso 1 ; LIMA, Wallace Luís 2. 1 Graduandos em Licenciatura em Ciências Biológicas do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) - Campus de Alegre, ES. E-mail: patricia.pansini@hotmail.com; arianecardosocosta@hotmail.com; 2 Prof. Doutor, Ifes - Campus de Alegre, ES, Brasil. e-mail: wallace@ifes.edu.br. Resumo: Considerada uma planta daninha de difícil controle, a tiririca (Cyperus rotundus L.) reduz a produção mundial das principais culturas. Na produção agrícola, a incidência da tiririca gera grandes perdas em diversas culturas. Algumas pesquisas indicam perdas entorno de 89% para alho, 81% para feijão e 79% para a cultura do milho, entre outras. O manejo integrado da tiririca pode reduzir a dependência do uso de herbicidas, retardar ou reduzir o aumento de espécies perenes agregados a sistemas de cultivo. Uma alternativa agroecológica, é a utilização de resíduos sólidos no controle da tiririca. Existem poucos dados na literatura sobre a composição química da borra de café, porém, sabe-se que a borra atua como repelente de insetos. O presente trabalho teve por objetivo analisar o uso da borra de café no combate a tiririca. De acordo com o experimento realizado, a borra de café in natura não demonstrou eficiência significativa no controle da tiririca, não sendo uma prática viável de uso para o seu controle. Palavras-chave: Agroecologia, planta daninha, resíduo. Abstract: Considered a weed difficult to control tiririca (Cyperus rotundus L.) reduces global production of major crops. In agricultural production, the incidence of tiririca generates large losses in several crops. Some research indicates losses around 89% for garlic, beans and 81% to 79% for corn, among others. The integrated management of tiririca can reduce dependence use of herbicides, slow or increase reduces in aggregate perennial species cropping systems. Agroecological alternative is solid residues use in control of tiririca. There are very few published data on chemical composition of coffee dregs, however, it is known that sediment acts as insect repellent. The present work aims to analyze the use of coffee dregs to fight tiririca. According to the experiment, the coffee dregs in natura showed no significant efficiency in controlling tiririca, not being a viable use for its control practice. Keywords: Agroecology, pest plant, residue Introdução Considerada uma planta daninha de difícil controle, a tiririca (Cyperus rotundus L.) reduz a produção mundial das principais culturas (SILVA et al; 2002). Pertencente à família Cyperaceae, a tiririca prolifera-se por rizomas cobrindo toda a superfície do 1

solo. Possui formato triangular em suas hastes, com a coloração violeta das folhas do topo da planta, e na coloração vermelho-escuro das inflorescências (FAÉ, 2010). É considerada é uma planta perene, com desenvolvimento subterrâneo onde, seus tubérculos produzem inibidores capazes de interferir na germinação e no crescimento de plântulas (MUNIZ et al., 2007). Estudos têm mostrado que a temperatura ótima para a brotação dos tubérculos está entre 25 e 35º C, e que a taxa de brotação aumenta linearmente nessa faixa de temperatura; no entanto, a brotação total destes somente é observada com alternância de temperatura (alta e baixa). Com um pequeno tempo de exposição dos tubérculos a temperaturas de 35º C, seguidas de temperatura amena (20 a 25 C), é suficiente para quebrar a sua dormência. Dessa forma, aumentos graduais na temperatura que ocorrem no solo, principalmente em solos descobertos (plantio convencional) e resfriamento durante a noite servem de estímulo à brotação dos tubérculos no solo, promovendo a rápida infestação da área (SILVA et al; 2002). Na produção agrícola, a incidência da tiririca gera grandes perdas em diversas culturas. Algumas pesquisas indicam perdas entorno de 89% para alho, 81% para feijão e 79% para a cultura do milho, entre outras. Para eliminar esses danos às culturas, é necessário manter as culturas livres da interferência desta planta daninha nos primeiros 45 e 30 dias após a emergência. No entanto, a aplicação de métodos isolados de controle, seja mecânico ou químico, não tem tido sucesso no controle da tiririca (SILVA et al; 2002). O manejo integrado da tiririca pode reduzir a dependência do uso de herbicidas, retardar ou reduzir o aumento de espécies perenes agregados a sistemas de cultivo (SILVA et al; 2002). Uma alternativa agroecológica viável é a utilização de resíduos sólidos no combate a tiririca. Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC, 2012), no período entre novembro de 2009 e outubro de 2010, o consumo interno de café no Brasil foi de 19,13 milhões de sacas, aproximadamente, o que equivale a um consumo per capita de 4,81 kg de café torrado. Esse alto consumo gera grande volume de resíduo doméstico de café. As borras de café são ricas em nitrogénio, potássio e fósforo, o que as tornam num ótimo fertilizante para as plantas. Sua forma de utilização na agricultura é com sua incorporação ao solo, ou diluída em água para criar um fertilizante líquido ou, ainda, adicioná-las à compostagem juntamente com outros resíduos para que possam enriquecer o composto (FAROLECO, 2013). A borra de café tem sido aproveitada principalmente na indústria cosmética por conter alto teor de óleo e na alimentação animal, por conter fibras. (HARTMAN, 1968). 2

