DIREITO CONSTITUCIONAL PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS (ARTS 1 AO 4) Atualizado até 13/10/2015
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS (ARTS. 1º AO 4º DA CF88): Todo princípio fundamental é constitucional, mas nem todo princípio constitucional é fundamental. Por constitucional entende-se por estar na constituição como um todo, por fundamental em estar dentro dos artigos 1º ao 4º. Numa eventual colisão entre princípios fundamentais e constitucionais, apesar de todos terem o mesmo valor, deve prevalecer o princípio fundamental. Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I. a soberania; (poder político supremo que não encontra nenhum poder superior a ele próprio) II. a cidadania; (exercício de direitos políticos, ou seja, o indivíduo participando das decisões do Estado) III. a dignidade da pessoa humana; (valor fonte do nosso ordenamento jurídico) IV. os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; (opção por ser uma economia de mercado que valoriza o trabalho) V. o pluralismo político. (o Brasil é uma sociedade heterogênea; deve-se respeitar as opiniões divergentes) Parágrafo único: Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Assim, temos como ensinamentos: a) Forma de estado (estrutura): Federação os entes se reúnem e formam um estado único, um estado soberano. A federação brasileira é formada por desagregação (movimento centrífugo), pois se desligou do poder do império. b) Forma de governo (modo de organização política do Estado. A relação entre governantes e governados): República coisa pública, o governo de todos. O governo em que elegemos os governantes para administrar a coisa toda. Caracterizada pela temporariedade, eletividade e responsabilidade política do chefe de Estado. A forma de governo republicana é cláusula pétrea (matéria imodificável)? Resposta: não. A
forma de governo é um princípio sensível da constituição federal, mas não é uma cláusula pétrea. Os princípios sensíveis estão no art. 31 7. c) Sistema de governo (grau de relacionamento entre o Poder Executivo e o Legislativo): Presidencialista tem o presidente acumulando as funções de chefe de Estado (trabalho externo com os outros países) e de Governo (trabalho interno). d) Regime jurídico (grau de respeito à vontade popular): Democracia. Governo do povo, onde todo o poder emana da vontade popular. DIREITO DE SECESSÃO É o direito atribuído aos entes federativos de se separar da RFB e se tornar um estado soberano. No Brasil não existe direito de secessão, pois é formado pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal. Inadmissível qualquer pretensão de separação de um estado-membro, do DF ou de qualquer município da federação, pois a mera tentativa de secessão permite a decretação de intervenção federal. República e União não são sinônimas. A União é a pessoa jurídica de direito público interno com capacidade política. A União é apenas autônoma. A República Federativa do Brasil é que é soberana, pois é pessoa jurídica de direito público internacional (ou externo). A CF88 define a República sob dois ângulos. Sob o aspecto territorial, a República é composta dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Já sob o aspecto políticoadministrativo, ou institucional, ou jurídico, ela tem quatro partes componentes: a União, os Estados Federados, o Distrito Federal e os Municípios. Todos os quatro são entes federativos com capacidade de autolegislação, autogoverno, autoadministração e autoorganização. FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL I. Soberania (Em relação aos demais países, o Brasil é soberano. É inadmissível uma intervenção externa em nosso país. Significa poder político supremo e independente. Supremo, por não estar limitado a nenhum outro na ordem interna; independente, por não ter de acatar, na ordem internacional, regras que não sejam voluntariamente aceitas e por estar em igualdade com os poderes supremos de outros povos); II. Cidadania (É o direito de ser titular de direitos e garantias fundamentais. Consiste na participação política do indivíduo nos negócios do Estado);
III. Dignidade da pessoa humana (É o princípio mais importante, o valor supremo do nosso ordenamento jurídico. Não basta ter um direito, é preciso que esse direito seja resguardado de forma digna. Na relação entre o indivíduo e o Estado deve haver sempre uma presunção a favor do ser humano e de sua personalidade. Significa uma imposição aos poderes públicos do dever de respeito e proteção da dignidade dos indivíduos, assim como a promoção dos meios necessários a uma vida digna); IV. Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (Se depreende que vivemos em um estado capitalista, mas esse capitalismo nosso deve ter um viés social. O trabalho é livre para obtenção de lucro, mas essa liberdade está limitada a uma determinada função social); V. Pluralismo político (Uma sociedade na qual a diversidade e as liberdades devem ser amplamente respeitadas. Deve ser entendido em um sentido amplo, de modo a abranger não apenas a dimensão político-partidária). Fundamento é algo que o Brasil deve adotar agora, deve fazer desde a promulgação da CF88. TITULARIDADE E EXERCÍCIO DO PODER Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta constituição. Daqui temos a nossa forma de sistema eleitoral, sistema representativo. O povo é o titular do poder. Democracia semidireta: votamos nos representantes que, uma vez eleitos, trabalham por nós. Democracia direta: o povo exercendo a democracia de forma direta, através de plebiscitos (consulta popular prévia o povo vai e diz, previamente, se quer ou não legislar sobre determinada matéria), referendos (consulta popular posterior posterior à lei, o congresso nacional legisla e cria uma lei que, embora publicada, não tem eficácia até que se faça consulta popular) e iniciativa popular (possibilidade do próprio povo dar início ao processo legislativo). PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Na verdade esse poder que emana do povo é uno. Como vivemos numa federação, esse poder uno é dividido entre três órgãos distintos e autônomos (cada um com uma função específica) para evitar o abuso de poder. Todo aquele que é investido no poder tende a dele abusar até que encontre limites, a limitação a um poder só é possível se houver outro poder capaz de limitá-lo. Atualmente, o modelo constitucional inspira-se na separação flexível de poderes, onde todos os poderes não exercem exclusivamente suas funções típicas, pois desempenham subsidiariamente as funções que, primordialmente, seriam próprias de outro poder, de modo atípico. O Poder Legislativo tem a função própria de legislar e fiscalizar, mas atipicamente possui atribuições jurisdicionais e administrativas. O Poder Executivo, em regra, administra, mas excepcionalmente, legisla através de medidas provisórias e julga seus próprios servidores. O Poder Judiciário atua precipuamente na resolução dos conflitos, porém também legisla e administra. PODERES UNIÃO ESTADOS / DF MUNICÍPIOS / DF Poder Executivo Poder Legislativo Presidente da República Chefe de Estado (representando a RFB) Chefe de Governo (representante interno) Bicameral (Congresso Nacional) o presidente do Congresso é o mesmo do Senado Câmara dos Deputados (representantes do povo) Senado (representantes dos Estados) Governador Unicameral Assembleia Legislativa (art. 27 CF) Poder Judiciário Justiça Federal (art. 109 CF.) Justiça Estadual (TJ e Juízes) ----- Prefeito Unicameral Câmara dos Vereadores Cabe ao Poder Judiciário a análise da legalidade e constitucionalidade dos atos dos três poderes constitucionais, e, em vislumbrando mácula do ato impugnado, afastar a sua aplicação. OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I. Construir uma sociedade livre, justa e solidária; II. Garantir o desenvolvimento social;
III. IV. Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Os objetivos fundamentais são metas para o futuro. São políticas públicas que o governo deve implementar. A erradicação da pobreza é uma das muitas concretizações do princípio da dignidade da pessoa humana, por estar indissociavelmente relacionada à promoção de condições dignas de vida. A promoção do bem de todos, sem quaisquer formas de preconceito e discriminação, está diretamente relacionada à proteção e promoção da dignidade da pessoa humana e ao respeito às diferenças, como exigência do pluralismo. PRINCÍPIOS DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I. Independência nacional; II. Prevalência dos direitos humanos; III. Autodeterminação dos povos; IV. Não-intervenção; V. Igualdade entre os Estados; VI. Defesa da paz; VII. Solução pacífica dos conflitos; VIII. Repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX. Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X. Concessão de asilo político. Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. José Afonso da Silva identifica quatro inspirações para o rol de princípios consagrados neste dispositivo: uma nacionalista, outra internacionalista, uma pacifista e uma orientação comunitarista.
Diante destes ensinamentos, temos o quadro resumo dos artigos 1º (princípios fundamentais), 3º (objetivos fundamentais) e 4º (princípios das relações internacionais). Princípios Fundamentais Objetivos Fundamentais Princípios das Relações Internacionais I. Soberania; II. Cidadania; III. Dignidade da pessoa humana; IV. Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V. Pluralismo político. I. Construir uma sociedade livre, justa e solidária; II. Garantir o desenvolvimento nacional; III. Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV. Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. I. Independência nacional; II. Prevalência dos direitos humanos; III. Autodeterminação dos povos; IV. Não intervenção; V. Igualdade entre os Estados; VI. Defesa da paz; VII. Solução pacífica dos conflitos; VIII. Repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX. Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X. Concessão de asilo político. Aos autores não referenciados, todos os direitos reservados.