Ana Paula Ferrari Organizadora BELEZA À VENDA auto-estima não tem preço 3
by Ana Paula Ferrari 2008 FICHA TÉCNICA Revisão Christiane de Sousa Abad Nadine Rodrigues de Souza Ana Paula Ferrari Colaboração Marcos André Sarmento Melo Amalia Raquel Pérez-Nebra Samir Mendes de Mello Programação Visual Hugo Oliveira / Raul Evaristo Arte de capa Victor Tagore Mello e Alegria Fotografia Beto Rocha Este projeto foi realizado no curso de comunicação do UniCEUB. ISBN: 978-85-7062-768-1 B277 Barros, Ana Paula Ferrari Lemos, org Beleza à Venda: auto-estima não tem preço / Ana Paula Ferrari Lemos, organizadora. Brasília : Thesaurus, 2008. 84 p. 1. Beleza pessoal 2. Aparência pessoal I. Título CDU 687.5 CDD 646.72 Todos os direitos em língua portuguesa, no Brasil, reservados de acordo com a lei. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, incluindo fotocópia, gravação ou informação computadorizada, sem permissão por escrito do Autor. THESAURUS EDITORA DE BRASÍLIA LTDA. SIG Quadra 8, lote 2356 - CEP 70610-400 - Brasília, DF. Fone: (61) 3344-3738 - Fax: (61) 3344-2353 * End. Eletrônico: editor@thesaurus.com.br *Página na Internet: www.thesaurus.com.br Composto e impresso no Brasil Printed in Brazil 4
Às vítimas de discriminação estética... 5
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SUMÁRIO Prefácio...9 Introdução...11 I A MEDIDA DO TRABALHO Beleza Versus Qualificação Profissional Leilane Menezes...15 Leis Ignoradas Roseni Pinheiro...19 A Aparência do Preconceito Bruna Athayde...23 Beleza fora do Currículo Larissa Domingues...27 Competência Roubada Adriana Duarte...31 II A NOTA DO PRECONCEITO Forma de Infância Mariana Mendes...37 Magreza a qualquer Custo Larissa Amaral...41 Beleza condenada na Universidade Elisa Salim Lorena Martins...45 III PESO DOS RELACIONAMENTOS Redução de Vida Gabriella de Almeida...51 Discriminação dentro de Casa Nadine Rodrigues...55 A Influência de um Padrão Thati Bione...61 Fora do Manequim Natalie Machado Christiane Abad...65 Tempo de Compreender Carla Carvalho...69 Aprendendo a se Aceitar Gustavo Cavalcante...73 Resgate da Dignidade Patrícia Fernandes...75 7
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PREFÁCIO O IMPACTO DA BUSCA PELA BELEZA E DO CULTO ao corpo na vida das pessoas demonstra que é preciso refletir. Mulheres e homens têm perdido oportunidades, saúde e até a vida, em nome de uma imagem inatingível de perfeição física. Os jornais trazem histórias trágicas de vítimas da aparência e o tema está cada vez mais presente no dia-a-dia dos jovens. No entanto, a discriminação estética nem sempre é debatida de forma humanizada. Brasília, por exemplo, tem uma parcela significativa de sua população que valoriza produtos da moda como uma forma de status social. Assim, crianças, adolescentes e adultos interiorizam e reforçam conceitos que põem em risco a convivência social harmônica e digna com quem parece diferente. A imposição de um padrão de beleza social pode comprometer o presente e o futuro das vítimas de discriminação estética que se escondem, sofrem caladas e muitas vezes não buscam seus direitos. Enfim, a discriminação separa! Impede aproximações e o crescimento com experiências diversas. O presente livro nasceu da discussão entre os jovens autores sobre a importância de desmistificar a aparência; de identificar qual o padrão de beleza que incorporamos e de superar os julgamentos superficiais que muitas vezes fazemos de nós mesmos e dos outros. Em forma de investigação jornalística e de contos o tema foi abordado 9