Existem poucos dados na literatura sobre a composição química da borra de café, porém, sabe-se que a borra atua como repelente de insetos, formigas e lesmas, além de outras pragas que prejudicam o solo ou a planta (ECYCLE, 2013). Diante do contexto, este trabalho tem por objetivo analisar o uso da borra de café no controle da tiririca como alternativa viável de sua utilização na agricultura. Metodologia O experimento foi realizado no setor de Agroecologia, do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) - Campus de Alegre, no período de junho a julho de 2014, localizado nas coordenadas geográficas 20 45 30 S e 41 27 23 W. Segundo classificação de Köppen, o clima da região é do tipo Aw, inverno seco e verão chuvoso com temperatura anual média de 23 C e precipitação anual em torno de 1.200mm. A borra de café utilizada no experimento foi coletada no próprio Campus como alternativa viável de uso na agricultura. O Campus possui um refeitório onde são oferecidas refeições diariamente aos mais de dois mil alunos, dentre as quais o café da manhã. Decorrentes destas refeições são geradas grandes quantidades de resíduos sólidos, como a borra de café o que, se não destinada adequadamente, pode gerar um resíduo de potencial impacto ambiental. Foi delimitada uma área no setor, exposta a pleno sol diariamente, com aproximadamente 1 m 2, com as dimensões de 1,0 x 1,0 m (Figura 1 A). A área demarcada foi selecionada por apresentar alta infestação da tiririca para a aplicação e monitoramento da borra de café. Em seguida foi aplicada a quantidade 10 Kg de borra de café in natura, para que todo o canteiro fosse coberto com a borra (Figura 1 B). Figura 1 - Delimitação da área de 1 m 2, aproximadamente, após a adição da borra de café. 3

Após quinze dias, da primeira aplicação, foram incorporados mais 10 Kg de borra de café in natura. Nos quinze primeiros dias após a segunda aplicação da borra de café na área, não foi observado a ocorrência de chuva, entretanto, foram distribuídos 2 L de água na área do experimento para que a solução atingisse camadas mais profundas do solo e, consequentemente, as raízes da tiririca. Com o intuito de verificar a eficácia do experimento, ao final de quarenta e cinco dias, foram realizadas a capina no canteiro, para a retirada da borra de café e, consequentemente, se houve algum controle significativo das plantas de tiririca. Após este revolvimento do solo foi realizada uma avaliação visual do desenvolvimento da tiririca, trinta dias após a retirada da borra de café da área. Assim, foi analisado o efeito da borra de café sobre o crescimento da tiririca, com o intuito de controlar a tiririca, como uma alternativa viável para o seu controle e destinação correta para a borra de café. Resultados e discussões No tratamento, realizado com a borra de café in natura, foi observado que no decorrer do experimento, a tiririca apresentou queimaduras superficiais em suas folhas e que ao final do experimento, com a retirada da borra de café, não proporcionou controle satisfatório, ou seja, retardamento ou baixa proliferação da planta invasora, uma vez que foi observado uma alta ploriferação de tiririca na área avaliada (Figura 3). Figura 3 - Proliferação e desenvolvimento da tiririca na área, trinta dias após a capina. Uma alternativa que vem sendo estudada, com o propósito de complementar os métodos tradicionais de manejo, minimizando o uso de herbicidas, é a utilização de espécies que liberam substâncias prejudiciais a outras, fenômeno conhecido como alelopatia, que tem por objetivo, reduzir ou até mesmo inibir totalmente o desenvolvimento de plantas daninhas (GOMIDE, 1993). 4