em três grandes espaços sociais: no trabalho, nos bancos escolares e no meio social, ou seja, locais onde nascem e se desenvolvem os relacionamentos. Os autores abraçaram a proposta com entusiasmo e foram a campo exercer a função de repórter a procura de informações, de depoimentos e de compreender o problema que não é novo, mas que se intensifica e se manifesta de forma cada vez mais complexa. As histórias surpreendem pela precocidade e gravidade, mas também pela forma criativa que felizmente muitos personagens conseguiram superar seus traumas estéticos. Há os que ainda continuam presos ao padrão social de beleza e, neste sentido, evidenciam como educadores, formadores de opinião, pais e amigos devem estar atentos e conversar sobre o assunto. O diálogo e o estímulo ao pensamento crítico podem ser uma alternativa para romper os limites estéticos e construir ambientes favoráveis à vida comunitária. Que não haja barreiras para a convivência! Que a saúde e o bem-estar estejam em primeiro lugar nos cuidados com o corpo! Ana Paula Ferrari Mestre em Comunicação e professora de Jornalismo 10
INTRODUÇÃO Para mim, discriminação estética é quando alguém se faz valer de alguma característica do outro, intensificando ou diminuindo, para excluir, afastar ou constranger. Sanderson Barbosa, modelo fotográfico. AS VÍTIMAS DE DISCRIMINAÇÃO ESTÉTICA SÃO pessoas que fogem do padrão de aparência aceito por uma determinada sociedade. Sanderson já sentiu na pele a lamentável experiência de ser tratado de forma diferenciada por não se enquadrar num determinado grupo. Ao contrário do que possa parecer, ele sofre constrangimentos por ser bonito e ter porte de modelo. O fato da beleza dele se destacar gera problemas. Essa história ilustra os casos de discriminação ou preconceito que são tratados neste livro-reportagem. É importante destacar que os termos discriminação e preconceito não se confundem, embora a discriminação tenha, muitas vezes, sua origem no simples preconceito. De acordo com a enciclopédia livre na internet, a widipedia: Preconceito é um juízo preconcebido, manifestado geralmente na forma de uma atitude discriminatória que se baseia nos conhecimentos surgidos em determinado momento, como se revelassem verdades sobre pessoas ou lugares determinados. Costuma indicar desconhecimento pejorativo de alguém ao que lhe é diferente. Já discriminar significa fazer uma distinção. Existem diversos significados para a palavra. O mais comum, no entanto, tem a ver com a discriminação sociológica como a social, racial, religiosa, sexual, étnica ou estética. Esses conceitos são construídos pelas representações sociais de determinada cultura ou sociedade. As represen- 11
tações correspondem aos significados que são atribuídos pela sociedade e constitutivos da realidade social, sendo, portanto, explicativos e prescritivos da realidade social. Portanto, o ser preconceituoso constitui um reflexo dos significados da sociedade e da cultura. Na verdade, sempre houve padrões de beleza. Na antiga Grécia, por exemplo, nota-se a preocupação da sociedade em criar certos padrões estéticos. Para a sociedade grega clássica, a estética, o físico e o intelecto faziam parte da busca pela perfeição, sendo que um belo corpo era tão importante quanto uma mente brilhante. Assim, em várias sociedades e períodos históricos, tem-se a representação social do que é beleza, a qual modela o padrão preponderante da época. No Renascimento, por exemplo, o padrão feminino de beleza era a da mulher com formas arredondadas, pele alva e rosto afilado. A literatura e pintura da época refletem bem esse modelo. Atualmente, o padrão exige corpo magro, rosto nórdico e seios grandes. A beleza influencia grande parte das relações entre as pessoas. Dificuldades nos relacionamentos sociais e afetivos, problemas para encontrar emprego e até mesmo quadros psiquiátricos são conseqüências da marginalização do que é diferente. Enfim, percebemos que a discriminação estética é mais comum do que se imagina e pouco discutida. Por isso, este livro aborda o tema de forma humanizada. A obra trás um apanhado de reportagens com histórias verídicas de pessoas que, assim como Sanderson, vivenciaram momentos constrangedores por se diferenciarem, de alguma forma, das pessoas no meio social em que vivem. No livro para evitar maiores hostilidades, os repórteres preservaram a identidade da maioria dos personagens e de seus familiares, dandolhes nomes fictícios sinalizados por meio de um asterísco. Christiane Abad, colaboração de Liria Jade de Oliveira Alves. 12