Algumas plantas medicinais mostram em sua composição princípios ativos que podem apresentar efeitos alelopáticos, inibidores ou estimulantes, sobre outras plantas. Para Saito (2004), as espécies que apresentam em sua composição óleos essenciais, como é o caso do capim-limão (Cymbopogon citratus) e do alecrimpimenta (Lippia sidoides), normalmente são promissoras para o controle de plantas daninhas. Estudos realizados com a utilização da mucuna-preta, mostrou a ação inibidora sobre a tiririca (Cyperus sp.) (CARVALHO et al., 2002). Isso também foi observado para o feijão-de-porco, que, mesmo em condições de baixa densidade de plantio, apresentou efeito alelopático inibitório sobre a tiririca (MAGALHÃES & FRANCO, 1962) e ainda ser uma fonte de fertilização destas áreas através da fixação biológica de nitrogênio. Conclusões De acordo com o experimento realizado, a borra de café in natura apresentou-se como prática de manejo não recomendável no controle da tiririca, sendo inviável seu uso. Referências bibliográficas ABIC (Associação Brasileira da Indústria de Café). Estatística de consumo interno. Disponível em: http//www.abic.com.br. Acesso em: 08 set. 2014. CARVALHO, G. J.; FONTANÉTTI, A.; CANÇADO, C. T. Potencial alelopático do feijão-de-porco (Canavalia ensiformes) e da mucuna-preta (Stizolobium aterrimum) no controle da tiririca (Cyperus rotundus). Ci. v. 26, n. 3. p. 647-651, 2002. ECYCLE. Borra de café: cinco usos que podem ajudar as plantas do jardim (2013). Disponível em: http://www.revistaecologico.com.br/noticia.php?id=1171. FAÉ, A. Tiririca (Cyperus rotundus) (2010). Disponível em: http://globalrelva.org/index.php?option=com_content&view=article&id=469:nutgrass& catid=83&itemid=92. Acesso em: 08 set. 2014. FAROLECO, Borras de café (2013). Disponível em: http://faroleco.blogspot.com.br/2013/02/borras-de-cafe.html. Acesso em: 08 set. 2014. GOMIDE, M. B. Potencialidades alelopáticas dos restos culturais de dois cultivares de cana-de-açúcar (Saccharum sp.), no controle de algumas plantas 5

daninhas. 1993. 96 f. Tese (Doutorado em Fitotecnia) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, 1993. HARTMAN, L.; LAGO, R. C. A.; TANGO, J. S.; TEIXEIRA, C. G. The effect of unsaponifiable matter of properties of coffee seed oil. Journal of the American Oil Chemists Society, [s.l.], v.45, n. 8, p.577-579, ago. 1968. MAGALHÃES, A. C.; FRANCO, C. M. Toxidade de feijão de porco sobre a "tiririca". Bragantia, v. 21, n. 35, p. 53-58, 1962 MUNIZ, F.R.; CARDOSO, M.G.; PINHO, É.V.R.V.; VILELA, M. Qualidade fisiológica de sementes de milho, feijão, soja e alface na presença de extrato de tiririca. Revista Brasileira de Sementes, vol. 29, nº 2, p.195-204, 2007. SAITO, L. M. As plantas praguicidas: alternativa para o controle de pragas da agricultura. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, 2004. SILVA, A.A; JAKELAITIS, A.; FERREIRA. L.R. Prejuízo à vista (2002). Disponível em: http://www.grupocultivar.com.br/site/content/artigos/artigos.php?id=707. Acesso em: 08 set. 2014. 6